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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

CARTA MAIOR DISCUTE O COLAPSO DO CAPITALISMO



NEOLIBERALISMO: UM COLAPSO INCONCLUSO

Carta Maior realiza seminário para debater os dilemas diante da crise internacional.

Desde a eclosão da crise imobiliária nos EUA, a partir de 2007, os fatos se precipitaram a uma velocidade que não deixa dúvida: a história apertou o passo. Na ventania desordenada surgem os contornos de uma crise sistêmica.

Restrita aos seus próprios termos, a engrenagem das finanças desreguladas não dispõe de uma alternativa para o próprio colapso.

A desigualdade construída em trinta anos de supremacia dos mercados financeiros sobre o escrutínio da sociedade cobra sua fatura. Populações asfixiadas acodem às ruas. Estados falidos se escudam em mais arrocho.

Anulada no seu relevo institucional por governantes e partidos majoritariamente ortodoxos e tíbios, a democracia representativa também se apequena. O sentido transformador da política passa a ser jogado nas ruas.

Sucessivas injeções de dinheiro nos mercados hibernam no caixa de bancos e empresas, sem ativar o metabolismo da produção e do consumo.

Exaurido pelo socorro às finanças, o caixa fiscal dos Estados encontra-se emparedado. Demandas sociais crescentes colidem com um endividamento inexcedível a juros cada vez mais calibrados pela desconfiança.

Organismos outrora estruturadores dessa hegemonia, como o FMI, rastejam sua esférica desimportância. Demonstrações de obscurantismo fiscal para 'acalmar os mercados' pontuam a deriva da social-democracia europeia.

Para debater esse longo crepúsculo histórico, a Carta Maior promove o seminário:

‘Neoliberalismo: um colapso inconcluso’, que se desdobrará em quatro mesas:

- A singularidade da crise financeira mundial - Luiz Gonzaga Belluzzo e Maryse Farhi
- Panorama geopolítico: novos atores e novas agendas - Ignacy Sachs e Ladislau Dowbor
- O Brasil e os canais de transmissão da crise – Márcio Pochmann e Paulo Kliass
- Desafios e trunfos da a América Latina - Samuel Pinheiro Guimarães e Emir Sader


Serviço do evento.
- Data - 12 de setembro de 2011
- Horário - das 14 às 19 horas
- Local - TUCARENA, na PUC/SP, Rua Bartira, esquina Rua Monte
Alegre, nº 1024, Perdizes, PUC/SP.

Outras informações:

- A entrada é franca.
- O Teatro comporta 200 lugares.
- O Seminário será transmitido, ao vivo, para os sites da Carta Maior e da PUC/SP, com possibilidade de ser ainda transmitido pela TV PUC.
A íntegra dos debates será objeto de uma publicação do IPEA.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

EMIR SADER E A NOVA CHINA (3º ARTIGO)



Diário da Nova China (3) - O Império do Meio

Um jornalista amigo italiano, que visitou a China ainda nos anos 50, como líder estudantil, ao se despedir do então ministro de Relações Exteriores, o elegante e esbelto Chouenlai, lhe disse:

-Que bom vir tão longe para conhecer uma experiência tão importante!

Ao que Chouenlai lhe respondeu, laconicamente:

- Longe de que? Eles, que se consideram o Império do Centro.

Claro que ele queria dizer – tendo levado o eurocentrismo na sua bagagem: Longe da Europa. E, com isso, longe da civilização.

E, no entanto, aqui está uma civilização muito mais antiga e mais rica que as europeias. E que hoje demonstra um vigor que a velha Europa se mostra incapaz, para enfrentar seus problemas. A China enfrenta desafios com audácia e persistência.

Os chineses são modestos, trabalhadores, pertinazes. Não querem exportar seu modelo, o sentimento das pessoas é o de que o governo é bom se as pessoas estão melhorando de vida – aí o juízo é claramente positivo sobre governo -, mas reclamam muito da corrupção, dos privilégios de quem está vinculado ao poder e das desigualdades.

Causou grande satisfação a extradição de um chinês que havia fugido, há 12 anos, para o Canadá, depois de ter sido pilhado em enormes casos de corrupção, ao trabalhar na alfândega e ganhar muito dinheiro cobrando para importar mercadorias de luxo. Depois de longas negociações com o governo canadense, ele foi extraditado, está preso e vai responder a processo que, segundo dizem as pessoas, deveriam envolver vários dos seus chefes de então.

Mas o que é certo é que a grande maioria das pessoas tem melhorado de vida, mesmo se em condições de desigualdades entre si. Mesmo a população do campo tem sido beneficiada, depois que o governo passou a protegê-la, além de que o êxodo – legal e ilegal para as cidades – continua. Os choferes de uma frota de 80 triciclos que funciona em um bairro boêmio de Beijing, em torno de um lindo lago, por exemplo, não são sindicalizados, são super explorados pelo dono, mas chegaram do campo e preferem essa condição do que voltar a viver no campo, para onde regressam periodicamente para levar o que ganham.

Moças preferem sair das condições de pobreza e opressão no campo, onde a expectativa das suas famílias costuma ser apenas a de que casem, para trabalhar nas novas cidades emergentes, em fábricas, onde rapidamente melhoram suas condições de vida, diminuindo rapidamente a longa jornada de trabalho e, mudando constantemente de emprego, aumentando seus salários.

Em um processo de rápida ascensão social, é claro que nem todos são beneficiados da mesma maneira. O que mais interessa é que todos tendem a melhorar e que a China tirou da miséria a 300 milhões de pessoas em 3 décadas, o que nunca ocorreu nessa escala em nenhum outro processo histórico. E que esse processo tende a continuar. Quando se fala que a economia chinesa vai diminuir seu ritmo de crescimento de 9 para 7% ao ano – o que, apesar de anunciado no Ocidente, nunca ocorreu até aqui -, é preciso levar em conta que crescer 7% ao ano a partir do elevado patamar de hoje é muito mais do que crescer a 10% vinte anos atrás.

Enquanto isso, a Europa retrocede – na Espanha a emigração supera a imigração, a população diminui – e não tem data para acabar a recessão, os otimistas dizem que a situação vai piorar antes de começar a melhorar.

A China considera que terminou o lapso de dois séculos em que ela foi ultrapassada pela Europa, não por vigor econômico, mas pela superação militar, pelo domínio armado dos mares, que permitiu o colonialismo, a escravidão, que promoveu a hegemonia ocidental. Esse lapso teria terminado e a China se projeta de novo com um futuro que eles consideram glorioso.

sábado, 6 de agosto de 2011

EMIR SADER E A NOVA CHINA (2º ARTIGO)



Diario da Nova China (2) - Beijing no domingo: primeiras impressões

As primeiras impressões na chegada à China – nesta segunda vinda – já são significativas. A primeira dela, o smog que cobre o céu de Beijing, produto da contaminação. O concentrado esforço chinês para dar o salto econômico espetacular após mais de três décadas, apelou para os recursos energéticos de que dispunha, o que trouxe grandes problemas ambientais, hoje uma das preocupações prioritárias do governo chinês.

Por outro lado, as dimensões do aeroporto e o rápido atendimento refletem o esforço chinês para dar conta da chegada de gigantescos continentes de turistas que vem conhecer esta experiência única no mundo. Já seria única por suas próprias dimensões e ritmo, mais ainda porque contrasta fortemente com a recessão profunda e prolongada que se vive na Europa, no EUA e no Japão. Enquanto se é gentilmente atendido pelo funcionário que controla documentação, se pode avaliar o seu desempenho em um aparelhinho que ele não vê.

Chegando a Beijing, depois de trânsito denso, mesmo para um domingo, os espaços enormes das ruas e avenidas, a limpeza destas e a majestosidade dos edifícios, com a sua diversidade de estilos, se impõem. A indústria da construção chinesa é dos fenômenos mais impressionantes. Onde não edifícios, há construções, que trabalham 24 horas por dia. De cada quatro guindastes que se erguem no mundo, três são na China,

Nos domingos os parques são ocupados por idosos que dançam, fazem esporte, correm ou simplesmente conversam e fazem piquenique. Poucas bicicletas sobrevivem de décadas atrás, assim como é raríssimo, senão impossível, ver algum trajando as roupas tradicionais, do estilo de Mao.

Em suma, a China é outra, muito diferente da de três décadas, sobretudo diferente daquela da revolução cultural. A predominância da população rural diminui aceleradamente, havendo cálculos até de que, contando os imigrantes ilegais para os centros urbanos, estes já contenham a maioria da população.

Há um vertiginoso processo de ascensão social, que permite com que 300 milhões de pessoas tenham saída da miséria em três décadas, mas que, ao mesmo tempo, se tenha gerado, uma elite muito rica. O turismo na capital tem um enorme contingente de gente do campo, que provavelmente pela primeira vez, vem conhecer Beijing. (Uma guia que nos foi esperar no aeroporto, bem jovem, veio há apenas 6 meses da Mongólia interior buscar trabalho. Estuda castelhano, que fala ainda de maneira tosca, para buscar emprego, quando então vai encarar o problema da sua legalização, já que evidentemente ela se deslocou sem autorização para a capital.)

Um fenômeno novo, destas dimensões, e que tenta enfrentar problemas que evidentemente outras tentativas, no socialismo, não deram certo, tem primeiro que ser visto, para depois ser analisado. Sigo relatando impressões, para depois discutirmos seu significado.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

BRASIL DARÁ VOTO A FAVOR DA PALESTINA COMO PAÍS JUNTO À ONU


Brasil decide apoiar palestinos na ONU e irrita Israel

O governo Dilma Rousseff já se decidiu: em setembro, quando a Autoridade Palestina pedir para se tornar o 194.º país-membro da ONU, terá o voto brasileiro. A garantia de apoio foi passada ao presidente palestino, Mahmoud Abbas, por um mensageiro especial de Dilma, Luiz Inácio Lula da Silva, há menos de um mês. Lula prontificou-se ainda a pessoalmente ajudar Ramallah a conquistar votos de países em desenvolvimento. Israel, do outro lado, tenta agora uma ofensiva para "contenção de danos". Dois integrantes do primeiro escalão do governo estão a caminho do Brasil. Um deles, Moshe Yaalon, vice do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, solicitou um encontro com Dilma - que deverá ser recusado pelo Planalto.

Os israelenses sabem que ao final não conseguirão reverter a decisão brasileira, mas querem evitar que Brasília "puxe votos" contra Israel.

"O objetivo do Brasil é ajudar a criar um fato político que empurre israelenses e palestinos para uma negociação direta. Do jeito que está, o conflito tende a se eternizar", explicou ao Estado o assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia. "A questão palestino-israelense é o foco de desestabilização do Oriente Médio", defendeu Garcia.

Em entrevista ao Estado de S. Paulo, o chanceler Antonio Patriota havia indicado que o Brasil "não terá dificuldades em votar a favor" do reconhecimento do Estado palestino pelas Nações Unidas.

Dilma discursará na sessão anual da Assembleia-Geral da ONU, quando virá à baila a questão. Ela será a primeira a subir à tribuna em Nova York, conforme a tradição que, desde 1947, reserva ao Brasil a abertura dos discursos de chefes de Estado, ministros e demais autoridades nacionais na plenária.

O reconhecimento dos palestinos pela ONU, porém, deverá passar ainda pelo Conselho de Segurança, onde provavelmente acabará vetado pelos EUA.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

PARLAMENTARES DO PT PRESENTES NO PARLASUL



PT terá 13 representantes no Parlamento do Mercosul

Entre os representantes do Senado, estão Humberto Costa, Paulo Paim e Eduardo Suplicy

Por Imprensa Liderança PT no Senado
Sexta-feira, 22 de julho de 2011

O Partido dos Trabalhadores (PT) indicou 13 parlamentares (10 deputados e 3 senadores) para a representação brasileira do Parlamento do Mercosul (Parlasul).

Com a indicação feita pelo Congresso Nacional, na última quarta-feira (13), o Brasil passa dos 18 atuais representantes para 37 integrantes do Parlasul. O aumento atende a acordo para a implantação do critério de proporcionalidade, que garante mais assentos aos países mais populosos.

A resolução 1/11 do Congresso Nacional prevê que haverá eleição direta para escolha dos representantes brasileiros no Parlasul no dia 7 de outubro de 2012 (juntamente com o pleito para prefeito, vice-prefeito e vereadores), para a escolha dos novos membros do Parlasul que tomarão posse em 2013.

Caso essa eleição não se realize, já que sua efetivação depende de outro projeto, caberá às lideranças partidárias indicar os parlamentares da representação brasileira para mandato até o final da atual legislatura.

Na opinião do deputado Dr. Rosinha (PT-PR), a eleição dificilmente ocorrerá, por falta de tempo útil para que seja aprovado no Congresso um projeto que regulamente a eleição. "Acredito que não teremos eleição em 2012, mas apenas em 2014. Não teremos tempo para aprovar o projeto, inclusive porque o tema é novidade e precisa ser melhor debatido no Congresso e na sociedade", avaliou Rosinha.

O PT indicou para a composição brasileira cinco deputados titulares e cinco suplentes, além de um senador titular e dois suplentes, representando nove estados. Dr. Rosinha elogiou a composição e falou sobre a importância do trabalho no Parlasul.

"O PT indicou uma composição bastante representativa, com representantes de várias regiões, e isso é importante porque muitas pessoas imaginam que o Parlasul é um assunto apenas da nossa região sul, mas teremos uma representação brasileira de caráter verdadeiramente nacional e isso valoriza muito o parlamento. Acima de tudo, é importante que todos os representantes tenham bastante compromisso e dedicação porque a tarefa exige grande responsabilidade", destacou o deputado.

O Bloco da Minoria (PSDB e DEM) ainda vai indicar um senador titular e um suplente.

Além do Brasil, o Parlasul é formado por parlamentares da Argentina, do Paraguai e do Uruguai.

Confira os representantes do PT indicados para o Parlasul:

Deputados titulares
- Benedita da Silva (RJ)
- Dr. Rosinha (PR)
- Emiliano José (BA)
- Jilmar Tatto (SP)
- Paulo Pimenta (RS)

Deputados suplentes:
- Bohn Gass (RS)
- Newton Lima (SP)
- Sibá Machado (AC)
- Weliton Prado (MG)
- Zé Geraldo (PA)

Senadores:
- Senador Paulo Paim (RS) – titular
- Senador Eduardo Suplicy – suplente
- Senador Humberto Costa (PE) – suplente

quinta-feira, 5 de maio de 2011

BIN LADEN - CRIAÇÃO DOS EUA

Como os Estados Unidos criaram o Bin Laden

Ironicamente, a CIA, encarregada de conduzir a operação que liquidou Bin Laden, está estreitamente associada ao surgimento do terrorista. Publicado originalmente no blog Outras Palavras.

Por Antonio Martins
Terça-feira, 3 de maio de 2011

A ordem formal para detonar o último esconderijo de Bin Laden foi dada por Barack Obama na manhã de sexta-feira, informou nesta manhã (2/5) o New York Times. Antes de rumar para o Alabama, onde acompanhou o socorro às vítimas de tornados violentos, o presidente determinou que forças especiais da central de inteligência dos EUA – a CIA desencadeassem o ataque. Instalado numa casa em Abbottabad, a apenas 50 quilômetros da capital do Paquistão, o líder da Al Qaeda teria resistido ao comando que o localizou. Segundo fontes norte-americanas, foi ferido na cabeça e em seguida, estranhamente, sepultado no mar. As circunstâncias exatas da operação ainda são desconhecidas.

Ironicamente, a CIA, encarregada de conduzir a operação que liquidou Bin Laden, está estreitamente associada ao surgimento do terrorista. Pouco se falará a respeito, nos próximos dias, mas tanto o homem de barbas longas e olhar calmo quanto a própria Al Qaeda foram conscientemente criados pelos Estados Unidos, no contexto da disputa contra a União Soviética, na “guerra fria”.

Os fatos estão disponíveis em algumas publicações alternativas norte-americanas, entre as quais destacam-se, o site Z-Net, a revista The Nation. Para esta escreve Robert Fisk, um repórter veterano e especializado em questões de Oriente Médio. Ele fala com a autoridade de quem se encontrou várias vezes, na condição de jornalista, com Bin Laden.

A última delas, conta, foi em 1997, nas montanhas do Afeganistão. Avistou o saudita na pose e nos trajes em que aparece costumeiramente na imprensa ocidental. Roupas afegãs tradicionais, refestelado em sua caverna, ar tranqüilo. Bin Laden aparentou um conhecimento muito superficial sobre a situação do mundo. Atirou-se sobre o jornal que Fisk tinha consigo. Deu a entender que a leitura lhe trazia muitas novidades, mas abandonou a atividade depois de meia hora. Preferiu falar sobre sua crença na proteção que lhe seria assegurada por Alá. Relatou os muitos episódios em que, ao enfrentar os ocupantes soviéticos do Afeganistão, salvou-se porque os foguetes que foram atirados sobre seus esconderijos deixaram de explodir. Afirmou não temer a morte, porque “como muçulmano, acredito que, quando morremos em combate, vamos para o Paraíso”. Mas não deixou, nem por um instante, o abrigo em que se encontrava. Fisk registra: era “uma relíquia dos dias em que combateu os soviéticos: um nicho de oito metros de altura escavado na rocha, à prova até mesmo de ataques de mísseis”.

Em nome da vitória sobre os soviéticos, acordo com os extremistas
Num outro texto — um artigo analítico assinado por Dilip Hiro, intitulado “O custo da ‘vitória’ afegã” The Nation revive as circunstâncias da aliança que acabaria envolvendo Washington e Bin Laden. O cenário é o Afeganistão; a época, a última fase da Guerra Fria. Em 1979, um golpe militar havia levado ao poder grupos ligados à União Soviética (URSS). Anticomunista fervoroso, Zbigniew Brzezinsky, assessor de Segurança Nacional do então presidente Jimmy Carter, vislumbra uma oportunidade de passar da defesa ao ataque. Não quer apenas reinstalar em Kabul um governo aliado ao Ocidente. Pretende disseminar, entre as populações muçulmanas da URSS, um tipo de pensamento religioso capaz de incitá-las ao máximo contra o governo de Moscou. The Nation frisa: havia alternativas, mesmo para os que, como o assessor de Segurança Nacional, estavam empenhados em promover a Guerra Fria. Exitiam no Afeganistão “diversos grupos seculares e nacionalistas opostos aos soviéticos”. Ao invés de apoiá-los, no entanto, a Casa Branca parte para o que julga ser uma cartada genial. Impulsiona as organizações afegãs mais fundamentalistas, reunidas, desde 1983, na Aliança Islâmica do Mujahedin Afegão (IAAM, em inglês).

Os instrutores valorizam ao máximo a guerra santa (Jihad) contra Moscou. A Casa Branca quer matar dois coelhos com uma só paulada. A suposta defesa do islamismo contra os ateus soviéticos serve para consolidar, no Paquistão, o poder de Zia ul-Haq, fiel aliado do Ocidente. O terceiro elo da coalizão é a Arábia Saudita, onde outro governo pró-americano, embora muito rico, necessita de reforço ideológico. Ao longo de alguns anos, os príncipes sauditas serão convidados a “doar” 20 bilhões de dólares para a cruzada da IAAM. Através da CIA, os Estados Unidos comparecerão com mais US$ 20 bi. Os rios de dinheiro verde servirão para recrutar e formar guerrilheiros fanatizados e armá-los até os dentes. Fazem parte de seu arsenal mísseis anti-helicópteros que serão decisivos para enfrentar e vencer tanto o governo pró-URSS quanto as próprias tropas soviéticas, que, em favor de seu aliado, ocuparam o país em 1979.

Um milionário saudita adere a estranhos “lutadores da liberdade”
É esse clima de extremismo e intolerância suscitado por Washington que atrairá o saudita Osama bin Laden ao Afeganistão. No início dos anos 80, quando chegou ao país, ele era apenas o jovem herdeiro milionário de uma família de empresários do ramo da construção. Estava fascinado pela jihad patrocinada pelos EUA. Foi o primeiro saudita a aderir a ela, e levou consigo, ao longo do tempo, pelo menos 4 mil compatriotas. Tornou-se líder dos “voluntários” no Afeganistão. Aproximou-se dos dirigentes do IAAM, que, graças ao apoio recebido da Casa Branca, constituiriam anos depois o governo Taliban. Construiu abrigos reforçados para depósito de armas, participou de ações guerrilheiras. Jamais lhe faltou apoio moral do Ocidente. O repórter Robert Fisk relata: “Estava no Afeganistão em 1980, quando Laden chegou. Ainda tenho minhas notas de reportagem daqueles dias. Elas recordam que os guerilheiros mujahedin queimavam escolas e cortavam as gargantas das professoras, porque o governo tinha decidido formar classes mistas, com meninos e meninas. O Times de Londres os chamava de ‘lutadores da liberdade’. Mais tarde, quando os mujahedins derrubaram (com um míssil inglês Blowpipe) um avião civil afegão com tripulação e 49 passageiros, o mesmo jornal os chamou de ‘rebeldes’. Estranhamente, a palavra ‘terroristas’ nunca foi usada para qualificá-los”

A partir de 1989, com o colapso do governo pró-soviético no Afeganistão e da própria União Soviética, os “voluntários” começaram a voltar a seus países. Ao retornarem ao mundo árabe, explica Dilip Hiro, formaram um grupo à parte, que se tornou conhecido como os “afegãos”. Tinham marcas muito características. A intolerância e o desprezo pela vida humana eram os mesmos cultivados sob comando e por determinação consciente dos Estados Unidos. Haviam adquirido, nos anos da luta anti-soviética, alta capacitação em práticas terroristas. Eram, contudo, menos inexperientes do ponto de vista político. Passaram a observar que países como a Arábia Saudita e o Egito eram governados por elites tão submissas aos Estados Unidos quanto era subordinado aos soviéticos o governo afegão contra o qual lutaram.


A cobra volta-se contra o ninho em que se criou
A guerra do Golfo os voltou de vez contra Washington. Encerrada a campanha contra o Iraque, em 1991, a Casa Branca descumpriu a promessa de retirar da Arábia Saudita — país onde estão as cidades sagradas de Meca e Medina — as bases militares e os milhares de soldados mobilizados contra Saddan Hussein. Bin Laden e seus liderados lembraram que isso contraria a Sharia , lei islâmica. Em 1993, o rei Fahd, talvez o mais fiel aliado dos EUA no mundo árabe, ainda cortejou o milionário, chegando a ponto de nomeá-lo para um Conselho Consultivo real. Em 94, depois de novos desentendimentos, Bin Laden foi expulso da Arábia Saudita. Em 96, declarou uma jihad contra a presença norte-americana no país. Afirmou então que “expulsar o ocupante americano é o mais importante dever dos muçulmanos, depois do dever da crença em Deus”. Dois anos depois, uma declaração conjunta assinada por uma frente de organizações fundamentalistas formada por Bin Laden exortava: “A determinação de matar os americanos e seus aliados — civis e militares — é um dever individual para todo muçulmano que possa fazê-lo em qualquer país onde isso for possível, com objetivo de libertar de suas garras a Mesquita de Al-Aqsa [em Jerusalém] e a Mesquita Sagrada [Meca]. Isso está em consonância com as palavras de Deus todo poderoso”.

Em seu relato para The Nation, Robert Fisk lembra que Bin Laden não é o primeiro aliado com quem a Casa Branca se relaciona intimamente durante certo tempo, para mais tarde, quando já não necessita de seus serviços, acusá-lo — com ou sem motivos — de terrorista. Ele cita os casos de Saddan Hussein, visto como herói quando atacou com armas químicas o Irã; ou de Iasser Arafat, considerado “super-terrorista” quando liderava a luta pela libertação da Palestina e mais tarde “respeitável homem de Estado”, ao firmar com Israel acordos de paz jamais cumpridos.

Bastaria olhar para a América Latina para encontrar outros múltiplos exemplos de relações privilegiadas entre Washington e terroristas, praticantes de golpes de Estado, governantes tirânicos, corruptos, torturadores. Num outro sentido, menos direto, porém mais ameaçador, a aliança com o terror está, aliás, sendo reeditada neste exato momento. Bin Laden usa a opressão dos EUA e de Israel contra o mundo árabe como pretexto para justificar sua intolerância e atos criminosos. Todas as declarações dos governantes norte-americanos feitas após os atentados de 11 de setembro indicam que a Casa Branca pretendem apoiar-se no risco real do terror para desencadear uma ofensiva militar e política que, se não for barrada, transformará o planeta num local muito mais violento, antidemocrático e desigual. Talvez por isso, as sociedades tenham o direito de dizer que, contra a barbárie dos extremistas e do Império, a única saída é a construção de um mundo novo.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

ZÉ DIRCEU CLAMA CONTRA A REPRESSÃO NO IRÃ

blog do zé

Não dá para aceitar a repressão no Irã

Publicado em 15-Fev-2011


Ahmadinejad apoiou queda de Mubarak, mas iguala-se a ele...
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Ahmadinejad
O próprio presidente do país, Mahmoud Ahmadinejad, apoiou a revolta popular no Egito e agora reprime a oposição em seu país! Nesta 2ª feira (ontem) milhares de iranianos saíram às ruas da capital, Teerã, e da cidade de Isfahan, para comemorar a vitória do povo egípcio e a derrubada da ditadura de 30 anos do general Hosni Mubarak.

Resultado: muita repressão, violência e dois mortos. Porque agora Ahmadinejad não autoriza mais manifestações, prende oposicionistas, censura a Internet e usa de milícias paramilitares para reprimir os manifestantes. Ou seja, iguala-se a seu homólogo ditador Hosni Mubarak.

No Egito volta-se a viver dias de esperança. O Comando Militar que assumiu o país e passou a governar por decreto, recebeu um comitê formado por sete representantes da rebelião popular que derrubou a ditadura, e prometeu concluir em 10 dias mudanças constitucionais que serão submetidas a referendo popular dentro de dois meses.

Por que não convocam eleições para um novo Congresso ou uma assembléia constituinte? A questão agora, então, é quem fará as mudanças e em que direção.

Além de democratizar o país - maior exigência da população rebelada por 18 dias até derrubar o regime - as forças que derrotaram a oligarquia Mubarack conseguirão mudar o país, sua estrutura de poder, sua economia e sociedade, ou tudo continuará como antes, só que agora sem Mubarack?


Fotos: Marcelo Casal Jr/ ABr

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

ENTREVISTA DE DILMA A "THE WASHINGTON POST"

No Brasil, de prisioneira a Presidente
(Via O Biscoito Fino e a Massa)

Por Lally Weymouth
Tradução de Paula Marcondes e Josi Paz, revisão de Idelber Avelar .

Ter sido uma presa política lhe dá mais empatia com outros presos políticos?
Sem dúvida. Por ter experimentado a condição de presa política, tenho um compromisso histórico com todos aqueles que foram ou são prisioneiros somente por expressarem suas visões, sua opinião pública, suas próprias opiniões.

Então, isso afetará sua política em relação ao Irã, por exemplo? Por que o Brasil apóia um país que permite o apedrejamento de pessoas, que prende jornalistas?
Acredito que é necessário fazermos uma diferenciação no [que queremos dizer quando nos referimos ao Irã]. Eu considero [importante] a estratégia de construir a paz no Oriente Médio. O que vemos no Oriente Médio é a falência de uma política – de uma política de guerra. Estamos falando do Afeganistão e do desastre que foi a invasão ao Iraque. Não conseguimos construir a paz, nem resolver os problemas do Iraque. Hoje, o Iraque está em guerra civil. Todos os dias, morrem soldados dos dois lados. Tentar trazer a paz e não entrar em guerra é o melhor caminho.

[Mas] eu não endosso o apedrejamento. Eu não concordo com práticas que possuem características medievais [quando se trata de] mulheres. Não há nuances; não faço concessões nesse assunto.

O Brasil se absteve em votar na recente resolução sobre os direitos humanos na ONU .
Eu não sou Presidente do Brasil [hoje], mas eu me sentiria desconfortável, como mulher eleita Presidente, não dizendo nada contra o apedrejamento. Minha posição não vai mudar quando eu assumir o cargo. Eu não concordo com a forma em que o Brasil votou. Não é minha posição.

Muitos norte-americanos sentiram empatia pelo povo iraquiano que se rebelou nas ruas. Por isso me pergunto se sua posição sobre o Irã seria diferente daquela do seu atual Presidente, que possui boa relação com o regime iraquiano.
O Presidente Lula tem seu próprio histórico. Ele é um presidente que defendeu os direitos humanos, um presidente que sempre apoiou a construção da paz.

Como a Sra. vê a relação do Brasil com os EUA? Como gostaria de vê-la evoluir?
Considero a relação com os EUA muito importante para o Brasil. Tentarei estreitar os laços. Eu admirei muito a eleição do Presidente Obama. Acredito que os EUA revelaram uma grande capacidade de mostrar que são uma grande nação, e isso surpreendeu o mundo. Pode ser muito difícil ser capaz de eleger um Presidente negro nos os EUA – como era muito difícil eleger uma mulher Presidente do Brasil.

Eu acredito que os EUA têm uma grande contribuição a dar ao mundo. E, acima de tudo, acredito que o Brasil e os EUA têm um papel a cumprir juntos no mundo. Por exemplo, temos um grande potencial para trabalhar juntos na África, porque na África podemos construir uma parceria para disponibilizar tecnologias agrícolas, produção de biocombustíveis e ajuda humanitária em todos os campos.

Também acredito que, neste momento de grande instabilidade por causa da crise global, é fundamental que encontremos formas que garantam a recuperação das economias dos países desenvolvidos, porque isso é fundamental para a estabilidade do mundo. Nenhum de nós no Brasil ficará confortável se os EUA mantiverem altos índices de desemprego. A recuperação dos EUA é importante para o Brasil porque os EUA têm um mercado consumidor fantástico. Hoje, o maior superávit comercial dos EUA é com o Brasil.

A Sra. culpa o afrouxamento monetário [quantitative easing] por isso?
O afrouxamento monetário é um fato que nos preocupa muito, porque significa uma política de desvalorização do dólar que tem efeitos sobre o nosso comércio exterior e também na desvalorização da nossas reservas de divisas, que são em dólares. Para nós, uma política de dólar fraco não é compatível com o papel que os EUA têm, já que a moeda dos EUA serve como reserva internacional. E uma política sistemática de desvalorização do dólar pode provocar reações de protecionismo, que nunca é uma boa política a ser seguida.

Quando a Sra. planeja visitar os EUA? Sei que foi convidada para antes de sua posse, em 1º de janeiro, mas não podia ir.
Eu não estou aceitando os convites que recebo. Não estou visitando países estrangeiros. Tenho que montar o meu governo. Tenho 37 ministros para nomear. Estou planejando visitar o Presidente Barack Obama nos primeiros dias após minha posse, se ele me receber.

Então a Sra. convidará o Presidente Obama para vir ao Brasil?
Nós já o convidamos informalmente, durante a reunião do G-20.

Há preocupações na comunidade empresarial dos EUA sobre se o Brasil continuará o caminho econômico definido pelo Presidente Lula.
Não há dúvida sobre isso. Por quê? Porque para nós foi uma grande conquista do nosso país. Não é uma conquista de uma única administração – é uma conquista do Estado brasileiro, do povo de nosso país. O fato de que conseguimos controlar a inflação, ter um regime de câmbio flexível e ter a consolidação fiscal de forma que, hoje, estamos entre os países com a menor relação dívida / PIB do mundo. Além disso, temos um déficit não muito significativo. Não quero me gabar, mas temos um déficit de 2,2 por cento. Pretendemos, nos próximos quatro anos, reduzir a proporção dívida / PIB para garantir essa estabilidade inflacionária.

A Sra. disse publicamente que gostaria de ver as taxas de juro caírem. A Sra. irá cortar o orçamento ou reduzir o aumento anual de gastos do governo?
Não há como cortar as taxas de juros a menos que você reduza seu déficit fiscal. Somos muito cautelosos. Temos um objetivo em mente: que as nossas taxas de juros sejam convergentes com as taxas de juros internacionais. Para conseguir chegar lá, um dos pontos mais importantes é a redução da dívida pública. Outra questão importante é melhorar a competitividade de nossos setores agrícola e de manufatura. Também é muito importante que o Brasil racionalize seu sistema fiscal.

Se a Sra. quer baixar as taxas de juros, a Sra. tem que cortar os gastos ou aumentar a economia doméstica.
Você não pode se esquecer do crescimento econômico. Você tem que combinar muitas coisas.

Qual é seu plano?
Meu plano é continuar a trajetória que seguimos até aqui. Conseguimos reduzir nossa dívida de 60% para 42%. Nosso objetivo é atingir 30% do PIB. Eu preciso racionalizar os meus gastos e, ao mesmo tempo, ter um aumento do PIB, que leve o país adiante.

Então o que a Sra. quer dizer com “racionalizar gastos”?
Não estamos em uma recessão aqui. Nós não temos que cortar os gastos do governo. Nós vamos cortar despesas, mas vamos continuar a crescer.

Estamos seguindo um caminho muito especial. Este é um momento no qual o país está crescendo. Temos estabilidade macroeconômica e, ao mesmo tempo, muito orgulho do fato de que conseguimos reduzir a extrema pobreza no Brasil.

Trouxemos 36 milhões de pessoas para a classe média. Tiramos 28 milhões da pobreza extrema. Como conseguimos isso? Políticas de transferência de renda. O Bolsa Família é um dos maiores exemplos.

Explique como funciona o Bolsa Família.
Pagamos um estipêndio, que é uma renda para os pobres. Eles recebem um cartão e sacam o dinheiro, mas têm duas obrigações a cumprir: colocar seus filhos na escola e provar que eles comparecem a 80% das aulas. Ao mesmo tempo, as crianças também devem receber todas as vacinas e passar por uma avaliação médica quando recebem as vacinas. Esse foi um fator, mas não foi o único.

Criamos 15 milhões de novos empregos durante a administração do Presidente Lula. Este ano, já criamos 2 milhões de novos empregos.

A Sra. é tão próxima do Presidente Lula. Será mesmo diferente ou apenas uma continuação da administração dele?
Eu acredito que minha administração será diferente da do Presidente Lula. O governo do Presidente Lula, do qual fiz parte, construiu uma base a partir da qual vou avançar. Não vou repetir a administração dele porque a situação no país hoje é muito melhor do que era em 2002.

Eu tenho os programas governamentais em andamento, que ajudei a desenvolver, como o chamado Minha Casa, Minha Vida, que é um programa de habitação.

Meus desafios são outros. Vou ter que solucionar questões como a qualidade da saúde pública no Brasil. Vou ter que criar soluções para problemas de segurança pública.

O Brasil passou por mais de 30 anos sem investir em infra-estrutura em uma quantidade suficiente. O governo do Presidente Lula começou a mudar isso. Eu tenho que resolver as questões rodoviárias no Brasil, as ferrovias, as estradas, os portos e os aeroportos.

Mas há uma boa notícia: descobrimos petróleo em águas profundas.

A Sra. está sugerindo que essa descoberta irá financiar a infra-estrutura?
Criamos um Fundo Social [no qual] alguns dos recursos do governo oriundos da descoberta do petróleo serão investidos em educação, saúde, ciência e tecnologia.

A Sra. tem que preparar o pais para a Copa do Mundo e para as Olimpíadas.
Sim, mas eu também tenho outro compromisso, que é acabar com a pobreza absoluta no Brasil. Nós ainda temos 14 milhões na pobreza. Esse é meu maior desafio.

Todos os empresários que conheci em São Paulo disseram que precisam estar muito preparados para as reuniões com a Sra., porque a Sra. conhece bem a maioria dos projetos.
Sim, é verdade. Eu acho que é uma característica feminina. Nós apreciamos os detalhes. Eles, não.

O que significa, para a Sra., ser a primeira mulher Presidente do Brasil?
Até eu acho incrível.

Quando a Sra. decidiu que queria ser Presidente?
Foi um processo. Não há uma data. Comecei a trabalhar com o Presidente Lula e ele começou a dar algumas dicas sobre eu vir a ser indicada à presidência, mas ele não foi claro no começo. Foi uma grande honra para mim, mas eu não estava esperando.

A partir do momento que ficou claro para mim que eu seria indicada, dois anos atrás, eu sabia que tínhamos criado as condições adequadas para tornar possível a vitória nas eleições. O Presidente Lula teve uma excelente administração e o povo brasileiro reconheceu e admitiu isso. Somos uma administração diferente – nós ouvimos o povo.

A Sra. recentemente lutou contra o câncer.
Sim, mas acredito que consegui lidar bem com isso. As pessoas têm que saber que o câncer pode ser curado. Quanto mais cedo você descobre, melhores suas possibilidades de cura. É por isso que a prevenção é importante. . . .

Acredito que o Brasil estava preparado para eleger uma mulher. Por quê? Porque as mulheres brasileiras conquistaram isso. Eu não cheguei aqui sozinha, só pelos meus méritos. Somos a maioria neste país.

PS: Original em inglês aqui. Todos os textos d’O Biscoito Fino e a Massa estão licenciados em Creative Commons. Ou seja, você pode reproduzi-los à vontade, desde que com correta atribuição de autoria (ou de tradução, conforme o caso) e link para a fonte.


WIKILEAKS SEGUNDO O DIPLÔ



Wikileaks, a novela diplomática do ano

O jornalista australiano Julian Assange, responsável pelo site Wikileaks, não para de divulgar informações, antes confidenciais, sobre guerras, bancos, governos e relações diplomáticas. E ele promete, muito ainda está por vir.

por Renaud Lambert e Philippe Rivière

Ao anunciar, em 28 de novembro, que divulgaria 251.287 telegramas diplomáticos internos do departamento de Estado americano, o site Wikileaks deixou as chancelarias em alvoroço. Nos Estados Unidos, a secretária de Estado, Hillary Clinton, insurgiu-se contra o que chamou de “ataque aos interesses diplomáticos estadunidenses e da comunidade internacional”. Ainda que não se possa encontrar nesses documentos “a” verdade absoluta, o site desvenda, em primeira mão, uma versão “bruta” da percepção de mundo dos diplomatas estadunidenses, que também transparece na transcrição de suas conversas com seus aliados e outros líderes.

Vimos, durante a conferência de Copenhague sobre o clima, como um hacker conseguiu espalhar, em praça pública, todas as comunicações particulares dos pesquisadores implicados no estudo das mudanças climáticas, provocando reações fulminantes. Nesse caso, não houve revelações, mas a divulgação de e-mails que desestabilizaram a comunidade científica em um momento crucial. Entretanto, eram apenas trocas de mensagens entre universitários. Com as comunicações do departamento de Estado, entramos em uma nova dimensão do furto virtual. Piratear a Siprnet, rede privada da diplomacia estadunidense, e mostrar que até mesmo os EUA não podem garantir a confidencialidade de suas comunicações, é, sem dúvida, o roubo do século...

Após sua primeira jogada de mestre – a publicação de documentos sobre o banco islandês Kaupthing Bank –, a organização do jornalista australiano Julian Assange reiterou sua façanha ao publicar o vídeo de um "incidente" das forças estadunidenses no Iraque e depois os relatórios sobre o Afeganistão. Nesses dois últimos casos, trata-se de uma publicação em massa de observações de campo que ilustram o dia-a-dia dessas guerras. Desta vez, a Wikileaks parece ter mudado sua estratégia de publicação.Frustrado por uma repercussão da mídia que se limitava muitas vezes a falar do funcionamento do site em si ou da personalidade controversa de seu líder carismático, Assange desejava controlar o ritmo de revelação de seus documentos e associou-se a jornais prontos para trabalhar sobre cada um deles, soltando-os a conta gotas: "As comunicações das embaixadas serão divulgadas por etapas no decorrer dos próximos meses.Os teores desses telegramas são de tal importância e sua cobertura geográfica de tal extensão, que proceder de outra maneira não faria justiça a esses documentos.”

Nos primeiros dias, os cinco jornais associados à Wilileaks tiveram acesso a textos que mostravam o quanto os dirigentes de vários países árabes podiam se mostrar críticos em relação ao Irã, empregando em suas discussões com os diplomatas estadunidenses um vocabulário e argumentos completamente diferentes dos usados com seus povos. Os telegramas diplomáticos também revelaram as ordens dadas por Hillary Clinton a sua equipe de diplomacia para que fossem espionados executivos da Organização das Nações Unidas, anotando suas impressões biométricas, “nomes, títulos e outras informações contidas nos cartões de visita; números de telefone fixos, celulares, de pagers e de fax; contatos telefônicos e listas de e-mails; senhas de internet e intranet; números de cartões de crédito; números de cartões de fidelidade de companhias aéreas; horários de trabalho”. A imprensa se divertiu ao ver como os funcionários estadunidenses qualificavam os dirigentes europeus, fossem eles russos ou líbios.

Mas é muito cedo para fazer um balanço daquilo que poderá se tornar uma novela inédita e longa – ainda mais porque Assange prometeu atacar também o setor das empresas privadas, com revelações sobre um “grande banco estadunidense”. C

Para ilustrar o potencial desses documentos, o Le Monde Diplomatique debruçou-se sobre um deles, que traz uma luz complementar para a atualidade recente.Trata-se do telegrama “Tegucigalpa 000645” que se refere a Honduras. Nele se vê que, caso o departamento de Estado, de fato, tenha permitido que o governo do presidente Manuel Zelaya caísse em 28 de junho de 2009, seu embaixador em Honduras, Hugo Llorens, foi categórico em classificar o que ocorrera como um golpe de Estado.

No dia 24 de julho de 2009, aproximadamente um mês depois dos acontecimentos, Llorens enviou um telegrama para vários interlocutores, entre os quais Thomas Shannon, o atual embaixador dos Estados Unidos no Brasil, que ocupava na época o cargo de secretário de Estado adjunto nos assuntos do continente americano que escreveu: “A análise da embaixada é indiscutível. No dia 28 de junho as forças armadas, a Corte Suprema e o Congresso conspiraram no âmbito do que constitui um golpe de Estado ilegal e anticonstitucional contra o poder executivo (mesmo reconhecendo que, a primeira vista, pudessem existir elementos indicando que Zelaya se colocou na ilegalidade e violou a Constituição).Também não há duvidas que a tomada de poder por Roberto Micheletti [presidente de fato a partir de 28 de junho de 2009] tenha sido ilegítima.”

O diplomata listou “os argumentos, muitas vezes ambíguos” dos golpistas para justificar a legalidade de sua manobra: “Zelaya se colocou fora da lei (uma suposição que nunca se sustentou); Zelaya pediu demissão (uma invenção); Zelaya tinha a intenção de prolongar a duração de seu mandato (uma simples conjectura)”. Llorens concluiu: “Pensamos que nenhum desses argumentos tem o mínimo valor segundo a constituição hondurenha. Alguns são simplesmente falsos. Outros se baseiam sobre suposições ou racionalizações a posteriori de uma ação manifestamente ilegal”.

Observando que “são muitos os oficiais hondurenhos, inclusive presidentes, desde o primeiro governo eleito sob a constituição de 1982, que propuseram autorizar a reeleição de um presidente no fim do seu mandato” e que “nunca se achou necessário destituí-los de seu posto para tal”, o diplomata estadunidense resumiu: “Os acontecimentos de 28 de junho somente podem ser considerados como um golpe de Estado do poder legislativo – com o apoio do poder judiciário e das Forças Armadas - contra o poder executivo.”

Contudo, a administração americana contentou-se em suspender o pagamento de uma fração mínima do auxílio que destinava ao país (de um montante de US$ 31 milhões).Hillary Clinton, próxima do lobista Lanny Davis – que rapidamente se colocou à serviço dos putchistas hondurenhos –, anunciou a retomada do financiamento no dia 4 de março de 2010. No mesmo dia, ela convidava a Organização dos Estados Americanos (OEA) a reconhecer o governo de Pofirio Lobo, vencedor, em 29 de novembro de 2009, de um escrutínio ilegítimo (uma vez que organizado por um governo ilegítimo), e empossado desde o dia 27 de janeiro de 2010. Por outro lado, Hillary o cumprimentava por ter “restaurado a democracia” em Honduras.

Desde a chegada de Lobo ao poder, diversos advogados foram sequestrados ou intimidados. Nove jornalistas, assim como várias dezenas de camponeses e militantes políticos foram assassinados.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Brasil reconhece Estado palestino nas fronteiras de pré-1967

Após carta enviada por Abbas, Lula diz que decisão é parte da posição brasileira em favor das negociações

SÃO PAULO - O Itamaraty anunciou nesta sexta-feira, 3, que o governo brasileiro reconheceu o Estado palestino nas fronteiras anteriores à guerra dos Seis Dias, em 1967. O pedido havia sido feito pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em carta datada do dia 24 de novembro.

"Por considerar que a solicitação apresentada por Vossa Excelência é justa e coerente com os princípios defendidos pelo Brasil para a Questão Palestina, o Brasil, por meio desta carta, reconhece o Estado palestino nas fronteiras de 1967", diz Lula na carta a Abbas.

Na correspondência enviada a Lula, o líder palestino diz que a posição de Israel em ampliar os assentamentos na Cisjordânia dificulta qualquer possibilidade de se alcançar um acordo por meio de negociações e inviabiliza a solução de dois Estados.

"Essa será uma decisão importante e histórica, porque encorajará outros países em seu continente e em outras regiões do mundo a seguir a sua posição de reconhecer o Estado palestino", escreveu Abbas.

De acordo com nota divulgada pelo Itamaraty, a iniciativa é coerente com a disposição histórica do Brasil de contribuir para o processo de paz entre Israel e Palestina e não interfere nas negociações.

O que muda

Com a decisão, a Delegação Especial Palestina em Brasília passará a ser formalmente uma embaixada, status que já tinha desde 1998.

Para o embaixador palestino no Brasil, Ibrahim al-Zeben, apesar da pequena mudança do ponto de vista prático, o reconhecimento é um grande apoio político aos palestinos e ao processo de paz.

"Obviamente estamos muito felizes. O Brasil tem um peso mundial muito importante, como foi demonstrado nos últimos anos. É o maior país do hemisfério, um país respeitado e que mantém boas relações com Israel e com o mundo árabe. É uma decisão acertada", disse.

Segundo o professor Salem Nasser, coordenador do Núcleo de Direito Global da Direito GV, a decisão brasileira pode ser explicada pelo contexto geopolítico na região.

De acordo com o analista, o cancelamento das negociações de paz pode levar os palestinos a Autoridade Palestina a buscar uma declaração unilateral da independência e pedir que as Nações Unidas aceitem o Estado nas fronteiras pré-1967, o que incluiria a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, territórios que na época pertenciam à Jordânia e ao Egito.

"Assim, os EUA se veriam forçados ou a aceitar a declaração de um Estado palestino, ou a vetá-la", diz. O professor ressalta que, mesmo se a ANP optar por este caminho, Israel continuará com o controle efetivo de maior parte da Cisjordânia.

Independência palestina

A independência do Estado palestino foi declarada unilateralmente pela Organização para Libertação da Palestina em 1988, mas não é reconhecida pelas Nações Unidas. Entre os países que consideram a Palestina um Estado estão emergentes como Rússia, China, África do Sul, Índia, países árabes e asiáticos. Segundo o Itamaraty, são mais de 100 países.

A Autoridade Palestina tem uma Delegação Especial no Brasil desde 1993, quando os acordos de Oslo foram assinados entre Yasser Arafat e Yitzhak Rabin. Em 1998, a delegação passou a ter o tratamento equiparado ao de uma Embaixada, para todos os efeitos.

Os acordos de Oslo constituíram a Autoridade Palestina, que controla as principais cidades da Cisjordânia, mas Israel detém cerca de 60% do território. Desde 2005, Israel saiu da Faixa de Gaza, governada pelo Hamas.


Negociações interrompidas

As negociações de paz entre israelenses e palestinos, retomadas no começo de setembro, estão paralisadas desde o fim da moratória na construção de assentamentos na Cisjordânia, no final daquele mês.

Os EUA vem tentando convencer Israel a paralisar as construções novamente por três meses, para retomar as negociações e definir as questões principais que ficaram de fora dos acordos de Oslo. São elas a situação dos refugiados palestinos, o status de Jerusalém e as fronteiras finais do Estado palestino.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Modelo brasileiro de apoio a refugiados pode servir de exemplo para a América Latina, diz ONU



Da Agência Brasil

Brasília - O modelo adotado pelo governo brasileiro para dar assistência a refugiados deve servir de inspiração para iniciativas de integração em outros países da América Latina. A conclusão é da diretora da Agência para Refugiados da Organização das Nações Unidas (Acnur) para as Américas, Marta Juarez, que passou uma semana visitando regiões distintas do Brasil. Atualmente, vivem no país cerca de 4,3 mil refugiados, de 76 nacionalidades.

“É muito positiva a articulação no Brasil entre o Acnur, seus parceiros implementadores e diferentes setores sociais. As parcerias permitem ao refugiado ter acesso a moradia temporária, serviços sociais, educação e cursos de capacitação profissional. Com isso, ele pode buscar emprego e contribuir com a comunidade que o acolheu”, afirmou Juarez.

As informações são da agência de notícias da Acnur. Juarez elogiou, em especial, os projetos executados pela Acnur em parceria com a Cáritas Arquidiocesana de São Paulo. A diretora da agência foi a Brasília e visitou projetos do Acnur em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Ela elogiou também a prioridade dada à integração local dos refugiados. Juarez veio ao Brasil para participar do Encontro Internacional sobre Proteção de Refugiados, Apátridas e Movimentos Migratórios Mistos nas Américas – que ocorreu no último dia 11 em Brasília. Na ocasião também foi comemorado o 60º aniversário da agência.

“A América Latina pode ajudar a promover e a colocar em ação o conceito de proteção das pessoas de interesse do Acnur nos meios urbanos, e o Brasil é exemplo para a região”, acrescentou Marta Juarez.

Em seguida a diretora acrescentou que “há ótimos exemplos de refugiados integrados com sucesso, e tanto no Brasil como nas Américas as comunidades têm sido acolhedoras e o governo local está trabalhando efetivamente para apoiá-los”.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

ISRAEL AFRONTA O MUNDO E MATA CIVIS EM ÁGUAS INTERNACIONAIS


Israel ataca barcos que tentavam furar bloqueio a Gaza

Pelo menos 16 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas no ataque israelense à "Frota da Liberdade"

BBC Brasil | 31/05/2010 03:56

A Marinha de Israel atacou nesta segunda-feira uma frota de embarcações com ativistas pró-palestinos que tentavam furar o bloqueio à Faixa de Gaza e entregar suprimentos à região.

Segundo a TV israelense, até 16 pessoas teriam morrido. Em um comunicado, a Marinha de Israel disse ter respondido a disparos que partiram das embarcações durante a abordagem.

Em entrevista à rádio do Exército, o ministro da Indústria e Comércio de Israel, Binyamin Ben-Eliezer, disse lamentar as mortes.

A exata localização das embarcações é incerta. Israel teria advertido as embarcações para que não invadissem suas águas territoriais. Mas, segundo os ativistas, os barcos estavam em águas internacionais, a mais de 60 quilômetros da costa.

Suprimentos

Os barcos, organizados pela ONG Free Gaza, levavam 750 ativistas e cerca de 10 mil toneladas de suprimentos para a Faixa de Gaza.

Foto: AP

Imagens amadoras divulgadas por grupo que levava ajuda humanitária até a Faixa de Gaza mostram soldados israelenses a bordo de um dos barcos

Imagens da TV turca feitas a bordo do barco turco que liderava a frota mostram soldados israelenses lutando para controlar os passageiros. As imagens mostram algumas pessoas, aparentemente feridas, deitadas no chão. O som de tiros pode ser ouvido.

A TV árabe Al-Jazeera relatou, da mesma embarcação, que as forças da Marinha israelense haviam disparado e abordado o barco, ferindo o capitão.

A transmissão das imagens pela Al-Jazeera foi encerrada com uma voz gritando em hebraico: “Todo mundo cale a boca!”.

"Provocação"

A frota de seis embarcações havia deixado as águas internacionais próximo à costa do Chipre no domingo e pretendia chegar a Gaza nesta segunda-feira.

Israel havia dito que bloquearia a passagem dos barcos e classificou a campanha de “uma provocação com o intuito de deslegitimar Israel”.

Israel decretou um bloqueio quase total à entrada de mercadorias na Faixa de Gaza desde que o grupo islâmico Hamas tomou à força o controle da região, em junho de 2007.

O Hamas é acusado pelos disparos de milhares de mísseis contra o território israelense na última década. Israel diz que permite a entrada de 15 mil toneladas de suprimentos de ajuda humanitária a Gaza a cada semana. Mas a Organização das Nações Unidas diz que isso é menos de um quarto do necessário.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

O BRASIL FAZ A DEFESA DA DEMOCRACIA NA AMÉRICA LATINA

6 de Maio de 2010 - 14h20

Madri cede a pressão brasileira e manterá Honduras fora da cúpula
Após ameaça dos países latino-americanos de boicotarem a Cúpula União Europeia-América Latina e Caribe, a Espanha cedeu à pressão, limitando a participação do presidente de Honduras, Porfírio Lobo, no evento.


O Itamaraty disse ontem que foi informado pelo governo espanhol que Lobo estará presente apenas na atividade entre a UE e a América Central, para a assinatura de um acordo comercial. A decisão abre espaço para a presença dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Cristina Kirchner e outros chefes de Estado da região que haviam ameaçado não comparecer ao encontro caso o líder hondurenho estivesse presente.

Fontes da UE afirmaram que um acordo sobre a participação de Lula na cúpula já havia sido alcançado. O Palácio do Planalto confirmou, em conversas privadas com o bloco, a viagem do presidente a Madri, no dia 17. Em Brasília, assessores do Planalto afirmaram que a solução encontrada pelo governo espanhol foi considerada satisfatória.

A participação de Lobo deve agora ocorrer um dia depois da cúpula, na qual participarão Lula, Hugo Chávez e outros líderes que se opõem ao governo hondurenho, eleito sob um regime golpista. Lobo teria, então, sua participação suspensa no evento principal. Assim, a UE não precisaria passar pelo embaraço de desconvidar Lobo. No entanto, ao mesmo tempo, não criaria um mal-estar completo com a maior parte da região.

"Convidamos todos os presidentes e estamos trabalhando para que a cúpula tenha êxito", limitou-se a dizer o porta-voz do governo da Espanha, Juan Cierco. Ele admitiu, porém, que existem problemas em relação à participação de Honduras na reunião. Na chancelaria espanhola, a porta-voz Arancha Banon rejeitou confirmar se Lobo terá sua participação limitada. "Não falaremos mais nada sobre o assunto."

No Itamaraty, altos funcionários dão o tema como resolvido diante das garantias que receberam de que Lobo e Lula não se cruzariam em Madri. A decisão da Espanha de convidar Honduram para o evento foi duramente criticada pelo governo brasileiro. Também reagiram Caracas e Buenos Aires.

No governo brasileiro, a avaliação foi de que a Espanha, que está na presidência da União Europeia (UE), estaria "forçando a barra" ao convidar Honduras, que foi expulsa da Organização dos Estados Americanos (OEA), para a assinatura do acordo de livre comércio com os países da região. "Não há mais espaço para rupturas institucionais e golpes militares na nossa região", disse Lula.