Estado de SP só tem dois centros de atendimento aos dependentes do crack
O mapeamento da dimensão da presença do crack nos municípios paulistas, seus reflexos e a articulação de política pública integrada foi o foco da primeira mesa do I Seminário Paulista de Enfrentamento ao crack e outras drogas, promovido pelos deputados Donisete Braga e Enio Tatto, nesta terça-feira (4/5), na Assembleia Legislativa.
Representando os executivos municipais, Marcos Monti, da Associação Paulista de Municípios, defendeu uma ação integrada entre os gestores públicos - Município, Estado e Federação. Segundo ele, pesquisas recentes apontam que dos 645 municípios de São Paulo, 520 já detectaram a presença do crack.
Para Wladimir Taborda, da secretaria estadual da Saúde, há uma estreita relação entre os consumidores de álcool e crack. Ele apresentou alguns desafios do Programa Estadual de Políticas sobre Álcool e Crack e pontuou as ações a devem ser desenvolvidas de maneira conjugada – prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação, e articuladas entre várias secretarias de Estado.
Uma triste realidade é que, embora o Estado de São Paulo tenha 266 Caps – Centro de Atendimento Psiquiátrico, apenas dois têm um trabalho específico aos dependentes do crack.
Diante desse fato, o deputado Enio Tatto ponderou que a sociedade e os governos estão perdendo a briga para a crack: “A maioria dos jovens adolescentes, hoje internados na Fundação Casa, são vítimas do crack. Nós precisamos discutir, no Orçamento estadual, recursos para que os nossos municípios possam ter estruturas e profissionais com condições de enfrentar este problema”. Já, o também parlamentar petista Donisete Braga lembrou que o problema da crack atinge a sociedade em todas as classes sociais e é tema prioritário do governo Dilma.
Cracolândia
O perfil e a situação dos dependentes de droga no centro da Capital, conhecido como “cracolândia”, foram apresentados pela representante da secretaria municipal de Saúde, Rosangela Elias. Os dados mostram que a maior presença entre os dependentes são de adultos jovens, do sexo masculino.
A primeira mesa de debates do dia foi concluída por Roberto Tykanori, do Ministério da Saúde, que, assim como os demais, defendeu a necessidade da articulação entre os governos, mas destacou que as estatísticas das pesquisas realizadas pelo Ministério não constatam um quadro de epidemia do crack na nossa sociedade.
“Há um impacto sobre a carga da doença, as pessoas ficam impressionadas com as imagens degradante dos dependentes e isso gera medo e insegurança. Muitas vezes, a mídia dimensiona esta realidade e isso, por sua vez, pode favorecer as pessoas aceitarem a violência para coibir a ação dos dependentes. Isso pode ‘ legitimar ‘ a barbárie, inclusive a praticada pela Estado” , enfatizou Tykanori.
O representante do Ministério disse que entre as ações planejadas pelo Ministério da Saúde está o desenvolvimento de políticas públicas que viabilizem ao dependente a prática de uma atividade que gere renda e que tenha apoio para pagar o custo de uma moradia social.
Prefeitos, vereadores, secretários municipais de Saúde, guardas municipais e especialistas participaram e contribuíram com os debates.
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