quinta-feira, 31 de março de 2011

MEIO AMBIENTE: O QUE ESTÃO ESCONDENDO EM FUKUSHIMA?


O que estão escondendo em Fukushima? O especialista japonês Hirose Takashi propõe a solução sarcófago para Fukushima: enterrar tudo sob cimento, como se fez em Chernobyl. Para ele, Tóquio e Osaka correm um perigo real. Ele critica o comportamento do governo e dos meios de comunicação, que não estariam informando à população da gravidade real do problema em Fukushima. "Todo mundo sabe quanto tempo demora um tufão a passar pelo Japão; geralmente leva uma semana. Isto é, com um vento de 2m/s, pode levar cinco até que todo o Japão fique coberto de radiação. E não estamos a falar de distâncias de 20 ou 30 km, mas sim de 100 km. Significa Tóquio, Osaka", adverte Takashi.

Hirose Takashi escreveu uma prateleira de livros, a maioria sobre a indústria da energia nuclear e o complexo militar-industrial. O seu livro mais conhecido é provavelmente “Nuclear Power Plants for Tokyo” no qual ele leva a lógica dos promotores da energia nuclear à seguinte conclusão lógica: se têm tanta certeza de que as centrais nucleares são seguras, por que não construí-las no centro da cidade, em vez de a centenas de quilômetros, perdendo metade da electricidade pelos cabos condutores? De certa forma, deu a entrevista, que está parcialmente traduzida abaixo, contra os seus impulsos. Hoje, falei ao telefone com ele (22 de março de 2011) e disse-me que, embora fizesse sentido apoiar a energia nuclear naquela altura, agora que o desastre começou ele ficou calado, mas as mentiras que estão contando na rádio e na TV são tão flagrantes que tinha de falar. Traduzi apenas o primeiro terço desta entrevista, a parte que diz respeito ao que está a acontecer nas centrais de Fukushima. Na última parte, ele falou sobre o quão perigosa é a radiação em geral, e também sobre o perigo contínuo causado pelos terremotos. Depois de ler o seu relato, vai perguntar-se sobre o porquê de continuarem a lançar água sobre os reatores, em vez de aceitarem que a solução é o sarcófago (isto é, enterrar os reatores em betume). Avalio que existem algumas respostas. Primeira, aqueles reatores foram caros e não dá para arcar com o custo financeiro. Outra, e mais importante, aceitar a solução sarcófago significaria admitir que estavam errados e não podem resolver a situação. Por um lado, é demasiada culpa para um ser humano suportar. Por outro, significa a derrota da ideia da energia nuclear, uma ideia à qual se devotam religiosamente. Representa não só a perda destes seis reatores (ou dez), mas também o encerramento dos outros todos, uma catástrofe financeira. Se os conseguirem arrefecer e pô-los a funcionar, então podem dizer “vêem, a energia nuclear não é assim tão perigosa”. Fukushima é uma tragédia que o mundo inteiro está assistindo e pode acabar numa derrota (perante a sua esperança, que penso existir sem fundamento) ou numa vitória para a energia nuclear. O relato de Hirose pode ajudar-nos a perceber o que está em jogo. (Apresentação de Douglas Lummis) Hirose Takashi: O Acidente na Central Nuclear de Fukushima e os Meios de Comunicação Difundido por Asahi NewStar, 17 de Março de 2011 Entrevistadores: Yoh Sen'ei e Maeda Mari Muitas pessoas viram água sendo lançada sobre os reatores a partir do ar e do chão. Isso é eficaz? Se se quiser arrefecer um reator com água, tem de circulá-la lá dentro, de modo a tirar o calor, de outra forma não serve para nada. Por isso, a única solução é voltar a ligar a electricidade. Se não, é como deitar água em lava. Voltar a ligar a eletricidade – isso para reiniciar o sistema de arrefecimento? Sim, o acidente foi causado pelo fato de o tsunami ter inundado os geradores de emergência, destruindo os seus depósitos de combustível. Se isso não for reparado, não há possibilidade de se recuperar deste acidente. A TEPCO (Tokyo Electric Power Company, proprietária e gestora das centrais nucleares) diz que esperam voltar a ter uma linha de alta voltagem ainda esta noite. Sim, existe uma réstia de esperança. Mas o que é preocupante é que um reator nuclear não é como os desenhos esquemáticos que as imagens mostram. Isto é apenas um cartoon. Aqui está como é por baixo de um contentor do reator. Isto é a parte final do reator. Veja bem. É uma floresta de alavancas, fios e canos. (ver imagem acima) Na televisão, surgem estes pseudo-académicos e dão-nos explicações simples, mas não sabem nada, estes professores universitários. Só os engenheiros sabem. Aqui é onde a água deve ser jogada. Este labirinto de canos é suficiente para provocar tonturas. A sua estrutura é demasiado complexa para nós entendermos. Há uma semana que têm lançado água por aqui. E é água salgada, ok? Se joga água salgada numa fornalha, o que pensa que acontece? Fica com sal, que entra em todas estas válvulas e as paralisa. Não se mexem. Isto vai acontecer em toda parte. Portanto, não acredito que seja apenas uma questão de se voltar a ter eletricidade e a água começará a circular outra vez. Penso que qualquer engenheiro com um pouco de imaginação entende isto. Temos um sistema incrivelmente complexo como este e depois joga-se água a partir de um helicóptero – talvez eles tenham uma ideia de como isto funciona, mas eu não entendo. Serão necessárias 1300 toneladas de água para encher as piscinas que contêm as varas de combustível que foram gastas nos reatores 3 e 4. Esta manhã foram 30 toneladas. Depois, as Forças de Defesa vão canalizar mais 30 toneladas a partir de cinco caminhões. Isto não é nem perto do que é preciso, terão de continuar. Esta operação de jogar água pelas mangueiras mudará a situação? Em princípio, não. Mesmo quando um reator não está danificado, requer controle constante para manter a temperatura baixa, em níveis seguros. Agora está tudo voltado do avesso, e quando penso nos restantes 50 operadores, fico com lágrimas nos olhos. Suponho que foram expostos a enormes quantidades de radiação, e aceitaram enfrentar a morte ao estar lá dentro. Quanto tempo terão? Quero dizer, fisicamente. É a isto que a situação chegou. Quando vejo os tais relatos na televisão, quero dizer-lhes, “Se realmente é assim, então vai lá tu!” A sério, eles dizem estes disparates para tentar acalmar toda a gente, evitar o pânico. O que precisamos agora é justamente de pânico, porque a situação chegou ao ponto em que o perigo é real. Se eu fosse o primeiro-ministro Kan, ordenaria que fosse feito o que a União Soviética fez quando da explosão do reator de Chernobyl, a solução sarcófago, enterrar tudo sob cimento, pôr todas as empresas de cimento do Japão a trabalhar e jogá-lo a partir do ar. Temos de esperar o pior. Por quê? Porque em Fukushima está a Central Daiichi, com seis reatores e a Central Daini, com outros quatro, num total de dez. Se apenas um deles evolui para o pior, então os trabalhadores terão de evacuar o lugar ou ficar e colapsar. Se, por exemplo, um dos reatores em Daiichi for abaixo, para os outros cinco será uma questão de tempo. Não podemos adivinhar em que ordem, mas com certeza todos eles cairão. Se isso acontecer, Daini não é assim tão longe, e provavelmente os seus reatores também não sobreviverão. Acredito que os trabalhadores não vão poder ficar lá. Estou falando do pior caso, mas a probabilidade não é baixa. É este o perigo que o mundo está assistindo. Só no Japão é que está sendo escondido. Como se sabe, dos seis reatores de Daiichi, quatro encontram-se em estado crítico. Mesmo que tudo corra bem e a circulação da água seja restaurada, os outros três poderão ainda dar problemas. Quatro estão em crise, e para recuperarem em 100%, odeio dizê-lo, estou pessimista. Se isso correr mal, para salvar as pessoas, temos de pensar numa forma de reduzir a fuga de radiação para o nível mínimo possível. Não através de água com mangueiras, que é como borrifar o deserto. Temos de pensar que os seis poderão colapsar, e a possibilidade de tal acontecimento não é baixa. Todo mundo sabe quanto tempo demora um tufão a passar pelo Japão; geralmente leva uma semana. Isto é, com um vento de 2m/s, pode levar cinco até que todo o Japão fique coberto de radiação. E não estamos a falar de distâncias de 20 ou 30 km, mas sim de 100 km. Significa Tóquio, Osaka. E assim, rapidamente se pode espalhar uma nuvem radioactiva. Claro que dependerá do tempo, não podemos saber de antemão como é que a radiação se distribuiria. Há dois dias, no dia 15 (de março), o vento soprava em direção a Tóquio. É assim... Todos os dias o governo local mede a radioatividade. Todos os canais de televisão estão dizendo que, embora a radiação aumente, ainda não é alta o suficiente para ser um perigo para a saúde. Comparam-na a um raio-X no estômago. Qual é a verdade? Por exemplo, ontem. À volta da Estação Daiichi de Fukushima, mediram 400 milisievert (1) por hora. Com esta medição, Edano (Secretário do Chefe de Gabinete) admitiu pela primeira vez que havia um perigo para a saúde, mas não explicou o que isto quer dizer. Toda a informação dos meios de comunicação está falhando. Estão dizendo coisas estúpidas, como: “mas nós estamos sempre expostos à radiação durante o nosso dia-a-dia, recebemos radiação do espaço.” Mas isto é 1 milisievert por ano. Um ano tem 365 dias, um dia 24h; multiplique-se 365 por 24 e obtemos 8760. Multiplique-se 400 milisieverts por isto e obtemos 3 500 000 vezes a dose normal. Chamamos a isto seguro? E os meios de comunicação noticiaram isto? Nada. A razão pela qual a radiação pode ser medida é porque o material radioativo está escapando. É perigoso quando este material entra no nosso corpo e emite radiação a partir de dentro. Estes acadêmicos porta-vozes da indústria vêm a televisão e dizem o quê? Dizem que, ao deslocarmo-nos em sentido contrário, a redução da radiação é inversamente proporcional ao quadrado da distância. Eu digo o contrário. A radiação interna acontece quando o material radioativo está dentro do corpo. O que acontece? Digamos que estamos a um metro de uma partícula nuclear: ao respirarmos, ela entra no nosso corpo; a distância entre nós e a partícula é agora de um micron. Um metro são mil milímetros, um micron é um milésimo de um mílimetro. Ou seja, mil vezes mil: um milhar quadrado. Este é o significado real do “inversamente proporcional do quadrado da distância.” A exposição à radiação aumenta no fator de um trilhão. Inspirar a mais pequena partícula, é este o perigo. Então, comparações com raios-x e Tomografias não é possível, porque se pode inspirar material radioativo. Sim, é isso. Quando entra no nosso corpo, não se pode dizer para onde vai. O maior risco são as mulheres, especialmente, mulheres grávidas, e crianças pequenas. Agora estão falando sobre iodo e césio2 (2), mas isso é só parte do assunto, não estão usando os instrumentos próprios para detecção. O que eles chamam monitorização significa apenas a medida da quantidade de radiação no ar. Os seus instrumentos não comem. O que eles medem não tem conexão com a quantidade de material radioativo. Então, os danos causados pelos raios radioativos e por material radioativo não são os mesmos. Se perguntar: existem quaisquer raios radioativos da Central Nuclear de Fukushima neste estúdio, a resposta é não. Mas as partículas radioativas são transportadas pelo ar. Quando o núcleo começa a derreter, os elementos que estão dentro, com o iodo, tornam-se gases. Elevam-se no ar, se houver alguma falha escapa para fora. Existe alguma forma de detectar isto? Um jornalista disse-me que a TEPCO não tem capacidade nem para fazer a monitorização regular. Apenas fazem medições ocasionais, que são a base das declarações de Edano. Devem realizar-se medições constantes, mas eles não estão em condições de fazê-las. E é preciso investigar o quê e quanto está escapando, o que requer instrumentos de medição muito sofisticados. Não se pode fazê-lo apenas através de um posto de medição, que não chega medir o nível de radiação no ar. Precisamos saber que tipo de materiais radioativos estão escapando, e para onde vão – não têm um sistema capaz de fazer isso agora. (*) Douglas Lummis é um cientista político que vive em Okinawa e é o autor de “Radical Democracy”. Lummis pode ser contactado através de: ideaspeddler@gmail.com Retirado de Counterpunch Tradução de Sofia Gomes para o Esquerda.net (1) O sievert, cujo símbolo é Sv, é a unidade SI de dose equivalente e pode ser definida como a dose equivalente quando a dose absorvida da radiação de ionização multiplicada pelos fatores estipulados adimensionais é 1 Joule por quilograma. (2) Metal alcalino.

Fotos: Parte final do reator é uma floresta de alavancas, fios e canos.

terça-feira, 29 de março de 2011

OS CÉUS GANHAM UMA ESTRELA


"Tem adeus que é só um leve até breve..."

José Alencar Gomes da Silva
Muriaé (MG) 17/10/1931 -


REDE CEGONHA: MAIS SAÚDE E CIDADANIA PARA AS GESTANTES NO BRASIL

Dilma lança programa Rede Cegonha, de assistência pública à gestante

Por: Luciana Lima e Paula Laboissière, da Agência Brasil


Dilma lança programa Rede Cegonha, de assistência pública à gestante

Lançamento da Rede Cegonha, em Belo Horizonte (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)

Brasília – A presidenta Dilma Rousseff lança nesta segunda-feira, em Belo Horizonte, um programa para dar atendimento integral a gestantes e bebês, o Rede Cegonha, com investimentos previstos de R$ 9 bilhões. O objetivo do programa, que é uma promessa de campanha de Dilma, é combater práticas que elevam as taxas de mortalidade materna e infantil.

Os problemas identificados pelo Ministério da Saúde e que influenciaram na elaboração do programa vão desde o elevado número de gravidez indesejadas, dificuldade de muitas mulheres de terem acesso aos exames de pré-natal de qualidade, práticas inadequadas de parto, além da costumeira peregrinação de gestantes, geralmente da periferia das grandes cidades, em busca de uma maternidade.

Ao falar do programa, durante a campanha, Dilma procurou enfatizar mais a necessidade de uma gestão eficiente do Sistema Único de Saúde (SUS) que a construção de hospitais, aquisição de ambulâncias e outros recursos. A ideia, segundo o governo é articular uma rede de atenção para todas as fases da maternidade.

A estratégia é implantar primeiramente o atendimento integral do Rede Cegonha em nove cidades brasileiras: Manaus, Recife, Distrito Federal, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Campinas, Curitiba, Porto Alegre e São Paulo. Dados preliminares de 2009 apontam para quase 300 mortes de mulheres ao ano nessas regiões metropolitanas, o que representa 13,38% do total de óbitos maternos ocorridos no país em 2009 (que atingiu 1.724 mulheres).

Ocorrências

No país, 25% dos óbitos infantis ocorrem no primeiro dia de vida. Os dados de 2009 apontam para essas cidades 4.619 óbitos neonatais por ano, o que representa 15,72% do total de óbitos neonatais ocorridos no país em 2009. Além disso, o Estudo Sentinela, realizado pelo Ministério da Saúde em 2004 estimou em 12 mil os casos de sífilis congênita por ano nessas regiões metropolitanas.

Os números apontam que o problema não é a falta de acesso ao pré-natal, mas a falta de qualidade no exame. De acordo com dados do Ministério da Saúde, apenas 2% das gestantes moradoras dessas cidades não tiveram acesso ao pré-natal em 2009. Além disso, dados do governo apontam que em 2009, entre os nascidos vivos, 90% tiveram pelo menos quatro consultas de pré-natal, e cerca de 63% dos nascidos vivos tiveram sete ou mais consultas, padrão recomendado pela Organização Mundial da Saúde.

O Rede Cegonha foi inspirado no Cegonha Carioca, lançado pela prefeitura do Rio de Janeiro no ano passado. O programa prevê a vinculação do pré-natal ao parto, com acompanhamento de cada fase da gestação. Para as mães assíduas aos exames de pré-natal, o programa oferece enxoval completo, ambulância na porta de casa e visita prévia para conhecer a maternidade onde será feito o parto.

De acordo com a última Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS) finalizada em 2006, no Brasil, 46% das gestações não são planejadas. Essas gestações ocorrem em 98 mil adolescentes na faixa etária de 10 a 19 anos. Estima-se ainda que se realize no Brasil mais de 1 milhão de abortos por ano, a maior parte em condições inseguras.

O Brasil já é conhecido mundialmente pelo alto número de partos cesáreos. Enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) aceita um percentual de 15% para as cesarianas, atualmente 40 % dos partos pelo SUS são cesáreos.

O governo está preocupado também com a humanização do parto. Uma pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo e pelo Sesc apontou que 27,4% das mulheres que deram à luz na rede pública relataram maus tratos ou alguma forma de violência na hora do parto.

Dimensão

Em seu programa semanal Café com a Presidenta desta segunda-feira, a presidenta Dilma Rousseff afirmou que a Rede Cegonha vai funcionar como uma corrente de cuidados especiais para as gestantes. Segundo ela, um país pode ser medido pela atenção que dá às mães e aos bebês.

Dilma disse que o objetivo é começar a agir cedo, antes do nascimento da criança, para que haja maior qualidade de vida para a gestante e melhores condições para o parto.

A Rede Cegonha será ligada ao Sistema Único de Saúde (SUS). A mulher que chegar a uma unidade estadual ou municipal informando que está grávida ou que há suspeita de gestação deverá passar, inicialmente, por um teste rápido. "Vamos começar o pré-natal ali, no primeiro contato com a gestante, para incentivá-la a fazer um pré-natal completo, como é o recomendado", disse Dilma.

LULA RECEBE O PRÊMIO NORTE-SUL, DO CONSELHO DA EUROPA


O ex-presidente Lula afirmou nesta terça-feira, em Lisboa, ao receber o prêmio Norte-Sul, do Conselho da Europa, que a ordem internacional injusta contribui para o surgimento da xenofobia. O prêmio da organização europeia é dado anualmente às personalidades que mais contribuem para a solidariedade e interdependência mundial.

"A melhor resposta à crise é a retomada do crescimento mundial. O ambiente de estagnação ou de recessão é o pior para a causa dos direitos humanos. Sociedades acuadas por uma ordem internacional injusta e especulativa tendem ao rancor, quando não à xenofobia", disse o ex-presidente.

Segundo Lula, é necessário ir além da defesa dos direitos humanos, ampliando a luta pela igualdade econômica. "Cada vez mais o mundo se convence de que o respeito pelos direitos humanos vai além da garantia dos direitos individuais, da liberdade de expressão e da escolha de seus dirigentes. O processo democrático ganha nova dimensão quando acompanhado da garantia dos direitos econômicos e sociais básicos, da redução das desigualdades."

No discurso, Lula defendeu a reforma do Conselho de Segurança da ONU para uma nova "governança mundial", a retomada das negociações da Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), a mudança da supervisão das instituições financeiras e que a especulação com commodities seja reprimida.

Dilma em Portugal com Lula
Além de receber o prêmio Norte-Sul, Lula também deve receber durante sua visita a Portugal, na quarta-feira, o título de doutor honoris causa pela Universidade de Coimbra. A presidente Dilma Rousseff também está em Portugal e deve comparecer à cerimônia em Coimbra.
Dilma chega a Portugal

Contra a pobreza
O Conselho da Europa é uma organização de defesa dos direitos humanos, do desenvolvimento democrático e da estabilidade político-social na Europa ao qual pertencem 47 países do continente. Segundo o secretário-geral do Conselho da Europa, Thorbjorn Jagland, o prêmio Norte-Sul foi dado ao ex-presidente pelo trabalho contra a pobreza, pela dignidade humana e pela igualdade social.

A cada ano o prêmio é dado a duas personalidades, uma dos países do hemisfério norte e outra dos países do sul, normalmente um homem e uma mulher. Juntamente com Lula, recebeu o prêmio a canadense Louise Arbour, que foi alta comissária da ONU para os direitos humanos e procuradora do Tribunal Penal Internacional, investigando genocídios na antiga Iugoslávia e em Ruanda. Ao receber o prêmio, Arbour prestou uma homenagem ao diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Melo, que antes dela ocupou o lugar de comissário para os direitos humanos da ONU.

VEJA AQUI A CERIMÔNIA:
http://webtv.coe.int/index.php?VODID=148


Fonte: ahttp://osamigosdopresidentelula.blogspot.com/


segunda-feira, 28 de março de 2011

CONVERSANDO COM O EDINHO








Visita de Obama reforça o Brasil como ator global
Edinho Silva

O Brasil registra saldo positivo com a visita do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao país. Embora não tenha fechado nenhum acordo de impacto durante sua estada no país, as perspectivas para o Brasil, após a visita, sinalizam para um incremento do diálogo entre brasileiros e norte-americanos. E o mais importante: representa o reconhecimento do Brasil como um dos líderes mundiais.

O presidente Obama sinalizou com a possibilidade de apoiar o desejo do Brasil de integrar, como membro permanente, o Conselho de Segurança da ONU, ao afirmar que tem "apreço" pela pretensão do país. Também revelou interesse dos Estados Unidos em adquirir petróleo brasileiro e trocar tecnologia para as pesquisas sobre o pré-sal.

Como declarou o cientista político Luciano Dias, do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos (IBEP), "essa visita é importante não pelos acordos, mas sim pelos sinais". Ele destacou que é a primeira visita de um presidente americano ao país, com este em posição de destaque no cenário internacional, com base na economia e nas políticas sociais, desde a vinda do presidente Franklin Roosevelt, em 1943.

Em conversa com a presidente Dilma Rousseff, o presidente Barack Obama reiterou o interesse dos Estados Unidos em ampliar as parcerias econômicas e comerciais com o Brasil. Na verdade, Obama quer ver os norte-americanos novamente como os maiores parceiros comerciais dos brasileiros, posto que perderam para China.

Outro reflexo da visita, nos próximos meses, deve ser a extensão do tempo de visto de permanência de brasileiros nos Estados Unidos, um pleito que o Itamaraty vem defendendo já há algum tempo. Uma iniciativa, sem dúvida, necessária para permitir o intercâmbio entre os dois países e que viria a favorecer, especialmente, os jovens brasileiros que pretendem estudar nos Estados Unidos.

Um dos momentos marcantes da visita de Obama aconteceu no Rio de Janeiro e serviu para justificar o apreço do presidente norte-americano pela presença do Brasil no Conselho de Segurança da ONU. Em discurso no Teatro Municipal do Rio, para cerca de 2 mil pessoas, ele elogiou a democracia brasileira e destacou a participação da presidente Dilma Rousseff na luta contra a didatura militar que comandou o país entre 1964 e 1985.

"Onde a luz da liberdade brilha, todo o mundo torna-se mais brilhante. É o exemplo do Brasil", afirmou o líder norte-americano. Nesse momento, enfatizou o papel da presidenta Dilma na luta contra a ditadura militar. Para Obama, "o Brasil mostrou que uma ditadura pode virar uma democracia e que a reivindicação de mudança pode começar na rua e transformar o país, transformar o mundo."

O presidente norte-americano também usou o Brasil como exemplo para os países árabes, hoje em luta contra governos autoritários e despóticos. "Estamos vendo uma nova geração exigindo o direito de determinar seu próprio futuro. Os Estados Unidos e o Brasil sabem que o futuro do mundo árabe será determinado por seus próprios povos", disse Obama.

Vindas do presidente da nação mais poderosa do planeta, as palavras de Obama não devem ser encaradas apenas como um discurso conveniente. Elas refletem o respeito que o Brasil conquistou nos últimos anos como um forte ator global.

O governo do presidente Lula tem grande mérito por esse novo posicionamento do país. O Brasil é, hoje, um país olhado com muito mais interesse porque se consolidou como democracia, potência econômica e como nação que pratica justiça social, respeita seus cidadãos e busca o desenvolvimento sustentado, em harmonia com o meio ambiente. A visita de Barack Obama é mais um marco desse novo Brasil, que há oito anos vive uma nova e desejada realidade, a realidade de ser o país de todos os brasileiros.

*Edinho Silva é deputado estadual e presidente estadual do PT-SP

SABESP ESCONDE OS DADOS SOBRE OS MUNICÍPIOS ONDE ATUA

Para deputado, Sabesp dificulta a fiscalização


O deputado Donisete Braga enviou Requerimento ao Governador Geraldo Alckmin esta semana, quando se comemora o Dia Mundial da Água, pedindo que seja promovida padronização e transparência nos dados da empresa de Saneamento Básico do Estado – SABESP – disponibilizados na internet. A Sabesp é uma empresa importante, opera em 364 cidades, mas está pecando no quesito transparência e uniformidade dos dados”, disse o deputado.

Segundo ele, com a falta de padronização, a empresa dificulta a fiscalização e o acompanhamento dos serviços prestados por parte da população. A empresa, por exemplo, fornece amplos dados sobre Francisco Morato - índices de coleta e tratamento de esgoto, abastecimento de água, redes coletoras, entre muitos outros -, enquanto sobre Barueri constam apenas informações sobre a quantidade de ligações, a extensão da rede de distribuição e reservatórios.

Sobre muitos municípios, explica o deputado, as informações sequer tratam dos serviços afetos a coleta e tratamento de esgoto, restringindo-se as ligações da rede de abastecimento de água, casos de Ferraz de Vasconcelos, Jandira, Rio Grande da Serra, Vargem Grande Paulista, Taubaté e Biritiba Mirim.

No caso de Adamantina a situação piora, diz o parlamentar. “Se você quer saber sobre os índices do saneamento em Adamantina, esqueça, vai encontrar apenas a história da cidade e como se deu o processo de assunção dos serviços pela SABESP, sem inclusão de nenhum indicador”, enfatiza ele.

Já sobre as cidades de Águas de São Pedro, Queiroz, Porangaba, Dourado e Lucélia, explica ele, o site da empresa redireciona o internauta para uma página onde consta apenas a frase “Aguarde informações sobre o município”. Para o deputado, é fundamental que os dados sejam padronizados para permitir maior fiscalização e acompanhamento por parte da população.

AS MENTIRAS DE CAMPANHA DO TUCANO ALCKMIN


Tucanagem

Alckmin descumpre promessa ao não fazer revisão de pedágios

O governador Alckmin admite que promessa de campanha pode não sair este ano - ele havia garantido que faria até julho

O governador Geraldo Alckmin admitiu pela primeira vez que a revisão dos pedágios pode não acontecer neste ano. O cenário contraria promessas de campanha e até mesmo discursos recorrentes nesses primeiros três meses de gestão, no qual Alckmin garantiu que faria até julho a troca do índice de inflação usado para reajustar as tarifas - o que resultaria em aumentos menores.

"Isso (o reajuste do pedágio) é sempre no mês de julho e o índice é o IGP-M (Índice Geral de Preços), que está muito alto. Então nós estamos procurando, via Secretaria dos Transportes, negociar com as empresas para a gente estabelecer um novo índice. Esse é o nosso objetivo", disse o governador na quinta-feira (24/3), durante cerimônia de inauguração da nova Estação Carapicuíba da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

Logo em seguida, no entanto, questionado se a troca dos índices ocorreria a tempo para o próximo reajuste, o governador recuou. "Não. Isso vai ser ainda conversado, porque o contrato prevê o IGP-M. Então vai ser um tema a ser discutido."

A troca dos índices de reajustes foi anunciada em fevereiro pelo governo como forma de amenizar o impacto dos pedágios - tema central das últimas eleições estaduais. O objetivo era trocar o IGP-M pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ou por outro índice que leve em conta os custos das rodovias. Para efeitos de comparação, o IGP-M entre junho e fevereiro (a base de cálculo do reajuste é entre junho e maio) está em 7,86%, o dobro do IPCA.

Das 18 rodovias sob concessão, 12 usam o IGP-M (as primeiras concessões). Estão entre elas Anhanguera, Bandeirantes, Imigrantes, Anchieta, Castelo Branco e Raposo Tavares.

A Secretaria do Estado dos Transportes afirmou que está trabalhando em um índice exclusivo para o setor rodoviário em conjunto com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e está empenhada para concluí-lo até o fim do ano - portanto, para começar a ser usado apenas no reajuste de 2012.

fonte: Agência Estado

sexta-feira, 25 de março de 2011

GOVERNO DILMA AMPLIA CRÉDITO PARA MULHERES EMPREENDEDORAS

Governo federal amplia linha de microcrédito para as mulheres brasileiras

Em mais uma ação do governo federal em referência ao Dia Internacional da Mulher, comemorado no último dia 8 de março, a Secretaria de Política para as Mulheres (SPM) e a Caixa Econômica Federal assinaram nesta quarta-feira (22/3) acordo para ampliação de linha de microcrédito para as mulheres empreendedoras.

O protocolo de intenções para apoiar o empreendedorismo feminino e a geração de trabalho e renda por meio do Microcrédito Produtivo Orientado foi firmado em Brasília (DF), durante o evento “O Empreendedorismo e o Empoderamento de Mulheres Transformando Vidas e Comunidades”. O objetivo é garantir, por meio de microcrédito, a autonomia econômica das mulheres com condições de acesso ao crédito, de forma sustentável, e demais serviços financeiros que possibilitem o desenvolvimento de atividades empreendedoras que geram emprego e ampliam a renda das famílias.

Ao explicar a linha de crédito aberta às mulheres, a presidenta da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho, afirmou se tratar de “uma política de crédito com um formato mais simples e mais objetivo”, mas que leva em conta o direito à igualdade social, “premissas dos negócios da Caixa”.

“Nossas agências, nossas redes vão dar toda assistência técnica para o Microcrédito Produtivo Orientado. O que a gente está vendo é um cuidado, uma maturidade e um espaço aberto para o debate”, disse Maria Fernanda.

Durante o evento, a ministra Iriny Lopes, da Secretaria de Políticas para Mulheres, afirmou que neste ano a sociedade e o governo ampliarão o debate da mulher no mundo do trabalho. Segundo ela, é necessário mudar “a página desse pedaço da história em que a pobreza é vista na mulher negra”. Em seu discurso, a ministra mencionou, ainda, questões como a prevenção à violência contra a mulher e a reforma política em debate no Congresso Nacional, que deve levar em consideração questões de gênero.

“As mulheres podem. Nós temos esse ano um debate fundamental: reforma política. A eleição de Dilma disse: sim, as mulheres podem. Isso é um marco num país com raiz conservadora”, defendeu a ministra.

Linha de crédito – A partir do acordo firmado, as mulheres empreendedoras que atuam nas diferentes regiões do país poderão financiar suas atividades econômicas em até R$ 15 mil, como sugere a Política Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado, com taxas de juros que variam de 0,93% a 3,9% ao mês, num prazo que vai de 4 a 24 meses.

O projeto vai atuar em municípios ou regiões que apresentem políticas ou ações voltadas para as mulheres, nas atividades empreendedoras, microempreendedoras, informais e formais, dialogando diretamente com o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres. A intenção – segundo a Caixa – é ser um instrumento de apoio, uma vez que a sustentabilidade econômica das mulheres é considerada um dos fatores de sucesso para erradicação da miséria.

VEJA, O ESGOTO DO PIG E A ENTREVISTA DE ARRUDA QUE FOI ESCONDIDA


A entrevista que a revista Veja escondeu

Causou profunda estranheza e perplexidade o timing da publicação da entrevista que o ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), concedeu à Veja. Por que a revista, tendo entrevistado Arruda em setembro de 2010, durante a campanha eleitoral, somente agora, quase 190 dias depois, resolveu levá-la ao conhecimento de seu público leitor? Na entrevista, o ex-governador dispara torpedos contra aliados e antigos companheiros de partido, entre eles, Agripinio Maia, Demóstenes Torres, Marco Maciel, ACM Neto, Rodrigo Maia, Ronaldo Caiado e Sérgio Guerra. O artigo é de Washington Araújo.

Washington Araújo - Observatório da Imprensa

Publicado originalmente no Observatório da Imprensa

Existem notícias que nos fazem rever o conceito do valor-notícia. Estou com isto em mente após ler a entrevista que o ex-governador José Roberto Arruda (DF) concedeu em setembro de 2010 à revista Veja. Na entrevista, Arruda decidiu dar uma espécie de freio de arrumação em suas estripulias heterodoxas como governador do Distrito Federal: atuou como principal protagonista no festival de vídeos dirigido pelo ex-delegado de polícia Durval Barbosa e que tratavam de um único tema: a corrupção graúda correndo solta nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário do Distrito Federal.

Na entrevista publicada na quarta-feira (17/3) no sítio de Veja encontramos o ex-governador desarrumando as biografias de seus antigos companheiros de partido, pessoas como os senadores Agripino Maia, Demóstenes Torres, Cristovam Buarque e até o sempre correto Marco Maciel. Não faltaram mísseis dirigidos aos deputados ACM Neto, Rodrigo Maia e Ronaldo Caiado. E também ao presidente do PSDB, o agora deputado Sérgio Guerra. Na fala de Arruda sobra ressentimento e, mesmo tendo passado alguns meses, ainda trai uma certa conotação de vingança.

Não. Não estou desmerecendo o valor de uma única palavra de Arruda nessa entrevista. Após ler os desmentidos de todos os novos citados no escândalo conhecido como o "panetone do DEM" (ver, neste Observatório, "Panetones na Redação" e "Mídia encara corrida de obstáculos"), confesso que nenhum me convenceu: a defesa esteve muito inferior ao ataque desferido e onde as palavras deveriam ser adjetivas conformaram-se como nada mais que substantivas. Naquele velho diapasão do "nada como tudo o mais além, ainda mais em se tratando deste assunto, muito pelo contrário". Ou seja, a bateria antimíssil deixou muito a desejar e, considerando a virulência verbal dos agora acusados de receberem apoio financeiro no mínimo com "origem suspeita", os desmentidos surgem como bolhas de sabão que tanto animam festas infantis. Desmancham-se no ar.

Miúdos e graúdos
O que me causou profunda estranheza nessa entrevista nem foi seu conteúdo, menos ainda seu personagem. O que me deixou perplexo, com todas as pulgas aninhadas em volta da orelha, foi o timing da publicação da entrevista. Por que Veja, tendo entrevistado o ex-governador em setembro de 2010, somente agora, quase 190 dias depois, resolveu levá-la ao conhecimento de seu público leitor? O ponto é que o mais robusto episódio de explícita corrupção, o único escândalo com tão formidável aparato midiático, com dezenas de vídeos reproduzidos nos principais telejornais do Brasil, merecia ter um tratamento realmente jornalístico: descobrindo-se novos fatos, novos meliantes, novas falcatruas, tudo teria que vir à luz, a tempo e a hora.

Convém refrescar a memória com essas autoexplicativas manchetes dos principais jornais brasileiros no dia 28/11/2009:

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O Globo: "Governador do DEM é suspeito de pagar propina a deputados". E diz que "PF grava José Roberto Arruda negociando repasse de dinheiro com assessor";

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Folha de S.Paulo: "Governo do DF é acusado de corrupção";
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O Estado de S.Paulo: "Polícia flagra ‘mensalão do DEM’ no governo do DF". E diz que o esquema "teria até mesmo participação do governador Arruda".
No dia seguinte, 29/11/2009, as manchetes continuaram com tintas denunciatórias:

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O Globo teve como manchete principal "PF: Arruda distribuía R$ 600 mil todo mês";

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Folha de S.Paulo optou por "Documento liga vice-governador do DF a esquema de corrupção";

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O Estado de S.Paulo não deixou por menos: "Em vídeo, Arruda recebe R$ 50 mil".

E, para concluir essa sessão "refresca memória", compartilho as manchetes dos jornalões no dia 30/11/2009:

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O Globo abriu sua edição com a manchete "Arruda: TSE vê indício de caixa 2";

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Folha de S.Paulo destacou na primeira página: "Vídeos mostram aliados de Arruda recebendo dinheiro";
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O Estado de S. Paulo abriu manchete com "Vídeos ‘letais’ levam DEM a preparar expulsão de Arruda", destacando em subtítulo que "Provas contundentes da PF deixam governador em situação insustentável".

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Até o fluminense Jornal do Brasil passou a tratar do assunto com a importância que o assunto requeria: "Aliados deixam Arruda isolado".
Tudo bem, este foi o início da divulgação do escândalo. E, como sempre acontece, o início de todo escândalo político tende a ser megapotencializado. É assim aqui no Brasil, na Itália, no Reino Unido, no mundo todo. No caso atual, pela primeira vez um governador no Brasil esteve trancafiado por tão longo tempo: 60 dias, de 11 de fevereiro a 12 de abril de 2010. A carceragem se deu na sede da Superintendência da Polícia Federal, em Brasília.

Antes de completar um ano de sua divulgação, o escândalo produziu a cassação de mandatos de diversos deputados distritais, a renúncia de um senador da República, a instauração de diversos inquéritos para apurar responsabilidades de políticos miúdos e graúdos e também de procuradores do Ministério Público do Distrito Federal.

E foi nesse meio tempo que, segundo os advogados de Arruda, em setembro de 2010, o ex-governador concedeu a entrevista ao carro-chefe da Editora Abril. O que as teclas de meu micro querem saber é por que Veja escondeu comprometedora entrevista de Arruda.

Insidiosa, rastejante
Tenho exposto aqui neste Observatório minhas teses sobre a forma e o modus operandi de como a imprensa, a grande imprensa, tem se comportado como agremiação político-partidária. E essa defasagem de mais de seis meses entre a data da entrevista e a data de sua divulgação é de chamar a atenção.

Quais as reais motivações para que fosse esquecida, largada na gaveta de um editor aparentemente displicente? Por onde andaria aquele polvo-caçador-de-corruptos-no-Planalto que não deu a mínima trela para essa entrevista? Ninguém na redação de Veja considerou um mísero grama de valor-notícia para buscar a versão dos "novos acusados"? Ou seria mais um desserviço à campanha presidencial de José Serra? Desserviço que, com certeza, cobriria tal campanha de portentosa agenda negativa, incluindo sob suspeição até mesmo o presidente de seu partido.

Todos sabemos que o papel da imprensa é informar a população. Aprendemos isso ainda nos primeiros dias de aula de qualquer curso de jornalismo, mesmo aqueles chamados "meia-boca". Por que à população brasileira foram suprimidas tais informações?

É, não é necessário muitos decênios de madura experiência como analista da política brasileira para entender que dentre as mil possíveis razões para que ocorresse tal ocultação uma delas sobressai, insidiosa, sibilina, rastejante: a entrevista de Arruda, que hoje causa apenas perplexidade, publicada em setembro de 2010 traria em seu cerne forte componente explosivo capaz de desarrumar por completo o pleito presidencial de 2010.

Mas, como dizem nossos oráculos da imprensa... o leitor vem sempre em primeiro lugar.

DILMA COMEÇA A PREPARAR A REFORMA TRIBUTÁRIA

Dilma enviará reforma tributária ao Congresso de forma "fracionada"

Luciana Lima

Repórter da Agência Brasil

Brasília - A presidenta Dilma Rousseff disse hoje (24) para os líderes da base aliada que o governo quer fazer a reforma tributária no país, mas tem consciência das dificuldades de aprová-la em bloco no Congresso Nacional. A estratégia do governo, diante da resistência, será "fracionar" a mudança, ou seja, enviar ao Congresso os projetos a conta-gota. A presidenta pediu apoio da base aliada para aprová-los.

A estratégia foi revelada por Dilma na reunião do Conselho Político na tarde de hoje (24), no Planalto. Também participaram do encontro o vice-presidente Michel Temer, os ministros da Fazenda, Guido Mantega, da Casa Civil, Antonio Palocci e de Relações Institucionais, Luiz Sérgio, além de líderes e presidentes de 17 partidos.

Foram convidados e mandaram pelo menos um representante o PT, PMDB, PP, PR, PSB, PDT, PTB, PSC, PCdoB, PRB, PMN, PTdoB, PHS, PRTB, PRP, PTC e PSL. Também estiveram presentes os líderes do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP) e no Senado Romero Jucá (PMDB-RR).

A presidenta, no entanto, não citou na reunião quais seriam os projetos sobre matéria tributária priorizados pelo governo. Dilma também disse que as reuniões com a base aliada deverão ser feitas de forma mais frequente, mas não falou de quanto em quanto tempo.

A reforma tributária foi tentada no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, só que enviada em bloco para o Congresso. No primeiro mandato, o próprio presidente Lula chegou ir ao Legislativo, acompanhado dos 27 governadores para dar entrada na proposta de reforma política e tributária, que acabou não acontecendo em seu governo.

No segundo mandato, Lula fez nova tentativa, convocou entidades empresariais e sindicais e partidos políticos para a construir uma proposta de reforma tributária que também não foi aprovada.

Edição: Aécio Amado


GOVERNO DILMA CONSTRUIRÁ 718 CRECHES E FINANCIARÁ UNIDADES ATÉ O RECONHECIMENTO DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO


Governo vai bancar custos de creches


Com o Salão Nobre do Palácio do Planalto lotado de prefeitos, a presidente Dilma Rousseff anunciou ontem que vai editar uma medida provisória bancando os custos das creches ainda não reconhecidas pelo Ministério da Educação no censo escolar anual. Dilma foi bastante aplaudida, pois atualmente as prefeituras são obrigadas a arcar com o funcionamento das creches até que o ministério registre a instituição. O anúncio foi feito na solenidade de assinatura dos convênios para construção de 718 creches em 419 municípios brasileiros. Para construção das novas creches, que fazem parte da segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC-2), serão investidos R$ 800 milhões. A previsão é que essas unidades atendam cerca de 140 mil crianças. Segundo a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, coordenadora do PAC, o programa prevê R$ 7,6 bilhões para a construção de 6.000 creches. A presidente também fez a entrega simbólica de 54 creches.

— A gente sabe que há um pequeno espaço de tempo entre a construção da creche e o momento em que ela passa a receber o Fundeb (fundo de desenvolvimento da educação básica) — disse Dilma, ao justificar a medida provisória que será enviada ao Congresso.

No discurso, Dilma reforçou o compromisso do governo de construir creches no país, argumentando que “investir em criança é apostar no futuro”, além de atuar para mudar radicalmente o cenário de oportunidades no Brasil. Segundo Dilma, o tamanho do país é proporcional à importância que ele dá às crianças.

— Um país que dá importância às suas crianças afirma a sua nacionalidade, afirma o seu futuro e constrói o verdadeiro caminho do desenvolvimento. Cuidar das crianças adequadamente é uma questão absolutamente decisiva para que o nosso país seja um país desenvolvido.

Dilma afirmou que o governo federal só conseguiu implantar os programas sociais Brasil afora graças à parceria com os estados e os municípios. Reafirmou o compromisso republicano de seu governo de não discriminar nenhum município por causa do partido do prefeito.

— Ser republicano, não olhar a origem partidária dos prefeitos é algo fundamental, se este país quer de fato construir uma democracia sólida e efetiva — disse, acrescentando que esse princípio vem do governo Lula.

Para Dilma, o Brasil vive um momento histórico especial, de crescimento econômico, controle da inflação e geração de emprego e renda para a população. Mas ainda, segundo ela, é necessário resgatar as crianças e os jovens brasileiros. A presidente disse que o investimento em creches vai se refletir na qualidade do ensino superior.

— Ter uma política de creches é ter uma política educacional. Ela não é uma política pura e simplesmente de assistência social.

A presidente disse que o desafio de seu governo é garantir oportunidades para as crianças e os jovens brasileiros.