quinta-feira, 6 de maio de 2010

O BRASIL FAZ A DEFESA DA DEMOCRACIA NA AMÉRICA LATINA

6 de Maio de 2010 - 14h20

Madri cede a pressão brasileira e manterá Honduras fora da cúpula
Após ameaça dos países latino-americanos de boicotarem a Cúpula União Europeia-América Latina e Caribe, a Espanha cedeu à pressão, limitando a participação do presidente de Honduras, Porfírio Lobo, no evento.


O Itamaraty disse ontem que foi informado pelo governo espanhol que Lobo estará presente apenas na atividade entre a UE e a América Central, para a assinatura de um acordo comercial. A decisão abre espaço para a presença dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Cristina Kirchner e outros chefes de Estado da região que haviam ameaçado não comparecer ao encontro caso o líder hondurenho estivesse presente.

Fontes da UE afirmaram que um acordo sobre a participação de Lula na cúpula já havia sido alcançado. O Palácio do Planalto confirmou, em conversas privadas com o bloco, a viagem do presidente a Madri, no dia 17. Em Brasília, assessores do Planalto afirmaram que a solução encontrada pelo governo espanhol foi considerada satisfatória.

A participação de Lobo deve agora ocorrer um dia depois da cúpula, na qual participarão Lula, Hugo Chávez e outros líderes que se opõem ao governo hondurenho, eleito sob um regime golpista. Lobo teria, então, sua participação suspensa no evento principal. Assim, a UE não precisaria passar pelo embaraço de desconvidar Lobo. No entanto, ao mesmo tempo, não criaria um mal-estar completo com a maior parte da região.

"Convidamos todos os presidentes e estamos trabalhando para que a cúpula tenha êxito", limitou-se a dizer o porta-voz do governo da Espanha, Juan Cierco. Ele admitiu, porém, que existem problemas em relação à participação de Honduras na reunião. Na chancelaria espanhola, a porta-voz Arancha Banon rejeitou confirmar se Lobo terá sua participação limitada. "Não falaremos mais nada sobre o assunto."

No Itamaraty, altos funcionários dão o tema como resolvido diante das garantias que receberam de que Lobo e Lula não se cruzariam em Madri. A decisão da Espanha de convidar Honduram para o evento foi duramente criticada pelo governo brasileiro. Também reagiram Caracas e Buenos Aires.

No governo brasileiro, a avaliação foi de que a Espanha, que está na presidência da União Europeia (UE), estaria "forçando a barra" ao convidar Honduras, que foi expulsa da Organização dos Estados Americanos (OEA), para a assinatura do acordo de livre comércio com os países da região. "Não há mais espaço para rupturas institucionais e golpes militares na nossa região", disse Lula.

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