Sensação de descontrole inflacionário sumiu e mercado interno afastará crise, diz Tombini
Ao participar de seminário do Conselhão, em Brasília, presidente do BC disse que inflação foi impulsionada tanto pelo aumento dos preços das commodities e dos serviços administrados, como por desastres naturais, mas que medidas tomadas pelo governo surtiram efeito. Agora, diante do recrudescimento da crise global, aposta será no mercado interno.
Da Redação
BRASÍLIA – Após um início de ano com “alta significativa dos preços”, a sensação de descontrole inflacionário sumiu no país, afirmou nesta quarta-feira (10) o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, ao participar da abertura do Seminário Internacional sobre Justiça Fiscal, promovido pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).
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Em sua apresentação, Tombini lembrou que inflação no primeiro semestre foi impulsionada tanto pelo aumento dos preços das commodities e dos serviços administrados, como por desastres naturais, entre eles as chuvas, que pressionaram o custo dos alimentos.
Entretanto, a ação de diversos setores do governo ajudará a interromper o ciclo inflacionário ao longo do segundo semestre. O presidente do BC citou o aumento em 1,75 ponto percentual na Selic, para conter a atividade econômica, medidas para fazer o crédito crescer de “forma segura” e o corte de R$ 50 bilhões em despesas no orçamento federal.
Segundo Tombini, a expectativa é que a média mensal da inflação nos próximos meses fique em torno de 0,38%, combatível com a meta de inflação. Em julho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,16%, acumulando 6,87% de alta em 12 meses – acima do teto da meta do governo, que é de 6,5%. O centro da meta é de 4,5% em 2011, com tolerância de dois pontos a mais ou a menos.
Crise internacional
Apesar da intensificação da crise financeira internacional, o presidente do Banco Central acredita que o país poderá seguir um roteiro semelhante ao de 2008, quando a força do mercado interno ajudou a manter a economia em pé. Ele lembrou que cerca de 35 milhões de pessoas ingressaram na classe média no país e mais de 25 milhões deixaram a linha da pobreza.
Tombini afirmou ainda que o aumento das reservas internacionais e dos recursos dos bancos depositados no BC são elementos que dificultarão a contaminação do país pela crise externa. Outra medida referem-se às restrições à movimentação de dólares pelas empresas, que ajudam a “reduzir a capacidade do mundo de especular contra o dólar no nosso mercado”.
Sobre a situação fiscal do Brasil, o comandante do Banco Central disse que ela está “bem-arrumada”. Com a relação entre dívida e PIB controlada, analisou ele, criam-se melhores condições de financiamento de longo prazo para o setor privado e público, uma vez que a queda nesse indicador leva à redução dos riscos dos empréstimos. “Daqui a dois anos, não só vamos ter um período razoável para economia, mas sairemos fortalecidos com as políticas adequadas”, acrescentou.
O seminário
Promovido pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Seminário Internacional sobre Justiça Fiscal propõe-se a debater uma agenda capaz de transformar a estrutura regressiva da tributação brasileira e incentivar o desenvolvimento. Sob comando do ministro Moreira Franco, o conselho tem avaliado em seus documentos que o país tem caminhado no sentido contrário ao da justiça fiscal e da equidade na distribuição da carga tributária, com base no princípio da capacidade contributiva.
Com informações da Agência Brasil
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