segunda-feira, 31 de maio de 2010

ISRAEL AFRONTA O MUNDO E MATA CIVIS EM ÁGUAS INTERNACIONAIS


Israel ataca barcos que tentavam furar bloqueio a Gaza

Pelo menos 16 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas no ataque israelense à "Frota da Liberdade"

BBC Brasil | 31/05/2010 03:56

A Marinha de Israel atacou nesta segunda-feira uma frota de embarcações com ativistas pró-palestinos que tentavam furar o bloqueio à Faixa de Gaza e entregar suprimentos à região.

Segundo a TV israelense, até 16 pessoas teriam morrido. Em um comunicado, a Marinha de Israel disse ter respondido a disparos que partiram das embarcações durante a abordagem.

Em entrevista à rádio do Exército, o ministro da Indústria e Comércio de Israel, Binyamin Ben-Eliezer, disse lamentar as mortes.

A exata localização das embarcações é incerta. Israel teria advertido as embarcações para que não invadissem suas águas territoriais. Mas, segundo os ativistas, os barcos estavam em águas internacionais, a mais de 60 quilômetros da costa.

Suprimentos

Os barcos, organizados pela ONG Free Gaza, levavam 750 ativistas e cerca de 10 mil toneladas de suprimentos para a Faixa de Gaza.

Foto: AP

Imagens amadoras divulgadas por grupo que levava ajuda humanitária até a Faixa de Gaza mostram soldados israelenses a bordo de um dos barcos

Imagens da TV turca feitas a bordo do barco turco que liderava a frota mostram soldados israelenses lutando para controlar os passageiros. As imagens mostram algumas pessoas, aparentemente feridas, deitadas no chão. O som de tiros pode ser ouvido.

A TV árabe Al-Jazeera relatou, da mesma embarcação, que as forças da Marinha israelense haviam disparado e abordado o barco, ferindo o capitão.

A transmissão das imagens pela Al-Jazeera foi encerrada com uma voz gritando em hebraico: “Todo mundo cale a boca!”.

"Provocação"

A frota de seis embarcações havia deixado as águas internacionais próximo à costa do Chipre no domingo e pretendia chegar a Gaza nesta segunda-feira.

Israel havia dito que bloquearia a passagem dos barcos e classificou a campanha de “uma provocação com o intuito de deslegitimar Israel”.

Israel decretou um bloqueio quase total à entrada de mercadorias na Faixa de Gaza desde que o grupo islâmico Hamas tomou à força o controle da região, em junho de 2007.

O Hamas é acusado pelos disparos de milhares de mísseis contra o território israelense na última década. Israel diz que permite a entrada de 15 mil toneladas de suprimentos de ajuda humanitária a Gaza a cada semana. Mas a Organização das Nações Unidas diz que isso é menos de um quarto do necessário.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

EDINHO E MERCADANTE EM PORTO FERREIRA


Mercadante e Edinho Silva receberam das mãos do ex-delegado, agora prefeito de Porto Ferreira, Maurício Rasi, uma proposta para a Segurança Pública no estado

O aumento generalizado dos índices de violência em todo estado em 2009 e primeiro trimestre de 2010 levou o prefeito de Porto Ferreira, ex-delegado, Maurício Rasi, a preparar um Plano de Segurança Pública para contribuir com o Programa de Governo do PT e dos partidos coligados. No último sábado, dia 24, Rasi entregou a proposta nas mãos do pré-candidato a Governador, o senador Aloizio Mercadante e do presidente do PT do estado de São Paulo, Edinho Silva, coordenador político da campanha. A entrega foi realizada durante encontro com prefeitos, vereadores, lideranças e militantes da região de Porto Ferreira. “A voz do interior é muito importante e deve ser ouvida nesses debates” disse Rasi elogiando o debate democrático.

O estado bateu recorde de roubos em 2009, chegando a 257 mil ocorrências, 18% acima do ano anterior. Casos de latrocínios (roubos seguidos de morte) cresceram 14% em relação a 2008. As ocorrências de extorsão (mediante seqüestro) subiram de 60 casos em 2008 para 85 em 2009. Já os números de assassinatos praticados no primeiro trimestre deste ano aumentaram em 7% em comparação ao mesmo período do ano passado. Dados oficiais informam que, de janeiro a março, 1.224 pessoas foram mortas no estado – uma média de 13 a cada dia. Somente na capital foram 376 óbitos.

“Por ter sido delegado de polícia, Rasi vai nos ajudar muito na construção do Programa de Governo do PT e partidos aliados. Há uma falência das políticas públicas de Segurança no Governo de São Paulo. A prova disso é o aumento dos indicadores de violência e o enfrentamento entre Polícia Civil e Polícia Militar em praça pública. Vamos mostrar que é possível sim fazer de forma diferente”, disse Edinho convidando ainda todos os presentes para participar do Debate sobre Segurança Pública que será realizado no início de junho em São Paulo.

Mercadante também ressaltou a Segurança Pública como uma área que precisa de atenção especial. Segundo ele, a polícia não agüenta mais o arrocho salarial e o tratamento dispensado pelo Governo paulista, em especial quando tentam negociação por melhores salários. Ainda destacou a valorização que o Governo do presidente Lula representou para a Polícia Federal que, segundo ele, hoje tem auto-estima e respeito da população. “A polícia federal está preparada e estimulada”, disse. “Aqui em São Paulo agora temos até assalto dentro da delegacia e o Secretário responsável diz que precisa contratar uma empresa terceirizada para cuidar da segurança do local. Perderam o controle do crime organizado como vimos com o PCC”. Mercadante também questionou a política de implantação de unidades prisionais em diversas cidades da região sem nenhuma forma de compensação.

“Está na hora de recuperarmos São Paulo. Estamos perdendo tempo. Esse estado tem um potencial fantástico. Precisamos recuperar instrumentos de financiamento público, ferrovias e acabar com o abuso no preço dos pedágios. Serra criou 84 praças de pedágio sendo que 227 já existiam”, completou.

Unidade: Edinho destacou também durante evento a grande unidade que vive hoje o PT e o processo de diálogo com os partidos que fazem parte da base de apoio ao Governo Lula. “Nós acreditamos que esse palanque vai levar Mercadante ao Palácio dos Bandeirantes e colocar São Paulo em sintonia com o Brasil. Temos com essa junção as melhores condições de governar São Paulo. Temos um candidato preparado, que domina São Paulo, está com vontade de trabalhar. Temos ainda a força dos partidos que nos apoiam”.

Mercadante também ressaltou a política de alianças no estado, a maior da história. “Já estamos com 12 partidos na aliança, a maior que a oposição já construiu para uma eleição em São Paulo. E teremos conosco setores de outros partidos que não estão com a gente, como o PMDB e o PP”, comentou Mercadante. “Temos o apoio de todas as centrais sindicais e de categorias importantes como a dos policiais e professores. E teremos mais tempo na TV para mostrar o êxito do governo Lula. Se conseguimos transformar o país, poderemos transformar o estado de São Paulo também”, acrescentou.

Em Mogi Guaçu, o senador recebeu o apoio do prefeito Paulo Eduardo de Barros, do PV. “Estou na prefeitura há pouco mais de um ano e já fui recebido uma vez pelo presidente Lula, três vezes pela então ministra Dilma Rousseff e por outros oito ministros. Em São Paulo, nunca fui recebido pelo governador”, lamentou o Dr.Paulo, como é conhecido. “Se eu ganhar, minha primeira audiência será com o prefeito de Mogi Guaçu”, prometeu Mercadante. O vereador de Vargem Grande Paulista, Wilson Fermoselli, do DEM, também fez questão de comparecer para levar seu apoio ao senador.

JOÃO PAULO DENUNCIA TERRORISMO ELEITORAL



Parlamentar petista repudia ameaça de terrorismo eleitoral da oposição

O deputado João Paulo Cunha (PT-SP) acusou hoje a oposição (PSDB/DEM) de querer criar um clima de terrorismo eleitoral, em vez de debater ideias e propostas para o país. João Paulo referiu-se especificamente ao presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), que previu uma "batalha campal "para as eleições deste ano, e ao ex-senador do DEM (ex-PFL), Jorge Bornahusen, que foi além e prognosticou uma "guerra sangrenta". Ele também rechaçou tentativas de golpe branco com o uso da Justiça Eleitoral para prejudicar a pré-candidata do PT, a ex-ministra Dilma Rousseff.

" É preciso que todos os cidadãos brasileiros de bem, que gostem da democracia, que a apreciam como sistema, estejam atentos para o que pode vir daqui para a frente. Porque não se trata nem de batalha campal, muito menos de guerra sangrenta, trata-se de uma disputa democrática, trata-se da consolidação de uma democracia das maiores do mundo, com mais de 130 milhões de brasileiros aptos a votar", disse João Paulo, em discurso no plenário. "Queremos, com todo o fervor do nosso sangue político, com toda a garra da nossa militância, fazer a disputa, mas dentro do marco civilizatório que vivemos no ano de 2010", reiterou.

Ele incorporou em discurso aparte do deputado Carlos Zarattini (PT-SP) em que cita entrevista da procuradora da República e vice-procuradora-geral eleitoral, Sandra Cureau, na qual admite a possibilidade de cancelar o registro da pré-candidata do PT à Presidência da República e até mesmo impedir sua posse, sob alegação de "crime eleitoral". João Paulo observou que certos setores da oposição não se conformam com a discussão política, com o debate e nem querem ouvir a voz do povo. "Trata-se de uma disputa de ideias, de programas, de ações, trata-se de discutir o futuro do Brasil, o futuro do país, o futuro dos nossos brasileiros".

Sobre Bornhausen, João Paulo observou que político já tem um contencioso com a democracia, quando proclamou que seu desejo era "acabar com a raça do PT nos próximos 30 anos".

O parlamentar do PT mostrou que Dilma Rousseff vem crescendo nas pesquisas de intenção de voto de forma contínua, enquanto o tucano José Serra mostra estagnação ou queda. Mas frisou que é preciso tomar cuidado para não se tirar conclusões definitivas. "Em matéria de resultado eleitoral, só a ata final do pleito é definitiva", disse, ao recomendar prudência na análise das enquetes eleitorais, já que as eleições só ocorrerão dentro de quatro meses.

João Paulo disse que o desempenho de Dilma nas pesquisas está relacionado diretamente com as conquistas do governo Lula, que desde 2003 vem dando uma outra feição ao Brasil, com desenvolvimento, distribuição de renda e inclusão social. " O crescimento econômico é evidente. Os mais otimistas já chegam à casa dos 8% de crescimento, quase um crescimento chinês. A distribuição de renda é pequena, mas é efetiva. O bolo não foi crescendo para depois ser distribuído; ele cresceu e está sendo distribuído. O programa social do governo é amplo, atinge de norte a sul, de leste a oeste. As comunidades do país todo têm recebido algum aporte do programa social do nosso Governo", disse o parlamentar.

Reforma política

Na avaliação de João Paulo, para o ano que vem, com o inÍcio de um novo governo, um dos principais desafios é realizar uma ampla reforma política. "É um item fundamental no programa da candidata Dilma Rousseff e parte vital do programa do Partido dos Trabalhadores", observou. " Precisamos fazer uma reforma política, não para mudar perfumaria ou fazer uma mudança cosmética, não. Queremos fazer uma reforma política que mexa efetivamente na nossa estrutura política, eleitoral e partidária".

www.ptnacamara.org.br

Conferência Nacional da Classe Trabalhadora ocorre nesta terça (1º de junho)

ENCONTRO ESTADUAL DE MULHERES

Encontro Estadual de Mulheres debaterá programa de governo feminista para Mercadante e Marta

A expectativa é de que o programa considere o acúmulo do partido e dos movimentos sociais sobre o tema

Por Imprensa PT-SP

Segunda-feira, 24 de maio de 2010

No dia 30 de maio, as mulheres do PT discutirão em Encontro Estadual a construção de um programa de governo que priorize as demandas feministas. A atividade será no Sindicato dos Engenheiros de São Paulo, das 9 às 18 horas.

A expectativa é de que o programa considere o acúmulo do partido e dos movimentos sociais sobre o tema. O objetivo é avançar na pauta de igualdade de gênero, além de eleger delegadas ao encontro nacional que acontecerá em Brasília nos dias 11 e 12 de junho.

Na pauta o balanço de políticas públicas do governo Federal e Estadual com participação da Secretaria Especial de Política para Mulheres; apresentação das diretrizes gerais de plano de governo estadual 2010; indicação de 13 ações importantes e definição de 4 eixos para o programa de governo de Mercadante e Marta.

A AGENDA DE MERCADANTE



Confira a agenda de Mercadante desta semana

Pré-candidato visitará as cidades de Salto, Sorocaba e Piedade
Por Imprensa PT-SP
Quarta-feira, 26 de maio de 2010

QUINTA – 27 DE MAIO

SALTO:

09h00 - Visita a Prefeitura e Associação Comercial

SOROCABA:

12h00 - Coletiva de imprensa na Câmara Municipal de Sorocaba
Local: Av. Engenheiro Carlos Reinaldo Mendes, 2.945 – Alto da Boa Vista - Sorocaba
(ao lado da Prefeitura)

13h00 – Almoço
Local: Restaurante Santa Victoria – Av. São Paulo, 3.445 – Sorocaba


PIEDADE:

17h00 - – Câmara Municipal
Local: Praça Coronel João Rosa, 26 – Centro - Piedade


SOROCABA:

19h30 – Plenária com militantes
Local: Shopping Panorâmico – Rodovia Raposo Tavares, km 99,5 – Sorocaba

quarta-feira, 26 de maio de 2010

NOBLAT, O MELRO QUE NÃO CHEGA A CORVO


Sobre o bate-boca PHA X Noblat e o "golpe anti-Dilma"



Dois blogueiros com vasto público, Paulo Henrique Amorim e Ricardo Noblat, tiveram nesta terça-feira (25) um web-bate-boca sobre as chances de golpe contra a presidenciável Dilma Rousseff (PT). Noblat chamou PHA de "blogueiro ordinário", após sustentar que "há abusos suficientes para ameaçar o registro da candidatura de Dilma", mas "falta coragem" ao Tribunal Superior Eleitoral. O episódio é um bom pretexto para examinar o suposto – e cada vez mais falado – risco de golpe.


Por Bernardo Joffily no portal Vermelho.org.br

Lacerda (por Lan):passou o tempo

Primeiro, o resumo da ópera:

1. O jornal Folha de S.Paulo desta terça afirma que "a candidatura da ex-ministra Dilma Rousseff (PT) à Presidência caminha para ter problemas já no registro e, se eleita, na sua diplomação", pelo TSE, "por abuso de poder econômico e político". A fonte é a procuradora da República e vice-procuradora-geral eleitoral, Sandra Cureau.2. Ricardo Noblat comenta: "Há abusos suficientes para ameaçar o registro da candidatura de Dilma, admitem dois ministros do Tribunal Superior Eleitoral ouvidos por este blog. Mas falta ao tribunal coragem para tomar qualquer medida mais drástica a esse respeito."3. PHA reproduz a notícia e o comentário, a pedido de um internauta: "O Conversa Afiada reproduz o comentário do amigo navegante Paulo: 'PH olha essa que saiu no blog do Noblat, funcionario da Globo aliada do Serra, a tentativa de golpe já começa a rondar a oposição, TSE e mídia'".4. Noblat, com o título Sobre um blogueiro ordinário, repete a notícia e o cometário, omite a introdução do Conversa Afiada, mas seleciona três comentários postados por internautas (às 18h17 havia 161 no total). Dizque "eles dão a medida do grau de irresponsabilidade do titular do blog, de sua parceria com gente insana, e por extensão do seu comportamento insano".5. PHA não passa recibo do 'ordinário'. Treplica com Noblat tem razão: comentário é um despropósito. Admite que "o pente fino do Conversa Afiada falhou e pede desculpas a ele (Noblat) e aos leitores", avisando que os comentários foram tirados do ar.Não há risco de golpeE agora, o que interessa: Existe uma tentativa de golpe em curso? Há o perigo do TSE rejeitar o registro da candidatura Dilma, ou, pior, impedir sua posse caso eleita?Sustento que não. Não há perigo de um golpe no Brasil de 2010, um "terceiro turno" truculento, violentando a vontade dos eleitores, seja a partir das Forças Armadas ou pela via do Judiciário. O que não impede que haja "golpistas", conhecidos e ativos: não no sentido de perpetradores de um golpe real, mas de levantadores de poeira golpista. Gente que, sentindo os votos lhes escaparem por entre os dedos, julga conveniente sacudir o espantalho de uma "solução extra-eleitoral", ainda que sem pé nem cabeça.O texto da notícia da Folha e o comentário de Noblat enquadram-se, objetivamente, nesta categoria. Paulo, o internauta que escreveu a PH, forçou a barra quando falou em "tentativa de golpe".Noblat e a Folha falam para os seus leitores. Na ùltima enquete do Blog do Noblat (número das 21h07), uma maioria de 50,4% achava que na próxxima rodada de pesquisas o oposicionista José Serra (PSDB) abrirá "uma vantagem sobre Dilma". O Datafolha revelou no último dia 3 que Serra tem 54% dos votos dos leitores da Folha, contra 18% de... Marina Silva (PV) e 15% de Dilma. O jornal e o blogueiro oferecem a seu público o consolo de que a candidata de Lula, se vencer (como aponta a curva das pesquisas junto ao conjunto do eleitorado), o fará não só com o voto dos nordestinos, dos pobres, dos pouco escolarizados, o que para certa gente é um acinte, mas também graças a atos ilegais, abusivos, e unicamente porque "falta coragem" ao TSE. De quebra, turvam as águas, na medida do possível. Mas não a ponto de uma tentativa de golpe "de verdade".Pressupostos de um golpe de EstadoNão há no Brasil de hoje as condições para um golpe de Estado. Este reclama antes de mais nada uma força armada que o imponha; além disso requer uma força política capaz de encabeçá-lo, a mobilização ativa ao menos uma fatia da opinião pública em seu favor e cobertura de mídia no sentido de justificá-lo.No Brasil de 2010, o último quesito aparentemente está dado. Porém as Forças Armadas não dão o menor sinal de se prestarem a um tal papel (apesar dos resmungos esporádicos de um ou outro general de pijama). A oposição demotucana limita-se ao seu jogo de cena "judicializante". E a fatia da sociedade civil sob influência oposicionista está constrangida à defensiva pela popularidade do governo.Não era bem assim no Brasil de 2005, no pico do 'Mensalão'. Em 2005, sim, a oposição conservadora chegou a cogitar a hipótese de um golpe. Mas mesmo então, fez as contas, consultou as pesquisas, mediu a temperatura das ruas – onde o "Fica Lula" prevalecia – e engavetou a ideia.Tampouco era assim – vale a pena recordar – no Brasil de 1955, quando uma real tentativa de golpe quase impediu a posse do presidente eleito: Juscelino Kubitschek. O golpe contra a posse de JuscelinoApoiado pelo PSD, o PTB e o ilegalizado Partido Comunista do Brasil, JK vencera por pouco a eleição de 3 de outubro. Tivera apenas 400 mil votos de vantagem sobre o udenista Juarez Távora, e 36% do total (a eleição em dois turnos só surgiria 23 anos mais tarde). A UDN tentou impugnar o resultado. Alegou que seria preciso maioria absoluta, e que Juscelino vencera por ter apoio comunista. O presidente interino (pois Getúlio Vargas se suicidara e seu vice, Café Filho, adoecera), Carlos Luz, era udenófilo e apoiou a tese, com sustentação da Marinha e da Aeronáutica. Foi preciso o ministro da Guerra, general Henrique Teixeira Lott, por os tanques nas ruas do Rio para desmontar a trama.Naquele tempo, sim, os golpes rondavam sempre o país. Os militares os consideravam quase como um direito, ou até um dever, e a direita civil os estimulava abertamente. Antes de 1955, houvera o golpe de 1937, o de 1945, o quase golpe que vitimou Getúlio em 1954. Depois, ainda haveria a tentativa de 1961 e por fim o Grande Golpe de 1964, que desandou em 21 anos de ditadura.Três provas de fogo pós-ditaduraUm quarto de século depois do fim da ditadura, há sólidas evidências de que o Brasil é outro. A chamada Nova República passou por três provas de fogo – a doença e morte de Tancredo Neves (1985), o impeachment de Fernando Collor (1992) e a eleição de Lula (2002) – sem ameaças golpistas reais.A eleição presidencial de outubro será a sexta de uma inédita sequência democrática ininterrupta. Graças a isso, o povo trabalhador e cidadão e eleitor pôde fazer um aprendizado que nunca antes lhe fora permitido. Um aprendizado difícil, tortuoso, por tentativa e erro, vivendo os resultados na própria carne, mas com evidentes resultados.O tempo de Lacerda passouA campanha deste ano será dura (espero que não "sangrenta", ao contrário do que disse ontem o presidente de honra do DEM, Jorge Bornhausen) e disputada. Ninguém pode predizer seu resultado. Porém não há espaço para nenhum desfecho da disputa que não seja o decidido em 3 de outubro (e em 24, caso seja preciso segundo turno) pelos 134 milhões de eleitores brasileiros, conforme o princípio do Parágrafo único do Artigo 1º da Constituição, de que "todo o poder emana do povo".Até lá, com certeza vão se multiplicar na mídia notícias como a da Folha e comentários como o de Noblat. Prepare os nervos. Mas não serão tentativas de golpe e sim mera poeira golpista. Não impedirão que a candidata de Lula seja submetida às urnas e, se eleita, tome posse e governe.Passou o tempo em que um Carlos Lacerda – 'o Corvo', mais tarde um dos complotadores contra a posse de Juscelino – podia vir a público com sua famosa tirada: “Getulio Vargas não deve ser candidato à Presidência. Candidato, não deve ser eleito. Eleito, não deve tomar posse. Empossado, devemos recorrer à revolução para impedi-lo de governar” (1950).Veja a íntegra da notícia da Folha que motivou a controvérsia:
Abusos ameaçam eleição de Dilma, diz procuradoraSérgio TorresA candidatura da ex-ministra Dilma Rousseff (PT) à Presidência caminha para ter problemas já no registro e, se eleita, na sua diplomação.A afirmação é da procuradora da República e vice-procuradora-geral eleitoral, Sandra Cureau, que avalia que esses problemas podem surgir se casos de desrespeito à legislação eleitoral continuarem na pré-campanha.Cureau diz haver "uma quantidade imensa de coisas"; na pré-campanha de Dilma que podem ser interpretadas como abusos de poder econômico e político.O Ministério Público Eleitoral está reunindo informações sobre os eventos dos quais a ex-ministra tem participado para pedir ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a abertura de uma Aije (Ação de Investigação Judicial-Eleitoral) por abuso de poder econômico e político.Em tese, a Aije poderá resultar na negação do registro ou no cancelamento da diplomação pela Justiça Eleitoral, como já falou, há dez dias, o ministro Marco Aurélio Mello, do TSE.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

EDINHO PARABENIZA MOVIMENTO MARANATA PELOS SEUS 32 ANOS



O presidente do PT do estado de São Paulo, Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara, participou neste domingo (24) da missa em celebração aos 32 anos do Movimento Maranata, realizada na Paróquia Santa Teresinha, no Jardim das Estações. Edinho foi convidado pelo presidente, Reginaldo Michachi e pelo vereador Édio Lopes (PT), que integra o Movimento. A missa foi celebrada pelo Pároco da comunidade, Walace.

O Movimento Maranata foi fundado em Araraquara em maio de 1978. Tem por objetivo a preservação da família e a evangelização de casais, jovens e crianças. Além disso, realiza um forte trabalho de apoio social à comunidade. Atualmente mais de 450 casais de Araraquara estão cadastrados e participam ativamente do Movimento. Um dos casais pioneiros, fundadores do Maranata em Araraquara, Orlando Marques e Clarissa estiveram presentes na Missa e carregaram o símbolo do Movimento que representa o matrimônio.

Edinho parabenizou os diretores pela celebração e destacou a importância do Movimento Maranata que atua na defesa e valorização da família. “O Movimento realiza um belíssimo trabalho no fortalecimento das famílias e colabora, sobretudo, na formação de consciência da nossa juventude. Com certeza, seus membros atuam fortemente na busca muitos jovens que estão se perdendo no caminho errado, resgatam vidas e colocam novamente no caminho do bem”.

Segundo ele, por mais que os Governos invistam em ações preventivas e de fortalecimento das famílias, as iniciativas realizadas nas comunidades, assim como o Movimento Maranata, são de extrema importância. “Sem dúvidas, movimentos como esse ajudam na construção de uma sociedade mais justa e fraterna. Que este momento de comemoração aos 32 anos, seja de reflexão sobre as conquistas já obtidas, mas também sobre as responsabilidades de todos nós na construção da sociedade que sonhamos marcada pelo amor, pela valorização da nossa família. Uma sociedade onde todos os irmãos possam viver com igualdade de oportunidades”.

Durante o Governo Edinho, foram várias as ações realizadas a fim de fortalecer e garantir a estruturação de famílias araraquarenses. A principal iniciativa foi a implementação dos Centros Municipais de Assistência Social, que, mais tarde, se tornaram os CRAS (Centro de Referência da Assistência Social), atendendo as exigências do SUAS (Sistema Único da Assistência Social). Foram 5 CRAS inaugurados assistindo as famílias do Vale do Sol, Jardim Roberto Selmi Dey, Jardim das Hortênsias, Yolanda Ópice. As unidades realizavam mais de 10 mil atendimentos anuais.

Dentre as ações realizadas pelos CRAS estavam a acolhida, orientações, apoio na garantia de direitos, visitas domiciliares, reuniões com beneficiários de programas de transferência de renda, além de outras atividades artísticas, esportivas e de alfabetização de jovens e adultos.

ZÉ DIRCEU E AS DESCULPAS DA OPOSIÇÃO MIDIÁTICA E PARTIDÁRIA


A vida é dura…


Antes midia e oposição diziam que Lula não transferia voto...

Antes nossa midia e a oposição diziam que o presidente Lula não transferia voto. Não tinham nenhuma dúvida, só certezas quanto a isso. Agora, quando a enésima pesquisa (Sensus, Vox Populi, IBOPE, Datafolha...) revela a unanimidade entre elas, que a candidata do presidente da República, Dilma Rousseff (governo-PT-partidos aliados) empatou e já ultrapassa o da oposição, José Serra (PSDB-DEM-PPS), dizem que a candidatura dela cresce graças ao apoio de Lula.

Agora essa transferência é o principal motivo que apontam para o crescimento da candidatura Dilma entre todos os segmentos, faixas etárias, econômicas e sociais, em todas as regiões e Estados (leia nota abaixo). Na verdade, a oposição está em pânico porque acreditou na própria propaganda - no caso, na da midia que a apoia.

A perplexidade da midia só expõe a falta de propostas e programa da candidatura Serra, sua aliança frágil e pesada por causa da participação do DEM (um partido moribundo, à espera das urnas para confirmar sua morte anunciada) e a ausência de um vice.

Reflete, também, o pânico nas fileiras da oposição comandada pelos tucanos com as pesquisas que eles se recusaram a admitir como reais há 15 dias, inclusive tentando desqualificar e deslegitimar os institutos concorrentes do IBOPE e do Datafolha, o Vox Populi e o Sensus, primeiros a registrar esse empate.

Subida da candidatura Dilma encerra riscos políticos


Essa perplexidade da mídia e o medo que tomou conta do PSDB e cia, além de liquidar com qualquer chance de o ex-governador tucano de Minas, Aécio Neves, ser vice de Serra, podem agravar a tendência da oposição de judicializar a campanha e buscar no tapetão aquilo que não tem no eleitorado: um meio de derrotar a candidatura de Dilma Roussef.

Aécio, aliás, estava de férias na Itália e se voltou sábado, como diziam, continua na muda, sem uma única declaração a confirmar a boataria plantada pelo tucanato de que agora aceita ser vice de Serra. Sem um plano B e acostumados com o apoio da midia e com a subida nas pesquisas, os tucanos agora vão radicalizar o discurso com mais agressividade.

Vão apostar no apoio de aparatos do Estado que capturaram enquanto continuam sua ladainha contra o aparelhamento da máquina pública e o patrimonialismo "do PT". Agirão nessa linha como já o fazem com a maior cara de pau, uma vez que têm ao seu lado o PFL - hoje conhecido pelo nome de Democratas - o partido que gerou e administrou na ditadura e nos oito anos de FHC o aparelho do Estado e o patrimonialismo cujo símbolo maior é o "carlismo" baiano.


Eleitor compara Serra e Dilma e opta por ela Com o Datafolha oposição reconhece o óbvio: Lula transfere voto... Pesquisas, muitas sondagens eleitorais nos últimos dias, com vastas interpretações no fim de semana. Diante do Datafolha - e do IBOPE antes, em pesquisa reservada para o PSDB - agora a oposição reconheceu o óbvio: que Lula transfere voto; que o terceiro mandato era uma vontade da maioria do eleitorado; que seu governo é bem avaliado; e que o presidente, mais ainda.

Mas, no fundo, a oposição continua a querer esconder o óbvio: que também na comparação não apenas dos governos FHC e Lula, mas dos candidatos Serra e Dilma, esta acabou se impondo. Para o eleitor Dilma tem mais condições de ser presidente que Serra. Eis uma conclusão das pesquisas que eles, oposicionistas e mídia, não esperavam (leia também post acima).

Dilma constitui uma revelação que as pesquisas acabam de confirmar, dai a midia e a oposição quererem esconder essa verdade com justificativas que antes negavam. Como, por exemplo, as de que ela alcançou o empate em decorrência da transferência de votos e que a excelente avaliação do presidente Lula e de seu governo nada têm a ver com isso.

Francamnte, querer atribuir a subida de Dilma - outro argumento que também estão usando - à propaganda partidária (à rede nacional e rádio e TV do PT) quando a maioria da midia televisiva e radiofônica trabalha pró-Serra é pura desonestidade intelectual e sinal de desespero. Não há outros termos para designar isso.

domingo, 23 de maio de 2010

AS NORMAS ESCRITAS E AS OUTRAS -

De Marcos Coimbra, sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi:

Quando nossas elites resolverem fazer a prometida reforma política, bem que poderiam começar pela revisão da legislação eleitoral. Há muita coisa que repensar nas normas que regem o funcionamento do sistema político como um todo, mas talvez não haja capítulo onde a necessidade de amplas mudanças seja tão evidente quanto no que ordena as eleições.

Nossa legislação eleitoral é confusa, efêmera, artificial. Em alguns aspectos, é tão detalhista que parece obcecada com pulgas; em outros, é tão omissa que deixa escapar elefantes. Se os políticos trocam (ou trocavam) de partido como trocam de camisa, os legisladores trocam as leis eleitorais (ou os tribunais ao aplicá-las) como os estilistas trocam (ou trocavam) a altura das saias a cada temporada.

Quando o vento sopra a favor do liberalismo, temos regras brandas. Quando o clima é propício ao endurecimento, ficam severas. Uma hora, pode-se tudo; outra, nada.

Afinal, o que é permitido e o que é proibido fazer nos horários que a legislação concede aos partidos políticos na televisão e no rádio a cada semestre? Destinados à divulgação das ideias e propostas de cada um, até onde são livres para estabelecer o que vão dizer?

Há um paradoxo na pergunta. Se um partido político representa o pensamento de uma corrente de opinião suficientemente expressiva para ultrapassar as barreiras que existem para impedir que qualquer um possa fazer o mesmo, quem teria o direito de proibi-lo de falar o que quiser? Respeitados os princípios constitucionais básicos, ele poderia tudo.

Se o PT quer usar seu tempo de televisão para falar bem de Dilma, como fez, por qual razão não poderia? Se o PSDB quiser usar o seu para elogiar José Serra, como fez, estaria proibido?

A resposta que não podem, por que as leis não deixam nos leva a pensar na legislação vigente. No caso, nas leis que definiram esse absurdo lógico em que nos metemos, de desejar o fortalecimento dos partidos e pouco fazer para alcançá-lo.

Sua primeira formulação aconteceu, talvez não por acaso, alguns meses antes do Ato Institucional nº 2, de 1965, que violentou o sistema partidário brasileiro, extinguindo os partidos existentes e inventando um bipartidarismo que nunca funcionou. Em julho daquele ano, foi promulgada a Lei 4.737, que, pela primeira vez, reservava horários na televisão para a “propaganda permanente do programa dos partidos”. Nela, também foi fixado que os candidatos só poderiam fazer propaganda após “a respectiva escolha em convenção”.

Foi, assim, há 45 anos, em plena ditadura militar, que criamos os fundamentos das regras esdrúxulas que temos. Delas, exalava uma óbvia resistência aos partidos e à atividade política, coerente com os tempos que o país vivia. Incoerente é sua sobrevivência na democracia.

As regras são tão sem sentido que, faz muito tempo, ninguém as leva a sério. Desde a redemocratização, os tribunais decidiram deixar que os partidos usassem seu tempo de televisão com liberdade, assim como fizeram vista grossa ao descumprimento da ficção de que as campanhas só começam depois das convenções.

Por isso, todas as eleições que fizemos de 1989 para cá foram marcadas pelo uso eleitoral dos horários partidários na televisão, como é natural que acontecesse. Collor se elegeu os utilizando com competência, como Fernando Henrique e Lula. Todas as campanhas presidenciais, bem como as de governador e prefeito, foram antecedidas pelo seu aproveitamento na apresentação ou consolidação de candidaturas.

Essas foram as normas reais que prevaleceram nos últimos 20 anos, mesmo que as velhas normas escritas não tivessem sido formalmente revogadas. Todos os partidos, sem exceção, seguiram o figurino. Como nestas eleições. Ciro, Marina, Serra (na época junto com Aécio) e Dilma foram as estrelas dos horários e inserções de seus partidos. Alguém adivinha por quê?

Agora, há quem se diga indignado com o recente programa do PT, veiculado semana passada. Talvez quem suponha que foi por causa dele que Dilma subiu nas pesquisas e parece próxima de ultrapassar Serra. Ou seja, quem não entende por que ela cresce.

Nele, no entanto, nada houve além da observância das normas aceitas, ainda que não-escritas, de nosso sistema político. E, quem sabe, das que poremos por escrito um dia, quando resolvermos reduzir o nível de hipocrisia que existe hoje.

DATA FOLHA APRESENTA EMPATE DE DILMA E SERRA


SÃO PAULO - A pré-candidata à Presidência da República, Dilma Rousseff (PT), subiu sete pontos e atingiu sua melhor marca até hoje, segundo pesquisa Datafolha, ficando empatada com seu concorrente, José Serra (PSDB). Segundo o instituto, a petista e o tucano estão com 37% da preferência do eleitor. A pesquisa foi realizada na quinta e sexta-feira, com 2.660 entrevistados. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Já a pré-candidata Marina Silva (PV) segue em terceiro lugar, com 12%. A pesquisa apontou que 5% dos pesquisados votariam em branco, nulo ou em nenhum candidato. Os indecisos somam 9% e a margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.


O Datafolha apontou que o crescimento pode ser relacionado com o programa partidário de TV que o PT apresentou recentemente, com vários comerciais de 30 segundos e um programa de dez minutos.

A alta de sete pontos percentuais é em relação à pesquisa Datafolha de abril - quando Dilma aparecia com 30% das intenções de voto. No mesmo período, Serra perdeu cinco pontos percentuais, já que estava com 42% e Marina manteve a pontuação.


Pesquisa espontânea

Na pesquisa espontânea, quando os candidatos não são apresentados, Dilma também cresceu. Em dezembro, ela tinha 8%, crescendo para 13% em abril e agora, está isolada em 19% em primeiro lugar. José Serra tem 14%. Na mesma pesquisa, 5% dizem votar em Lula, que não pode ser candidato. Outros 3% afirmam votar no "candidato do Lula", e 1% no "candidato do PT". Por isso, virtualmente Dilma teria 28% na espontânea.

Rejeição

Em relação ao índice de rejeição, a petista Dilma Rousseff também conseguiu um boa pontuação, o índice caiu de 24% para 20%, a rejeição de Marina Silva, também reduziu de 20% para 14%. Já o tucano José Serra teve alta na rejeição de 24% para 27%.

O único empate técnico que aparece na pesquisa é em relação ao segundo turno. A candidata do PT tem 46% e o candidato do PSDB tem 45%. Na última pesquisa Serra estava dez pontos à frente, com 50%, contra os 40% de Dilma.

Popularidade de Lula

A pesquisa Datafolha aponta que 76% aprovam o governo Lula. Este número é recorde desde que Lula assumiu em janeiro de 2003.

Lula é o presidente mais bem avaliado desde o fim da ditadura. Fernando Collor (1990-1992) teve 36% e Fernando Henrique Cardoso (1995-2001) chegou a 47%.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

SERRA É "PAI DO HIGIENISMO" EM SÃO PAULO, DIZ PADRE JULIO LANCELOTTI

Quando a reportagem chega ao escritório da Paróquia São Miguel Arcanjo, na zona leste de São Paulo (SP), o padre Júlio Lancellotti está de olho no e-mail. Depois de responder a uma ou outra mensagem, pula para o Twitter e consulta as últimas postagens. Curioso sobre o Vermelho, acessa pela primeira vez a página do portal e comenta duas matérias recentes — uma sobre o presidenciável tucano José Serra, outra com depoimentos do jornalista Altamiro Borges.

Por André Cintra
Colaborou Renato Torelli

Júlio Lancelotti

"Discurso do PSDB é teatral", afirma Lancellotti

É uma manhã fria de sexta-feira. Lancellotti, líder da Pastoral da Rua, aceitara conceder a entrevista ao Vermelho um dia antes, ao saber do tema da conversa — a “limpeza social” implantada em São Paulo a partir de 2005, inicialmente na gestão de José Serra (PSDB), depois no governo de seu sucessor, Gilberto Kassab (DEM). Desde o começo, o “padre dos povos da rua” foi um dos opositores mais veementes da política higienista demo-tucana.

Ele também co-responsabiliza Andrea Matarazzo, o ex-secretário municipal que, numa e noutra gestão, acumulou poderes e liderou a perseguição a moradores de rua. A troca de farpas entre Matarazzo e Lancellotti atravessou os últimos anos — com uma vantagem para o padre: ele não recorreu a jornalistas para agir como seus porta-vozes ou ghost-writters, nem tampouco partiu para a calúnia. Sua atuação foi sempre no âmbito político e ideológico.

“O que eu acho é que o José Serra e o Andrea Matarazzo são os pais — os expoentes — do higienismo em São Paulo. O que eles fizeram com os povos da rua foi um absurdo total, uma falta de sensibilidade”, declara Lancellotti ao Vermelho, na primeira parte da entrevista que abre a série “Povos da Rua — A ‘Faxina Social’ de Serra e Kassab”.

Ao denunciar as tais práticas higienistas — como a construção das chamadas “rampas antimendigos” —, Lancellotti atraiu a ira da dupla PSDB-DEM, a hostilidade de parte da grande mídia e até um tratamento irônico de setores da Igreja Católica. Pelo que dá a entender, não se desestabilizou. Ao contrário — seus depoimentos rebatem pontualmente a cada uma das polêmicas em que se envolveu.

Confira.

Vermelho: São Paulo é a cidade mais rica do Brasil, e seu PIB cresce acima da média nacional. Ao mesmo tempo — e apesar das inúmeras operações da Prefeitura no Centro —, o número de moradores de rua não para de crescer. Fala-se em ao menos 15 mil desabrigados, sendo metade deles na região central. Não é uma contradição?
Júlio Lancellotti: Não é, não. Marx já dizia que fatores econômicos não explicavam tudo. O que prevalece em São Paulo é uma política de negligência aos povos em situação de rua, e isso independe de qualquer situação econômica. Faltam políticas sociais. Quem está na rua não pode ser privado do direito mais elementar, que é o de ser reconhecido e tratado como um ser humano. Não é o fator econômico que vai determinar isso.

Vermelho: Como a posse de José Serra na Prefeitura, em 2005, alterou o tratamento à população de rua? Depois das chamadas “rampas antimendigos”, você chegou a acusar Serra e o subprefeito Andrea Matarazzo de “práticas higienistas”...
JL: O que eu acho é que o José Serra e o Andrea Matarazzo são os pais — os expoentes — do higienismo em São Paulo. O que eles fizeram com os povos da rua foi um absurdo total, uma falta de sensibilidade. Essas rampas não foram o único caso. Agentes da Prefeitura começaram a perseguir o povo da rua, jogar água em cima deles. Era uma ação corriqueira, cotidiana. Depois teve aquele banco feito para a pessoa de rua ficar só sentada. Várias entidades denunciaram o descaso, as aberrações.

Vermelho: Você foi acusado, pela Prefeitura e por publicações como a Veja, de tratar o morador de rua como um “intocável” — de querer tornar permanente uma situação pontual...
JL: Eles fazem muito isso — desqualificar o interlocutor —, como se a questão se reduzisse a isso. Diziam que eu devia ir morar na rua, já que eu gostava tanto dessa gente. Desqualificam quaisquer manifestações que cobrem políticas públicas sérias, construção de moradias para moradores de rua, criação de alternativas. E tentavam também dar aquela impressão: “Eu fiz tudo que podia, e ele (o morador de rua) não quis. Tem albergue, mas ele não vai porque não quer. Ele é que não gosta de tomar banho e, por isso, não vai”.

Vermelho: É uma forma de criminalizar o morador de rua, tratá-lo como um vagabundo?
JL: É como dizer que o morador de rua não faz isso ou aquilo porque não gosta de regras. Você vai trabalhando essa animosidade no imaginário popular, na opinião pública, contra essas pessoas da rua, como quem diz: “Tem possibilidade. Eles é que não querem”.

Vermelho: Toda a administração municipal seguia essa mesma linha?
JL: Houve um episódio — e aí são as contradições da história — em que uma moradora de rua morreu em frente a um posto de atendimento na zona norte. A doutora Cristina Cury, secretária de Saúde do Serra, declarou que a moradora “morreu onde vivia”, e nós protestamos de maneira muito forte contra a fala dela. Então ela me ligou para pedir desculpas. E eu disse: “Doutora, a sra. não tem de pedir desculpas para mim. A sra. tem de ouvir os agentes comunitários de saúde da rua”. Aí ela recebeu 11 agentes e ficou tão impressionada com o relato deles que resolveu multiplicar o trabalho.

Vermelho: Dá para dizer que o conjunto da administração demo-tucana não era 100% afinado com essa política higienista?
JL: Na Secretaria da Saúde, como eu disse, nós conseguimos brechas. Já na Secretaria de Assistência Social, com o Floriano Pesaro, a parada foi dura. Hoje ele é vereador e se considera “o pai do povo da rua”. Uma vez, diante das câmeras, o Floriano me disse para todos ouvirem: “Te dei R$ 400 mil e você quer manter este povo na rua”. Eu respondi: “Não, nem você me deu, nem o dinheiro era para mim”.

Ele não pode fazer isso. Essas coisas são feitas através de ações públicas, que têm de ser transparentes. Você, se está na Prefeitura, não dá dinheiro para uma entidade porque você quer. Há fiscalização. Se ele me desse dinheiro público e eu aceitasse, os dois deveriam ser acusados de prevaricação, de improbidade.

Vermelho: Com a transição do Serra para o Kassab, melhoraram as relações entre a Prefeitura e os moradores de rua?
JL: O que acontece com a administração Kassab é que ela é muito dividida, muito partida. A presença do Matarazzo e de outros expoentes do PSDB lá dentro tornou tudo muito difícil. Com o tempo, alguns foram saindo, mas uma renca deles ainda continua lá. A gente tem tido muitos problemas com a Guarda Civil, que é ligada ao (secretário municipal de Segurança) Edson Ortega. Como todo expoente do PSDB, sua especialidade é a desqualificação do interlocutor. Eles são doutorados nesse assunto. É interessante que essa violência para desqualificar o interlocutor seja uma característica do pessoal do PSDB.

Vermelho: Numa entrevista ao Vermelho, o jornalista Luis Nassif atribuiu ao FHC a gênese dessa tendência tucana de ver políticas sociais de forma obscurantista, de tachar de “provinciana” tudo que é manifestação popular...
JL: Foi bom você falar nisso, porque há uma coisa no PSDB que é de uma maldade, uma ironia que é cáustica. Outro dia, fomos falar com o secretário Edson Ortega, e ele nos disse assim: “Mas eu não aguento ver uma pessoa caída na rua. Isso é um crime de lesa-humanidade. Vocês querem que essa pessoa, coitada, continue na rua? Não podemos deixá-la nessa situação. Nós temos de retirá-la da rua, ela queira ou não. Ver uma pessoa na rua é criminoso, atenta aos meus valores éticos e morais. Isso é da minha formação — eu sou assim, sou humanista, não posso ver”.

O discurso do PSDB entra por aí. É teatral. Eles se apropriam de um discurso que é humanista, mas que deforma a boca, porque não é verdadeiro. Você ouve e soa como ironia. A pessoa diz que é “humanista”, e é capaz de ela pegar um lenço para chorar, mas você vê que não é real. E ele repete: “Mas você quer que ele fique lá deitado na rua, morrendo de frio. Eu vou mandar recolher”.

Vermelho: A Alda Marco Antonio, vice-prefeita e atual secretária de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo, disse que a Prefeitura vai deixar de tratar o morador de rua à noite, no albergue, e começará a tratá-lo durante o dia. Para isso, mostraram até duas tendas. Essa lógica tem alguma eficácia?
JL: É uma tentativa de resposta diferente. O “Jardim da Vida”, que o pessoal chama de tenda, é uma forma de atingir uma população de rua que não é atingida por ninguém. É um método em que se diminuem aquelas barreiras de acesso — o morador de rua não precisa ter documentos, pode até estar bêbado, não precisa estar vinculado a algum trabalho. Essa foi o choque com o Andrea Matarazzo. Percebe a contradição? Com toda a limpeza social, na cara do Centro da cidade se abrem dois espaços informais onde querem estabelecer vínculos com a população de rua, e ela não é obrigada a nada.

Vermelho: E o fechamento de albergues? Faz algum sentido?
JL: Você tem de ver exatamente o que isso significa. Nós, junto ao movimento, temos uma linha: mais do que albergue, queremos ter moradia — moradias comunitárias, repúblicas terapêuticas, pensões sociais. Tem muita coisa provisória, mas queremos uma política de acesso à moradia definitiva, para pessoas com baixíssima capacidade de endividamento. Hoje uma das áreas mais fossilizadas da Prefeitura é a habitação. O que a Secretaria de Habitação fez?

GOVERNO LULA CRIA PLANO NACIONAL CONTRA AS DROGAS


Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas

O presidente Lula assinou decreto, na quinta-feira (20), criando o Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas. O plano consolida e amplia ações de diversos ministérios, e prevê:

- Aumento de 2.500 para 5.000 leitos hospitalares para receber casos graves de dependência química. Por ano, o recurso do Ministério da Sáude para o custeio desses leitos especializados vai chegar a R$ 180 milhões.

- Ampliação do Plano Emergencial de Ampliação do Acesso do Tratamento para usuários de Álcool e Drogas (PEAD): As ações anunciadas em junho de 2009 pelo Ministério da Saúde, de construção de 73 novos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) até o final de 2010, dos quais 52 já foram habilitados, foram ampliadas com a inclusão de mais 136 centros especializados em Álcool e Drogas (CAPS-AD), até o final de 2011.

- Transformação de 110 CAPS-AD, em municípios com mais de 250 mil habitantes, para CAPS-III, que têm funcionamento 24 horas por dia e 8 leitos em cada um para internações de curta duração e maior capacidade de atendimento ambulatorial. Os CAPS III oferecem atenção contínua e tratamento integral aos usuários de álcool e drogas. Nestes 880 leitos, poderão ser realizados procedimentos de desintoxicações leves.

- Ampliação do projeto Consultórios de Rua, criado em dezembro de 2009. No lançamento desse dispositivo, 14 projetos municipais receberam incentivo em duas parcelas semestrais de R$ 50 mil, para serem implantados e custeados. O novo plano prevê mais 35 consultórios de Rua, dos quais 20 serão contemplados ainda este ano e outros 15 em 2011.

Os consultórios de rua levam equipes multiprofissionais de saúde – com assistentes sociais, auxiliares de enfermagem, profissionais de saúde mental e de redução de danos – até os locais onde os usuários de drogas se reúnem. Lá, oferecem cuidados básicos e orientações sobre tratamentos, criam um vínculo de confiança e tentam buscar a adesão desses usuários ao tratamento no sistema de saúde.

- Construção de 60 Casas de Passagem, estruturas destinadas a abrigar usuários de álcool e drogas em situação de risco. Esses abrigos preservam a segurança de pessoas vítimas de ameaças. Elas podem permanecer de 30 a 40 dias na casa, inclusive durante a noite. As Casas de Passagem serão construídas em municípios com mais de 500 mil habitantes, incluindo 27 que integram o PEAD.

- 70 Pontos de Acolhimento a usuários de crack e outras drogas, ação já adotada em vários países. Esses espaços abertos, em centros urbanos com mais de 400 mil habitantes, recebem pessoas que precisam se alimentar, tomar banho ou descansar. Os profissionais desse serviço oferecem intervenções para a redução de danos e promoção de saúde, com aconselhamento e atendimentos de baixa complexidade, em horários alternativos. O objetivo é também criar um vínculo de confiança e trazer os usuários de drogas para tratamento nos serviços de Saúde. “São espaços voltados a crianças e adolescentes em situação de extrema vulnerabilidade, que não procuram atendimento nos serviços de saúde e que são estigmatizadas e discriminadas pela sociedade”.

- lançamento de um edital público aberto a todos os municípios brasileiros, prevendo recursos para ações de desenvolvimento e integração da rede assistencial, incluindo casas de passagem e comunidades terapêuticas. Todos os municípios poderão participar com a apresentação de projetos de acordo com os critérios estabelecidos e com a Política Nacional Sobre Drogas (PNAD).

AVANÇOS

Entre as metas estabelecidas no ano passado por meio do Plano Emergencial de Ampliação do Acesso ao Tratamento de usuários de Álcool e Drogas (PEAD), até abril deste ano o Ministério da Saúde implantou:

- 25 CAPS-AD;
- 11 CAPS Infanto Juvenil;
- 5 CAPS III;
- 14 projetos de Consultórios de Rua;
- aprovou 10 projetos de escolas de redutores de danos, para formar profissionais para atender usuários de drogas em contexto de vulnerabilidade;
- aprovou 24 projetos de redução de danos;
- reajuste de diárias para leitos psiquiátricos especializados em tratamento de álcool e drogas em hospitais gerais;
- pesquisa do perfil do usuário de crack nos municípios do Rio de Janeiro, Macaé e Salvador, com previsão de resultados para o segundo semestre de 2010;
- edital conjunto do Ministério da Saúde e do Ministério da Ciência e Tecnologia a ser lançado em junho deste ano, para investigar o perfil do consumo de crack e riscos associados, e intervenções eficazes em saúde pública;

CAMPANHA – Em dezembro último, o Ministério da Saúde lançou A Campanha Nacional de Alerta e Prevenção do Uso de Crack, iniciativa inédita para prevenir o consumo da droga. Com o slogan “Nunca experimente o crack. Ele causa dependência e mata”, ela esteve até o dia 7 de fevereiro nas principais emissoras de televisão e rádio do país, na internet, em jornais, revistas, nos cinemas e nas ruas.

ISRAEL QUER ACABAR COM A PALESTINA


Israel está apagando os palestinos do mapa

Se Israel apóia a solução dos dois estados, pode começar pelo redesenho dos mapas oficiais que ignoram as fronteiras internacionalmente reconhecidas e a maioria das cidades palestinas. Uma olhada no mais recente material de divulgação do Ministério de Turismo de Israel dá uma resposta forte. O material do governo em 2009 elimina qualquer presença palestina. O ministro do Turismo, Stas Misezhnikov, é um quadro da direita radical do partido Yisrael Beiteinu, liderado pelo ministro de relações exteriores Avigdor Leiberman. O ministério apagou completamente a Cisjordânia e as áreas palestinas de seus materiais de divulgação. O artigo é de Daoud Kuttab.

Agora que as negociações entre israelenses e palestinos recomeçam, os palestinos estão determinados a começar enfrentando a questão das fronteiras, antes de recuar para discutir o estabelecimento sobre um estado palestino. Uma vez alcançado um acordo sobre as fronteiras, tudo leva a crer que ficará mais claro quem tem o direito de decidir se a construção dos assentamentos continua ou não.

Naturalmente, toda essa conversa tem um ponto central. Enquanto fronteiras exatas forem objeto de negociação, fica difícil começar a conversar, à medida que um dos lados insiste em antecipar uma solução fixa. E, pior, a maioria dos mapas mais recentes publicados unilateralmente pelo governo anexa a Palestina a Israel enquanto ignora a existência de várias comunidades palestinas.

É muito difícil aceitar o argumento de Israel, de que se trata de uma questão meramente simbólica. Símbolos importam e, no impedimento da realização de um estado palestino, Israel tem lhes dado plena atenção.

Durante anos foram os palestinos que se confrontaram com suas próprias questões simbólicas, seja no estatuto da Autoridade Nacional Palestina ou nos mapas dos livros escolares palestinos. Israel e seus propagandistas usam os mapas palestinos para questionar o reconhecimento palestino de Israel. Os palestinos são questionados por que em alguns mapas palestinos falta a demarcação da Cisjordânia e por que cidades israelenses como Tel Aviv desapareceram desses mapas enquanto a vizinha Jaffa é mencionada.

No passado, os palestinos respondiam frequentemente com o questionamento das fronteiras de Israel. Elas incluiriam ou não Jerusalém? Os israelenses de fato aceitam o estado palestino vizinho ao mesmo tempo em que exigem o reconhecimento pelos palestinos do estado de Israel?

Ainda assim, a despeito da retórica, eles silenciosamente mudaram bastante e seguiram os conselhos de seus amigos internacionais de fazer mudanças nos mapas e em especial nos livros escolares.

Desde 1994 a Autoridade Nacional Palestina revisou os antigos textos didáticos, levando Nathan Brown, professor de Ciência Política na George Washington University a publicar um autêntico estudo livrando a Autoridade Palestina das acusações de que representava a geografia regional de maneira errada.

“Os novos livros contam a história de um ponto de vista palestino, mas não visam a apagar Israel, deslegitimá-lo ou substituí-lo por um 'estado Palestino'”, escreveu Brown.

“Cada livro contém um prólogo descrevendo a Cisjordânia e Gaza como 'duas partes da terra natal'; os mapas mostram algum embaraço mas às vezes indicam a linha de 1967 e algumas outras medidas que permitem indicar fronteiras; a esse respeito eles realmente estão mais avançados do que os mapas israelenses. Os livros evitam tratar Israel detalhadamente mas de fato o mencionam pelo seu nome”.

A despeito dessas mudanças, a questão continua a assombrar os palestinos internacionalmente. De acordo com Brown, quase todas as acusações recentes estão vinculadas a uma única organização, o Centro de Monitoramento do Impacto da Paz, uma ONG pró-israelense. O grupo, diz Brown, se fundamenta “na desinformação e nos relatórios tendenciosos que apóiam seus chamados de incitação”. Há alguns anos o Congresso dos Estados Unidos também fez um estudo e chegou a uma conclusão similar.

Essas investigações conclusivas deveriam pôr um fim às acusações, mas poucos têm questionado o óbvio. Qual a posição israelense sobre os palestinos e como os mapas israelenses demarcam o território palestino?

Uma olhada no mais recente material de divulgação do ministério do turismo israelense dá uma resposta forte. O material do governo em 2009 elimina qualquer presença palestina.

O ministro do turismo, Stas Misezhnikov, é um quadro da direita radical do partido Yisrael Beiteinu, liderado pelo ministro de relações exteriores Avigdor Leiberman. Sob essa liderança extremista, o ministério apagou completamente a Cisjordânia e as áreas palestinas de seus materiais de divulgação. A região dos palestinos é retratada sem quaisquer fronteiras ou demarcações. Todos os mapas usados na campanha publicitária (disponível online em http://www.goisrael.com) omitem as áreas e as cidades palestinas.

Agora que as negociações começam, será que chegou o momento de Israel substituir a conversa vazia pela ação? E será que chegou a hora de a comunidade internacional fazer a simples exigência de que Israel pare de ignorar os palestinos e a Palestina, ao menos nos seus mapas oficiais?

Daoud Kuttab é um jornalista palestino premiado e ex-professor da cátedra Ferris de Jornalismo na Universidade Princeton. Ele vive entre Jerusalém e Aman.

Tradução: Katarina Peixoto

quinta-feira, 20 de maio de 2010

FICHA LIMPA, COM RELATORIA DO PT, É APROVADO NO SENADO


Senado aprova por unanimidade o projeto Ficha Limpa

O projeto que torna inelegíveis os candidatos políticos que forem condenados em última instância - conhecido como Ficha Limpa - foi aprovado por unanimidade pelo plenário do Senado na noite desta quarta-feira (19/05). O líder do PT e do Bloco de Apoio ao Governo, Aloizio Mercadante (PT-SP), parabenizou a iniciativa da sociedade civil que conseguiu obter 2,5 milhões de assinaturas para tornar realidade o projeto Ficha Limpa (PLC nº 58/2010) que tornará inelegível os candidatos políticos condenados na Justiça. "O projeto traduz a indignação da sociedade com a classe política. Sua aprovação é um passo significativo para afastar da vida política aqueles que já não tem condições de se manter", afirmou.

Mercadante elogiou o trabalho feito pelo deputado petista José Eduardo Cardozo que apresentou um substitutivo na Câmara, mas lamentou que aquela Casa não tenha tido o mesmo ímpeto para levar adiante "a necessária" reforma política. "Infelizmente a Câmara não se debruçou com a mesma urgência para discutir a reforma política, a cláusula de barreira, o financiamento público das campanhas, a fidelidade partidária e a redefinição dos critérios de representação partidária", observou o senador paulista.

A líder do PT no Congresso, Ideli Salvatti (PT-SC), momentos antes do início da votação do projeto Ficha Limpa, também parabenizou o deputado José Eduardo Martins Cardozo ao dizer que "a aprovação é um ato de coragem do Poder Legislativo, porque o candidato que está respondendo a processo na Justiça ou que já foi julgado estará fora das eleições".


Inelegíveis

Poderá ficar inelegível o candidato que cometer crime contra a economia popular (usura, sonegar mercadoria, recusar a venda), a fé pública (falsificação de moeda, documento, falsidade ideológica); contra o patrimônio privado; o sistema financeiro (colarinho branco); o mercado de capitais; contra o meio ambiente; provocar incêndio; destruir a floresta; exportar peles de anfíbios e de répteis. Também levará a inelegibilidade o tráfico de drogas; a compra de votos, a fraude eleitoral e outros. O prazo de inelegibilidade será de oito anos para aqueles casos em que o processo judicial tiver sido julgado pela Justiça ou órgão colegiado (por mais de um juiz) e houver condenação.

Sempre que existir recurso do candidato em relação à decisão tomada por órgão colegiado, poderá ser concedida, em caráter cautelar, a suspensão da inelegibilidade.
Ao conceder o efeito suspensivo da decisão que tornou o candidato inelegível, o projeto estabelece que o julgamento tenha prioridade sobre os demais, exceto os mandados de segurança e de habeas corpus. Caso a suspensão liminar seja revogada, o registro e o diploma eventualmente concedido ao candidato também serão revogados.

A principal mudança do PLC 58/2010 é que o político que tiver mandato e se tornar inelegível não poderá se candidatar no período remanescente do mandato e nem nos oito anos subseqüentes ao término dele. A lei que está sendo alterada pelo projeto Ficha Limpa – Lei Complementar nº 64/1990 – previa a inelegibilidade durante o período remanescente e nos três anos subseqüentes ao término do mandato.

O Ficha Limpa é um projeto de iniciativa popular que chegou à Câmara com mais de 2,5 milhões de assinaturas. A campanha pela aprovação do projeto foi lançada em abril de 2008, pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) para tornar mais rígidos os critérios que impedem candidaturas a cargos públicos. O relator do projeto na Câmara foi o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP). A redação apresentada por ele foi aprovada integralmente.


Prioridade


A senadora Ideli Salvatti questionou a presidência do Senado sobre a brecha que foi aberta ao dar prioridade de votação ao Ficha Limpa. Isto, porque a pauta de votações estava trancada por duas medidas provisórias, pelos projetos do pré-sal e o que aumenta o valor das aposentadorias. Com isso, Ideli cobrou o mesmo procedimento para votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC nº 83), de sua autoria, que muda a Constituição Federal para acabar com a aposentadoria concedida a magistrados como medida disciplinar.

A PEC 83 tramita no Senado desde 2003 e até agora não teve a mesma pressão para ser votada como o projeto Ficha Limpa. Segundo Ideli, todos os dias a sociedade recebe notícias de juízes, promotores ou desembargadores que cometem crimes, mas a condenação é a aposentadoria compulsória.

Ideli citou dois exemplos: os casos da juíza no Pará, que determinou a prisão de uma garota que foi colocada numa cela masculina, e do desembargador que vendia sentenças judiciais. "É importante o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) julgar os magistrados que cometem atos ilícitos, mas o que temos visto é que a condenação dos funciona como um brinde, porque simplesmente são aposentados e continuam recebendo salários elevados", salientou. A senadora acrescentou que sua proposta poderia acompanhar a decisão de aprovar o projeto Ficha Limpa.

Veja as mudanças aprovadas pelo Senado Federal.


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Fonte: Assessoria de Imprensa da Liderança do PT no Senado

PROUNI TEM COMISSÕES DE FISCALIZAÇÃO NAS UNIVERSIDADES

ProUni soma quatro mil comissões locais de acompanhamento social

O ProUni já conta com mais de quatro mil comissões locais de acompanhamento e controle social. Instaladas em campus universitários, essas comissões auxiliam no aperfeiçoamento e fiscalização do programa.

O Programa Universidade para Todos (ProUni) já conta com mais de quatro mil comissões locais de acompanhamento e controle social. Instaladas em campi universitários, essas comissões auxiliam o Ministério da Educação e a Comissão Nacional de Acompanhamento e Controle Social do ProUni (Conap) no aperfeiçoamento e fiscalização do programa.

As comissões locais mais próximas à realidade acadêmica de cada instituição atendem os questionamentos da comunidade levantadas por meio de reclamações, denúncias, críticas e sugestões. De acordo com a diretora de políticas e programas de graduação do MEC, Paula Branco de Mello, as comissões aumentam a participação de estudantes, professores, coordenadores e representantes do ProUni nas instituições de ensino e da sociedade civil no aperfeiçoamento do programa.

O presidente da Conap, José Tadeu Rodrigues de Almeida, lembrou que, na época do lançamento do ProUni, os movimentos sociais duvidavam do programa como a melhor alternativa. “Hoje, não há quem questione a validade do ProUni, que inclui milhares de jovens”, afirmou. Segundo ele, o debate passou a ser a qualidade da inclusão. Garantir essa qualidade é uma das atribuições das comissões de acompanhamento e controle social.

O ProUni é um programa do governo federal que concede bolsas de estudo integrais e parciais em instituições não gratuitas de ensino superior. O programa realiza dois processos seletivos por ano: um para os candidatos às bolsas com ingresso no primeiro semestre, e outro para as bolsas com ingresso no segundo semestre. Em cinco anos, o programa ofereceu 697 mil bolsas de estudos e alcançou 1,2 mil municípios.

O ProUni reúne hoje 1,4 mil instituições de educação superior — mais de 70% das instituições particulares do País — e está no 12º processo seletivo.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

LULA, UM NOTÁVEL SER HUMANO


A paella de Lula

Clóvis Rossi

Jornalista da minha geração estranha quando vira notícia. Eu, a bem da verdade, estranho até quando vejo meu nome na capa da Folha, encimando um texto, como se o nome fosse a notícia, não o texto.

Por isso, fiquei chocado ao virar notícia por conta de uma queda na terça-feira à noite, aqui em Madri, que causou a fratura de duas costelas.

Passado o choque, lembrei-me da insistência de meu amigo Sérgio Leo (“Valor Econômico”), um desses jornalistas que dão orgulho da profissão, para que eu escreva um livro contando bastidores de coberturas jornalísticas.

Ainda não me convenceu, mas, já que a notícia está no ar, ouso contar detalhes da queda e dos desdobramentos posteriores porque imagino que há coisas de que o leitor nem desconfia.

O presidente Lula havia terminado de discursar, após receber prêmio. Sempre que isso acontece, os jornalistas (e muitos outros no auditório) tentam se aproximar do presidente, para arrancar uma frase ou, simplesmente, mostrar a cara.

Foi o que tentei fazer, mas pela via errada. Em vez de subir pela escadinha que levava ao palco, tentei escalar o degrauzão do meio. Escorreguei, cai de costas e fraturei as costelas.

Ainda assim, me levantei, usei a escadinha mas, ao chegar perto do bolo, estava como Jorge Araujo, um extraordinário fotógrafo da Folha, costuma brincar: “Já vi cadáveres mais corados que você”.

Descrição perfeita para meu estado naquele momento. Se não fosse Patrícia Chiarello, misto de diplomata (da assessoria de imprensa do Itamaraty) e anjo-da-guarda de jornalistas, me mandar sentar e tomar água, teria desmaiado no meio do palco.

O presidente Lula se aproximou e constatou o mesmo que o Jorge Araujo: “Você está branco e suando frio”.

Não me lembro se foi antes ou depois da frase de Lula que o coronel Cléber Ferreira, médico da Presidência, me examinou. No momento em que apalpou minhas costas, detectou a fratura e iniciou as providências para que eu fosse levado ao hospital.

Tentei resistir, dizendo que precisava terminar os textos do dia e enviá-los para a Folha. Aí, baixou o coronel no médico, e as ordens foram cumpridas.

Ele fez questão de me acompanhar na ambulância e no hospital, enquanto fazia as radiografias e um exame de urina para ver se a queda trouxera outras complicações.

Primeira observação que, imagino, o leitor não desconfia: é possível, sim, a um médico da Presidência abandonar o presidente para dar atenção a um jornalista. É verdade que, naquela altura, o jornalista precisava dele mais que o presidente, mas o gesto fica.

Como ele me contou no caminho, foi só o seu lado coronel que forçou Lula a não viajar para Davos, em janeiro, quando passou mal em Recife.

Segunda observação: Patrícia e também a Ana Maria, da Comunicação Social da Presidência, seguiram a ambulância até o hospital para, depois, me resgatar e levar para o hotel. Fizeram mais: reservaram um apartamento no hotel em que estava a delegação brasileira, o Intercontinental, para que eu ficasse próximo do médico, delas próprias e também da Janaína e da Sylvia, outras moças da assessoria.

É verdade que tenho, desde sempre, bom relacionamento com o pessoal do Itamaraty, mas, francamente, não esperava tanta atenção e cuidado.

Já no começo da madrugada, outra cena de que o leitor talvez tampouco desconfie: aparecem no hotel os companheiros Andrei Netto (“Estadão”), sua mulher, a Lu (“Portal Terra”), Assis Moreira (“Valor Econômico”) e Fernando Duarte (“O Globo”).

Todos eles haviam me amparado no local da queda e acompanhado meu percurso na cadeira de rodas até a ambulância. Ou seja, a competição no meio jornalístico pode ser intensa e às vezes selvagem, mas a solidariedade entre alguns também é formidável.

Na atitude dos três, nada que me tenha surpreendido. Embora Andrei e Fernando sejam de uma geração bem mais jovem, trabalhamos juntos em várias ocasiões, sempre competindo, mas lealmente, e sempre pondo o companheirismo acima da concorrência.

Nenhum de nós acha que é preciso dar uma facada nas costas do concorrente para fazer melhor o seu próprio trabalho, sem adversários.

Pouco antes da chegada deles, aparecera no meu quarto uma quentinha, enviada pelo presidente Lula.

Eu já havia jantado, no próprio quarto. Por isso, ofereci a paella (o conteúdo da quentinha) aos companheiros. Assis Moreira não se fez de rogado. Comeu toda a paella do presidente.

Aí, chegaram Lula e sua turma. O assessor diplomático Marco Aurélio Garcia, os ministros Nélson Jobim e Franklin Martins, Nelson Breve, também da SECOM, Carlos Villanova, diplomata que é o segundo de Franklin na Comunicação Social da Presidência, em geral encarregado com competência das viagens internacionais de Lula. Talvez houvesse mais alguém com eles, mas eu não tinha condições físicas de girar o corpo para ver quem se postou atrás de mim.

Lula chegou no exato momento em que eu havia iniciado assim o texto: “Sem se manifestar desde que deixou o Irã na segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ontem tempo para “amadurecer as reações” em torno do acordo com os iranianos (e os turcos) antes de se pronunciar”.

Ordenei: “Senta aí e escreve o resto, vai. Você sabe melhor do que eu o que você pensa e diz”.

Observação final: minha relação com o presidente (e também com o seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso) sempre foi cordial, como pessoas físicas. Como pessoas jurídicas, critiquei um e critico o outro, às vezes impiedosamente, mas esse é o jogo certo (acho eu) entre jornalismo e política.

Com FHC, a relação era mais formal, pela idade de cada um. Com Lula, é mais relaxada, até porque o conheço desde o tempo em que eu é que podia mandar quentinhas para ele, não o contrário.

Tanto que me despedi brincando: “Você é um péssimo presidente, mas um notável ser humano”.

Agora, chega. Vou obedecer as ordens do doutor e coronel Cléber e me recolher ao repouso por tempo indeterminado mas que espero seja breve.

1º ENCONTRO ESTADUAL - VEREADORAS (ES) SP

A SURPRESA QUE JÁ SE SABIA


Surpresa anunciada

por Marcos Coimbra

Correio Braziliense – 19/05/2010

Engana-se quem pensa que tudo está parado, aguardando a Copa do Mundo. Assim como quem acha que Dilma “deu a virada” com a mídia partidária do PT e que Serra devolverá a ultrapassagem quando tiver a do PSDB. O que houve foi apenas mais um passo no caminho que o eleitorado está percorrendo faz tempo

Aconteceu. Depois de meses de expectativa, finalmente Dilma Rousseff apareceu à frente de José Serra em uma pesquisa de intenção de voto. Na verdade, em duas.

Uma foi feita pela Vox Populi e divulgada no fim de semana. A outra, de responsabilidade da Sensus, saiu na segunda-feira. Com intervalo de dias, elas mostraram a mesma coisa.

Os resultados chegam a ser, em muitos casos, idênticos. No voto espontâneo, a Vox aponta 19% para Dilma e 15% para Serra, ficando Marina com 2%. Na Sensus, Dilma tem 19,8%, Serra 14,4% e Marina 2%. No estimulado, segundo a Vox, na lista com 11 pré-candidatos, Dilma tem 37%, Serra 34% e Marina 7%. Em cenário análogo da Sensus, a ex-ministra fica com 35,7%, o ex-governador com 33,2% e a senadora com 7,3%.

Há uma única discrepância relevante entre as pesquisas, que ocorre quando a pergunta estimulada é feita utilizando lista reduzida, com apenas as três candidaturas principais. Na Vox, Dilma mantém a dianteira, com 38%, contra 35% para Serra, enquanto que, na Sensus, o tucano passa a ter 37,7% e Dilma 37%. As duas são iguais, levando em conta as margens de erro, mas a diferença deve ser considerada.

A rigor, ambas indicam que o quadro de “empate técnico” entre as candidaturas do PSDB e do PT está mantido. Desde o fim de março, as pesquisas dos dois institutos vêm dizendo a mesma coisa, no que se assemelham às do Ibope. Agora, o empate permanece, mas com posições invertidas. O que quer dizer muito na política, pois liderar, mesmo que com vantagem pequena, é liderar. E estar em segundo lugar é sempre pior que em primeiro.

Foram resultados inteiramente previsíveis para quem acompanha as pesquisas e procura entendê-las. Não há nada de abrupto ou surpreendente neles.

Estas eleições começaram cedo no meio político e entre pessoas muito politizadas, mas só chegaram à opinião pública mais ampla no fim de 2009, início de 2010. Nas pesquisas da Vox Populi, por exemplo, Serra tinha 6% de intenção espontânea em maio de 2008, há dois anos, e ficou com 7% em novembro de 2009, o que quer dizer que permaneceu no mesmo lugar durante um ano meio. Nesse período, Dilma foi de 2% a 5%. Nos três meses de janeiro para cá, no entanto, ele passou de 9% a 15% e ela de 5% a 19%. A soma do voto espontâneo dos dois, que era de 12 pontos em novembro, quase triplicou nos seis meses seguintes, alcançando 34% agora.

Essa intensificação do ritmo de formação de intenções de voto tem sido mais favorável a Dilma. Nos dados da Vox para o voto estimulado, Serra tinha 42% em novembro e 35% agora. Enquanto isso, Dilma foi de 26% a 38%. Ou seja, houve uma mexida de 19 pontos (entre o que ele perdeu e ela ganhou) em favor da candidata do PT.

Se considerarmos os resultados de todos os institutos, não vemos, de janeiro a meados de maio, nenhum dos fenômenos de sobe e desce que marcaram eleições como a de 2002. Sequer a saída de Ciro Gomes, que muitos imaginavam que poderia causar impacto maior, provocou terremotos, por pequenos que fossem.

As coisas estão indo, devagar e sempre, no andar que um general de antigamente chamava lento, gradual e seguro: Dilma crescendo aos poucos, Serra caindo aos poucos, Marina no mesmo lugar.

É o que as eleições marcadas pelo desejo de continuidade sempre trilham. Menos sobressaltado, menos cheio de emoções. Nelas, à medida que a ideia vai encontrando seu rosto, a decisão vai se tornando mais fácil para a maioria dos eleitores.

A VITÓRIA DE LULA NO ACORDO DO IRÃ - por Mauro Satayana


Uma Questão Diplomática
Por Mauro Santayana


O iconoclasta Nelson Rodrigues, cujo verbo ácido a ninguém poupava, amava o povo brasileiro a ponto de espicaçá-lo com falso desdém: era a sua forma de despertar os nossos brios esmaecidos. Dele é a cáustica observação de que “o brasileiro tem complexo de vira-lata”. Não há dúvida de que muitos brasileiros, principalmente nas elites, guardam o deslumbramento dos nativos diante do estrangeiro que chegava do mar. Não fomos os únicos: os bravos guerreiros astecas viram nos invasores espanhóis, montados em portentosos cavalos – que eles não conheciam – centauros invencíveis.

Se Nelson estivesse vivo, provavelmente repetiria o constrangido epíteto: a reação de alguns brasileiros ao acordo obtido por Lula e pelo primeiro-ministro turco Erdogan, com Ahmadinejad, do Irã, é a de que não temos credenciais para nos metermos “em assuntos que não nos concernem”. O raciocínio parte de uma dúvida intimidadora: se o entendimento não der certo, perderemos credibilidade internacional. É um raciocínio que cambaleia, do ponto de vista moral. Ninguém pode desgastar-se por procurar a paz. Não caminha tampouco o argumento de que a situação no Oriente Médio não nos interesse. Com o surgimento da América, as divergências, direta ou indiretamente, começaram a atravessar o oceano. Disso fomos vítimas quando a Holanda, em conflito com a Espanha – a que Portugal estava então unido – invadiu a Bahia e Pernambuco. A partir de 1914, todas as guerras passaram a ser planetárias, mesmo quando o teatro de operações se limite na geografia.

O problema do Oriente Médio nos toca profundamente. Fomos corresponsáveis, com a decidida posição de Oswaldo Aranha – que presidia a Assembléia Geral da ONU em São Francisco – pela criação do Estado de Israel, e de um Estado palestino no mesmo território. Se as nações fossem movidas de mauvaise conscience, estaríamos hoje avaliando se fizemos o melhor em 1948. Concluiríamos que não agimos mal, porque obedecíamos às circunstâncias históricas. E porque não agimos mal naquele momento, agimos bem, agora, quando tentamos esvaziar as tensões entre o Irã e Israel. O confronto não nos interessa, embora possa interessar ao lobby sionista dos Estados Unidos e da Europa. E atuamos com o mesmo sentimento de justiça quando cobramos o cumprimento de todas as resoluções da ONU que exigem a independência e soberania do povo palestino em fronteiras seguras.

É irrelevante saber se a senhora Clinton está atendendo mais aos eleitores sionistas e ao lobby da indústria de armamentos do que aos interesses profundos de seu país, que o presidente Obama parece identificar. Há, desde a campanha eleitoral, diferença de approach com relação ao Oriente Médio entre a bem sucedida advogada de Chicago e o mestiço nascido no Havaí com o inquietante sobrenome Hussein. Cada pessoa é também a sua circunstância, de acordo com o achado do jovem Ortega y Gasset, e a ela sempre pagará algum tributo. A circunstância de Lula fez dele, desde a infância, um negociador. Homens que não nascem com o futuro assegurado pelos bens de família devem negociar o seu destino com os percalços da vida, e Lula soube fazê-lo, e bem, pelo menos até agora.

Desde outubro passado, o governo americano manifestou publicamente seu interesse em uma solução de compromisso pela qual o Irã enviasse seu urânio, parcialmente trabalhado, para enriquecimento completo em outro país. Na época se falou na Rússia, mas os falcões americanos provavelmente a isso se opuseram, em memória da Guerra Fria. Lula se entendeu com a Turquia, membro temporário, como o Brasil, do Conselho de Segurança, a fim de negociar a saída diplomática e honrosa para o impasse.

O Brasil não necessita da licença de terceiros para conduzir sua política externa. Cabe-lhe exercê-la com o respeito que o governo deve ao Estado e, o Estado, à soberania do povo. Entre os que contestam a importância do acordo há os nostálgicos de um tempo em que Otávio Mangabeira beijava a mão de Eisenhower e Vernon Walters dava ordens aos golpistas de 64.
Queiram, ou não, os xenófilos deslumbrados, o compromisso de Teerã é uma vitória diplomática do Brasil e do metalúrgico Luiz Inácio, que chefia o Estado.

O PIG TENTA FAZER DAS SUAS COM O PMDB

Jogada Quércia x Temer não é o que parece


Publicado em 19-Mai-2010
Numa jogada bem ao seu gosto, ou melhor, que atende...
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Dilma e Temer
Numa jogada bem ao seu gosto, ou melhor, que atende aos seus interesses, a mídia noticia a decisão da Executiva Nacional do PMDB de oficializar o nome do presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP) para candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por Dilma Rousseff (governo-PT-partidos aliados) superdimensionando o peso do ex-governador Orestes Quércia contra a indicação.

Puro blefe de Quércia e do ressuscitado politicamente ex-deputado Ayrton Sandoval, seu porta-voz no protesto e ameaças. O ex-governador não tem chances sequer de ser eleito senador, quanto mais de mudar o curso da convenção nacional de 12 de junho do PMDB que vai homologar a candidatura Temer. O PMDB de São Paulo, presidido por Quércia, está dividido entre Dilma e o candidato presidencial da oposição José Serra (PSDB-DEM-PPS).

A mídia, para apoiar Serra, dá esse destaque à resistência de Quércia à candidatura Temer, mas ele não tem a menor chance de mudar a correlação de forças favorável a Dilma na convenção nacional do PMDB. A situação em Minas, Ceará e Pará está se resolvendo e o PMDB e o PT vão conviver sem problemas com dois palanques em vários Estados.

É pura espuma essa cobertura desproporcional e dirigida, principalmente de sites como UOL e G1. Criaram a "crise que não houve", bem como a "ameaça" de que Quércia consiga impedir Temer de ser o vice de Dilma. Na verdade, o ex-governador está é com medo de perder a convenção regional do PMDB em agosto em São Paulo ou enfrentar divisões fortes.

Daí a saída a campo do ex-deputado Ayrton Sandoval e suas declarações . O que eles querem - e o próprio Ayrton faz um apelo nesse sentido - é tranqüilidade para fazer a convenção paulista. É o velho Quércia, agora tucano desde criancinha, agindo com o apoio de sempre da mídia deles. E de quebra, tudo é válido para a mídia, desde que ela vislumbre possibilidade de prejudicar a candidatura Dilma.

Fonte: zedirceu.com.br

segunda-feira, 17 de maio de 2010

CNT/SENSUS CONFIRMA DILMA À FRENTE PARA PRESIDENTE

CNT/Sensus: Dilma chega a 35,7% e Serra, 33,2%

Carol Pires
estadao.com.br

BRASÍLIA - A pré-candidata do PT à sucessão do presidente Lula, Dilma Rousseff ficaria em primeiro lugar no primeiro turno da eleição de outubro, com 35,7%, vencendo José Serra, candidato do PSDB, ficaria com 33,2% dos votos. Os números são da pesquisa Sensus divulgada na manhã desta segunda-feira pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT).

Marina Silva, do PV, foi apontada por 7,3%. José Maria Eymael, do PSC, recebeu 1,1% das intenções de voto. Os outros sete pré-candidatos de partidos nanicos receberam menos de 1% cada.

Em outro cenário, porém, quando a pesquisa Sensus apresenta uma lista apenas com os nomes dos principais candidatos - Dilma, Serra e Marina - o ranking se inverte. O candidato do PSDB recebe, nesta situação, 37,8% das intenções de voto, batendo Dilma Rousseff, com 37% e Marina Silva, com 8%. O restante dos entrevistados votaria branco ou nulo.

Em janeiro deste ano, quando a CNT/Sensus apresentou esta mesma lista aos entrevistados, José Serra estava bem na frente da candidata do PT, com 40,7%. Dilma Rousseff recebeu, naquele mês, 28,5% das intenções de voto. Marina Silva havia ficado com 9,5%.

A 101ª. pesquisa entrevistou 2 mil eleitores, em 126 municípios de 24 estados. A margem de erro é de mais ou menos 2,2%.

Segundo turno

Se a eleição de outubro para presidente da República fosse decidida em segundo turno entre Dilma Rousseff e José Serra, a candidata petista venceria com 41,8% dos votos, contra 40,5% do ex-governador tucano. Isso é o que aponta pesquisa Sensus divulgada hoje pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT).

Na pesquisa feita em janeiro, Serra estava na frente com 44%. Dilma Rousseff recebeu 37,1% da preferência.

Outro cenário, com Dilma Rousseff e a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (PV) disputando o segundo turno, a petista venceria com 51,7%, deixando Marina com 21,3%. Esta é a primeira vez que a Sensus simula esta hipótese de segundo turno.

Com José Serra e Marina Silva disputando o segundo turno, o tucano seria eleito com 50,3% e a ex-ministra ficaria com 24,3%. Também é a primeira vez que os dois aparecem num cenário simulado pela pesquisa.

Espontânea

Dilma Rousseff, pré-candidata do PT, também aparece em primeiro lugar na pesquisa espontânea da 101ª. pesquisa CNT/Sensus, divulgada na manhã desta segunda-feira, com 19,8%.

Nesta pesquisa, os entrevistados apontam quem eles pretendem votar na eleição de outubro, sem que o entrevistados apresente nomes. Esta é a primeira vez que a petista fica na frente do presidente Lula na pesquisa espontânea de intenção de voto.

José Serra, pré-candidato do PSDB, vem em segundo lugar em 14,4%. O presidente Lula, em terceiro lugar no ranking, foi citado por 9,7% Marina Silva (PV), Ciro Gomes (PSB), Geraldo Alckmin (PSDB) e Aécio Neves (PSDB) foram citados por menos de 1% dos entrevistados.

Na última pesquisa espontânea divulgada pela CNT/Sensus, em fevereiro deste ano, 18,7% dos entrevistados disseram que votariam em Lula para presidente. A ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff (PT) foi apontada por 9,5%. O ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) por 9,3%. A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (PV) por 1,6%.

A preferência por Aécio Neves tinha ficado em 2,1%, Ciro Gomes, 1,2%. Outros 2,6% votariam branco ou nulo. A 101ª. pesquisa entrevistou 2 mil eleitores, em 126 municípios de 24 estados. A margem de erro é de mais ou menos 2,2%.

LULA, O MENSAGEIRO DA PAZ

O presidente Lula é recebido por Ahmadinejad em sua chegada a Teerã

da BBC Brasil

IRÃ ASSINA ACORDO NUCLEAR NEGOCIADO COM BRASIL E TURQUIA

O Irã concordou em enviar urânio para ser enriquecido no exterior, como parte de um acordo negociado em Teerã entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, e o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan.

O porta-voz do Ministério do Exterior do país, Ramin Mehmanparast, disse que o país vai enviar 1.200 kg de urânio de baixo enriquecimento (3,5%) para a Turquia em troca de combustível para um reator nuclear a ser usado em pesquisas médicas em Teerã.

O entendimento anunciado nesta segunda-feira e assinado em frente a jornalistas em Teerã tem como base a proposta da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, órgão da ONU), do final do ano passado, que previa o enriquecimento do urânio iraniano em outro país em níveis que possibilitariam sua utilização para uso civil, não militar.

Analistas acreditam que a adoção de uma proposta que segue as linhas do que foi negociado na ONU poderia esfriar os ânimos dentro do Conselho de Segurança da organização e evitar uma nova rodada de sanções, como defendem os Estados Unidos.

Entretanto, o correspondente da BBC em Istambul, Jonathan Head, disse que mesmo entre as autoridades do Ministério do Exterior turco existe um ceticismo pela possibilidade de que o Irã esteja acenando com boa vontade, mas pouco disposto a cooperar na questão nuclear.

Poucos minutos após o anúncio do acordo, Israel criticou o Irã, afirmando que Teerã está "manipulando" o Brasil e a Turquia.

Os dois países, potências não-nucleares e membros não-permanentes do Conselho de Segurança da ONU, querem evitar as sanções.

Alguns integrantes do Conselho – principalmente os Estados Unidos - desconfiam das intenções do programa nuclear iraniano.

O Irã afirma que ele tem fins pacíficos, e que o país não pretende desenvolver armas nucleares.

Suspense

Os termos do acordo serão submetidos à AIEA, anunciou o Irã. Se for aceito, os 1.200 quilos de urânio iraniano com baixo enriquecimento ficarão guardado na Turquia sob vigilância turca e iraniana.

Em troca, após um ano, o Irã tem direito de receber 120 quilos de material enriquecido a 20%. Rússia e França já haviam se oferecido para fornecer esse urânio.

A expectativa era de que um novo entendimento com os iranianos fosse anunciado ainda no domingo, mas o assunto não foi comentado nem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e tampouco pelo presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, durante o encontro bilateral.

Inicialmente, o premiê Erdogan era esperado para um encontro trilateral com os líderes brasileiros e iraniano, mas acabou desistindo da viagem sob o argumento de que a o Irã não estaria "comprometido" com o acordo proposto.

No fim, Erdogan acabou viajando a Teerã, onde chegou nas primeiras horas da segunda-feira.

O suspense indica que a diplomacia para chegar a um acordo foi "complexa", segundo as palavras do próprio ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, em entrevista ao jornal Washington Post.

Na sexta-feira, em encontro com Lula em Moscou - primeira parada desta viagem de Lula ao exterior -, o presidente russo, Dmitri Medvedev, disse que a proposta do Brasil e da Turquia seria a última chance do Irã de evitar as sanções da ONU.

Gestos de boa vontade

No domingo, Lula se encontrou com o líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, e com o presidente do país, Mahmoud Ahmadinejad.

A agência oficial iraniana IRNA noticiou que Khamenei elogiou o Brasil. Segundo a agência de notícias AFP, Ahmadinejad também fez elogios ao Brasil. Lula e Ahmadinejad discursaram em um evento para empresários dos dois países, mas nenhum dos dois mencionou a questão nuclear.

Ainda no domingo, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, divulgou uma nota em que agradece aos governos de Brasil, Síria e Senegal por seus esforços em prol da libertação da professora francesa Clotilde Reiss, que estava presa em Teerã desde o ano passado.

Reiss havia sido condenada em julho do ano passado por dez anos de prisão por espionagem e por ter enviado fotografias por e-mail mostrando protestos contra o governo iraniano.

O anúncio da libertação foi feito neste sábado, dia da chegada do presidente Lula a Teerã.

Segundo fontes da diplomacia brasileira, o presidente Ahmadinejad teria dito a Lula que a libertação da professora francesa foi um "presente" do governo iraniano ao presidente brasileiro.

Nesta segunda-feira, o presidente brasileiro participa de uma reunião do G15, um grupo de cooperação entre países em desenvolvimento não-alinhados. Além de Brasil e Irã, participam do G15 Argélia, Argentina, Chile, Egito, Índia, Indonésia, Jamaica, Malásia, México, Nigéria, Quênia, Senegal, Sri Lanka, Venezuela e Zimbábue.