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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

OCCUPY THE WORLD: ALEMANHA É A BOLA DA VEZ

Occupy the World chega à Alemanha

Uma nota curiosa das manifestações na Alemanha foi sua repercussão entre os políticos e na mídia, declaradamente simpática, mesmo entre os conservadores. O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, da União Democrata Cristã, deu a tônica: declarou no sábado mesmo que encarava os protestos “muito seriamente”, e que os bancos devem se submeter “a controles muito claros e a transparência em todos os setores dos seus negócios”. O artigo é de Flávio Aguiar.

No sábado, dia 15, segundo a Attac, 40 mil pessoas ocuparam 50 cidades alemãs para protestar contra os bancos, o sistema financeiro e as políticas que privilegiam a “saúde” destes em detrimento da do povo. As maiores manifestações aconteceram em Frankfurt (5.000) e em Berlim (10.000). Na capital alemã os manifestantes se concentraram em frente ao Reichstag e à Chancelaria (sede do Executivo) durante a tarde de sábado.

Ao contrário de Roma e Chicago, não houve violência nem confronto com a polícia. Aliás, essa foi a tônica das manifestações que ocorreram em 951 cidades de 82 países: tudo transcorreu em paz. Em Berlim houve um empurra-empurra com os policiais quando, depois da manifestação, um grupo tentou entrar no Reichstag, o Parlamento alemão. Mas isso acabou logo e nem detidos houve.

Uma nota curiosa das manifestações foi sua repercussão entre os políticos e na mídia, declaradamente simpática, mesmo entre os conservadores.
O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, da conservadora CDU (União Democrata Cristã), deu a tônica: declarou no sábado mesmo que encarava os protestos “muito seriamente”, e que os bancos devem se submeter “a controles muito claros e a transparência em todos os setores dos seus negócios”. Sigmar Gabriel, líder do social democrata SPD no Paralamento declarou, por sua vez, que é necessário separar “os bancos de investimento dos bancos comerciais”.

Mario Draghi, que deve em breve substituir Jean Claude Trichet na presidência do Banco Central Europeu disse que “os jovens têm direito de estar furiosos”, e o presidente da Comissão Européia (órgão executivo da U. E.), José Manuel Barroso acentuou que “temos visto comportamentos abusivos [no setor bancário]”.

Para completar, os sistema bancário levou uma saraivada de críticas na mídia, com diferentes matizes, é claro.

O “Tageszeitung”, descrito em geral como de esquerda, sublinhou que “os manifestantes não são esquerdistas, mas vêm do centro”. Manifestam um “vago desconforto pelo modo como a U. E. está sendo dirigida” e que “muitos não aceitam mais o discurso vazio da elite”. Mas destacou que, como a Alemanha não está sofrendo tanto os efeitos da crise quanto outros países, “também falta uma consciência do fato de que os bancos e os políticos alemães têm um papel central na crise”.

Já o “Süddeutsche Zeitung”, descrito como de “centro-esquerda”, ressaltou “o amargo desapontamento” como um dos impulsionadores da manifestação. Assinalou que em 2008 houve a esperança de que houvesse “uma reforma do capitalismo”, mas que “os bancos continuaram a jogar com os mesmos meios e métodos que levaram à crise financeira”. Destacou também que “os protestos internacionais exigem políticas internacionais” para resolver a crise.

Passando à direita do espectro midiático, “Die Welt” vê nas manifestações “um sentimento difuso de preocupação” pela estabilidade da moeda (o euro), a poupança e pelo padrão de vida. Considera que é necessário “proteger o sistema da fúria anti-capitalista que está crescendo”e que “seria uma pena que o movimento global “Occupy...”, tão colorido e criativo, se deixasse tomar pelos profissionais do protesto que são apenas nostálgicos dos velhos tempos do socialismo”.

Entretanto, reconhece que “é óbvio o fato de que sistema financeiro se tornou disfuncional, porque ele poderia ter se valido de uma maior regulamentação”. “Os bancos precisam se acostumar a correr apenas aqueles riscos que tenham capacidade de enfrentar – e a assumir a responsabilidade por eles”.

O “Frankfurter Allegemeine Zeitung”, mais próximo do mundo financeiro, descarregou parte da responsabilidade sobre os políticos: “políticos fizeram promessas a seus eleitores que não tinham condições de serem financiadas”. Mas também assinalou que “os políticos, que agora preparam a cúpula do G-20 em Cannes [em novembro] e que não levem em conta os protestos o fazem por sua conta e risco. O movimento criará pressão adicional em favor de uma regulamentação mais abrangente dos bancos e uma maior disciplina a ser aplicada sobre os mercados financeiros”.

As pressões cresceram também depois que uma reportagem do “Financial Times” trouxe à baila que o Deutsche Bank tem investimentos “a perigo” (“in exposure”) em cassinos de jogo em Las Vegas da ordem de 4,9 bilhões de dólares, mais do que 3,5 bi de euros. Para dar uma idéia do significado disso, compare-se essa quantia com os 3,67 bi de euros em créditos “a perigo” que o D. B. têm em títulos da dívida pública da Grécia, Portugal, Irlanda, Espanha e Itália... do total de 9,5 bi que ele tem em títulos da dívida pública de países europeus. Las Vegas foi das cidades norte-americanas que mais sofreram com a crise financeira de 2008 e que hoje tem uma das mais altas taxas de desemprego dos Estados Unidos.

Realmente, hoje em dia o sistema bancário tem com o que se preocupar. Até porque mais se fala na inevitabilidade de uma “reestruturação” da dívida grega (a que deverão se seguir outras reestruturações, pelo menos de Portugal e Irlanda), e que o sistema financeiro deve se preparar para arcar com perdas entre 30 e 50% dos títulos. Durma-se com um ralo desses.



Fotos: Flávio Aguiar

terça-feira, 11 de outubro de 2011

BRASILEIROS OTIMISTAS QUANTO AOS RUMOS DA ECONOMIA

Brasileiros mantêm otimismo em relação à situação socioeconômica do país, diz Ipea

Jorge Wamburg

Repórter da Agência Brasil

Brasília - Os brasileiros permanecem otimistas em relação à situação socioeconômica do país, aponta a pesquisa Índice de Expectativa das Famílias (IEF), divulgada hoje (10) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Apesar de o índice apurado em setembro (63,1 pontos) ser 2,1 pontos inferior ao apurado no mês de agosto, a avaliação é de que o brasileiro continua otimista.

A ligeira queda da média nacional (2,1 pontos) refletiu a diminuição dos índices regionais em relação a agosto no Norte, Nordeste e Sudeste. A Região Norte apresentou uma diminuição de 4,1 pontos, com 57,1 pontos em setembro, a menor média registrada desde a criação do índice, marcando o retorno do grau de expectativa das famílias de otimista para moderadamente otimista, similar ao ocorrido em julho.

Enquanto isso, as regiões Sul e Centro-Oeste apresentaram elevação do otimismo. A Região Sul obteve uma elevação de 4,3 pontos em relação ao mês anterior e volta a demonstrar índice acima de 60 pontos, passando de moderadamente otimista para otimista. O Centro-Oeste continua sendo a região em que as famílias têm expectativas mais otimistas, com 74,9 pontos, 1,9 ponto a mais que em agosto.

Produzido pelo Ipea desde agosto do ano passado, o IEF revela a percepção das famílias brasileiras em relação à situação socioeconômica do país para os próximos 12 meses e para os cinco anos seguintes. A pesquisa aborda temas como situação econômica nacional; condição financeira passada e futura; decisões de consumo; endividamento e condições de quitação de dívidas e contas atrasadas; mercado de trabalho, especialmente nos quesitos segurança na ocupação e sentimento futuro de melhora profissional.

O IEF é uma pesquisa estatística mensal por amostragem, realizada em 3.810 domicílios de mais de 200 municípios de todo o país, com margem de erro de 5%. A escala de pontuação de expectativas das famílias vai de 0 a 100 e segue as seguintes indicações: grande pessimismo, de 0 a 20 pontos; pessimismo, de 20 a 40 pontos; moderação, de 40 a 60 pontos; otimismo, de 60 a 80 pontos; grande otimismo, de 80 a 100 pontos.

Edição: Lílian Beraldo

GOVERNO DILMA PRESERVA MERCADO INTERNO CONTRA CRISE


Em reação à crise econômica global, governo anuncia medidas para preservar mercado interno

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O governo brasileiro lançou hoje (10) uma ofensiva para reagir aos impactos da crise econômica internacional. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, anunciou que serão adotadas práticas para preservar as negociações envolvendo os produtos brasileiros no exterior. As autoridades se reunirão com os empresários para identificar as barreiras impostas por alguns países ao mercado nacional.

Inicialmente, a atenção do governo estará voltada para as áreas econômica e de promoção comercial nos setores de agronegócio e manufaturas. Patriota disse que o objetivo é “mapear as dificuldades” e buscar solução para elas.

A decisão ocorre no momento em que países da zona do euro (que reúne 17 nações do bloco da União Europeia), os Estados Unidos e a China adotam medidas protecionistas. Patriota lembrou ainda que de 104 contenciosos negociados no sistema de controvérsias da Organização Mundial do Comércio (OMC), o Brasil aparece em 25 casos como demandante, 14 na condição de demandado e 65 como terceira parte interessada.

Na tentativa de fortalecer as negociações, envolvendo temas comerciais e econômicos, o Ministério das Relações Exteriores, a Advocacia-Geral da União (AGU) e o Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) firmaram hoje um protocolo de intenções. A ideia é aperfeiçoar tecnicamente os negociadores no âmbito internacional.

Patriota disse que o objetivo é “preservar os avanços alcançados e olhar para novos horizontes”. Segundo ele, o momento atual faz com que o Brasil busque novos parceiros externos e internos, inclusive na sociedade civil. De acordo com o chanceler, é necessário pensar no “benefício de toda a sociedade brasileira”.

Principal parceiro comercial e também um dos maiores concorrentes do Brasil no mercado internacional, a China vai ser monitorada de perto pelos peritos brasileiros. Segundo Patriota, haverá uma força-tarefa na área de Assuntos Econômicos do Itamaraty, nas negociações comerciais. No total, serão adotadas 20 medidas, como estímulo para a realização de feiras e eventos no exterior oferecendo oportunidades no Brasil.

Também serão ampliados os números de negociadores brasileiros atuando em articulações internacionais, entre diplomatas e advogados. O chanceler lembrou que as medidas são uma reação à crise econômica internacional. “A crise lamentavelmente não chegou ao seu fim”, ressaltou ele.

Edição: Talita Cavalcante

terça-feira, 27 de setembro de 2011

DESEMPREGO APRESENTA BAIXOS NÍVEIS NO BRASIL

Desemprego permanece em 6% em agosto, nível mais baixo do mês

Taxa de desocupados continua igual na virada de julho para agosto e, mais uma vez, repete o menor patamar para o mês, informa o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em discurso na ONU, presidenta Dilma Rousseff disse que país vive "praticamente o pleno emprego". Salário médio sobe 0,5% e atinge R$ 1,629 mil.

BRASÍLIA – O desemprego no Brasil manteve-se em 6% na passagem de julho para agosto. Foi a menor taxa da história do mês passado desde que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou o resultado nesta quinta-feira (22), começou a fazer a pesquisa, em 2002. Em agosto de 2010, a desocupação era de 6,7%.

Já a renda média dos trabalhadores subiu 0,5% de julho para agosto e 3,2% frente ao ano passado, atingindo R$ 1,629 mil.

O levantamento é feito em seis regiões metropolitanas – Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Nelas, o IBGE constatou que, no fim de agosto, havia 24 milhões de pessoas em idade ativa, 700 mil a mais do que em 2010 e 140 mil a mais do que em julho.

Daquele total, 22,6 milhões trabalhavam e 1,4 milhão, não. Na comparação com julho, o total de ocupados subiu 0,7% e o de desocupados caiu 0,3%. Em relação a agosto de 2010, as variações foram maiores: alta de 2,2% entre os empregados e queda de 10% entre os desempregados.

Em todos os meses do ano, o desemprego apurado pelo IBGE esteve sempre na casa de 6%, patamar historicamente baixo para o Brasil.

Ao discursar na abertura da Assembléia Geral das Nações Unidas nessa quarta-feira (21), a presidenta Dilma Rousseff havia dito que o “país que vive praticamente um ambiente de pleno emprego”, enquanto o desemprego mundial alcança mais de 200 milhões de pessoas.

Na semana passada, o ministério do Trabalho havia divulgado o resultado do emprego formal (com carteira assinada) em agosto, e já se havia constado que o mercado de trabalho continua aquecido. Tinham sido 190 mil vagas novas (alta de 35% ante julho mas queda de 36% frente agosto de 2010).

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

26 MILHÕES DE BRASILEIROS SAEM DA POBREZA EM 5 ANOS

Ipea: 26 milhões de brasileiros saíram da pobreza entre 2004 e 2009

Pedro Peduzzi

Repórter da Agência Brasil

Brasília - A desigualdade de distribuição de renda no Brasil diminuiu 5,6% e a renda média real subiu 28% entre 2004 e 2009. Os dados constam do comunicado Mudanças Recentes na Pobreza Brasileira, divulgado hoje (15) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Segundo o documento, o percentual de pessoas com renda mensal igual ou maior do que um salário mínimo per capita – consideradas não pobres – subiu de 29% para 42%. Isso significa que o número de pessoas dessa faixa aumentou de 51,3 milhões para 77,9 milhões no período. Na época do levantamento dos dados, o salário mínimo estava em R$ 465.

Já a camada considerada pobre, classificação que se refere a famílias com renda per capita, à época, entre R$ 67 e R$ 134, diminuiu de 28 milhões para 18 milhões de pessoas ao longo do período. Os extremamente pobres, com renda per capita inferior a R$ 67, caíram de 15 milhões para 9 milhões.

“O crescimento da renda e a diminuição das desigualdades foram bastante significativos", avalia o pesquisador da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais do Ipea Rafael Guerreiro Osório. "O grande estrato que cresce na população é o de não pobres. É uma diferença de 26 milhões de pessoas”, completou.

Uma das conclusões destacadas pelo pesquisador é que, apesar de bastante abrangente, o Programa Bolsa Família não garante a ascensão social de seus beneficiados. “Embora seja uma cobertura muito abrangente para as famílias extremamente pobres ou pobres, os valores transferidos pelo programa são muito baixos. Com isso, nenhuma família sai desses estratos por causa dessas transferências. Para que isso aconteça, é fundamental que elas tenham uma outra fonte de renda, ainda que de algum trabalho precário”, destacou Osório.

Ele acrescentou que um estudo do Ipea mostra que, dobrando o orçamento do Bolsa Família destinado às pessoas já atendidas, “seria possível levar a pobreza extrema do país para níveis bem baixos”, podendo inclusive chegar à meta de erradicar a miséria no Brasil. “Em valores, isso corresponde a aumentar de R$ 12 bilhões para R$ 26 bilhões o orçamento destinado ao programa.”

“Cada vez menos a pobreza é determinada pela baixa remuneração ao trabalho, e cada vez mais é determinada pela desconexão do trabalho”, acrescentou o pesquisador. Segundo ele, 29% das famílias extremamente pobres não têm nenhuma conexão com o mercado de trabalho.

Entre os pobres, esse percentual é 10%, o mesmo índice identificado na população considerada vulnerável. Na camada de não pobres, o índice cai para 6%. “A explicação para o fato de haver um índice de 6% para famílias não pobres sem conexão com o mercado de trabalho é a Previdência Social”, justificou Osório, ao citar benefícios como a aposentadoria.

Edição: Juliana Andrade


quinta-feira, 15 de setembro de 2011

BRASIL CONTINUA CRESCENDO, E MELHORANDO A VIDA DO POVO

Atividade econômica cresce 3,68% no ano até julho

Kelly Oliveira

Repórter da Agência Brasil

Brasília - A atividade econômica do país apresentou crescimento de 0,46% em julho em relação a junho. É o que mostra o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) dessazonalizado (ajustado para o período), divulgado hoje (17). Em julho, o índice registrou 143,59 pontos, ante 142,93 pontos de junho.

Na comparação com o mesmo mês de 2010, o IBC-Br teve alta de 3,37%. Nos sete meses do ano, a expansão chegou a 3,68%, e em 12 meses encerrados em julho, a 4,52%.

Sem ajustes sazonais, o crescimento do IBC-Br foi 1,52% em julho, em relação ao mês anterior, de 3,47% no ano e de 4,39% em 12 meses.

O IBC-Br é uma forma de avaliar a evolução da atividade econômica brasileira. O índice incorpora e sintetiza informações sobre o nível da atividade dos setores da economia, como a indústria, o comércio, a agropecuária e serviços.

Edição: Juliana Andrade // Matéria alterada para acréscimo de informação


quarta-feira, 14 de setembro de 2011

PRESIDENTA DILMA INVESTE RECURSOS FEDERAIS EM SÃO PAULO - EXEMPLO DE DEMOCRACIA!

Presidenta libera recursos para obras do trecho norte do Rodoanel e hidrovia Tietê- Paraná

A presidenta Dilma Rousseff assinou, nesta terça-feira (13/9), um termo de compromisso que libera R$ 1,7 bilhão, dos R$ 6,5 bilhões previstos para o trecho norte do Rodoanel Mário Covas – obra que liga a rodovia dos Bandeirantes até a Presidente Dutra, passando pelo Aeroporto Internacional de Guarulhos. O empreendimento é uma parceria entre o governo Federal, governo do Estado (R$ 2,79 bilhões) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) - com R$ 2 bilhões.

A Bancada dos deputados estaduais do PT esteve presente no Palácio dos Bandeirantes para acompanhar a cerimônia. Na avaliação do líder da Bancada, deputado Enio Tatto, "a presidenta Dilma reconhece a importância econômica de São Paulo e de maneira democrática está trazendo recursos federais para contribuir ao avanço e desenvolvimento do Estado”.

Ainda na visão do petista, é necessária maior agilidade do governo Alckmin na execução dos projetos de São Paulo, principalmente na área da mobilidade, que é um demanda represada há anos e que provocou um gargalo em várias regiões do Estado. Outra observação feita pelo parlamentar é o repasse de recursos para modernização e ampliação do sistema de Hidrovia Rio Tietê. "No total são R$ 3 bilhões liberados pelo governo federal para o Estado de São Paulo e, agora, num projeto que viabilizará a exploração do potencial do recurso natural, ao aplicar na Hidrovia", destacou o líder da Bancada.

No Palácio dos Bandeirantes, Dilma afirmou que há maturidade política na parceria entre os governos federal e estadual. “Hoje eu volto a São Paulo para firmar nova etapa na parceria com o governo (...) numa ação de desenvolvimento do Estado, portando do País”, afirma. Para a presidenta, a parceria entre governos federal e estadual demonstram “maturidade política” nas ações em benefício real à população.

O prefeito petista Sebastião Almeida destacou que Guarulhos será amplamente beneficiada pela iniciativa, já que 25 km – dos 43,8 km previstos, estão dento dos limites da cidade. “Para nós é uma alegria ter Guarulhos contemplada pelas obras do Rodoanel, porque é fundamental pensar na retirada de caminhões dos trechos urbanos, mas é necessário apresentar saídas para isso. E a presidenta Dilma deu provas concretas das parcerias com o Estado e os municípios”, aponta.

Um dos principais problemas destacados pelos deputados petistas ao longo do processo de estudo e planejamento da obra do trecho norte, a desapropriação de casas e despejo de famílias ganhou espaço nas ações do governo Federal. Serão investimentos de R$ 155 milhões para remoção de 2 mil famílias – com transferências para unidades habitacionais, indenizações ou o aluguel social de R$ 480.

A obra em números

Previsto para começar em março de 2012 e terminar em novembro de 2014, o Trecho Norte do Rodoanel - último a ser construído - terá 43,86 km de extensão, sete túneis e 111 obras de arte estruturais, como pontes, viadutos e alças de acesso, além de 4,4 km de interligação com o Aeroporto Internacional de Guarulhos – com previsão de tráfego diário de 65 mil veículos.

Tripé viário

Dilma destacou a necessidade ampliação e fortalecimento no tripé rodoviário, ferroviário e hidroviário no país. Tanto que, pela manhã, em Araçatuba, a presidenta assinou um acordo para investimentos de R$ 1,5 bilhão na modernização e ampliação de 800 km da Hidrovia Tietê - Paraná. Dos quais, R$ 900 milhões sairão de recursos do PAC 2 e R$ 600 milhões do governo do Estado. Ela também reforçou que até o final deste mês o processo de concessão dos aeroportos de Guarulhos e Viracopos será iniciado.

*com informações PT-SP

BRASIL, UM PAÍS DE TODOS: DIMINUI A DESIGUALDADE DE RAÇAS NO PAÍS


Relatório demonstra redução das desigualdades raciais no Brasil


Nesta quarta-feira (14), a Câmara dos Deputados promove um seminário para avaliar o Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil. O trabalho, desenvolvido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é baseado no capítulo sobre Seguridade Social da Constituição Federal e aborda a redução das desigualdades de cor ou raça no País.

A deputada Luci Choinaki (PT-SC), que solicitou a realização do evento, afirma que o relatório aponta avanços relacionados à universalização do ensino fundamental e ao Programa Bolsa Família e trata de impasses que vêm impedindo a universalização da cobertura e do atendimento da Seguridade Social.

Segundo o Inesc, o relatório é uma contribuição do setor universitário para a discussão sobre políticas públicas de igualdade racial, especialmente nas áreas de seguridade social (previdência social, assistência social e saúde).

O relatório aborda, dentre outras questões, a evolução demográfica da população brasileira segunda raça e cor, o perfil da mortalidade, a desigualdade de cor ou raça no acesso a educação, a desigualdade no mercado de trabalho, além das condições materiais de vida e o acesso ao poder institucional, políticas públicas e marcos legais.

Além da ministra da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros, foram convidados para o seminário a representante da ONU Mulheres para o Brasil e Cone Sul, Rebecca Tavares; o integrante do Inesc Átila Roque; o representante do Observatório Afro-Brasileiro Marcelo Paixão; a professora Sonia Fleury, da Fundação Getúlio Vargas; e a coordenadora da organização não governamental Criola, Jurema Werneck.

SEMINÁRIO CARTA MAIOR ANALISA CRISES DO NEOLIBERALISMO

Herança neoliberal, políticas recessivas intensificam crise financeira no mundo

Programa neoliberal, que enfraqueceu a capacidade de planejamento dos Estados e fortaleceu o poder dos mercados, cinicamente propõe a sua solução para a crise, baseada em corte de gastos públicos e recessão econômica - apesar de todos os sinais de fracasso dessas políticas. Questão foi discutida no seminário "Neoliberalismo: um colapso inconcluso", promovido pela Carta Maior em São Paulo e que reuniu especialistas para um debate sobre a natureza da crise e como o Brasil poderia agir para ser protagonista de uma nova etapa do concerto de nações.

SÃO PAULO - Dentro do possível, o Brasil está se saindo bem no enfrentamento desta nova etapa da crise financeira global, em 2011. A aposta em uma política econômica anticíclica, novamente empregada agora, é um remédio que já foi testado com sucesso em 2008 e deve evitar uma contaminação mais intensa do ambiente local pelos problemas vividos nos Estados Unidos e na Europa. Mas nada está definido, diante do grau de desconcerto do sistema financeiro e da falta de acordo entre as nações sobre mecanismos de governança global. O disputa ideológica segue intensa. O programa neoliberal, que enfraqueceu a capacidade de planejamento dos Estados e fortaleceu o poder dos mercados, também propõe a sua solução para a crise, baseada em corte de gastos públicos e recessão econômica. É essa a opção da grande mídia brasileira, expressa na opinião de seus colunistas, mas não precisa ser - como não está sendo - a do país.

A análise descrita acima é um dos diagnósticos que podem ser tirados do seminário "Neoliberalismo: um colapso inconcluso", promovido pela Carta Maior nesta segunda-feira (12), em São Paulo, com apoio da PUC-SP. O evento reuniu notórios especialistas em diversas áreas do conhecimento para um debate sobre a natureza da crise atual, os seus desenlaces possíveis, as propostas alternativas para combater o descalabro financeiro e como o Brasil poderia agir para se proteger e se tornar protagonista de uma nova etapa do concerto de nações. O seminário, mediado pelo professor de jornalismo da USP Laurindo Leal Filho, foi transmitido ao vivo pela TV Carta Maior. Participaram:

- Luiz Gonzaga Belluzzo (Unicamp)
- Maryse Farhi (Unicamp)
- Emir Sader (Uerj)
- Samuel Pinheiro Guimarães (Itamaraty)
- Ignacy Sachs (Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais - Paris)
- Ladislau Dowbor (PUC-SP)
- Paulo Kliass (Governo Federal - funcionário de carreira)
- Marcio Pochmann (Ipea)

A singularidade da crise financeira mundial
O primeiro bloco contou com as análises dos economistas Luiz Gonzaga Belluzzo e Maryse Farhi, ambos professores da Unicamp. Em sua intervenção, Belluzzo recuperou o viés liberal que norteou a maior parte da história capitalista. "A regra sempre foi esta, de um capitalismo liberal com desordem financeira e concorrência entre os países. Momentos como aquele após a Segunda Guerra, quando se tentou domesticar o capitalismo, foram exceção", disse ele. O economista lembrou que nas décadas de 50 e 60 a economia dos EUA era bastante regulada, com tabelamento de juro e controle do crédito pela autoridade monetária. Isso garantiu uma "época de ouro", com crescimento econômico e baixa inflação. A história começou a mudar quando as forças políticas que sustentavam esse projeto, entre partidos e sindicatos, perderam força.

A nova conjuntura política avalizou a liberalização econômica e o descontrole sobre a alavancagem das grandes instituições financeiras que geraram a atual crise, sem que a promessa de bonança econômica e mais empregos se concretizasse. Agora, Belluzzo não vê solução para países em crise sem que os bancos assumam parte do prejuízo com um corte da dívida soberana - o que já está sendo discutido no caso da Grécia. O problema é que esses países estão buscando o equilíbrio fiscal e da relação dívida/PIB com políticas recessivas, que intensificam os déficits - mais um item do receituário neoliberal que continua sendo usado.

Diante da persistência da crise, Maryse Farhi acredita que o futuro pode ser ainda pior. Segundo ela, governos europeus já não têm margem para executarem políticas monetária e fiscal a fim de incentivarem suas economias, como o Brasil e outros países em desenvolvimento têm feito. Na verdade, os europeus, desde o início das turbulências, em 2008, já haviam optado por políticas recessivas, com o corte de gastos públicos. "A Alemanha chegou a colocar um teto para a dívida na constituição do país, e Espanha e Inglaterra seguem no mesmo caminho", afirmou. Os EUA, com o presidente Barack Obama, buscaram executar políticas anticíclicas, mas a perda da maioria democrata na Câmara dos Deputados em 2010 dificulta que novos passos sejam dados nessa linha.

Em concordância com Belluzzo, a professora diz que nenhuma das estratégias, nem a norte-americana, nem a européia, deram resultado. "A contração fiscal tem produzido resultados macroeconômicos bastante negativos, porque a arrecadação final caiu, a economia voltou a se desalecerar, os preços dos imóveis continuam em queda e as empresas, apesar de voltarem a lucrar, preferem não investir diante das incertezas", analisou Maryse.

Já a situação brasileira permanece relativamente melhor. Para Belluzzo, o país tem reservas, está numa situação fiscal bem administrada e o mercado interno pode ser mobilizado para evitar a recessão. Além disso, ele acredita que alguns efeitos da crise podem até beneficiar o Brasil, com a estabilização ou até a queda dos preços das commodities e a influência disso no combate à inflação. "A crise pode ser passageira aqui se o governo tiver capacidade de planejamento", disse.

Panorama geopolítico: novos atores e novas agendas
O segundo bloco do seminário teve comentários do professor Ignacy Sachs, da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris, e de Ladislau Dowbor, da PUC-SP, ambos estudiosos do desenvolvimento sustentável. Lembrando que a Rio+20, a conferência da ONU que marcará as duas décadas da ECO-92, ocorrerá no próximo ano, Sachs defendeu que a sociedade contemporânea precisa voltar a "planejar seu futuro", usando dois conceitos, para ele, fundamentais: a pegada ecológica e o trabalho decente. O primeiro, retirado da ecologia, trata-se de um índice que mede o impacto gerado por determinada atividade no ambiente, e o segundo, lançado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), diz respeito à qualificação de vagas de emprego a partir dos direitos que devem ser garantidos ao trabalhador.

"A conferência Rio+20 está chegando e não há tempo hábil para que um grande número de propostas seja construído e negociado, por isso acho que devemos usar essa oportunidade para mapear o caminho, usando aqueles dois conceitos que considero importantes", afirmou Sachs. O professor voltou a apresentar propostas para a superação da crise atual, entre elas a de que o uso de oceanos e do ar por companhias de transporte sejam taxados, um fundo de desenvolvimento seja criado com 1% do PIB dos países ricos e a estrutura global de cooperação técnica passe a ser orientada por biomas, e não pela proximidade geográfica entre as nações.

"Nós temos uma perda sistêmica de governança. Liquidou-se a capacidade de planejamento, não há instrumentos de longo prazo, não há visão sistêmica, não há políticas estruturais", afirmou Ladislau Dowbor, em linha com o pensamento de Sachs. O economista da PUC-SP lembrou que esse "desgoverno global" é responsável pelo caos climático em diversas regiões e a tragédia da fome no globo, que atinge um bilhão de pessoas e 180 milhões de crianças, conforme dados das Nações Unidas.

"Precisamos resgatar a função pública do Estado para que o dinheiro seja utilizado realmente onde há necessidade", criticou. Dowbor lembra que os governos dos países ricos despejaram fortunas de recursos públicos para combater a crise, mas que a "gestão privada desses recursos está gerando um caos". Em defesa da organização local, ele elogiou ações como a da rede Nossa São Paulo e disse que os "5.500 municípios brasileiros" precisam organizar iniciativas próprias com foco na qualidade de vida. "Muitos acham que o poder local é de segunda linha, mas ele é essenciais para resgatar o poder de transformação da sociedade", concluiu.

Desafios e trunfos da América Latina
Diante do cenário de incertezas, caberá aos latino-americanos algum papel protagonista? Essa questão foi apresentada pelos organizadores do seminário ao sociólogo Emir Sader e ao embaixador Samuel Pinheiros Guimarães, alto representante do Mercosul, no terceiro bloco do Seminário Carta Maior.

Apesar de reconhecer que "elementos estruturais do neoliberalismo foram herdados e ainda não superados", Sader aponta que na América Latina há uma "clara tentativa de rompimento com o modelo anterior". Ele cita os governos de Lula no Brasil, Néstor Kirchner e agora, Cristina, na Argentina, José Mujica no Uruguai, Fernando Lugo no Paraguai, Evo Morales na Bolívia, Rafael Correa no Equador e, claro, Hugo Chávez na Venezuela como oportunidades de superação da ditadura financeira no continente.

"A grande dificuldade é que a virada se deu sobre um marco negativo. No caso do Brasil, a herança maldita do governo Fernando Henrique era a fragmentação social, o fim do projeto de desenvolvimento, a desarticulação das condições que permitiram o desenvolvimento anterior, a crise fiscal e a abertura comercial descontrolada", apontou Sader. Tudo isso sustentado por o que o atual presidente do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (Clacso) chama de "ditadura da palavra". "É o resultado da concentração da mídia, que, quando baixamos o juro, virou um muro de lamentações", ironizou.

Já o embaixador Guimarães aponta a América Latina como uma tradicional área de influência dos EUA, que continua tentando "incoporar economicamente" os países com tratados bilaterais - casos do Peru e da Colômbia. Esse fator dificultaria o surgimento de projetos autônomos na região. "O que nos salva um pouco é que os governos da América do Sul são de esquerda em sua maioria, preocupados com o desenvolvimento de infra-estrututa, com o desenvolvimento social, com o mercado interno", afirmou. Ele diz que o advento da China como potência hegemômica - "eu não acredito em emergentes, pois só há um, a China" - acrescenta um outro fator de pressão aos latino-americanos, que vendem commodities e compram produtos industrializados dos chineses.

Para o embaixador, a China, mais do que a atual crise financeira, deve se tornar a principal influência externa para os países da região. "E como somos competidores na venda de produtos, como a soja, precisamos de políticas de Estado razoavelmente coordenadas", opinou. Sobre a possibilidade de coordenação financeira regional, tema questionado no seminário, o embaixador vê dificuldades. ¨Todos são latino-americanos, mas a orientação sobre a política monetária é muito diferente em cada país", disse.

O Brasil e os canais de transmissão da crise
O quarto bloco do seminário contou com a presença de Marcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), e do economista Paulo Kliass, funcionário de carreira da administração federal, para uma análise sobre os canais de transmissão da crise global em direção ao Brasil. Crítico do receituário neoliberal, Kliass lembrou que a atual conjuntura revela "que o livre jogo da oferta e da demanda não se mostra como solução para alocar recursos e resolver a crise". Segundo ele, mais regulação é necessária, inclusive com estratégias de controle de capitais.

Para o economista, a partir do segundo mandato do presidente Lula o país passou a usar mecanismos importantes para enfrentar a crise e estimular sua economia, como os aportes do BNDES, medidas de desoneração fiscal e estímulo ao crédito às famílias. "Mas poderia ter avançado mais, como foi o caso da China e da Índia", afirmou. Para Kliass, o Brasil ainda precisa reduzir muito suas taxas de juro, "para estimular a geração de emprego, evitar a entrada de capital financeiro e permitir a recuperação da taxa de câmbio". "A classe média deixará de passar duas férias por ano em Miami, mas é preciso lembrar que por conta dos juros altos o governo transferiu R$ 1,4 trilhão em dez anos para o setor financeiro, quase um PIB brasileiro", criticou.

Em sua exposição, Marcio Pochmann também elogiou o fato de o governo brasileiro estar agindo à crise de modo diferente ao que fazia nas décadas de 80 e 90, "quando o receituário pregava aumento do juro, mais imposto, o não reajuste do salário mínimo, corte de gastos sociais e de investimentos, e privatizações". "A partir de 2008 a proposta foi diferente, com desonerações fiscais importantes, aposta no salário mínimo, o programa de construções habitacionais, os programas sociais, as ações do BNDES", disse ele, com concordância com Kliass.

Apesar disso, Pochmann afirma que projetos ultrapassados, como o que defende que o Brasil se torne uma plataforma global de exportação de produtos primários, ainda encontram eco na sociedade. "É um projeto que aposta na expansão desses setores, mas sem se preocupar com a geração de empregos de qualidade e o atendimento das maiores mazelas do país", disse. Porém, a maioria que defende "o fortalecimento de cadeias produtivas de alto valor agregado e a geração de conhecimento" está no comando e deu sinais de que não aceitará "vôo de galinha", com o recente corte na taxa Selic. "Como em outros momentos da história brasileira, a crise é uma oportunidade para o Brasil mudar suas políticas", analisou o presidente do Ipea.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

FIPE MOSTRA INFLAÇÃO EM QUEDA EM SÃO PAULO

Inflação perde força em São Paulo, mostra Fipe

Marli Moreira

Repórter da Agência Brasil

São Paulo - O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), medido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), na cidade de São Paulo, ficou em 0,36%, na primeira prévia de setembro. Essa taxa é 0,03 ponto percentual menor do que a registrada no fechamento de agosto (0,39%). O grupo alimentação continua liderando os aumentos, com 0,89% ante 0,92%.

Entre os itens com impacto inflacionário estão o feijão, cuja taxa passou de 0,87% pra 2,05%; o arroz, com 3,12% ante 3,38%; as carnes bovinas, com 1,67% ante 1,92%; e os produtos in natura, com 0,65% ante 0,36%.

Mais três grupos apresentaram elevações com índices abaixo dos da medição anterior: habitação (de 0,33% para 0,25%); saúde (de 0,66% para 0,50%) e vestuário (de 0,83% para 0,74%). Em sentido inverso, ocorreram aumentos nos grupos transportes (de 0,12% para 0,14%) e educação ( de 0,01% para 0,03%). Em despesas pessoais, o IPC manteve-se em queda, mas em ritmo de recuperação de preços, passando de -0,29% para -0,20%.

Edição: Juliana Andrade

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

BRASIL TERÁ NOVO RECORD NA SAFRA 2011, SEGUNDO O IBGE



IBGE faz projeção de novo recorde para safra 2011

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - A safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas deve atingir 159 milhões de toneladas. O resultado da oitava estimativa, divulgada hoje (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), supera em 6,3% a safra recorde de 2010, que totalizou 149,6 milhões de toneladas. Além disso, é 0,1% maior do que a prevista em julho.

De acordo com dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, a área a ser colhida em 2011, de 48,8 milhões de hectares, apresenta acréscimo de 4,9% em relação à de 2010. As três principais culturas, que somadas representam 90,6% da produção, devem registrar aumentos na área colhida. No caso do arroz, o acréscimo é 1,6%; para o milho, o IBGE estima 4% de elevação; e para a soja, 3,3%.

No que se refere à produção, o arroz e a soja mostram acréscimos de 18,9% e 9,3%, enquanto o milho, redução de 0,7%.

Entre as regiões, a Sul lidera o volume de produção, com 66,3 milhões de toneladas. Em seguida, aparecem a Centro-Oeste, com 55,8 milhões de toneladas; a Sudeste, com 17,2 milhões de toneladas; a Nordeste, com 15,3 milhões de toneladas; e a Norte, com 4,4 milhões de toneladas. Na comparação com 2010, há incremento em todas as regiões: Norte (9,2%), Nordeste (30,1%), Sudeste (1,0%), Sul (3,3%) e Centro-Oeste (6,2%).

O estado de Mato Grosso ocupa a liderança na produção nacional de grãos, com uma participação de 19,6%. Com esse resultado, o estado supera o Paraná (19,4%), que apresentou prejuízos nas culturas do feijão segunda e terceira safras, de aveia, trigo e, principalmente, do milho segunda safra. As perdas, tanto em relação à quantidade de grãos quanto à qualidade dos produtos, ocorreram em função da estiagem em maio, geada em junho e excesso de chuva em julho deste ano.

Entre os 25 produtos selecionados, 14 apresentam variação positiva na estimativa de produção em relação ao ano anterior, com destaque para algodão herbáceo em caroço (73,8%), amendoim em casca primeira safra (25,9%), arroz em casca (18,9%) e batata-inglesa primeira safra (13,5%).

Edição: Talita Cavalcante

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

MAURO SANTAYANA E A ELITE FINANCEIRA COMEDORA DE JUROS

OS JUROS E O BANCO CENTRAL

Os defensores da plena autonomia do Banco Central consideraram um erro a redução da taxa Selic, de meio ponto percentual, para 12% ao ano – ainda assim, a mais alta entre as economias industrializadas. Sempre que isso ocorre, os mesmos interesses se erguem, na defesa dos rentistas. Como as moedas não copulam, nem partejam, quem paga os juros é o trabalho, que produz a mais valia obtida pelo capital. Desculpem se a expressão é marxista, mas qualquer um que pense um pouco não precisa de Marx e seus textos contestados pelo fundamentalismo mercantil, para chegar à verdade. Como trabalho se entenda também a administração das empresas produtivas, seja diretamente pelos acionistas ou gerentes contratados. Mas o rentista clássico, que vive longe das máquinas ou, que, como banqueiro, manipula o dinheiro alheio - e leva à angústia e ao desespero os devedores, os estados à falência, como está ocorrendo agora, com o desemprego e a violência - sua atividade não pode ser vista como produtiva, por mais se esforcem os seus porta-vozes, ao expor os argumentos de uma pseudo-filosofia econômica. Esse “senhorio” da moeda, em nome de falsa racionalidade técnica, que está sempre a serviço do capital, e não das pessoas, tem sido responsável pelas grandes crises do capitalismo moderno, como a História demonstra.

O Banco Central – e os lugares comuns têm a sua força – vem sendo, no Brasil, mais do que em outros países, a central dos bancos. Ora, seus diretores, por mais geniais sejam, não dispõem de legitimidade política para cuidar da moeda, que é o símbolo mais forte da soberania nacional. A moeda representa os bens da comunidade, acumulados com o trabalho de gerações sucessivas. Para que assegure seu valor real, ela deve ser emitida por quem tenha a legitimidade política para fazê-lo: os eventuais governantes do Estado, como detentores da vontade nacional. Sem voto, nos estados democráticos como se identifica o nosso, não há poder legítimo. De duas, uma: ou o Banco Central se submete às decisões políticas do governo nacional, ou se estará sobrepondo ao poder dos eleitos para conduzir o Estado, e, assim, colocando-se acima da soberania do povo.

A quem interessa manter os juros altos? Há um axioma, que nunca se respeitou no Brasil, de que a taxa de juros não pode superar a taxa de crescimento do PIB. O raciocínio, empírico, é irretorquível: uma sociedade não pode pagar mais de juros do que o que ela obtém com o seu trabalho. A tradução de um leigo, como o colunista, é simples: trata-se de uma extorsão cometida pelo sistema financeiro contra os que trabalham e produzem. É mais do que uma transferência de recursos, é uma usurpação do poder real sobre a sociedade. Isso explica a dívida pública acumulada como confisco de parcela dos resultados do trabalho dos brasileiros.

É um mistério que o país continue crescendo dentro desse sistema. Talvez ele se explique se considerarmos as estatísticas uma ficção. É provável, portanto, que o nosso PIB real seja maior do que o IBGE constata no exame do comportamento da economia. Se assim for, que viva a informalidade, menos sujeita à expropriação dos bancos e aos instrumentos de aferição oficial.

A economia não é, como dizem os que a conhecem melhor, ciência exata. Deveria ser ciência moral, mas não é, a não ser que ouçamos alguns santos, que dela trataram, como Santo Antonino de Florença, do século XV, autor do clássico de teologia “Summa Moralis” e feroz combatente contra a usura.

Os economistas, de modo geral (menos, é claro, os mais competentes) costumam fazer de seu ofício uma espécie de culto esotérico, com confusas fórmulas algébricas e aleijões lógicos. Como recomendava Lord Keynes, eles deveriam encarar o seu trabalho com a mesma modéstia com que os dentistas encaram o seu. O certo é que todas as aplicações da inteligência, ou todos os saberes, se assim entendemos as ciências, se encontram a serviço das relações de poder. Isso faz com que a economia volte à sua denominação clássica, da qual seus profissionais de hoje buscam fugir: economia política. Fora da política, que trata do poder, não há economia, nem há coisa alguma. O Banco Central, como administrador da moeda, deve sim, submeter-se à legitimidade do poder político.

Para lembrar um empresário e homem público brasileiro, que nos deixou recentemente – José Alencar – a taxa de juros cobrada no Brasil (e cobrada sobretudo do Estado, com a cumplicidade de alguns de seus servidores) é um assalto.

A Presidente Dilma deixará um extraordinário legado para a história se salvar desse assalto os bolsos da sociedade brasileira.

COPOM VÊ DECLÍNIO DA INFLAÇÃO PARA OS PRÓXIMOS 12 MESES

Ciclo de aumento da inflação acumulada em 12 meses se encerra neste trimestre, prevê Copom

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O cenário prospectivo para a inflação no país acumulou sinais favoráveis. A informação consta da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), realizada nos dias 30 e 31 de agosto, quando foi decidido reduzir a taxa básica de juros, a Selic, em 0,5 ponto percentual para 12% ao ano. A decisão surpreendeu o mercado financeiro, que esperava por manutenção da taxa.

Na ata, o Copom prevê “que neste trimestre se encerra o ciclo de elevação da inflação acumulada em 12 meses”. A partir do quarto trimestre, a tendência de inflação em 12 meses é declinante, com deslocamento para a direção da trajetória de metas, que tem centro de 4,5%, com margem de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

Segundo a ata, no último trimestre de 2010 e no primeiro deste ano, “a inflação foi forte e negativamente influenciada por choques de oferta domésticos e externos, mas as evidências sugerem que os preços ao consumidor já incorporaram os efeitos diretos desses choques”.

“Também foram relevantes os efeitos diretos da concentração atípica de reajustes de preços administrados ocorrida no primeiro trimestre deste ano, que, em casos específicos, mostra sinais de reversão”. Mas o Copom acrescenta que esses efeitos de reajuste de preços administrados ainda devem impactar indiretamente os preços ao consumidor.

O comitê também avalia “como relevantes, embora decrescentes, os riscos derivados da persistência do descompasso entre as taxas de crescimento da oferta e da demanda”, o que leva ao aumento da inflação.

Um dos riscos, segundo a ata, é “a possibilidade de concessão de aumentos de salários incompatíveis com o crescimento da produtividade e suas repercussões negativas sobre a dinâmica da inflação”. Por outro lado, para o Copom, o nível de utilização da capacidade instalada tem recuado, o que contribui para conter pressões de preços. “No final do ano passado e início deste ano, os riscos associados à trajetória dos preços das commodities nos mercados internacionais foram chave para o cenário prospectivo, entretanto, desde abril esses preços mostram certa acomodação”, acrescenta.

Na reunião, o Copom decidiu reduzir a taxa Selic por cinco votos a favor. Dois votos foram pela manutenção da taxa Selic em 12,50% ao ano.

Segundo a ata, o comitê, reconheceu, de forma unânime, “que o ambiente macroeconômico se alterou substancialmente desde sua última reunião [em julho], de modo a justificar uma reavaliação, e, eventualmente, reversão, do recente processo de elevação da taxa básica”. Entretanto, dois membros do Copom avaliaram que o momento não oferecia “todas as condições necessárias” para que houvesse redução da taxa imediatamente.

Edição: Juliana Andrade // Matéria alterada às 10h40 para acréscimo de informação


segunda-feira, 5 de setembro de 2011

CARTA MAIOR DISCUTE O COLAPSO DO CAPITALISMO



NEOLIBERALISMO: UM COLAPSO INCONCLUSO

Carta Maior realiza seminário para debater os dilemas diante da crise internacional.

Desde a eclosão da crise imobiliária nos EUA, a partir de 2007, os fatos se precipitaram a uma velocidade que não deixa dúvida: a história apertou o passo. Na ventania desordenada surgem os contornos de uma crise sistêmica.

Restrita aos seus próprios termos, a engrenagem das finanças desreguladas não dispõe de uma alternativa para o próprio colapso.

A desigualdade construída em trinta anos de supremacia dos mercados financeiros sobre o escrutínio da sociedade cobra sua fatura. Populações asfixiadas acodem às ruas. Estados falidos se escudam em mais arrocho.

Anulada no seu relevo institucional por governantes e partidos majoritariamente ortodoxos e tíbios, a democracia representativa também se apequena. O sentido transformador da política passa a ser jogado nas ruas.

Sucessivas injeções de dinheiro nos mercados hibernam no caixa de bancos e empresas, sem ativar o metabolismo da produção e do consumo.

Exaurido pelo socorro às finanças, o caixa fiscal dos Estados encontra-se emparedado. Demandas sociais crescentes colidem com um endividamento inexcedível a juros cada vez mais calibrados pela desconfiança.

Organismos outrora estruturadores dessa hegemonia, como o FMI, rastejam sua esférica desimportância. Demonstrações de obscurantismo fiscal para 'acalmar os mercados' pontuam a deriva da social-democracia europeia.

Para debater esse longo crepúsculo histórico, a Carta Maior promove o seminário:

‘Neoliberalismo: um colapso inconcluso’, que se desdobrará em quatro mesas:

- A singularidade da crise financeira mundial - Luiz Gonzaga Belluzzo e Maryse Farhi
- Panorama geopolítico: novos atores e novas agendas - Ignacy Sachs e Ladislau Dowbor
- O Brasil e os canais de transmissão da crise – Márcio Pochmann e Paulo Kliass
- Desafios e trunfos da a América Latina - Samuel Pinheiro Guimarães e Emir Sader


Serviço do evento.
- Data - 12 de setembro de 2011
- Horário - das 14 às 19 horas
- Local - TUCARENA, na PUC/SP, Rua Bartira, esquina Rua Monte
Alegre, nº 1024, Perdizes, PUC/SP.

Outras informações:

- A entrada é franca.
- O Teatro comporta 200 lugares.
- O Seminário será transmitido, ao vivo, para os sites da Carta Maior e da PUC/SP, com possibilidade de ser ainda transmitido pela TV PUC.
A íntegra dos debates será objeto de uma publicação do IPEA.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

GOVERNO DILMA GARANTE VALORIZAÇÃO DO SALÁRIO MÍNIMO

Mínimo de R$ 619,21 é a boa nova do orçamento para 2012

O valor do salário mínimo terá um reajuste gordo, de 13,62%, a partir de janeiro de 2012, atingindo R$ 619,21. Esta é a proposta que o governo incluiu no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) que acaba de enviar ao Congresso Nacional.


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A correção obedece aos critérios da política acordada entre as centrais sindicais e o governo Lula. Combina a variação da inflação e do PIB. Desta forma, soma o crescimento de 7,49% do Produto Interno Bruto (PIB) de 2010 à estimativa de que a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), índice aplicado nas negociações salariais dos sindicatos, fechará o ano em 5,7%.

Vitória dos trabalhadores


O governo avalia que cada R$ 1 de avanço no mínimo gera despesas de R$ 306 milhões ao governo. Assim, o salário mínimo de R$ 619,21 causará um impacto de R$ 22,6 bilhões nos gastos do governo. O mínimo corrige dois terços dos benefícios previdenciários.

A valorização do salário mínimo é o ponto mais positivo do orçamento para a classe trabalhadora. Beneficia não só os milhões de trabalhadores e trabalhadoras que recebem o piso, como também os assalariados com remuneração superior, que conseguem arrancar reajustes salariais mais generosos com base na correção do piso.

O novo valor anunciado pelo governo também constitui uma vitória contra o pensamento conservador e de direita, que não se cansa de apontar os supostos riscos do aumento do salário para as contas públicas e a inflação, ao mesmo tempo em que silencia sobre as consequências perversas dos juros altos, cujo pagamento consome mais de 5% do PIB.

Milagre

Dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) indicam que mais de 16 milhões de domicílios brasileiros são habitados por famílias que conseguem o milagre de sobreviver com renda per capita situada na faixa compreendida entre meio a um salário mínimo.

Afinal, embora em crescimento, o valor real do salário mínimo, expresso através do seu poder aquisitivo, é baixo, inferior ao verificado antes da ditadura militar (que o arrochou) e claramente insuficiente em relação aos objetivos estabelecidos na Constituição. Esta determina que o "salário mínimo fixado em lei, nacionalmente unificado, [deve ser] capaz de atender às suas necessidades vitais básicas [do trabalhador] e às de sua família, como moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, reajustado periodicamente, de modo a preservar o poder aquisitivo" (Constituição da República Federativa do Brasil, capítulo II, Dos Direitos Sociais, artigo 7º, inciso IV).

Constituição


Para cumprir o preceito constitucional, segundo cálculo do Dieese, o salário mínimo necessário seria de R$ 2.293,31 em junho deste ano, montante que corresponde a 4,20 vezes o salário mínimo em vigor, de R$ 545,00 (o órgão considera o maior valor da ração essencial das localidades pesquisadas e uma família de quatro membros, dois adultos e duas crianças, sendo que estas consomem o equivalente a um adulto. Ponderando-se o gasto familiar, chega-se ao salário mínimo necessário).

A política de valorização do mínimo iniciada no governo Lula e mantida por Dilma busca aproximar o salário mínimo real do necessário, ou seja, do valor que corresponde ao preceito constitucional. É uma aproximação da lei e, antes de tudo, uma questão de justiça para com a classe trabalhadora.

Impactos na economia


Todavia, ao contrário do que apregoa o pensamento conservador, os impactos dos aumentos reais do salário mínimo (que já elevaram em quase dois terços o poder aquisitivo dos trabalhadores mais pobres) sobre a economia nacional são amplamente positivos. Foram apontados com razão como a principal causa do fortalecimento do mercado interno, que em muito contribuiu para amenizar os efeitos da crise mundial do capitalismo.

Entre os beneficiários da nova política inaugurada por Lula destacam-se os aposentados, que em sua maioria (cerca de 80%) sobrevivem à base do salário mínimo e alimentam a economia de milhares de pequenos municípios no interior do vasto território brasileiro. A experiência mostra que a valorização do trabalho é o melhor caminho para a efetivação de um novo projeto nacional de desenvolvimento fundado na soberania e na distribuição mais justa da renda.

Da Redação, com agências

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

DILMA LANÇA O CRESCER - PROGRAMA NACIONAL DE MICROCRÉDITO




Dilma lança novo microcrédito com juros de 8% ao ano


A presidente Dilma Rousseff lançou hoje o Crescer, Programa Nacional de Microcrédito. Com ele, o governo federal pretende expandir o microcrédito para mais de 3,4 milhões de microempreendedores, oferecendo taxas de juros menores e estabelecendo metas de empréstimos para os bancos públicos, que terão de quadruplicar o número de beneficiados em até um ano e meio. A grande mudança é a redução dos juros de 60% para 8%, ao ano.

O lançamento ocorreu no Palácio do Planalto, onde também foi anunciada redução da Taxa de Abertura de Crédito (TAC) de 3% sobre o valor financiado para 1% sobre o valor do crédito. Os juros menores têm como objetivo melhorar o desempenho das operações de crédito, ampliando a capacidade de produção dos microempreendedores e, consequentemente, gerando mais emprego e renda.

A principal característica do programa, de orientação do crédito ao empreendedor, será mantida. Os financiamentos continuarão direcionados aos empreendedores informais (pessoas físicas), empreendedores individuais (EI) e microempresas com faturamento de até R$ 120 mil anuais.

O governo também estabeleceu metas para o volume de recursos destinados a empréstimos desse tipo. Até o final deste ano, os bancos da Amazônia, do Nordeste, do Brasil e Caixa Econômica Federal terão de comprovar emprestar R$ 654 milhões nas linhas de financiamento do programa e atender a, pelo menos, 734 mil clientes. Para o próximo ano, o valor sobe para R$ 1,73 bilhão e 2,24 milhões de pessoas contempladas. Em 2013, para R$ 3 bilhões e 3,46 milhões de beneficiários. Estima-se que a carteira ativa poderá chegar a R$ 3 bilhões, divididos entre os bancos.

Para garantir taxas de juros mais baixas, o Tesouro Nacional repassará recursos às instituições financeiras. Na equalização - subsídio para bancar taxas de juros inferiores ao custo de captação do dinheiro -, o Tesouro gastará R$ 50 milhões em 2011, R$ 310 milhões em 2012 e R$ 483 milhões em 2013.

Na avaliação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, o custo para o Tesouro será compensado pela redução das despesas dos programas sociais, à medida que os beneficiários vão montando seus próprios negócios. “Vale a pena sim [usar dinheiro do Tesouro para subsidiar as taxas de juros]. Significa que gente vai deixar de depender do Bolsa Família e de outros programas subsidiados. Portanto, gasta-se numa ponta, mas deixa-se de gastar em outra”, afirmou.

Para que as operações comecem a ser contratadas, o governo vai promulgar Medida Provisória autorizando a União a conceder subvenção econômica.

O valor de cada operação de crédito, seja para capital de giro seja para investimento, pode chegar a R$ 15 mil, com prazo de pagamento pactuado entre as instituições financeiras e o tomador, de acordo com o tipo de empreendimento e uso do recurso.

Instituições privadas

Os bancos privados também serão estimulados a oferecerem empréstimos com juros menores. Para isso, o Conselho Monetário Nacional (CMN) determinará que as instituições financeiras destinem parte dos 2% dos depósitos à vista que já são obrigadas a destinar ao microcrédito brasileiro para as linhas do Programa Crescer. Com isso, o governo aposta que esse percentual será atingido de maneira escalonada, sendo 10% a partir de 1º de janeiro de 2012, 40% em 1º de julho de 2012, 60% em 1º de janeiro de 2013 e 80% em 1º de julho de 2013.


“Faxina contra a pobreza”



Após participar da cerimônia de lançamento do Programa Nacional de Microcrédito, no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff reforçou que o centro de seu governo é o combate à miséria e o crescimento do país.

Durante entrevista coletiva, ao ser questionada sobre novas demissões, Dilma disse não concordar com o termo “faxina” utilizado pela grande mídia para tratar de questões relacionadas às demissões de integrantes do governo e afirmou que faxina, em seu governo, é contra a pobreza e a miséria.

“Essa pauta de demissões que fazem ranking não é adequada para um governo. Essa pauta, eu não vou jamais assumir. Não se demite nem se faz escala de demissão todos os dias (…). Baseada nesses princípios [da Justiça moderna], eu tomarei todas as providências”, afirmou.

A presidente enfatizou que não aceitará, "em hipótese alguma", que alguma pessoa de seu governo seja condenada sem respeitar os preceitos da Justiça moderna, aos direitos individuais e liberdades. "A lei é igual para todos. Não tem quem esteja acima da lei. É importantíssimo respeitar a dignidade da pessoas e não submetê-las a condições ultrajantes", concluiu Dilma.

Com relação à crise financeira internacional, Dilma reiterou que o Brasil está em melhores condições de enfrentar a crise do que estava em 2008, quando o desequilíbrio financeiro teve início. Para ela, não haverá catástrofes como a quebra do Lehman Brothers, então quarto maior banco de investimentos dos Estados Unidos, que pediu concordata em 2008.


Com informações do Blog do Planalto e Agência Brasil

terça-feira, 23 de agosto de 2011

BRASIL TEM DIMINUIÇÃO DE QUASE 4% NA DÍVIDA PÚBLICA

Dívida Pública Federal tem queda de quase 4% e chega a R$ 1,734 trilhão em julho

Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A Dívida Pública Federal (DPF) caiu em termos nominais para R$ 1,734 trilhão em julho, informou hoje (22) o Tesouro Nacional. Na comparação com junho, quando a dívida chegou a R$ 1,805 trilhão, houve redução de 3,93%.

A Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi), que representa o montante em títulos, foi reduzida em 4,03%, ao passar de R$ 1,729 trilhão para R$ 1,659 trilhão no período. Os motivos da redução foram o reconhecimento de juros da dívida no valor de R$ 14,13 bilhões e o resgate líquido de títulos no montante de R$ 83,78 bilhões.

O reconhecimento de juros ocorre porque a correção que o Tesouro se compromete a pagar aos credores é incorporada gradualmente ao valor devido. Assim, um investidor que compra um título com uma determinada correção passa a ter direito a valores adicionais mês a mês no total do montante a ser resgatado em data futura.

Em relação à Dívida Pública Federal externa (DPFe), em julho, o estoque total também caiu na comparação com o mês anterior. No mês passado, a DPFe ficou em R$ 74,64 bilhões ante os R$ 75,97 bilhões registrados em junho (uma redução de 1,76%), sendo R$ 60,60 bilhões referentes à divida em títulos e R$ 14,04 bilhões, à dívida contratual.

O lançamento de títulos prefixados (papéis com juros definidos com antecedência) fez a participação desses papéis na dívida interna cair de 38,13% em junho para 34,49% em julho. A fatia dos títulos vinculados à taxa básica de juros, Selic, subiu de 30,91% para 32,61% no período. A participação dos títulos corrigidos pela inflação também aumentou, de 26,96% para 28,77%.

Edição: Juliana Andrade



segunda-feira, 22 de agosto de 2011

DILMA DIZ QUE O BRASIL CONTINUA TRABALHANDO PARA A CRISE NÃO CHEGAR AO PAÍS




“Estamos tentando nem entrar na crise. Parar ela na porta”, diz presidenta Dilma

Após entrevista à rádio Metrópole AM, a presidenta Dilma Rousseff visitou um apartamento do Residencial Nova Esperança, em São José do Rio Preto (SP). Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
O governo federal está empenhado em evitar que os efeitos de uma eventual crise financeira internacional, como aquela iniciada no último trimestre de 2008, cheguem ao Brasil. A informação foi dada pela presidenta Dilma Rousseff, nesta sexta-feira (19/8), em entrevista para a Rádio Metrópole AM, em São José do Rio Preto, interior do estado de São Paulo. Na entrevista, a presidenta Dilma voltou a afirmar que “a maior faxina” que o seu governo pretende fazer é a de acabar com a miséria no país.

“Em 2009 entramos na crise e saímos em 2010. Estamos tentando nem entrar na crise. Parar ela na porta”, disse, ao explicar que o governo tem instrumentos para isso, como o aumento da oferta de emprego e a geração de renda.

Dilma Rousseff entrou neste assunto quando foi indagada pelo radialista Jair Viana sobre o fato de uma revista europeia ter publicado reportagem afirmando que as ações do governo desagradariam a base parlamentar no Congresso Nacional. “A revista não percebe que a minha base de sustentação não concorda com malfeitos. O povo brasileiro é um povo trabalhador, honesto e não concorda com malfeito, e tem horror ao crime organizado. O meu governo e o povo brasileiro também não gostam de injustiça. De julgamentos que não deem espaço para provar”, enfatizou.

Porém, a presidenta Dilma mostrou-se firme no respeito à presunção de inocência e explicou que somente a polícia, o Ministério Público e o Poder Judiciário têm a função de apurar as denúncias e punir aqueles que foram considerados culpados. Fora isso, nenhuma outra instituição poderia julgar qualquer cidadão. “É um absurdo voltar atrás nas rodas da história e acabar com a presunção da inocência… Eu não permitirei isso”, afirmou.

A presidenta iniciou a entrevista com um relato sobre o Minha Casa, Minha Vida, programa de construção de moradias do governo federal. Aliás, este foi o motivo da agenda no município: entregar cerca de duas mil habitações. Segundo ela, enquanto candidata à Presidência da República, no ano passado, manteve uma das vertentes voltadas para a área social como forma de permitir o desenvolvimento do país.

“Bom dia aos moradores de São José do Rio Preto. Fiz minha campanha voltada para a questão da dimensão social de qualquer desenvolvimento. Sem gerar emprego… não temos desenvolvimento. A moradia é uma questão fundamental. Onde você cria a segurança da família. É impossível a gente falar em segurança sem falar do acesso a uma casa para morar… A construção de habitação no Brasil tem efeito econômico fundamental. Gera emprego e cria uma dinâmica econômica.”

Dilma Rousseff explicou que desta forma o setor de construção civil assume papel de impulsionar a economia, pois ao contratar mão-de-obra e adquirir material de construção, como por exemplo cimento, telhas, estruturas de alumínio, “cria-se um circulo virtuoso”. A presidenta disse que São José do Rio Preto pode ganhar mais unidades do programa.

Em seguida, a presidenta enfocou o programa Bolsa Família e o lançamento do Brasil sem Miséria – Sudeste, que ontem (18/8) recebeu a adesão dos governadores de Minas Gerais, Antonio Anastasia; Rio de Janeiro, Sérgio Cabral; Espírito Santo, Renato Casagrande; e, São Paulo, Geraldo Alckmin. Ela informou que no governo Lula foi retirada da pobreza e alçada para a classe média população equivalente ao número de habitantes da Argentina. Agora, segundo ela, o desafio se amplia com meta de retirar 16,2 milhões de brasileiros da pobreza extrema.

Mais adiante, a presidenta foi indagada sobre a indicação do deputado federal Mendes Ribeiro Filho (PMDB-RS) para o Ministério da Agricultura. Segundo ela, Mendes Ribeiro pode ser pouco conhecido pela maioria da população, mas pelo fato de ser oriundo do Rio Grande do Sul, um estado agrícola, seguirá no cumprimento dos projetos que vinham sendo desenvolvidos pelo ex-ministro Wagner Rossi.

A última questão apresentada foi o fato de ela ser a primeira mulher a assumir a Presidência da República. Dilma Rousseff contou que irá com afinco “honrar as mulheres brasileiras”. E não fugiu ao tema sobre futebol. Ela contou que na sua família tem muitos torcedores do Internacional, e por isso é colorada. Mas, também torce para o Atlético Mineiro.

BRASIL ESTÁ PREPARADO PARA A CRISE, DIZ IPEA



Ipea: Brasil tem boas condições para enfrentar a crise

As afirmações estão no estudo “O Brasil ante a crise financeira internacional”, divulgado na quinta-feira (18), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Por Carta Capital
Domingo, 21 de agosto de 2011


Após forte queda da bolsa brasileira ante o rebaixamento da nota de endividamento dos Estados Unidos, o Brasil se viu suscetível à mais uma crise financeira mundial. Porém, o país está bem preparado para enfrentar o agravamento da crise financeira internacional, e o momento atual pode até ser uma oportunidade para que o país faça alterações em sua política econômica. As afirmações estão no estudo “O Brasil ante a crise financeira internacional”, divulgado nesta quinta-feira 18 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Com o objetivo de apresentar uma reflexão sobre as condições atuais do Brasil e sua capacidade de efetuar políticas públicas, capazes de combater os efeitos mais perversos de uma possível crise mais profunda, o estudo analisou cinco fundamentos importantes para a economia: o Produto Interno Bruto (PIB), o crédito, a inflação, o fluxo de capitais e a contas públicas.

O documento ressalta que a economia brasileira não está mais em um momento de aquecimento, o que afasta o risco de uma freada brusca, e a inflação está aparentemente sob controle, favorecida pela queda nos preços das commodities. Diferentemente de 2008, até o momento não houve restrição de crédito para o consumo e a produção, principal correia de transmissão da primeira fase da crise financeira.

“Em 2008, houve um problema grave de liquidez nos bancos das economias centrais, por causa de uma diminuição patrimonial com o subprime. Esse não parece ser o cenário atual”, argumentou Cláudio Hamilton, técnico de planejamento e pesquisa do Ipea. Segundo o estudo, “os bancos estão sólidos e não há indicação de um arrefecimento mais profundo no crédito.”

Redução da dívida pública
Os superávits elevados nas contas públicas foram mantidos nos últimos meses, o que ocasionou uma redução na dívida pública líquida. “Uma possível desvalorização do real por causa da crise não vai afetar o endividamento público, como ocorreu nas crises de 1999 e 2002. As dívidas do governo brasileiro não estão mais indexadas ao dólar e temos reservas elevadas. A crise pode provocar, na verdade, uma redução do endividamento”, explicou Hamilton.

O Comunicado alerta, no entanto, que existem algumas fragilidades. A principal delas é o passivo externo privado, que cresceu significativamente desde 2008, estimulado pelo grande volume de capital especulativo que ingressou no país. “O efeito disso é a deterioração progressiva da situação dos déficits em transações correntes”, aponta o documento.

Como a inflação parece não ser mais um problema, o estudo mostra a queda nos juros básicos da economia (Selic) como uma das formas de estimular a demanda, melhorar o equilíbrio fiscal do estado e desestimular o ingresso de investimentos especulativos. “O Banco Central tem disponíveis todos os instrumentos que tinha em 2008 para estimular a economia, e um deles é a taxa de juros”, afirma o técnico do Ipea.

No caso de o Brasil precisar se defender da crise, o Ipea sugere que a estratégia utilizada não pode permitir a erosão das reservas internacionais, nem a recessão, nem o desemprego, nem o corte de salários reais. “Se necessário, deve haver dirigismo do crédito como em 2008/2009, pela participação dos bancos públicos. Fundamentalmente, a crise é uma oportunidade para mudar intensamente a política monetária, tendo como resultado a redução sensível das taxas de juros e o direcionamento da economia, articulado entre setor público e privado, para além das rendas financeiras, impulsionando a produção.”



quinta-feira, 18 de agosto de 2011

PARA ROUBINI, KARL MARX É O PAI DA HISTÓRIA ATUAL




Nouriel Roubini: “Karl Marx estava certo”

Na avaliação de Nouriel Roubini, professor de economia na Universidade de Nova York, a não ser que haja outra etapa de massivo incentivo fiscal ou uma reestruturação da dívida universal, o capitalismo continuará a experimentar uma crise, dado o seu defeito sistêmico identificado primeiramente por Karl Marx há mais de um século. Roubini, que há quatro anos previu a crise financeira global diz que uma das críticas ao capitalismo feitas por Marx está se provando verdadeira na atual crise financeira global.
Joseph Lazzaro - The International Business Time

Há um velho axioma que diz que “sábia é a pessoa que aprecia a sinceridade quase tanto como as boas notícias”, e com ele como guia, situa decididamente o futuro na categoria da sinceridade.

O professor de economia da Universidade de Nova York, doutor Nouriel “Dr. Catástrofe” Roubini disse que, a não ser que haja outra etapa de massivo incentivo fiscal ou uma reestruturação da dívida universal, o capitalismo continuará a experimentar uma crise, dado o seu defeito sistêmico identificado primeiramente pelo economista Karl Marx há mais de um século.

Roubini, que há quatro anos previu acuradamente a crise financeira global disse que uma das críticas ao capitalismo feitas por Marx está se provando verdadeira na atual crise financeira global.

A crítica de Marx em vigor, agora
Dentre outras teorias, Marx argumentou que o capitalismo tinha uma contradição interna que, ciclicamente, levaria a crises e isso, no mínimo, faria pressão sobre o sistema econômico. As corporações, disse Roubini, motivam-se pelos custos mínimos, para economizar e fazer caixa, mas isso implica menos dinheiro nas mãos dos empregados, o que significa que eles terão menos dinheiro para gastar, o que repercute na diminuição da receita das companhias.

Agora, na atual crise financeira, os consumidores, além de terem menos dinheiro para gastar devido ao que foi dito acima, também estão motivados a diminuírem os custos, a economizarem e a fazerem caixa, ampliando o efeito de menos dinheiro em circulação, que assim não retornam às companhias.

“Karl Marx tinha clareza disso”, disse Roubini numa entrevista ao The Wall Street Journal: "Em certa altura o capitalismo pode destruir a si mesmo. Isso porque não se pode perseverar desviando a renda do trabalho para o capital sem haver um excesso de capacidade [de trabalho] e uma falta de demanda agregada. Nós pensamos que o mercado funciona. Ele não está funcionando. O que é racional individualmente ... é um processo autodestrutivo”.

Roubini acrescentou que uma ausência forte, orgânica, de crescimento do PIB – coisa que pode aumentar salários e o gasto dos consumidores – requer um estímulo fiscal amplo, concordando com outro economista de primeira linha, o prêmio Nobel de economia Paul Krugman, em que, no caso dos Estados Unidos, o estímulo fiscal de 786 bilhões de dólares aprovado pelo Congresso em 2009 era pequeno demais para criar uma demanda agregada necessária para alavancar a recuperação da economia ao nível de uma auto expansão sustentável.

Na falta de um estímulo fiscal adicional, ou sem esperar um forte crescimento do PIB, a única solução é uma reestruturação universal da dívida dos bancos, das famílias (essencialmente das economias familiares), e dos governos, disse Roubini. No entanto, não ocorreu tal reestruturação, comentou.

Sem estímulo fiscal adicional, essa falta de reestruturação levou a “economias domésticas zumbis, bancos zumbis e governos zumbis”, disse ele.

Fora o estímulo fiscal ou a reestruturação da dívida, não há boas escolhas

Os Estados Unidos, disse Roubini, pode, em tese: a) crescer ele mesmo por fora do atual problema (mas a economia está crescendo devagar demais, daí a necessidade de mais estímulo fiscal); ou b) retrair-se economicamente, a despeito do mundo (mas se muitas companhias e cidadãos o fizerem junto, o problema identificado por Marx é ampliado); ou c) inflacionar-se (mas isso gera um extenso dano colateral, disse ele).

No entanto, Roubini disse que não pensa que os EUA ou o mundo estão atualmente num ponto em que o capitalismo esteja em autodestruição. “Ainda não chegamos lá”, disse Roubini, mas ele acrescentou que a tendência atual, caso continue, “corre o risco de repetir a segunda etapa da Grande Depressão”—o erro de ‘1937’.

Em 1937, o presidente Franklin D. Roosevelt, apesar do fato de os primeiros quatro anos de massivo incentivo fiscal do New Deal ter reduzido o desemprego nos EUA, de um cambaleante 20,6% na administração Hoover no começo da Grande Depressão, a 9,1%, foi pressionado pelos republicanos congressistas – como o atual presidente Barack Obama fez com o Tea Party, que pautou a bancada republicana no congresso em 2011 – , rendeu-se aos conservadores e cortou gastos do governo em 1937. O resultado? O desemprego estadunidense começou o ano de 1938 subindo de novo, e bateu a casa dos 12,5%.

Cortar os gastos do governo prematuramente feriu a economia dos EUA em 1937, ao reduzir a demanda, e Roubini vê o mesmo padrão ocorrendo hoje, ao se seguir as medidas de austeridade implementadas pelo acordo da dívida implemented by the U.S. debt deal act.

Roubini também argumenta que os levantes sociais no Egito e em outros países árabes, na Grécia e agora no Reino Unido têm origem econômica (principalmente no desemprego, mas também, no caso do Egito, no aumento do custo de vida). Em seguida, argumenta que, ao passo que não se deve esperar um colapso iminente do capitalismo, ou mesmo um colapso da sua versão estadunidense, o capitalismo corporativo – capitalismo e mercados livres são rápidos demais e capazes de se adaptarem - dizer que a ordem econômica atual não está experimentando uma crise não é correto.

Fonte: http://www.ibtimes.com/articles/197468/20110813/roubini-nouriel-roubini-dr-doom-financial-crisis-debt-crisis-europe.htm

Tradução: Katarina Peixoto