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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

DENÚNCIA: PREFEITURA DE SP FAZ DESPEJO DE MORADORES ATRAVÉS DE AMEAÇAS


Terceirizado da prefeitura de SP comanda despejos em favelas e ameaça moradores


Por: Leandro Melito, Rádio Brasil Atual


São Paulo – Francisco Evandro Ferreira Figueiredo é o funcionário da BST Transportadora contratado pela Prefeitura de São Paulo para “fazer a faxina”, termo que utiliza quando se refere à remoção de moradores das comunidades pobres nas periferias de São Paulo. Este ano, a Rádio Brasil Atual já flagrou Evandro – como é mais conhecido – em dois despejos truculentos, sem mandado judicial. Lideranças de movimentos sociais criticam a violência nos despejos e a falta de alternativas habitacionais para as famílias retiradas.

Na Favela do Sapo, zona oeste da capital, os moradores denunciaram que Evandro se apresentava armado, dizia ser funcionário da Prefeitura e intimava-os a deixarem suas casas. Em fevereiro deste ano, sob seu comando, funcionários do poder público municipal derrubaram 17 casas na comunidade, com o acompanhamento da Polícia Militar e da Guarda Civil Municipal, sem apresentar mandado judicial de reintegração de posse ou qualquer documento que legitimasse a ação. Os moradores se mobilizaram e, com a ajuda de parlamentares e representantes de movimentos sociais de moradia, conseguiram impedir que mais casas fossem derrubadas.
Assista

Confira a ação do contratado pela prefeitura para lidar com a população de áreas periféricas da cidade, alvos de ação do poder público municipal. (Vídeo: Leandro Melito e Vanessa Nicolav)

A própria superintendente de Habitação Social da Secretaria Municipal de Habitação, Elizabete França, teria confirmado a contratação do funcionário, em reunião com o vereador Carlos Neder. “Evandro foi contratado para derrubar casas, para tirar as pessoas da favela”, admitiu.

Embora a ação irregular de despejo forçado tenha sido interrompida na favela do Sapo, seis meses depois Evandro foi visto novamente em atuação, desta vez no Jardim São Francisco, na zona leste, a terceira maior favela da cidade, em novo despejo ordenado pela prefeitura.
Sem contrapartidas

A expulsão dos moradores da comunidade está ligada ao projeto de urbanização batizado de São Francisco Global, que custará aos cofres públicos R$ 237 milhões. Para o projeto, a prefeitura terceirizou não apenas a execução da obra, mas também a retirada dos moradores, que ficou sob responsabilidade da empreiteira Consórcio EIT Santa Bárbara. Responsável por uma série de projetos urbanísticos na cidade, a empreiteira foi responsável pelo despejo truculento realizado em 2008 no Parque Cocaia, e chegou a ser alvo de uma ação da Defensoria Pública.

A remoção das casas do Jardim São Francisco teve início na segunda quinzena de julho. Sem oferecer nenhuma contrapartida habitacional, os moradores foram intimados a deixar suas casas por seguranças terceirizados acompanhados de integrantes da Guarda Ambiental e da Guarda Civil Municipal.

Douglas Alves Mendes, secretário-executivo do Movimento Ação Cultura e Ecologia, entidade de defesa dos moradores da região de São Mateus, registou um boletim de ocorrência para denunciar a truculência da prefeitura na remoção dos moradores. “Eles vêm simplesmente com a Guarda Ambiental e com seguranças da empreiteira e tentam tirar os moradores à força”, relata.

Após uma manifestação realizada por membros da comunidade em frente à Subprefeitura de São Mateus, uma comissão foi recebida e o despejo momentaneamente paralisado. A subprefeitura de São Mateus está entre as nove que sofreram recentes alterações de administradores sob o comando do prefeito Gilberto Kassab (ex-DEM, em direção ao PSD). Na segunda-feira (8), o então subprefeito da região, Ademir Aparecido Ramos, oficial de reserva da PM, trocou de posto com José Guerra Júnior, que é coronel da reserva da PM. Ademir vai para Ermelino Matarazzo e Guerra, há dois meses no cargo, assume São Mateus.

Apesar da interrupção momentânea dos despejos, a situação no Jardim São Francisco continua sendo motivo de preocupação. Nesta quinta-feira (11), a Defensoria Pública, o escritório modelo Dom Paulo Evaristo Arns da Pontifícia Universidade Católica (PUC) e moradores da comunidade reúnem-se para definir as ações que serão tomadas para barrar definitivamente os despejos e realizar a regularização dos moradores junto ao atendimento habitacional da prefeitura.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

ZÉ DIRCEU E O FALSO MORALISMO DA OPOSIÇÃO DESESPERADA

Ao velho estilo udenista, oposição assume bandeiras da mídia contra o governo


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Agora querem atingir o PMDB. Uma liderança nacional oposicionista, inclusive, detalhou com todas as letras que o objetivo é desmontar a maioria governista e desfazer a coalizão que lhe dá sustentação. Tentam por aí, já que não conseguem fazer oposição ao governo no campo social e econômico, nem no político, uma vez que as urnas, a soberania popular, deram ampla maioria no Congresso a presidenta Dilma. Os oposicionistas se esquecem, ou imaginam que a opinião pública não percebe, que nenhum governo tucano - a começar pelos de São Paulo e Minas - ou de outros partidos do lado de lá resiste a uma análise rigorosa sobre a ocupação de cargos por indicação dos partidos que os apoiaram e elegeram.

Na oposição, as viúvas do udenismo estão à solta cada vez mais enfurecidas com o êxito do governo. Sentem tanta saudade da velha UDN que, agora, só falta as marchadeiras voltarem para as ruas empunhando os estandartes do falso moralismo. Nos fins de semana, as revistas, no dia a dia, os jornais promovem o mais desbragado denuncismo. Evidente que acusações dessa natureza devem ser apuradas e os responsáveis por atos de corrupção punidos.

Mas, o fato é que os oposicionistas assumiram a bandeira da mídia. Agora querem atingir o PMDB. Liderança nacional do seu partido e presidente do PPS, o deputado Roberto Freire (SP) não esconde e diz abertamente: "O PMDB não é o PR. Se começar a mexer com o PMDB, [o governo] pode começar a sofrer problemas graves de atrito na base". Pronto, textualmente entregou a estratégia da oposição para desgastar o governo, agora fazendo do PMDB, aliado à base, a bola da vez.

Freire detalhou assim, com todas as letras, que esse é o objetivo: desmontar a maioria governista e desfazer a coalizão que lhe dá sustentação. Tentam por aí, já que não conseguem fazer oposição ao governo no campo social e econômico, nem no político, uma vez que as urnas, a soberania popular, deram ampla maioria no Congresso Nacional a presidenta Dilma Rousseff.

Freire deixa escapar a estratégia da oposição


Sem verem e sem traçarem outra alternativa, os oposicionistas apelam de novo para o denuncismo. Esquecem-se, ou imaginam que a opinião pública não percebe que nenhum governo tucano ou de outros partidos da oposição resiste a uma análise rigorosa sobre a ocupação de cargos por indicação dos partidos que os apoiaram e elegeram.

Para ficar em apenas dois exemplos, os governadores tucanos de São Paulo e Minas Gerais, os do período imediatamente anterior, José Serra e Aécio Neves, e os atuais, Geraldo Alckmin e Antônio Anastasia não resistiriam a uma análise dessa natureza.

Tiveram e têm, em suas administrações, integrantes nomeados por indicação dos partidos que os apoiaram e elegeram. O prefeito reeleito de São Paulo, Gilberto Kassab (ex-DEM-PSDB, agora PSD), está na mesma situação.

Ante denúncias, presidenta toma todas as providências


Mas, mesmo assim, os oposicionistas querem transformar a participação dos partidos no governo em fisiologismo e divisão espúria do poder. Querem associar essa participação a corrupção, a despeito de a presidenta Dilma ter tomado todas as medidas cabíveis no caso das denúncias.

Para onde vai e o que quer a oposição? Está ficando cada vez mais claro que o seu objetivo é criar um clima de escândalo no país e desestabilizar o governo. Como a UDN nos 20 anos em que viveu (1945-1965) gostava de criar e chafurdar.

É preciso denunciar a oposição e seus aliados na mídia. E não recuar frente ao denuncismo. Pelo contrário, devemos devolver a acusação revelando a composição dos governos tucanos em cada Estado. Muitas delas formadas com os mesmos partidos e forças políticas que compõem com o governo federal.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

OPOSIÇÃO E O PIG QUEREM A VOLTA DA INFLAÇÃO - SÃO TODOS CONTRA O BRASIL

blog do zé

Interesses inconfessáveis e o circo da inflação



Estamos 0,1% acima da banda prevista pelo governo...

Antes de comentar o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgado pelo IBGE, registro com satisfação o recado do ministro da Fazenda, Guido Mantega: a inflação no país está desacelerando e abaixo das expectativas do mercado.

Registro com a intenção de tornar menor o susto de todo e qualquer cidadão que abre os jornais hoje e se depara com o circo montado com os índices inflacionários registrados no mês passado e com o acumulado dos últimos 12 meses. Pelo tamanho do escândalo criado, fica uma impressão absolutamente equivocada da realidade.

Vamos aos dados: o índice do IBGE mostra que estamos apenas 0,01% acima da banda prevista pelo governo. Nossa meta, vocês sabem, é de 4,5%. A tolerância (margem de segurança chamada banda) é de dois pontos, portanto, 6,5%. O índice da inflação no país acumulado nos últimos 12 meses é de 6,51%.

Claro que toda atenção é necessária e o governo, seus ministros e entidades já declararam seu compromisso permanente no combate à inflação e tomaram medidas que estão dando resultado sim senhor!





Dados mostram desaceleração inflacionária



Vejam os dados do IPCA do mês de abril...


Terror dos interessados à parte, vejam, por exemplo, os dados do IPCA do mês de abril. A alta de 0,77% registrada é praticamente estável se comparada a de março, 0,79%.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, inclusive, alerta que este resultado de abril comprova a desaceleração da inflação e está abaixo das expectativas do mercado.

Os vilões do mês de abril foram a alta dos preços dos combustíveis: gasolina e etanol representam 39% desta variação de 0,77% do IPCA em abril. Com a safra de açúcar e a retomada da produção de etanol os preços vão cair. O mesmo acontecerá em relação aos alimentos.

O circo em torno da inflação, então, não passa do mesmo de sempre: pressão pelo aumento dos juros e para ganhar dinheiro fácil, aliás, duas vezes: na aplicação financeira e na cambial.

Juros altos é o melhor dos mundos para os rentistas, o mercado, a especulação com o dinheiro público (que paga os juros da dívida interna). E a especulação contra nossa moeda que reforça sua apreciação.



quinta-feira, 14 de abril de 2011

JUSTIÇA (DA SUÍÇA) CITA TUCANOS NO MAPA DA CORRUPÇÃO


Caso Alstom

Justiça da Suíça constrói mapa da corrupção que envolve tucanos de SP

O Ministério Público da Suíça cita ex-diretores da Eletropaulo e um conselheiro do TCE paulista como destinatários de remessas (propinas) da multinacional Alstom para assegurar contratos públicos com governo de São Paulo.

A Alstom está sob investigação dos governos da Suíça e da França sob suspeita de ter pago propina para obter contratos com Metrô, Eletropaulo e EPTE (Empresa Paulista de Transmissão de Energia Elétrica.

A Bancada do PT encaminhou várias representações ao Ministério Público paulista, desde 2008, onde foram anexados pareceres do Tribunal de Contas do Estado – TCE – que apontam várias irregularidades nos contratos assinados entre a multinacional e o governo do Estado. A Alstom firmou 139 contratos com o governo paulista, entre 1989 e 2007, totalizando R$ 7,6 bilhões.

O esquema da propina

Segundo o Ministério Público da Suíça, transferências entre contas bancárias administradas pela empresa e funcionários públicos de São Paulo fazem parte do ato de acusação contra o ex-banqueiro suíço Oskar Holenweger.

Suspeito de ser o pivô de um caixa 2 da Alstom para a distribuição de propinas pelo mundo, Holenweger teria usado mais de US$ 2 milhões para permitir a obtenção de contratos em pelo menos 20 transferências bancárias.

Nesta semana, o Tribunal Federal da Suíça julga o caso. Por enquanto, a Alstom não é acusada, só Holenweger, também suspeito de ligações com Pablo Escobar e o Cartel de Medelin, na Colômbia, e de ter usado US$ 9 milhões para garantir propinas a funcionários públicos em diversos países.

No processo, uma parte substancial da acusação usa as transferências de milhões de euros aos ex-funcionários públicos brasileiros como prova da atuação do ex-banqueiro. O processo identificou o pagamento a esquemas em 20 ocasiões no País.

Em 28 de outubro de 1999, um valor de 41,5 mil teria servido como um aditivo para Gisel (projeto da Eletropaulo), em que o beneficiário final seria Robson Marinho, conselheiro do TCE de São Paulo e chefe da Casa Civil de Mario Covas entre 1995 e 1997. O dinheiro passaria pelo Banco Audi, em Luxemburgo, entraria na conta 48059 da empresa MCA no Uruguai e terminaria no banco Credit Lyonnais, na conta 17321 em nome do brasileiro. No mesmo dia, 54 mil também entrariam no negócio.

Marinho teria recebido no total quase US$ 500 mil em nove transferências. Em 13 de abril de 2000, mais uma transferência passando por diversos países acabaria na conta de Marinho, com mais 41,5 mil, repetindo o percurso do dinheiro enviado em 1999. O mesmo se repetiria em setembro daquele ano.

Outro beneficiário teria sido José Geraldo Villas Boas, que teria ficado com 1 milhão. Villas Boas presidiu a Cesp nos anos 80. Em 1999, ele recebeu 175,5 mil na conta 18558, no banco Safdié de Genebra, no nome da empresa Taltos Corp. O nome dele ainda aparece em uma segunda transação, com praticamente o mesmo valor e para o mesmo banco. Receberia depois mais 300 mil em Genebra.

Hollenweger teria destinado mais de US$ 2 milhões para beneficiários brasileiros. Em 2010, a Suíça congelou US$ 7,5 milhões em nome de Jorge Fagali Neto, ex-secretário de Transportes do governo de Fleury Filho em São Paulo, em 1994. A acusação alega que um esquema bastante elaborado de pagamento de propinas foi construído com sua ajuda.

*com informações do jornal O Estado de S. Paulo (13/4/2011)

quinta-feira, 7 de abril de 2011

13 MIL CARGOS DE CONFIANÇA NO GOVERNO DO PSDB EM MINAS GERAIS - ESTE É AÉCIO NEVES


blog do zé

Aparelhamento: MG tem mais de 13 mil em cargos de confiança

Aécio aumentou o número de funcionários em 30,9%...

Em seu discurso de estréia como novo líder de fato da oposição, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) - leiam análises acima e na sequência abaixo - retomou o discurso saudosista tucano do sucesso das privatizações, do plano real, da lei de responsabilidade fiscal. Até o PROER, aquele programa tucano de socorro a bancos quebrados, ele citou.

Não deixou de mencionar, também, o aparelhamento do Estado. Lembrou até o recente caso da Vale (substituição de dirigente). A propósito: levantamento trazido pelo jornal O Globo, hoje, infoma que Aécio Neves governador (2003-2010) aumentou em 30,9% o número de funcionários públicos no Estado e que o total de nomeados em cargos de confiança em Minas em suas duas administrações chegou a 13.069 mil.

Aécio sugere, também, que o governo federal passe em concessão estradas federais aos governos estaduais. Não entendi. Isso foi feito no Rio Grande do Sul e a contemporânea dele e correligionária tucana no governo daquele Estado, a governadora Yeda Crusius foi até a justiça para devolvê-las ao governo federal.

De propaganda Aécio Neves entende


Na visão do ex-governador de Minas tudo o que é feito pelo governo federal não passa de propaganda. Disso ele entende. Seu governo controla toda a midia de Minas que jamais pode dar um pio critico a ele, sob pena de demissões - sabe aquele estilo de ligar para redações pedindo cabeças?

Para Aécio o país esta gastando demais, se desindustrializando e tem alta carga tributária. Por fim, ele vê ameaças a democracia. Com o candidato tucano derrotado a presidente da República no ano passado na platéia (plenário do Senado), o mineiro não deixou de lembrar o Manifesto pela Democracia de apoio a José Serra naquela campanha eleitoral, lembrando até alguns de seus signatários.

Só não lembrou que aquela campanha foi uma das mais obscurantistas da história das disputas presidenciais em eleições diretas, com o lado tucano explorando até questões de princípio, foro íntimo e o sentimento religioso de nosso povo.

A conclusão de Aécio é que o pais vive na inércia. Como 1ª proposta para sair dela, sugeriu a redução de impostos, mas não disse nada sobre a reforma do ICMS parada no Congresso pela oposição dele e de José Serra. Depois, passou a elogiar seus adversários no tucanato - José Serra, presente para ouvir seu discurso, e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

GOVERNO DE SP SÓ TEM DOIS CENTROS DE RECUPERAÇÃO DE DEPENDENTES DE CRACK - DESGOVERNO TUCANO

Estado de SP só tem dois centros de atendimento aos dependentes do crack

O mapeamento da dimensão da presença do crack nos municípios paulistas, seus reflexos e a articulação de política pública integrada foi o foco da primeira mesa do I Seminário Paulista de Enfrentamento ao crack e outras drogas, promovido pelos deputados Donisete Braga e Enio Tatto, nesta terça-feira (4/5), na Assembleia Legislativa.

Representando os executivos municipais, Marcos Monti, da Associação Paulista de Municípios, defendeu uma ação integrada entre os gestores públicos - Município, Estado e Federação. Segundo ele, pesquisas recentes apontam que dos 645 municípios de São Paulo, 520 já detectaram a presença do crack.

Para Wladimir Taborda, da secretaria estadual da Saúde, há uma estreita relação entre os consumidores de álcool e crack. Ele apresentou alguns desafios do Programa Estadual de Políticas sobre Álcool e Crack e pontuou as ações a devem ser desenvolvidas de maneira conjugada – prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação, e articuladas entre várias secretarias de Estado.

Uma triste realidade é que, embora o Estado de São Paulo tenha 266 Caps – Centro de Atendimento Psiquiátrico, apenas dois têm um trabalho específico aos dependentes do crack.

Diante desse fato, o deputado Enio Tatto ponderou que a sociedade e os governos estão perdendo a briga para a crack: “A maioria dos jovens adolescentes, hoje internados na Fundação Casa, são vítimas do crack. Nós precisamos discutir, no Orçamento estadual, recursos para que os nossos municípios possam ter estruturas e profissionais com condições de enfrentar este problema”. Já, o também parlamentar petista Donisete Braga lembrou que o problema da crack atinge a sociedade em todas as classes sociais e é tema prioritário do governo Dilma.

Cracolândia

O perfil e a situação dos dependentes de droga no centro da Capital, conhecido como “cracolândia”, foram apresentados pela representante da secretaria municipal de Saúde, Rosangela Elias. Os dados mostram que a maior presença entre os dependentes são de adultos jovens, do sexo masculino.

A primeira mesa de debates do dia foi concluída por Roberto Tykanori, do Ministério da Saúde, que, assim como os demais, defendeu a necessidade da articulação entre os governos, mas destacou que as estatísticas das pesquisas realizadas pelo Ministério não constatam um quadro de epidemia do crack na nossa sociedade.

“Há um impacto sobre a carga da doença, as pessoas ficam impressionadas com as imagens degradante dos dependentes e isso gera medo e insegurança. Muitas vezes, a mídia dimensiona esta realidade e isso, por sua vez, pode favorecer as pessoas aceitarem a violência para coibir a ação dos dependentes. Isso pode ‘ legitimar ‘ a barbárie, inclusive a praticada pela Estado” , enfatizou Tykanori.

O representante do Ministério disse que entre as ações planejadas pelo Ministério da Saúde está o desenvolvimento de políticas públicas que viabilizem ao dependente a prática de uma atividade que gere renda e que tenha apoio para pagar o custo de uma moradia social.

Prefeitos, vereadores, secretários municipais de Saúde, guardas municipais e especialistas participaram e contribuíram com os debates.

sexta-feira, 25 de março de 2011

VEJA, O ESGOTO DO PIG E A ENTREVISTA DE ARRUDA QUE FOI ESCONDIDA


A entrevista que a revista Veja escondeu

Causou profunda estranheza e perplexidade o timing da publicação da entrevista que o ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), concedeu à Veja. Por que a revista, tendo entrevistado Arruda em setembro de 2010, durante a campanha eleitoral, somente agora, quase 190 dias depois, resolveu levá-la ao conhecimento de seu público leitor? Na entrevista, o ex-governador dispara torpedos contra aliados e antigos companheiros de partido, entre eles, Agripinio Maia, Demóstenes Torres, Marco Maciel, ACM Neto, Rodrigo Maia, Ronaldo Caiado e Sérgio Guerra. O artigo é de Washington Araújo.

Washington Araújo - Observatório da Imprensa

Publicado originalmente no Observatório da Imprensa

Existem notícias que nos fazem rever o conceito do valor-notícia. Estou com isto em mente após ler a entrevista que o ex-governador José Roberto Arruda (DF) concedeu em setembro de 2010 à revista Veja. Na entrevista, Arruda decidiu dar uma espécie de freio de arrumação em suas estripulias heterodoxas como governador do Distrito Federal: atuou como principal protagonista no festival de vídeos dirigido pelo ex-delegado de polícia Durval Barbosa e que tratavam de um único tema: a corrupção graúda correndo solta nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário do Distrito Federal.

Na entrevista publicada na quarta-feira (17/3) no sítio de Veja encontramos o ex-governador desarrumando as biografias de seus antigos companheiros de partido, pessoas como os senadores Agripino Maia, Demóstenes Torres, Cristovam Buarque e até o sempre correto Marco Maciel. Não faltaram mísseis dirigidos aos deputados ACM Neto, Rodrigo Maia e Ronaldo Caiado. E também ao presidente do PSDB, o agora deputado Sérgio Guerra. Na fala de Arruda sobra ressentimento e, mesmo tendo passado alguns meses, ainda trai uma certa conotação de vingança.

Não. Não estou desmerecendo o valor de uma única palavra de Arruda nessa entrevista. Após ler os desmentidos de todos os novos citados no escândalo conhecido como o "panetone do DEM" (ver, neste Observatório, "Panetones na Redação" e "Mídia encara corrida de obstáculos"), confesso que nenhum me convenceu: a defesa esteve muito inferior ao ataque desferido e onde as palavras deveriam ser adjetivas conformaram-se como nada mais que substantivas. Naquele velho diapasão do "nada como tudo o mais além, ainda mais em se tratando deste assunto, muito pelo contrário". Ou seja, a bateria antimíssil deixou muito a desejar e, considerando a virulência verbal dos agora acusados de receberem apoio financeiro no mínimo com "origem suspeita", os desmentidos surgem como bolhas de sabão que tanto animam festas infantis. Desmancham-se no ar.

Miúdos e graúdos
O que me causou profunda estranheza nessa entrevista nem foi seu conteúdo, menos ainda seu personagem. O que me deixou perplexo, com todas as pulgas aninhadas em volta da orelha, foi o timing da publicação da entrevista. Por que Veja, tendo entrevistado o ex-governador em setembro de 2010, somente agora, quase 190 dias depois, resolveu levá-la ao conhecimento de seu público leitor? O ponto é que o mais robusto episódio de explícita corrupção, o único escândalo com tão formidável aparato midiático, com dezenas de vídeos reproduzidos nos principais telejornais do Brasil, merecia ter um tratamento realmente jornalístico: descobrindo-se novos fatos, novos meliantes, novas falcatruas, tudo teria que vir à luz, a tempo e a hora.

Convém refrescar a memória com essas autoexplicativas manchetes dos principais jornais brasileiros no dia 28/11/2009:

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O Globo: "Governador do DEM é suspeito de pagar propina a deputados". E diz que "PF grava José Roberto Arruda negociando repasse de dinheiro com assessor";

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Folha de S.Paulo: "Governo do DF é acusado de corrupção";
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O Estado de S.Paulo: "Polícia flagra ‘mensalão do DEM’ no governo do DF". E diz que o esquema "teria até mesmo participação do governador Arruda".
No dia seguinte, 29/11/2009, as manchetes continuaram com tintas denunciatórias:

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O Globo teve como manchete principal "PF: Arruda distribuía R$ 600 mil todo mês";

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Folha de S.Paulo optou por "Documento liga vice-governador do DF a esquema de corrupção";

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O Estado de S.Paulo não deixou por menos: "Em vídeo, Arruda recebe R$ 50 mil".

E, para concluir essa sessão "refresca memória", compartilho as manchetes dos jornalões no dia 30/11/2009:

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O Globo abriu sua edição com a manchete "Arruda: TSE vê indício de caixa 2";

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Folha de S.Paulo destacou na primeira página: "Vídeos mostram aliados de Arruda recebendo dinheiro";
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O Estado de S. Paulo abriu manchete com "Vídeos ‘letais’ levam DEM a preparar expulsão de Arruda", destacando em subtítulo que "Provas contundentes da PF deixam governador em situação insustentável".

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Até o fluminense Jornal do Brasil passou a tratar do assunto com a importância que o assunto requeria: "Aliados deixam Arruda isolado".
Tudo bem, este foi o início da divulgação do escândalo. E, como sempre acontece, o início de todo escândalo político tende a ser megapotencializado. É assim aqui no Brasil, na Itália, no Reino Unido, no mundo todo. No caso atual, pela primeira vez um governador no Brasil esteve trancafiado por tão longo tempo: 60 dias, de 11 de fevereiro a 12 de abril de 2010. A carceragem se deu na sede da Superintendência da Polícia Federal, em Brasília.

Antes de completar um ano de sua divulgação, o escândalo produziu a cassação de mandatos de diversos deputados distritais, a renúncia de um senador da República, a instauração de diversos inquéritos para apurar responsabilidades de políticos miúdos e graúdos e também de procuradores do Ministério Público do Distrito Federal.

E foi nesse meio tempo que, segundo os advogados de Arruda, em setembro de 2010, o ex-governador concedeu a entrevista ao carro-chefe da Editora Abril. O que as teclas de meu micro querem saber é por que Veja escondeu comprometedora entrevista de Arruda.

Insidiosa, rastejante
Tenho exposto aqui neste Observatório minhas teses sobre a forma e o modus operandi de como a imprensa, a grande imprensa, tem se comportado como agremiação político-partidária. E essa defasagem de mais de seis meses entre a data da entrevista e a data de sua divulgação é de chamar a atenção.

Quais as reais motivações para que fosse esquecida, largada na gaveta de um editor aparentemente displicente? Por onde andaria aquele polvo-caçador-de-corruptos-no-Planalto que não deu a mínima trela para essa entrevista? Ninguém na redação de Veja considerou um mísero grama de valor-notícia para buscar a versão dos "novos acusados"? Ou seria mais um desserviço à campanha presidencial de José Serra? Desserviço que, com certeza, cobriria tal campanha de portentosa agenda negativa, incluindo sob suspeição até mesmo o presidente de seu partido.

Todos sabemos que o papel da imprensa é informar a população. Aprendemos isso ainda nos primeiros dias de aula de qualquer curso de jornalismo, mesmo aqueles chamados "meia-boca". Por que à população brasileira foram suprimidas tais informações?

É, não é necessário muitos decênios de madura experiência como analista da política brasileira para entender que dentre as mil possíveis razões para que ocorresse tal ocultação uma delas sobressai, insidiosa, sibilina, rastejante: a entrevista de Arruda, que hoje causa apenas perplexidade, publicada em setembro de 2010 traria em seu cerne forte componente explosivo capaz de desarrumar por completo o pleito presidencial de 2010.

Mas, como dizem nossos oráculos da imprensa... o leitor vem sempre em primeiro lugar.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

ZÉ DIRCEU FALA SOBRE A MÍDIA QUE ENGANA O CIDADÃO E A REPRESSÃO AOS MOVIMENTOS SOCIAIS EM SÃO PAULOA rotina da repressão tucana Publicado em 18-Fev-20


Omissão da mídia protege governos paulistas

Publicado em 18-Fev-2011

Nunca diz que reajuste de tarifa reflete-se na inflação...

Se registrou a manifestação, a violenta repressão, e o espancamento de estudantes e vereadores (leiam post acima), por outro lado a nossa grande e velha mídia continua com o seu comportamento de avestruz em relação a outro aspecto da questão: conservadora, sempre tão preocupada com a inflação, ela não dá uma palavra sobre o aumento exorbitante da tarifa de ônibus - e dos outros transportes- na Grande são Paulo.

Quanto a essa questão, finge-se de surda-muda. Podem ver, cada aumento de tarifa de transportes autorizado na Capital paulista, reflete-se inevitavelmente no cálculo dos índices de inflação ivulgados na sequência.

Tampouco a mídia fala e/ou cobra a falta de qualidade do transporte urbano da capital e de toda esta Região Metropolitana (39 municípios) e a de transparência nos contratos e licitações que regem a operação deste sistema.

O aumento da tarifa de ônibus em vigor desde 1º e janeiro pp. elevou a passagem e ônibus na Capital de R$ 2,70 para R$ 3,00, um reajuste de 11%, mais que o dobro da inflação do período. A Prefeitura já subsidia o sistema de ônibus paulistano este ano com R$ 743 milhões.

Sem contar que este aumento provocou outros dois reajustes nos bilhetes de metrô e de trens de subúrbio da Capital: a primeira alta, automaticamente em janeiro, em bilhetes de integração, em função da concedida aos ônibus; a segunda, desde domingo passado, pelo fato de fevereiro ser o mês de reajuste da tarifa destes meios de transporte.


A rotina da repressão tucana

Publicado em 18-Fev-2011

Reprimir movimento social, marca de governos do PSDB... Temos de reconhecer que está registrado, até com certo destaque na mídia hoje, a repressão desencadeada em frente à Prefeitura de São Paulo pelos governos tucano do Estado (PM e Tropa de Choque) e demotucano da Capital (Guarda Civil Metropolitana).

Desta vez a violência foi contra os estudantes que promoveram mais um ato de protesto contra o aumento exorbitante da tarifa de ônibus decretado pelo prefeito ilberto Kassab (ainda DEM-PSDB) em janeiro e contra três vereadores do PT que os acompanhavam (vejam, também, post abaixo).

Um estudante espancado por 8 policiais ficou ferido e precisou ser submetido a uma cirurgia no nariz. Os vereadores Donato, José Américo e Juliana Cardoso, que acompanharam os estudantes em reunião em que eles pediam a reabertura das negociações para redução da tarifa de ônibus, quando souberam da violência desencadeada contra os manifestantes seguiram para o local. Mesmo se identificando, foram agredidos.

Lamentável sob todos os aspectos, mas nenhuma novidade. Este foi o 5º protesto dos estudantes contra este aumento de passagens de ônibus e o 5º a sofrer repressão violenta. Aliás, como é feito pelos governos demotucanos do Estado e da Capital diante de toda e qualquer manifestação popular reivindicatória. É a única forma que eles sabem "dialogar".

Houve uma mera repetição. Como sempre, toda e qualquer manifestação que envolva questões sociais promovida nos governos de São Paulo - onde o PSDB e seu aliado DEM se encaminham para 20 anos á frente do poder - e da capital paulista acaba em repressão. É uma marca de governos tucanos e demos.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A OPOSIÇÃO QUE FAZ OPOSIÇÃO AO BRASIL

entrevista do mês
Luis Nassif

ImageOposição levará anos para se refazer no país


A conclusão é do jornalista especializado em economia Luis Nassif, em sua análise sobre a disputa presidencial deste ano e, sobretudo, da campanha suja explorada pela oposição e seu candidato derrotado José Serra (PSDB-DEM-PPS) em 2010.

Em uma avaliação suscinta, nesta entrevista, Nassif aponta o que deve ser mudado no panorama econômico do país, em especial nas áreas de câmbio e juros. Traça, também, um perfil da mídia brasileira no decorrer dos últimos anos e do papel lamentável a que se prestam alguns jornalistas.

Para Nassif, a imprensa hoje é linha auxiliar de partidos políticos, uma realidade que pode e deve ser combatida com concorrência e, sobretudo, um marco regulatório para que direitos elementares, como o de resposta, sejam garantidos à sociedade.

Um dos blogueiros mais respeitados do país (acesse o blog do Nassif), ganhador de vários prêmios, como o de "Melhor Jornalista de Economia da Imprensa Escrita" dado pelo site Comunique-se em 2003 e 2005, Nassif também fala da força da Internet hoje em termos da liberdade de imprensa e de garantia de maior democracia.


[ Dirceu ]
Nassif, gostaria que você fizesse um balanço da campanha eleitoral deste ano, em especial, do papel assumido pela oposição ao governo Lula e pelo candidato derrotado nas urnas, José Serra.

[ Nassif ] Do ponto de vista estratégico, a partir do momento em que ficou claro o projeto político e econômico do governo Lula, de somar todas as forças, solucionar os conflitos entre as classes e priorizar o desenvolvimentismo, a oposição ficou absolutamente sem discurso. E a crise de 2008 foi fundamental para isso.

Eles entraram na campanha com certa unidade em torno de questões como o aparelhamento e a redução do Estado. Um discurso do ideário neoliberal, vazio, mas tido como aglutinador das “bandeiras” da oposição. Este poderia ter sido o contraponto ao projeto do governo. Mas, a partir do momento em que José Serra assumiu a candidatura oposicionista, não se tem mais oposição, apenas impulsos. Serra tornou-se uma biruta de aeroporto. A impressão que dá é que ele hibernou no começo dos anos 90 e somente agora acordou. Ele não tem nenhuma proposta inovadora e nenhum tema. A única questão apresentada - e que não é dele, é coletiva – foi a da política do câmbio. Mas nem esta o Serra soube desenvolver.

Assassinato de reputações

Sem discurso e incapaz de se posicionar no Centro-Direita - que lhe seria o mais adequado – o tucano partiu para a única coisa eficiente feita por eles nesta disputa: a campanha pela internet. Apesar de, com ela, ter estigmatizado toda a oposição. Um grupo de franco atiradores começou a ser montado há quatro anos para isso. Na realidade, um partido de milicianos de Santa Catarina, que já tinha uma estrutura a oferecer, foi o responsável por uma das páginas mais sujas da história política brasileira, de ataques difamatórios e tentativas explícitas de assassinato de reputações.

Não é à toa que quando terminou a eleição, a grande preocupação não foi com a oposição, mas como reconstruí-la. Oposição é fundamental em qualquer governo, desde que seja legítima. O mal que o Serra fez à oposição brasileira é imensurável. Ela levará anos para se refazer.

Reforma para dar eficiência ao Estado


[ Dirceu ] A vitória da presidente eleita Dilma Rousseff ocorreu com o compromisso de que ela dará continuidade ao modelo de desenvolvimento implantado pelo governo Lula. Na sua visão, o que deve continuar e o que deve mudar já?

[ Nassif ] Nos últimos anos, tivemos mudanças importantes na ação federativa. Havia alguns insights no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, de como montar políticas ouvindo todas as partes. Com o PAC, o programa "Minha Casa, Minha Vida" e o trabalho no saneamento etc, conseguiu-se montar um modelo federativo com projetos que se aplicam independentes de questões partidárias.

Agora, precisamos de uma reforma para dar eficiência administrativa ao Estado. Se pegarmos a estrutura pública, ao longo dos últimos oito anos, vemos que houve uma reconstrução de estruturas técnicas. Por ser tudo gambiarra, elas se concentravam na Casa Civil, até para ter efetividade nas ações. Precisamos, portanto, de uma reforma moderna do Estado, à semelhança do que [Nelson] Rockefeller fez nos Estados Unidos nos anos 50. Este é o primeiro ponto.

O segundo ponto, sem dúvidas, é o Banco Central. Mudar essa ideia de termos quatro anos para reduzir a relação dívida/PIB. Até porque a equipe [econômica] para reduzir os juros vai ser atropelada pelos fatos. A minha esperança é que o discurso de que tudo será gradativo seja simplesmente tático, porque você não pode anunciar previamente o que será feito, já que a área é nervosa. Mas, reduzir mais rapidamente essa relação dívida/PIB é fundamental. A herança maldita do governo FHC para o governo Lula foi o desastre da desindustrialização; já a do Lula para o governo Dilma é a manutenção desta política cambial. Todos os avanços que tivemos foram fantásticos, mas esta questão atrasou o Brasil em quinze anos, no mínimo.

[ Dirceu ] Como você avalia a atuação do BC na era Meirelles? O que esperar do novo presidente Alexandre Tombini?

Image[ Nassif ] O [Henrique] Meirelles é um fanfarrão. Antes de assumir o Banco Central, em algumas palestras nos Estados Unidos, ele comentava sobre a importância do câmbio para garantir o crescimento. Depois, assumiu a presidência e uma posição de dificultar a redução dos juros. O Tombini é tecnicamente muito mais sólido. Como é seguro tecnicamente, ele se dá ao direito de ser mais flexível no sentido de não tratar dogmaticamente a política monetária. Temos que mudá-la em muitas coisas. Se deixar como está, hoje, a existência de metas de inflação e só juros para segurar eventuais descontroles, em qualquer hipótese, não tem contas públicas que resistam. Há outras ferramentas que podem ser utilizadas sem concentrar renda.

Querem manter os juros elevados com a justificativa de alta da inflação provocada, principalmente, pelos alimentos. Alimento não tem nada a ver com demanda ou excesso de demanda, que é onde a política monetária atua. Mas, há todo um coro neste sentido, para que eles possam aumentar os juros. Temos que mudar o sistema de metas de inflação e, principalmente, tem que aumentar o escopo, o número das pessoas que definem a política monetária. Não podemos concentrar isso só em dois diretores do Banco Central, como é hoje, porque isso é uma loucura.

Em dezembro de 2008, eles falavam de economia sólida. Quando se tem grandes inflexões na vida econômica do Brasil, os indicadores só aparecem dois, três, quatro meses depois. Então, o negócio estava desmanchando aqui e eles diziam “não, o mercado ainda tem confiança”. Mas os dados (que posicionavam o mercado) eram de dois meses antes.

Na realidade, essa sensibilidade para entender a economia depende de uma mudança na composição do Comitê de Política Monetária, o COPOM. É preciso ter como nos Estados Unidos, análises regionais. E incorporar industriais, sindicatos, supermercados e economistas de outras linhas também. Não para ter um embate teórico, mas visões diferentes sobre uma mesma realidade econômica. Fora isso, o Banco Central tem que recuperar instrumentos tradicionais de política monetária. Hoje é tudo jogado nas costas dos juros.

Se tem excesso de demanda, como eu posso reduzí-la? Aumentar o compulsório é uma maneira. Reduzir prazos de financiamento, outra. Usar o IOF uma terceira. Então, você não carrega nos juros. Mas como estes criaram toda uma legião de beneficiados, nós temos todo o carnaval de analistas, que conhecemos bem, fazendo o mesmo discurso: para que joguem tudo nos juros.

Banco Central: só é penalizado se errar por baixo

[ Dirceu ] Daí que o nosso Banco Central, ao contrário do que acontece nos EUA, não tem metas para emprego, para que nossa política econômica gere determinado número de empregos/ano, por exemplo.

[ Nassif ] Não tem. Com isso, acontece um negócio maluco. Se você estabelece uma meta inflacionária e erra os juros por cima, não é penalizado. Só é penalizado se errar por baixo. É o mesmo que pegar, digamos, o exemplo de um médico. Uma criança tem uma infecção e se esta não ceder, o médico é culpado. Mas, se ela ceder o médico é inocente mesmo que tenha aplicado excesso de antibióticos que irá afetar outros órgãos da criança. É isso o que acontece. Você não tem penalização para erros por cima dos juros. Com isso, neste ano, o BC saiu do controle do Meirelles. O Tombini passou a atuar mais depois que reconheceu esses erros. Inclusive, no começo do ano, quando tinha uma inflação de (preços dos) alimentos. A inflação era nitidamente decorrente da alta dos alimentos, mas todo mundo pressionava o BC querendo aumentar juros. Isso para chegar em março e ter deflação.

Então, não adianta pegar um presidente do Banco Central com maior preparo, tem que mudar o sistema de apuração de dados. Mas, a internet fará essa mudança. Qual o modelo hoje de mapeamento de juros altos? Você tem lá alguns economistas de mercado que repetem os mesmos modelos. Pega o (ex-ministro da Fazenda) Mailson da Nóbrega que, em termos teóricos, repete o mesmo bordão. O Estadão, que tem a melhor cobertura dos jornalões na parte de economia, mostra dados dogmáticos. Por que ele mostra todo um processo de desindustrialização? Porque no final, ele tem que pagar o lobby para o mercado. Colocam o Eduardo Gianetti da Fonseca que não é macroeconomista, e o Mailson para dizer que o responsável são os gastos públicos. É uma maluquice. Ouçam o Roberto Gianetti da Fonseca que conhece lei industrial.


Há economistas que repetem esses bordões, fazem um carnaval e são eles que vão para os jornalões. O mercado, mesmo não acreditando, endossa o que é dito, porque o negócio do mercado não é acertar a inflação, mas o que o BC está pensando sobre ela. Então, caímos num modelo viciado. Não adianta aprimorar este modelo. Ele, em si, é furado.

[ Dirceu ] No Brasil nunca se aplaude a redução de juros.

[ Nassif ] Nunca. É uma coisa maluca. Em 1995, os juros foram para 45% ao ano porque o Brasil estava com as contas desequilibradas. Entra o Gustavo Loyola falando o seguinte: “nós precisamos descer gradativamente, porque se precisar subir, fica parecendo recuo”. Mas que gradativamente? Não existe isso! Você tem uma crise, joga os juros lá pra cima; acaba a crise, precisa baixar.

Ele falava de um jeito que parecia que tinha ciência atrás desta informação. E, pior, ele passava à opinião pública aquela ideia. Como nós fizemos magia com vários planos econômicos que não deram certo, ele passava para a opinião pública que uma “redução gradativa” significava caminhar lenta e firmemente em direção ao futuro. O que era uma bobagem. Na verdade, significou caminhar “lenta e firmemente” em direção à maior dívida pública da história - a maior. Vejam, os [governos] militares tinham uma dívida pública, mas tinham também ativos, das indústrias que foram criadas, das ferrovias. Então, [depois deles] se pegarmos em termos líquidos, criou-se esta dívida, mas sem contrapartida de ativos. Pelo contrário, reduziam os ativos, vendiam estatais e tudo, para pagar esses juros.

[ Dirceu ] Dobraram a dívida interna ao invés de reduzi-la em US$ 100 bi. Venderam US$ 100 bi (em estatais) e essa venda pagou juros. O Gustavo Franco [na presidência do Banco Central do 1º governo FHC] pagou 27,5% de juros reais durante três anos sobre a dívida pública.

[ Nassif ] Um absurdo.

Em 2002, no ano da eleição do Lula, eu publiquei um artigo descendo o pau nos juros. O Mailson [da Nóbrega], em um artigo, na realidade baseado em trabalho da Secretaria do Tesouro, dizia que a maior razão do aumento da dívida interna foi a incorporação das dívidas dos Estados. No artigo, ele desafiava: agora quero ver criticarem a Secretaria do Tesouro! Vocês sabem o que a Secretaria do Tesouro fez naquela época? Pegou a dívida dos Estados, mas antes de incorporá-las não considerou o aumento que esse endividamento havia sofrido em decorrência dos juros do Banco Central.

O caso de São Paulo era muito interessante. São Paulo devia R$ 50 bi para a União. Começou a negociar, mas um tempo depois de começar, na data de corte (fechamento da negociação) a dívida estava em R$ 100 bi – R$ 50 bi eram juros do BC. Como demorou mais, não sei quanto tempo para fechar a negociação, fechou-a em R$ 150 bi. Aí, eles consideraram e foram incluídos R$ 100 bi como dívida estadual, e não como resultado dos juros, quando eram decorrentes de juros. E, mais, pegaram R$ 150 bi e todos os juros que incidiram sobre essa dívida para dizer que se tratava de dívida de Estado e não [decorrente de] uma política do Banco Central.

Quando li aquilo, liguei para a Secretaria de Tesouro para ver quem fez o trabalho. Demorei três dias tentando encontrar o cara (responsável) pelo trabalho. Quando encontrei ele reconheceu: “é, nós discutimos aqui, achamos que poderia dar margem para dúvidas...” Eu respondi: “que margem para dúvidas? Vocês manipularam, está errado!” As dívidas dos Estados eram sempre a dívida dos títulos da União, mas com juros muito altos. E todos os Estados estavam com dívidas. Com isso, a União chegou a cobrar 45% em certo período - nos Estados chegou a 60% ao ano. Uma loucura. Esse foi o maior crime de política econômica já cometido. Tanto que amarrou o Brasil por quantos anos? E está aí ainda.


[ Dirceu ] Estamos pagando 10,75%. É uma pancada. Somados dão mais do que o orçamento da Educação.

[ Nassif ] Agora, foram deduzindo os juros, mas a base estava lá em cima. Ainda hoje dizem: "se não fossem os juros, não teríamos segurado a inflação”. Mentira! Eu fiz um trabalho por baixo em março/abril de 1995 em que dizia que aquela inflação já era fato passado e nós precisávamos cuidar do desenvolvimento. A manutenção de juros até 1999 foi exclusivamente para consolidar um modelo político que o Fernando Henrique implantou com o Gustavo Franco. Um modelo que criou e fez uma brutal transferência de renda para que novos grupos conduzissem a reformulação da economia. Quando você pega Ignácio Rangel [economista, considerado um dos maiores analistas do processo econômico brasileiro] vê que todos esses períodos de inflação, essa jogada de mercado, permitem enriquecimento de um pessoal mais ativo que leva a um salto na economia. A ideia desses mandraques, na realidade, era política: criar grandes grupos para consolidar o poder independente do Estado. Com isso, eles jogaram o projeto deles fora – não foram mais eleitos - mas atrasaram o país durante anos.

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[ Dirceu ] A respeito da crise européia, quais lições podermos tirar das medidas de socorro? O que o Brasil deve evitar neste caminho da Europa?

[ Nassif ] Um ponto em que o BC atuou quase bem – mas não foi bem de tudo – foi na regulação bancária para impedir grandes loucuras. Apesar dele próprio ter praticado uma loucura, que quase leva essas medidas abaixo, que foi permitir aquele swap reverso, aquelas operações especulativas bancadas por ele. Quando você começa a jogar o câmbio para baixo. Quem ganha? Quem tem voz política. As grandes empresas exportadoras. Para abafar essa voz política, eles criaram o swap reverso. Quando o câmbio caia ps exportadores perdiam na operação principal e ganhavam na operação financeira. Isso é loucura. Os jornais enchem o saco quando falam do subsídio, mas quando reverte o câmbio você tem toda essa quebradeira.

Fora esse pecado, o BC atuou muito em termos de regulação para impedir grandes loucuras. Agora, quando se pega o próprio FMI e aquele apoio dado em 1998 ao Brasil, você tem um jogo especulativo de grandes ganhos por parte dos grandes investidores. Esses ganhos embutem uma parte de risco e quanto maior o ganho, maior o risco. A questão é que estas operações quando entram para valer reduzem o risco e a perda dos grandes investidores, além de jogar a conta no ajuste fiscal - este pega a população de calça curta. Isso é complicado.

Quando você pega o mercado, eles dizem que a política é o que amarra o país. É o contrário, a política é um instrumento mobilizador. E ela que irá estabelecer, daqui para frente, os limites à ação deletéria dos mercados. No fundo, o próprio Fernando Henrique acabou perdendo o poder ao achar que ia montar uma estrutura em que o mercado ganhava e a população perdia.

Na Europa, o que estamos vendo é uma gambiarra. Terão que fazer a penalização dos credores, como fez a Argentina.

[ Dirceu ] Não está havendo nenhuma penalização, pelo contrário. Para salvar os bancos europeus, a Alemanha, como tinha condições, resolveu os problemas. Já tinha pactuado o modelo de baixar a participação do trabalho na renda nacional, aumentar a produtividade e não o salário, e diminuir o custo de programas sociais. Agora, eles farão o corte e, nestes países, será dos benefícios sociais. Depois o imposto aumenta para todo mundo e não só para os mais ricos. Todo mundo paga.

[ Nassif ] Vamos pegar os EUA. Não o da crise, agora, mas o modelo norte-americano das últimas décadas. Houve a entrada de uma nova indústria, uma nova economia - de serviços, informática etc.

O que aconteceu é que eles pegaram todos os setores atrasados, terceirizaram a mão-de-obra de obra, abrindo espaço para que as empresas pudessem ir para outros países. O modelo é interessante porque ficaram só com os grandes empregos. Mas quando chegaram no final do processo, aquele modelo não garantiu a empregabilidade. Sem garanti-la não existe mais mercado interno. Então, os países que ficaram com as indústrias de “menor qualidade” foram aqueles onde se formou o mercado interno. São eles os grandes vencedores da crise.

O modelo americano que levou os EUA a se tornarem o que foram, no final das contas, foi um modelo que privilegiou o mercado interno, a incorporação de novas marcas e que permitiu a criação de uma sociedade de consumo lá no século XIX e transformou o país na maior potência no mundo.

Outro ponto: a Organização para o Comércio e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) está querendo mudar os critérios da contabilidade de dívidas no Brasil. Diz que é para ser mais transparente. Mas eles não têm transparência nenhuma. Europeu querer ensinar a gente a ser transparente em termos fiscais, como quer a OCDE, é piada... O José Roberto Afonso, o pai da lei de reforma fiscal, foi para a Alemanha, há dez anos, para ver como era a contabilidade de estados e municípios lá. Voltou espantado. Nós damos de 10 a 0 em termos de transparência. No Brasil, a questão da responsabilidade fiscal sempre foi um calcanhar de Aquiles, obrigou-nos a um esforço de transparência fiscal que hoje é mais rigorosa do que em muitos outros países.

O PROER [programa de socorro a bancos do governo FHC] foi importante em si, mas aquela crise bancária que ele ajudou a passar, foi fruto da política monetária do 2º semestre de 1994. De qualquer modo, todas as crises bancárias obrigaram o Brasil a ter um sistema bancário rígido, no qual, quando estoura a crise, tem conseqüências.


[ Dirceu ] Mudando de assunto, o que aconteceu com a grande imprensa brasileira? O que a levou a tomar esse rumo e a tornar-se um verdadeiro partido político?

[ Nassif ] Quando você pensa em termos globais, a internet cria uma extraordinária zona de segurança para a mídia. Quem são os grupos que terão audiência? Os grandes grupos midiáticos, obviamente, e também toda uma constelação de blogs, de sites que produzirão conteúdo. Quando a velha mídia percebeu que ia entrar grandes players neste mercado, grupos de telefonia, entretenimento, tudo...

No Brasil, a imprensa é auxiliar de partido político. Na realidade, na América Latina, com a redemocratização, a imprensa se transformou no ator político mais relevante dos últimos 20 anos. Derrubava presidentes, senadores, demonizava pessoas – você é o exemplo vivo disso; o Sérgio Motta [ministro de Comunicação de FHC], o exemplo morto.

Ao longo da história do Brasil, a imprensa se comportou da mesma maneira que setores políticos. Nosso país já está em uma nova conjuntura, mas ainda preserva o poder político da etapa anterior. Então, eles (os jornalões) tentam transformar o poder político em um diferencial para impedir a competição.

Em 2005, especificamente, eles acharam que poderiam voltar aos tempos de glória do impeachment [Fernando Collor de Melo] derrubando o presidente Lula. Montaram um pacto em torno do Fernando Henrique e do Serra. E achavam que poderiam eleger o Serra ou um outro presidente que através de medidas de regulamentação [da mídia] os ajudassem a fazer a travessia para o novo modelo.

Também tentaram repetir o próprio impeachment que deu certo em 1992. Qual era o modelo? Criar um escândalo por dia. Como não têm capacidade de criar um escândalo consistente, transformam algo banal em um escândalo ou inventam um. Com o tempo, esperavam uma eclosão dos caras-pintadas - estes iriam para a rua derrubar o governo. A ideia foi essa. Mas, não tiveram pique para derrubar o Lula em 2005, e em 2006 o Lula já começou a recuperar a popularidade. Com isso, perderam o rumo.

Nós tivemos uma grande sorte porque o pessoal que conduziu essa operação, talvez, seja a mais medíocre geração de diretores de redação desde que eu entrei no jornalismo. A sorte é que era um bando de amadores deslumbrados, que começaram a mostrar sua vulnerabilidade quando ficaram no poder nas redações. Começaram a querer virar intelectuais, montaram esquemas com editoras para vender livros. O Ali Kamel escreveu um livro que consideraram “um dos dez livros mais importantes da década”. Total perda do senso de ridículo.

O Diogo Mainardi e o Reinaldo Azevedo foram colocados para atuar como franco atiradores. Você os coloca ali, levanta a bola deles... E o que vimos foram coisas fantásticas. Houve até um que foi considerado o novo Carlos Lacerda. Outro escreveu que o livro do Reinaldo deveria ser adotado pelas cadeiras de ética de todas as faculdades. Na realidade, não entenderam que o Brasil é maior. Acharam que depois dos ataques desqualificadores iam intimidar a todos. Mas meia dúzia de malucos resolveram enfrentar a fera e a internet serviu para isso também.

[ Dirceu ] Concorrência neles!


[ Nassif ] É isso mesmo, porque o medo deles não é da CONFECOM (1ª Conferência Nacional de Comunicação), mas das empresas de telefonia. Se você tirar três pernas distorcidas e ilegais que sustentam esse modelo, ele desaba: a estrutura de veiculação publicitária; a manipulação de tiragem e de audiência; e a publicidade legal, os balanços de empresas.

A primeira perna: a estrutura de veiculação publicitária. Da forma como é feita, de contratos com agências de publicidade, é crime de direito econômico, porque são os próprios veículos que remuneram as agências através dos bônus de veiculação. Hoje, quem faz essa distribuição de verbas por agências de publicidade, os diretores de marketing, fazem parte de uma estrutura de poder. Isso é uma excrescência.

Segundo ponto: manipulação de tiragem e de audiência. O Instituto Verificador de Circulação (IVC) tem um jeito de apurar a circulação dos jornais que permite manipulação. A VEJA diz que tem 1 milhão e cem mil exemplares. Não tem. Ela tem 870 mil exemplares...

[ Dirceu ] A margem de erro de audiência de televisão é altíssimo também.


Image[ Nassif ] Você pega o Estadão. Dois ou três anos atrás, o Estadão teve uma queda de tiragem de 25%. No mesmo período, a Folha teve de 6% e O Globo de 5%. Qual a diferença entre os três? O Estadão estava precisando limpar o cadastro, limpou e ficou 25% a menos.

Uma vez, eu fui numa associação empresarial. Eles tinham uma revista que, segundo o IVC, vendia 50 mil exemplares por edição. Entra a nova direção, foram apurar e a revista vendia dois mil. O que eles faziam? O IVC tem como método de contagem contabilizar o que sai da gráfica e o que volta. Distribuiam 2 mil, alugavam galpões e jogavam 48 mil lá. A VEJA é impossível você esconder. O que eles fazem? Dão, doam. Distribuem. Isso traz a tiragem da VEJA para o real.

E o terceiro ponto das três pernas de que falei acima é a publicidade legal. Os balanços de empresa. Não tem a mínima lógica. Se sou uma empresa de capital aberto, eu mando ao acionista o balanço por e-mail ou ele pega o PDF no site. A troco do quê tem que publicar páginas e páginas de publicidade (como balanço oficial) na Folha, no Estadão, no Valor?

São três distorções. Fora as secretarias de Educação sobre as quais eles estão avançado de forma voraz. Já oferecem produtos da Abril para as secretarias de Educação.

[ Dirceu ] Em relação à regulação da imprensa? Qual sua avaliação a respeito do que o governo está construindo? Temos condições no país para fazermos a regulação?


[ Nassif ] Não se trata de regulação de conteúdo, mas do direito de resposta. É um absurdo, nós não temos direito de resposta. Estou há três anos tentando o meu, a minha resposta. Entrei com ação de Direito de Resposta na VEJA. A juíza disse que estava errado porque falava de internet e não de Lei de Imprensa. Não estava errada. Vai para a 2ª instância - mais um ano e meio. Na 2ª, disseram que estava certo. Volta para a mesma juíza da 1ª. Aí ela decidiu não julgar porque acabou a Lei de Imprensa.

Quando se fala em competição, temos que remover essas barreiras que citei. Já na questão do conteúdo, precisa ter o que há em outros países: conteúdo nacional; permitir o avanço da produção; restrições normais em relação à propaganda infantil e à violência. Temos que remover fatores anacrônicos.

Quem compõe o quadro de colunistas é o leitor

[ Dirceu ] Qual o papel das novas mídias, da internet, em relação à democratização? Como você enxerga o futuro nesse sentido? Quais os pontos positivos que devemos avançar em termos da rede?

[ Nassif ] Todo mundo está na mesma plataforma tecnológica. Isso já traz uma mudança monumental ao jogo político. Você tem um determinado número de colunistas no jornal. A Folha, por exemplo, tinha um grupo de jornalistas que compunham um poder político. Então, quando vinha uma manchete, era como se ela tivesse o endosso de toda uma estrutura de colunistas, dando credibilidade àquela matéria. Mesmo se alguns discordassem. Ao ir para a internet, o jogo é outro. Quem compõe o quadro de colunistas é cada leitor. Eu tenho os meus favoritos, eu quero o colunista X da Folha, o W do Estado, o blogueiro tal, o político Y. Então, ao compor o que vai ler, o próprio internauta elimina a manipulação. Essa é uma situação real.


Ninguém quer que os jornais acabem. Eles vão para a internet e sobrevivem. Mas aquele poder de manipulação e de gerar instabilidade política vai para o vinagre. Cada vez que sai uma manchete e uma denúncia pela internet, todo mundo sai correndo atrás de outras opiniões que vão se cruzando nos diversos grupos de discussão. Então, cria-se uma nova realidade. Isso tem o poder fantástico de desconstruir denúncias. Vimos isso durante a campanha, por exemplo, no caso da bolinha de papel [a auto-acusação infundada de José Serra de que fora agredido com uma pancada no Rio]. Eu fui o primeiro a colocar o vídeo do SBT no meu blog.


[ Dirceu ] Foi mortal.

[ Nassif ] Com isso, agora, mesmo que os jornalões tenham audiência, quando você (na internet) rebate um grande jornal, e faz com um argumento técnico, isso se espalha para todos os lados. Esse é um aspecto. Acabou o poder dos jornalões de desestabilizar a política.

Outro aspecto é que todo agente econômico hoje - sindicatos, corporações, uma tribo amazônica - terá que se preparar para a blogosfera. Com isso você quebra o circuito viciado da velha mídia que acaba pressionando o Congresso e a política econômica.

[ Dirceu ] O Congresso do Brasil é tremendamente desprestigiado pela imprensa, se comparado com o parlamento de outros países. Claro que temos um que vota no lugar do outro; o senador Efraim Moraes (DEM-PB), por exemplo, que manipulou todas as licitações e tem dezenas de empregados pagos pelo Senado; gente que emprega família inteira lá etc... Agora, do jeito que o Congresso é apresentado para a sociedade no Brasil, nunca teremos político no país com prestígio.


[ Nassif ] Pega-se a grande disputa política dos anos 90. Tinha-se o Congresso e a mídia dizendo-se representantes da opinião pública. Daí a mídia entender que tinha que manter o outro [Congresso] completamente de joelhos para poder impor suas condições.

Você está na competição imprensa x Congresso. Tem, também, o fato de que com as ONGs, o Congresso foi perdendo cada vez mais a legitimidade. Você chega numa ONG X, o cara tem muito mais autoridade do que o deputado. E com a internet é a mídia quem perde a legitimidade. Essa é a grande mudança.

Agora, o risco que se tem [na internet] é termos uma radicalização política e começarmos a ser bairristas. Quando teve a reunião dos blogueiros (agosto pp.) eu sugeri: “nós temos uma frente aqui em torno de alguns valores, os dois principais, o combate ao monopólio e a defesa da inclusão social e dos valores da civilização que foram atropelados. Agora, nós temos também todo um universo de divergências. O que temos pela frente, quando passar essa guerra aí, é mostrar que podemos divergir civilizadamente".

O universo da blogosfera é o universo das ideias. Então, tentar criar esse ambiente civilizatório em contraposição ao da selvageria é muito interessante. Um momento mágico. Isso está acontecendo no mundo inteiro, mas no Brasil, vem no bojo de mudanças muito mais radicais, com a inclusão de novas classes sociais, regionalização do desenvolvimento, a banda larga...

sexta-feira, 21 de maio de 2010

SERRA É "PAI DO HIGIENISMO" EM SÃO PAULO, DIZ PADRE JULIO LANCELOTTI

Quando a reportagem chega ao escritório da Paróquia São Miguel Arcanjo, na zona leste de São Paulo (SP), o padre Júlio Lancellotti está de olho no e-mail. Depois de responder a uma ou outra mensagem, pula para o Twitter e consulta as últimas postagens. Curioso sobre o Vermelho, acessa pela primeira vez a página do portal e comenta duas matérias recentes — uma sobre o presidenciável tucano José Serra, outra com depoimentos do jornalista Altamiro Borges.

Por André Cintra
Colaborou Renato Torelli

Júlio Lancelotti

"Discurso do PSDB é teatral", afirma Lancellotti

É uma manhã fria de sexta-feira. Lancellotti, líder da Pastoral da Rua, aceitara conceder a entrevista ao Vermelho um dia antes, ao saber do tema da conversa — a “limpeza social” implantada em São Paulo a partir de 2005, inicialmente na gestão de José Serra (PSDB), depois no governo de seu sucessor, Gilberto Kassab (DEM). Desde o começo, o “padre dos povos da rua” foi um dos opositores mais veementes da política higienista demo-tucana.

Ele também co-responsabiliza Andrea Matarazzo, o ex-secretário municipal que, numa e noutra gestão, acumulou poderes e liderou a perseguição a moradores de rua. A troca de farpas entre Matarazzo e Lancellotti atravessou os últimos anos — com uma vantagem para o padre: ele não recorreu a jornalistas para agir como seus porta-vozes ou ghost-writters, nem tampouco partiu para a calúnia. Sua atuação foi sempre no âmbito político e ideológico.

“O que eu acho é que o José Serra e o Andrea Matarazzo são os pais — os expoentes — do higienismo em São Paulo. O que eles fizeram com os povos da rua foi um absurdo total, uma falta de sensibilidade”, declara Lancellotti ao Vermelho, na primeira parte da entrevista que abre a série “Povos da Rua — A ‘Faxina Social’ de Serra e Kassab”.

Ao denunciar as tais práticas higienistas — como a construção das chamadas “rampas antimendigos” —, Lancellotti atraiu a ira da dupla PSDB-DEM, a hostilidade de parte da grande mídia e até um tratamento irônico de setores da Igreja Católica. Pelo que dá a entender, não se desestabilizou. Ao contrário — seus depoimentos rebatem pontualmente a cada uma das polêmicas em que se envolveu.

Confira.

Vermelho: São Paulo é a cidade mais rica do Brasil, e seu PIB cresce acima da média nacional. Ao mesmo tempo — e apesar das inúmeras operações da Prefeitura no Centro —, o número de moradores de rua não para de crescer. Fala-se em ao menos 15 mil desabrigados, sendo metade deles na região central. Não é uma contradição?
Júlio Lancellotti: Não é, não. Marx já dizia que fatores econômicos não explicavam tudo. O que prevalece em São Paulo é uma política de negligência aos povos em situação de rua, e isso independe de qualquer situação econômica. Faltam políticas sociais. Quem está na rua não pode ser privado do direito mais elementar, que é o de ser reconhecido e tratado como um ser humano. Não é o fator econômico que vai determinar isso.

Vermelho: Como a posse de José Serra na Prefeitura, em 2005, alterou o tratamento à população de rua? Depois das chamadas “rampas antimendigos”, você chegou a acusar Serra e o subprefeito Andrea Matarazzo de “práticas higienistas”...
JL: O que eu acho é que o José Serra e o Andrea Matarazzo são os pais — os expoentes — do higienismo em São Paulo. O que eles fizeram com os povos da rua foi um absurdo total, uma falta de sensibilidade. Essas rampas não foram o único caso. Agentes da Prefeitura começaram a perseguir o povo da rua, jogar água em cima deles. Era uma ação corriqueira, cotidiana. Depois teve aquele banco feito para a pessoa de rua ficar só sentada. Várias entidades denunciaram o descaso, as aberrações.

Vermelho: Você foi acusado, pela Prefeitura e por publicações como a Veja, de tratar o morador de rua como um “intocável” — de querer tornar permanente uma situação pontual...
JL: Eles fazem muito isso — desqualificar o interlocutor —, como se a questão se reduzisse a isso. Diziam que eu devia ir morar na rua, já que eu gostava tanto dessa gente. Desqualificam quaisquer manifestações que cobrem políticas públicas sérias, construção de moradias para moradores de rua, criação de alternativas. E tentavam também dar aquela impressão: “Eu fiz tudo que podia, e ele (o morador de rua) não quis. Tem albergue, mas ele não vai porque não quer. Ele é que não gosta de tomar banho e, por isso, não vai”.

Vermelho: É uma forma de criminalizar o morador de rua, tratá-lo como um vagabundo?
JL: É como dizer que o morador de rua não faz isso ou aquilo porque não gosta de regras. Você vai trabalhando essa animosidade no imaginário popular, na opinião pública, contra essas pessoas da rua, como quem diz: “Tem possibilidade. Eles é que não querem”.

Vermelho: Toda a administração municipal seguia essa mesma linha?
JL: Houve um episódio — e aí são as contradições da história — em que uma moradora de rua morreu em frente a um posto de atendimento na zona norte. A doutora Cristina Cury, secretária de Saúde do Serra, declarou que a moradora “morreu onde vivia”, e nós protestamos de maneira muito forte contra a fala dela. Então ela me ligou para pedir desculpas. E eu disse: “Doutora, a sra. não tem de pedir desculpas para mim. A sra. tem de ouvir os agentes comunitários de saúde da rua”. Aí ela recebeu 11 agentes e ficou tão impressionada com o relato deles que resolveu multiplicar o trabalho.

Vermelho: Dá para dizer que o conjunto da administração demo-tucana não era 100% afinado com essa política higienista?
JL: Na Secretaria da Saúde, como eu disse, nós conseguimos brechas. Já na Secretaria de Assistência Social, com o Floriano Pesaro, a parada foi dura. Hoje ele é vereador e se considera “o pai do povo da rua”. Uma vez, diante das câmeras, o Floriano me disse para todos ouvirem: “Te dei R$ 400 mil e você quer manter este povo na rua”. Eu respondi: “Não, nem você me deu, nem o dinheiro era para mim”.

Ele não pode fazer isso. Essas coisas são feitas através de ações públicas, que têm de ser transparentes. Você, se está na Prefeitura, não dá dinheiro para uma entidade porque você quer. Há fiscalização. Se ele me desse dinheiro público e eu aceitasse, os dois deveriam ser acusados de prevaricação, de improbidade.

Vermelho: Com a transição do Serra para o Kassab, melhoraram as relações entre a Prefeitura e os moradores de rua?
JL: O que acontece com a administração Kassab é que ela é muito dividida, muito partida. A presença do Matarazzo e de outros expoentes do PSDB lá dentro tornou tudo muito difícil. Com o tempo, alguns foram saindo, mas uma renca deles ainda continua lá. A gente tem tido muitos problemas com a Guarda Civil, que é ligada ao (secretário municipal de Segurança) Edson Ortega. Como todo expoente do PSDB, sua especialidade é a desqualificação do interlocutor. Eles são doutorados nesse assunto. É interessante que essa violência para desqualificar o interlocutor seja uma característica do pessoal do PSDB.

Vermelho: Numa entrevista ao Vermelho, o jornalista Luis Nassif atribuiu ao FHC a gênese dessa tendência tucana de ver políticas sociais de forma obscurantista, de tachar de “provinciana” tudo que é manifestação popular...
JL: Foi bom você falar nisso, porque há uma coisa no PSDB que é de uma maldade, uma ironia que é cáustica. Outro dia, fomos falar com o secretário Edson Ortega, e ele nos disse assim: “Mas eu não aguento ver uma pessoa caída na rua. Isso é um crime de lesa-humanidade. Vocês querem que essa pessoa, coitada, continue na rua? Não podemos deixá-la nessa situação. Nós temos de retirá-la da rua, ela queira ou não. Ver uma pessoa na rua é criminoso, atenta aos meus valores éticos e morais. Isso é da minha formação — eu sou assim, sou humanista, não posso ver”.

O discurso do PSDB entra por aí. É teatral. Eles se apropriam de um discurso que é humanista, mas que deforma a boca, porque não é verdadeiro. Você ouve e soa como ironia. A pessoa diz que é “humanista”, e é capaz de ela pegar um lenço para chorar, mas você vê que não é real. E ele repete: “Mas você quer que ele fique lá deitado na rua, morrendo de frio. Eu vou mandar recolher”.

Vermelho: A Alda Marco Antonio, vice-prefeita e atual secretária de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo, disse que a Prefeitura vai deixar de tratar o morador de rua à noite, no albergue, e começará a tratá-lo durante o dia. Para isso, mostraram até duas tendas. Essa lógica tem alguma eficácia?
JL: É uma tentativa de resposta diferente. O “Jardim da Vida”, que o pessoal chama de tenda, é uma forma de atingir uma população de rua que não é atingida por ninguém. É um método em que se diminuem aquelas barreiras de acesso — o morador de rua não precisa ter documentos, pode até estar bêbado, não precisa estar vinculado a algum trabalho. Essa foi o choque com o Andrea Matarazzo. Percebe a contradição? Com toda a limpeza social, na cara do Centro da cidade se abrem dois espaços informais onde querem estabelecer vínculos com a população de rua, e ela não é obrigada a nada.

Vermelho: E o fechamento de albergues? Faz algum sentido?
JL: Você tem de ver exatamente o que isso significa. Nós, junto ao movimento, temos uma linha: mais do que albergue, queremos ter moradia — moradias comunitárias, repúblicas terapêuticas, pensões sociais. Tem muita coisa provisória, mas queremos uma política de acesso à moradia definitiva, para pessoas com baixíssima capacidade de endividamento. Hoje uma das áreas mais fossilizadas da Prefeitura é a habitação. O que a Secretaria de Habitação fez?

sexta-feira, 14 de maio de 2010

OS DEMOS LIDERAM A LISTA DE CASSAÇÕES POR CORRUPÇÃO

Desde 2000, 623 políticos foram cassados. DEM lidera ranking

RIO – De 2000 até agora, 623 políticos tiveram o mandato cassado por denúncias de corrupção. O balanço foi divulgado nesta quinta-feira pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) e não inclui políticos que perderam cargos em virtude de condenações criminais.

Dos 623 que foram cassados, quatro eram governadores e vices: Flamarion Portela, de Roraima, e Cássio Cunha Lima, da Paraíba, mantido no cargo por força de liminar do TSE. Os demais são senadores e suplentes (seis), deputados federais (oito), deputados distritais (13), prefeitos e vices (508) e vereadores (84).

De acordo com a pesquisa, o DEM é o partido que lidera o ranking (69), reunindo 20,4% dos políticos cassados. O PMDB (66) aparece logo depois, seguido por PSDB (58), PP (26), PTB (24), PDT (23), PR (17), PPS (14) e PT (10).

No ranking dos estados, Minas é que concentra o maior número de cassações (71), o equivalente a 11% do total. Em seguida, vem Rio Grande do Norte (60), São Paulo (55) e Bahia (54). O Rio de Janeiro está na 12ª posição, com 18 cassações neste período.

A pesquisa ressalta que o número de cassações pode aumentar. De acordo com o movimento, outros 1,1 mil processos relativos às eleições de 2006 ainda estão em tramitação e podem levar à perda de mandatos.

terça-feira, 13 de abril de 2010

ESCÂNDALO DOS AMIGOS DO SERRA - Kassab, Afif e a história dos R$ 10 MILHÕES


Empresa ligada a Afif ganha R$ 10 mi na gestão Kassab

AE - Agência Estado

Empresa que tem como sócio-diretor o ex-secretário estadual do Emprego e das Relações de Trabalho, Guilherme Afif Domingos (DEM), a Indiana Seguros S/A já recebeu mais de R$ 10 milhões da gestão do prefeito Gilberto Kassab, seu colega de partido. O valor equivale a dois anos e meio de contrato da Companhia Metropolitana de Habitação (Cohab) para cobertura dos riscos de morte e invalidez de mutuários e de danos físicos das unidades habitacionais.

Ex-presidente da Indiana, Afif deixou a secretaria na gestão José Serra/Alberto Goldman (PSDB) há 15 dias para disputar a eleição; deve ser vice na chapa do tucano Geraldo Alckmin. Em nota, o ex-secretário afirmou que se afastou da presidência da seguradora em 2006 para concorrer ao Senado, "respondendo só como membro do conselho" da firma.

O contrato da Cohab com a Indiana, cujo valor inicial era de R$ 329 mil por mês, foi assinado em outubro de 2007, quando o irmão de Afif, Cláudio Afif Domingos, respondia pela presidência da empresa. À época, o presidente da Cohab era Marcelo Rehder, atual secretário-adjunto de Comunicação de Kassab. Em janeiro deste ano, a Cohab prorrogou o contrato até outubro pelo valor mensal de R$ 422 mil, ou seja, 28% a mais.

O primeiro pregão eletrônico para contratar o seguro das unidades da Cohab foi considerado fracassado por Rehder em julho de 2007 sob a alegação de que a proposta vencedora, da AGF Brasil Seguros, estava acima do valor referência da companhia. Na ocasião, a Indiana havia sido desclassificada. Na sequência, a Cohab iniciou outro pregão eletrônico vencido em outubro pela Indiana.

Negócio de família

Em nota, a Cohab informou que "não há irregularidade no contrato" com a Indiana e destacou que três concorrentes participaram do pregão vencido pela empresa de Afif. A companhia afirmou ainda que "não houve alteração no valor do prêmio/alíquota de cobertura nas renovações", mas aumento do número de mutuários assegurados pela Indiana.

Afif afirma que a Indiana foi criada em 1943 e ficou com os Afif Domingos até 1997, quando seu controle foi adquirido pela Bradesco Seguros, mas membros da família permaneceram na administração. Balanço da empresa, porém, indica que, até o início de 2008, os Afif tinham 60% das ações e o Bradesco, 40%. À época, ela foi vendida ao grupo Liberty Seguros e passou a ser presidida pelo argentino Luís Maurette, mas Afif e o irmão ainda são sócios-diretores e membros do conselho de administração, com participação nos lucros.

Defesa

Em nota, o ex-secretário de Trabalho do governo Serra, Guilherme Afif Domingos, afirmou que não ocupa a presidência da Indiana desde 2006, quando se afastou para concorrer ao Senado e, em seguida, assumir a secretaria.

Afif diz que "já estava afastado da administração e do dia a dia da empresa" em outubro de 2007, quando o contrato com a Cohab foi assinado. Segundo ele, a Indiana foi vendida à Liberty Seguros naquele mês e ele e o irmão permaneceram como membros do conselho, "não tendo nenhum tipo de gestão, nem de participação na mesma". Ele ainda afirma "desconhecer totalmente" o contrato. As informações são do Jornal da Tarde.
http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,empresa-ligada-a-afif-ganha-r-10-mi-na-gestao-kassab,537745,0.htm

sexta-feira, 5 de março de 2010

Ministro do Supremo Tribunal Federal falta a julgamento e deputados se livram de pena


Ministro Eros Grau, do Supremo Tribunal Federal

Fernando Lucio Giacobo.AE
5 de março de 2010
A notória demora do Poder Judiciário para julgar processos e a falta do ministro Eros Grau na sessão de ontem do Supremo Tribunal Federal (STF) beneficiaram os deputados federais paranaenses Alceni Guerra (DEM) e Fernando Lúcio Giacobo (PR). Ambos são acusados de fraude em licitação no município de Pato Branco (PR).

Os ministros do STF passaram a tarde de ontem discutindo se os dois deputados deveriam ou não ser condenados. O julgamento terminou empatado em 5 a 5. O voto de desempate deveria ter sido dado por Eros Grau, que não participou da plenária de ontem. O Supremo não divulgou os motivos da ausência. O problema é que o caso, que começou a tramitar em 2007 ao STF, prescreve hoje. Ou seja, uma eventual punição aos parlamentares não poderá ser executada.

A relatora da ação penal, Ellen Gracie, defendeu a condenação dos deputados. Para ela, Alceni e Giacobo deveriam ser condenados à pena de dois anos de detenção e dez dias multa, no valor diário de dez salários mínimos. Mas, de acordo com a ministra, a pena deveria ser transformada em prestação de serviços comunitários e pagamento de cem salários mínimos.

Se o voto de Ellen Gracie tivesse sido seguido pela maioria dos ministros do STF, essa seria a primeira condenação de político imposta pelo Supremo na história recente. Mas o placar terminou em cinco a favor da condenação e cinco contra.

De acordo com informações divulgadas ontem pelo Supremo, na época em que foi prefeito de Pato Branco, Alceni Guerra, encaminhou à Câmara Municipal um projeto de lei com o objetivo de sanar uma grande dívida do município com o INSS por meio de um contrato de concessão para exploração, pela iniciativa privada, da rodoviária da cidade.

O Legislativo municipal estabeleceu um valor mínimo para a concessão - de R$ 1,34 milhão - e admitiu que parte dessa quantia fosse paga pela empresa vencedora da licitação em títulos da dívida pública agrária até o valor de R$ 1.131.704,90.

Mas ao fazer a licitação, a prefeitura sob comando de Alceni teria recebido a proposta de uma única empresa, constituída apenas dois meses antes da licitação e de propriedade.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Edinho Silva:O projeto do PSDB e do DEM vive o seu pior momento




Valor Econômico - 04/03/2010

Edinho Silva, presidente do diretório do PT-SP, trabalha para construir uma liderança para disputar o Estado. A dificuldade está no enfraquecimento regional do partido, depois que o presidente Lula Inácio Lula da Silva chegou ao poder. Edinho reclama da indefinição do deputado Ciro Gomes (PSB), que atrasa as campanhas nacional e estadual do PT em São Paulo. A seguir, trechos da entrevista dada ao Valor.

Valor: O PT nunca governou São Paulo e nesta eleição aposta em um nome fora do Estado. Como explicar essa dificuldade?

Edinho Silva: O PT nunca conseguiu construir um projeto para governar São Paulo, mas não é que não tenhamos candidatos importantes. Tivemos Suplicy, Dirceu, Marta, Genoino, Mercadante e o próprio Lula. Se o PT hoje é um partido que tem mais de 30% dos votos, devemos muito a essa construção. Mas quando se constrói um projeto para ganhar um Estado ou um país, tem que ter um programa que acumule. Não pode passar a eleição e jogar o programa de governo no lixo ou deixá-lo na gaveta nem lançar a cada eleição uma candidatura diferente. Isso mostra a falta de um projeto para ganhar São Paulo. Teríamos que repetir lideranças.

Valor: Por essa lógica, o candidato seria Mercadante neste ano?

Edinho: Se repetirmos Mercadante, pela primeira vez São Paulo vai entender que o PT tem um projeto para ganhar o Estado. Perdemos com ele (em 2006). Vamos repetir e aperfeiçoar o programa de governo. Isso é interpretado pelo eleitor como um partido que tem projeto para ganhar. Se for uma nova liderança, ela não pode abrir mão do projeto de governar o Estado para disputar um outro cargo ou ocupar outro espaço. Se a liderança se desvia, o partido não acumula forças.

Valor: O PT na Presidência há dois mandatos enfraqueceu o PT paulista? Muitos foram para o governo federal ou para o Congresso.

Edinho: Tínhamos uma ansiedade muito grande de fazer Lula presidente. Faço parte de uma geração que começou a militar inspirada no Lula. Respirávamos, dormíamos, acordávamos, nos alimentávamos do sonho de eleger Lula. Mesmo Genoino, quando foi ao segundo turno, era nítido que todos os quadros estavam focados no Lula. A campanha de Genoino ficou esquecida. Se tivéssemos olhado para a campanha com um pouco mais de carinho, ele poderia ter ganho. O PT de São Paulo tem a dimensão do PT nacional. O núcleo fundador do PT era muito paulista e centrou no Lula. Deixamos de pensar um projeto para São Paulo com começo, meio e fim com planejamento, política de alianças e programas de governo.

Valor: O PT tem 64 prefeituras e o PSDB, 205. Com PMDB e DEM, a oposição detém 54,1% dos municípios. Como reverter esse quadro?

Edinho: O enraizamento do PSDB no interior vem desde Covas e passa por Alckmin e Serra. São quatro governos sucessivos que criaram uma relação com a sociedade, mas há desgaste. Quando se apresenta uma boa proposta, o interior se dispõe a votar no PT. Não é uma resistência enraizada. Não existe rejeição da classe média. Ela vota em proposta que pode não só melhorar sua vida, mas também o ambiente social.

Valor: Qual a estratégia para enfrentar a coligação PSDB-DEM?

Edinho: O projeto do PSDB e do DEM vive o seu pior momento. Existe um sentimento por um novo projeto de gestão. O PSDB vive um momento difícil por não ter conseguido responder a problemas centrais, como segurança, educação, saúde e agora os problemas ocasionados pelas chuvas. Não adianta dizermos que está errado, temos que mostrar as propostas para cada uma dessas áreas. A Educação deve ser o centro do debate, o Estado não pode estar entre os piores. Não pode liderar os mais baixos salários de policiais ou mostrar cenas terríveis como as das enchentes.

Valor: O partido está perdendo a vantagem de tempo sobre Serra?

Edinho: Exatamente. O PSDB e o DEM vivem o seu pior momento talvez desde o governo Covas. Deveríamos estar mais ofensivos no debate e não conseguimos. E não é só a conjuntura nacional, como o caso do governador Arruda, que interfere. Tem a falta de investimento anti-enchentes. As imagens que São Paulo mostrou são duríssimas para a figura do governador, para a figura de bom gestor. É claro que parte do desgaste é conjuntural. Em junho e julho não teremos enchentes. Mas o desgaste deixa cicatrizes.

Valor: O PT ainda não tem candidato em São Paulo. Isso atrapalha?

Edinho: Não é o quadro que desejamos, mas fizemos tudo o que poderíamos. Mobilizamos o partido no Estado e formulamos diretrizes de um programa de governo. Temos um diagnóstico do Estado debatido em cada região e uma equipe trabalhando. Construímos um campo político com nove partidos, que pode chegar a onze. Temos dialogado com a direção nacional do PT e com a coordenação da campanha da ministra Dilma para definir o quadro nacional o mais rápido possível. Sem isso, fica muito difícil dar continuidade à construção da tática em São Paulo.

Valor: O partido está travado pela indefinição de Ciro Gomes?

Edinho: Enquanto não tiver uma definição do PSB, não temos como avançar. Definida a tática nacional, resolvemos São Paulo em uma semana, dez dias. A indefinição nacional começa a atrapalhar a construção do palanque da ministra Dilma no Estado, que tem 22,3% do eleitorado do país. É o Estado do nosso principal adversário. Aqui se define a vitória ou a derrota eleitoral. Cada dia que passa é um a menos para que estejamos construindo o palanque da ministra Dilma. O esforço é para definir até o fim de março. Precisamos correr o Estado. Temos dificuldade no interior, onde a diferença entre Serra e Dilma aumenta muito. Precisamos ter encontros com prefeitos, movimento sociais, confrontar projetos. São Paulo é onde mais se materializa a política do PSDB, onde se tem as matrizes administrativas dos oito anos de governo FHC.