segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

DESGOVERNO TUCANO DEIXA BAIRROS DA GRANDE SÃO PAULO ALAGADOS


Cidade submersa - 21/01/2011

Grande São Paulo já tem bairros alagados há quase duas semanas

Com informações do Jornal da Tarde

A história quase que se repete em São Paulo. Em bairros próximos aos afluentes do Rio Tietê, chuvas são sinônimos de desabrigados, casas interditadas e ruas alagadas.

As fortes chuvas da tarde desta sexta-feira (21/12) representam mais alguns dias debaixo d’água para moradores de pelo menos 9 bairros da região leste da Grande São Paulo, que já estão há cerca de 12 dias alagados.

Há casas destruídas e ruas submersas na região do Jardim Helena, extremo leste da capital, às margens do Rio Tietê e áreas alagadas em Itaquaquecetuba e Guarulhos. Os bairros mais atingidos são próximos aos Jardins Pantanal e Romano, que passaram dois meses de 2010 submersos.

Os moradores da região culpam o assoreamento do Tietê. É que o Distrito do Jardim Helena é cortado por oito riachos que desaguam no rio e, por isso, enfrentam refluxo nos afluentes e nas galerias quando o volume de água no Tietê é maior.

Além dos problemas com as obras de desassoreamento, os moradores da região temem pelas consequências da barreira de contenção de enchentes, o dique do Jardim Romano. No último mês de dezembro, o próprio D.A.E.E. admitiu que o dique pode elevar o nível do Rio em até seis centímetros.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

BOLSA FAMÍLIA AJUDA A EDUCAÇÃO PÚBLICA DO BRASIL

Bolsa Família melhora índices da escola pública


Autor(es): Linda Goular Correio Braziliense - 19/01/2011

Coordenadora do Plano de Mobilização Social pela Educação do MEC

Mais do que o controle para fins de concessão do benefício, o acompanhamento pelo MEC da frequência escolar de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade (Programa Bolsa-Família) tem gerado informações valiosas para o acompanhamento da trajetória educacional dos beneficiários. Ao cruzarmos tais informações com dados da Pnad e do censo escolar, vemos, por exemplo, que a frequência à escola está contribuindo não apenas para melhorar a vida dos beneficiários, mas, também, a de vários indicadores educacionais.

Uma das condicionalidades para a família não perder a bolsa é que os filhos entre seis e 17 anos frequentem, no mínimo, 85% das aulas todos os meses. Certamente, essa é forte motivação para os altos índices de frequência registrados, mas, uma vez na escola, esses meninos têm conseguido terminar o ensino fundamental e prosseguem no ensino médio. São cerca de 16 milhões de crianças, adolescentes e jovens, o que corresponde a perto de 40% do total dos alunos do ensino fundamental. No Nordeste, esse índice chega a alcançar quase metade das matrículas.

rImpressionados com os dados, especialistas têm afirmado que, se as escolas conseguirem reter os estudantes fazendo com que concluam o ensino fundamental, teremos outro país. A média de anos de estudo da população, que é hoje de pouco mais de sete anos, aumentará sensivelmente. Mas, sobretudo, teremos adultos que saíram da rua, aprenderam a conviver com as regras próprias do ambiente escolar e foram adquirindo hábitos de disciplina, de compartilhamento de aprendizagem com os colegas, acessando novos conhecimentos, ampliando os horizontes culturais. Serão, ao final, milhões de pessoas mais escolarizadas, que aspirarão para os filhos trajetória educacional maior, exigindo também, como direito, melhor qualidade de ensino e de oportunidades.

Situação bem diferente da atual. Segundo dados da Pnad/IBGE 2009, enquanto no estrato dos 20% mais ricos da população a escolaridade média dos que têm mais de 15 anos é de 10,7 anos, os 20% mais pobres nessa faixa etária têm apenas 5,3 anos de estudo. Nessa mesma faixa etária, entre os 20% mais ricos, 86% concluíram o ensino fundamental, enquanto no estrato dos 20% mais pobres apenas 40% alcançaram esse privilégio.

A boa novidade trazida pelo controle da frequência dos beneficiários do Bolsa Família é que isso começa a mudar graças ao desempenho dos alunos cuja renda familiar os coloca entre os 20% mais pobres da população. Bom exemplo é a evolução das matrículas de jovens de 15 a 17 anos no ensino médio. A análise do período compreendido entre 2004 e 2009 indica crescimento constante, que vai de 44,2% a 50,9%. Tomando como base, mais uma vez, os estratos dos 20% mais ricos e dos 20% mais pobres, o que se vê é pequeno crescimento entre os mais ricos, enquanto entre os mais pobres a taxa aumenta em mais de 50%.

Outro progresso notável refere-se às taxas de aprovação. Dados do censo da educação básica indicam que os beneficiários do Bolsa Família têm aprovação semelhante à média brasileira no ensino fundamental e bem superior no ensino médio. Melhor ainda: no Nordeste, ela é maior nos dois níveis de ensino. A situação só se inverte quando olhamos as taxas de abandono. Felizmente. Nesse caso, elas mostram que o percentual é menor entre os beneficiários, tanto no ensino fundamental quanto no médio. Em resumo, eles estão frequentando mais, abandonando menos e melhorando os índices de aprovação.

É razoável supor que, uma vez na escola, eles aproveitam a oportunidade para seguir uma trajetória escolar da qual estavam excluídos. O desafio maior fica por conta dos professores e gestores. É importante que eles conheçam e reflitam sobre tais dados. Acolher o beneficiário do Bolsa Família sem discriminação e com atenção redobrada, reconhecendo suas deficiências de formação formal e social, é fundamental para que se possa extrair deles todo o potencial de desenvolvimento.

O desafio para os gestores estaduais e municipais é articular políticas intersetoriais – educação, saúde, desenvolvimento social, entre outras – criando uma rede de proteção às famílias. São passos fundamentais para garantir o direito de aprender, primeiro passo para levar essas crianças e jovens à emancipação e ao exercício pleno da cidadania.

https://conteudoclippingmp.planejamento.gov.br

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

CORREIOS LANÇAM SELO EM HOMENAGEM AO PRESIDENTE LULA

Karla Mendes

SÃO PAULO - Desde 1º de janeiro, está em circulação um selo comemorativo em homenagem ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo os Correios, o selo postado foi emitido, “como de praxe”, logo depois da conclusão de mandato presidencial. A política de emissão de selo sobre presidente da República está vigente, segundo a estatal, desde 1996, por meio da Portaria 818 do Ministério das Comunicações, segundo a qual chefes de Estado podem ser homenageados em selo postal, em vida, somente após o término do seu mandato ou conjunto de mandatos consecutivos.

A tiragem do selo é de 900 mil exemplares e está sendo vendido a R$ 2 pela loja virtual dos Correios www.correios.com.br/correiosonline) ou pela Agência de Vendas a Distância (centralvendas@correios.com.br).

O selo apresenta a foto oficial do segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nos jardins do Palácio da Alvorada. Em segundo plano, a imagem apresenta os arcos do Palácio da Alvorada, moradia oficial do Presidente da República do Brasil. A arte foi feita sobre fotografia de Ricardo Stuckert, então fotógrafo oficial do Palácio do Planalto.

PRESIDENTA DILMA TERÁ COLUNA SEMANAL EM JORNAIS DE TODO O BRASIL


A Secretaria de Imprensa da Presidência da República divulgou uma nota nesta segunda-feira, 17, pedindo que jornais impressos interessados em publicar coluna semanal assinada pela presidenta da República, Dilma Rousseff, façam sua inscrição.

Em sua última coluna, Lula diz que deixar a política seria como parar de respirar

A coluna deverá ser feita no mesmo molde da que era assinada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e publicada em diversos jornais do País, no formato de perguntas e respostas, com questões levantadas por leitores. A coluna deverá ser publicada sempre às terças-feiras.

Caberá aos veículos cadastrados enviar as perguntas dos leitores para a Secretaria de Imprensa, que selecionará três por semana, entre todas aquelas recebidas dos jornais cadastrados, para serem respondidas pela Presidenta. Os leitores devem ser identificados com nome completo, idade, ocupação e cidade de residência. As perguntas devem tratar de temas relacionados às políticas públicas e de relevância e interesse jornalísticos.

Segundo a nota da secretaria, a coluna será encaminhada aos jornais cadastrados às segundas-feiras para ser publicada na edição do dia seguinte. Todos os jornais receberão exatamente o mesmo material para publicação.

O texto terá em torno de 4 mil caracteres, incluindo espaços. O layout é livre, conforme a concepção de cada jornal, desde que fique garantida a publicação na íntegra das perguntas e respostas encaminhadas pela Secretaria.

GERALDO ALCKMIN NÃO FEZ NEM EM 6 ANOS, QUANTO MAIS EM 24 HORAS


blog do zé

Patranha sem perdão

Publicado em 18-Jan-2011

Mídia "esquece" declaração de Alckmin sobre enchentes...

Não tem atenuante nem perdão a declaração do governador Geraldo Alckmin (PSDB), de que não se faz obra em 24 h. O governador a utilizou em sua tentativa de justificar a omissão dos governos tucanos, dos quais ele faz parte ou comanda há quase 20 anos, em relação a medidas de contenção de enchentes na Capital e no Estado.

A afirmação é acintosa exatamente porque Alckmin se encaminha para completar 20 anos na administração estadual, duas vezes vice-governador, três como governador e uma como secretário de Estado do governo José Serra. E a imprensa? Ignorou intencionalmente, apenas registrou uma vez a afirmação e a vestiu, mais uma vez, com o manto do silêncio protetor aos tucanos.

Ninguém, jornal, rádio, TV ou revista deu uma manchete, um editorial, uma palavra a respeito, salvo o jornalista Clóvis Rossi que em uma coluna sua na Folha de S.Paulo lembrou que Alckmin é governo há quase duas décadas.

De novo dois pesos e duas medidas

Por sua vez o governo federal, após reunião da presidenta Dilma Rousseff com parte de seu ministério, anunciou a completa reestruturação da Defesa Civil, com a criação do Sistema Nacional de Alerta e Prevenção de Desastres Naturais. O programa estará concluído até 2014, mas conforme anunciou o ministro de Ciência e Tecnologia, Aloisio Mercadante, cumpre seus objetivos já no ano que vem.

O que virou manchete e títulos nos jornais e no noticiário? Só este ponto: a conclusão do caro, complexo e sofisticado plano em 2014. Alguma memória, box, pequena nota nos jornais junto com o noticiário da iniciativa do governo federal sobre a declaração de Alckmin, já que ele também falava do drama das enchentes num Estado e Capital fortemente assolados por elas?

Nenhuma linha. A mídia aproveitou para encobrir mais uma vez a declaração acintosa do governador paulista. Lembram-se do nome disso? Patranha - passar para o público uma história mentirosa, incompleta, manipulada.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O AVISO DAS ÁGUAS - EDINHO SILVA


" Só depois que a ultima árvore for derrubada, o ultimo rio for envenenado, vocês irão perceber que dinheiro não se come". Cacique Seatlle, em carta enviada ao governo dos EUA em 1855.

Os últimos verões têm sido marcados por tragédias conseqüentes das variações climáticas em diferentes lugares do Brasil. Em metrópoles como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte ou em cidades do interior, as enchentes tornaram-se uma ameaça recorrente. O oposto, porém, ocorre em lugares como o Rio Grande do Sul que, em plena estação das águas, enfrenta o flagelo da seca, mudando as características de regiões inteiras. O que vivemos hoje é conseqüência do que "plantamos", do modelo de produção de riquezas que desenvolvemos.

Poderíamos dar vários exemplos no mundo, onde nevascas intensas, enchentes e secas geram desastres para a humanidade comparados às destruições típicas das grandes guerras.

O destempero climático é uma reação do planeta às agressões humanas à natureza. Nos últimos anos, muito se tem falado sobre os grandes temas desse início de século: globalização, avanço genético, democratização das comunicações, novas tecnologias. São temas cujo debate é necessário para definir o futuro da humanidade. Entretanto, o momento é crucial para uma reflexão profunda a respeito do que consideramos riqueza e qual o modelo de sua produção e distribuição.

A modernização do sistema produtivo internacional, com a absorção das tecnologias, mostrou ao mundo um processo civilizatório perverso. Ao mesmo tempo em que fez crescer a exploração dos recursos naturais e a produção de riquezas, produziu rendimentos baixos para a maioria dos trabalhadores, precarização das condições de trabalho, aumento da violência. Outra conseqüência devastadora foi a completa desorganização do clima no planeta.

O desafio do século XXI é romper com o modelo de desenvolvimento inspirado pela revolução industrial ocorrida na 2ª metade do século XVIII. Uma cultura de produção de riquezas e de consumo que lida com a natureza como se os seus recursos fossem inesgotáveis. A mesma cultura que transformou os espaços urbanos em objeto da ganância ou da materialização da exclusão social expressa nas moradias precárias. A lógica de produção e acúmulo de riquezas transformou os grandes centros urbanos em cenário de exclusão, destruição e mortes.

As enchentes são conseqüência da ocupação destrutiva dos espaços urbanos verificada há décadas com a complacência das autoridades. A desorganização do clima resulta de mais de um século de um modelo de produção e distribuição de riquezas que só deteriorou os recursos naturais. Pagamos hoje o preço, tanto desse modelo de desenvolvimento urbano arcaico, como de um modelo de desenvolvimento que trata os recursos naturais como objeto de lucro, em que o resultado é o acúmulo de riquezas por poucos e a distribuição da miséria entre muitos.

O desenvolvimento urbano desorganizado permite a ocupação indevida das áreas próximas aos mananciais, sem projetos apropriados de drenagem. É vital mudar a lógica dos investidores urbanos de elaboração de projetos voltados exclusivamente ao retorno financeiro, favorecidos, em muitos casos, pelo Poder Público, em uma relação de compadrio que não representa os interesses da maioria da sociedade.

O desenvolvimento equilibrado passa por um modelo de produção de riquezas que seja sustentável, o que é impossível de acontecer se não tivermos um modelo de desenvolvimento urbano que olhe para o futuro e não para a ganância do presente.

Em Araraquara, as enchentes são problemas pontuais. No geral, a cidade pode se considerar em boas condições para atravessar a temporada das águas, pois conta com um bom sistema de drenagem urbana e não sofre com ocupações irregulares de áreas de mananciais. Mas também temos que nos preocupar com o processo de impermeabilização do solo, principalmente nas proximidades dos mananciais. Com o adensamento populacional em regiões próximas aos mananciais, e a conseqüente impermeabilização do solo, não há projeto de drenagem que consiga escoar em tempo hábil as águas pluviais.

A condição da cidade é conseqüência de medidas adotadas ao longo dos anos pelas administrações municipais. Em nosso governo elaboramos um Plano Diretor amplamente debatido com a sociedade, que exige dos investidores imobiliários toda a infraestrutura incluindo galerias para escoamento das águas das chuvas e preocupação com os mananciais. O Plano Diretor foi considerado por alguns segmentos muito rigoroso, mas é preferível o rigor da lei que impeça a ocupação desordenada, a ver Araraquara se transformar em cenário de tragédias. É preciso ter em mente que as medidas tomadas hoje serão "pagas" pelas gerações futuras.

Edinho Silva

TUCANOS ROUBAM COMIDA DAS CRIANCINHAS - PINDAMONHANGABA


Fraude na merenda era usada para fazer caixa 2

fonte: jornal A Folha de S. Paulo

A Verdurama, pivô do suposto esquema de fraude na merenda em Pindamonhangaba que envolve Paulo César Ribeiro, cunhado do governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB), piorou a qualidade dos produtos nas escolas para fazer caixa.
Segundo investigações do Ministério Público, o dinheiro economizado teria bancado propina e doações a campanhas eleitorais.

A informação consta de um dos depoimentos prestados ao Ministério Público Estadual, em julho do ano passado, pelo ex-diretor da empresa Genivaldo dos Santos.

Nos documentos, há exemplos de troca de produtos, como a substituição de arroz tipo 1 pelo tipo 3 (com mais impurezas e mais grãos quebrados), e carne por ovos -que têm menos proteína e vitaminas, como a B12. Outros produtos do cardápio, que inclui leite e hortifrutigranjeiros, também teriam sido trocados.

A lista de alimentos que compõem a merenda é estipulada no edital da concorrência e segue diretrizes do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.

Segundo Genivaldo, houve reclamação das escolas, mas "nunca foi tomada providência" pela prefeitura.

De acordo com ele, foi negociado aumento de preços na tabela de alimentos para juntar dinheiro que seria usado na campanha do prefeito reeleito, João Ribeiro (PPS), apadrinhado de Alckmin. Ele nega as acusações.

Genivaldo afirmou que, elevando valores da tabela, a diferença seria repassada à campanha. Não há registros das doações.

Esquema da merenda

Ele afirmou que a campanha do prefeito solicitou doações em 2008 e, a partir daí, surgiu a proposta de alterar os produtos do cardápio.

O contrato, no valor corrigido de R$ 6,8 milhões, foi aditado em fevereiro de 2009. Segundo ele, o "esquema da merenda" começou em 2004 no município.

No depoimento, Genivaldo diz que a proposta foi feita por Eloízio Durães, dono da SP Alimentação. Durães chegou a ser preso por acusação de fraude na merenda.

Segundo ele, além de fazer caixa dois, a intenção do esquema era socorrer financeiramente a SP Alimentação, que, afirma, atuava em con- luio com a Verdurama.

O argumento é que a empresa sofria com a suspensão de um contrato com a Prefeitura de São Paulo, em 2008. A SP Alimentação nega.

De acordo com depoimento do ex-secretário Sílvio Serrano, exonerado do cargo por conta das denúncias, quem fazia o transporte da merenda para a Verdurama era a empresa de Lucas Ribeiro, sobrinho da primeira-dama de SP, Lu Alckmin.
O cunhado do governador é investigado por suspeita de ter intermediado a suposta fraude na licitação em favor da Verdurama.

GOVERNO DE SÃO PAULO NÃO PLANEJA E CULPA SÃO PEDRO POR TRAGÉDIAS

Uma morte e quatro casas desabadas pelo descaso tucano em São José dos Campos

Governo mais uma vez culpa a chuva pela tragédia no Estado

Mais uma vez o governo do Estado culpou a intensidade da chuva pela tragédia que ocorreu em São Paulo na madrugada do dia 11, que ocasionou a morte de 14 pessoas e 127 pontos de alagamento – recorde desde 2005.

O governador Geraldo Alckmin ainda afirmou que “não é possível fazer obra em 24 horas”, esquecendo-se de que seu partido está no comando do Estado há nada menos que 16 anos.

A obra bilionária de rebaixamento da calha do rio Tietê na gestão anterior de Alckmin visava eliminar alagamentos pelo transbordo do rio – previa só um em cem anos, mas houve ao menos cinco desde 2006.

Alckmin alegou ser necessário um “eterno” desassoreamento e disse que há hoje 2,1 milhões de m3 que precisam ser retirados do Tietê. Isso por conta da descontinuidade de investimentos.

Segundo levantamento realizado pela assessoria da Bancada do PT na Assembleia, de 2007 a 2010, deixaram de ser aplicados R$ 47 milhões no programa de combate a enchentes do Estado. Só na calha do Tietê foram R$ 35,8 milhões a menos que o previsto.

A construção de piscinões também deixou de receber investimentos. Foram R$ 21,7 milhões a menos do que o orçado no governo Serra/Goldman, o que representa uma diferença de 14%. Há 11 anos a previsão era a construção de 134 reservatórios (piscinões), mas apenas 43 saíram do papel.

Para a preservação e conservação de várzeas, o governo deixou de aplicar R$ 1 milhão (-7%) e para a limpeza de córregos, especialmente na cidade de São Paulo, houve uma redução de R$ 2,4 milhões (-16%). Além disso, dos R$ 44 milhões destinados para constituir um Plano de Macrodrenagem, que evitaria inundações, não teve um centavo gasto.

Sinal de alerta de chuvas não chega às ruas

Apesar de os órgão públicos terem a informação sobre a chuva com horas de antecedência, os sinais de alerta não chegaram à população.

O Sistema de Previsão e Alerta de Enchentes, que o governo do Estado apresentou em 13 de outubro de 2010 e que custou R$ 2 milhões, não tem mostrado nenhuma eficácia. Passados apenas três meses, o governador Alckmin já anunciou que está licitando um novo sistema, ou seja, um novo investimento de cerca de R$ 7 milhões. Resta saber se dessa vez vai funcionar.


segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

PEDÁGIOS DE SÃO PAULO PODERIAM SER 26% MAIS BARATOS


Os pedágios das rodovias paulistas concedidas em 1998 seriam 26% mais baratos, caso o indexador para reajustes fosse o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – como nas novas concessões – em vez do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M).


Com isso, um trajeto de carro entre Ribeirão Preto e São Paulo – um dos roteiros mais caros do Estado , que sai hoje por R$ 55,61, com a correção pelo IPCA custaria R$ 41,15, ou seja, uma economia de R$ 14,46 por viagem.

A adoção do IPCA ao longo dos últimos 12 anos teria trazido grande impacto para as concessionárias. Por exemplo, a receita da Autoban, concessão mais rentável do país, que conjuga a operação das rodovias Anhanguera e Bandeirantes, foi de R$ 1,16 bilhão em 2009. Com IPCA, teria rendido cerca de R$ 300 milhões a menos – equivalente a quase metade do lucro de seu controlador, o grupo CCR, no período.

Em sete dias, arrecadação supera R$ 100 milhões

Somente nos sete primeiros dias de 2011, os pedágios em rodovias paulistas já arrecadaram mais de R$ 100 milhões. Em 2010, o número superou R$ 5,3 bilhões, ou seja, R$ 1 bilhão a mais do que o montante de 2009.

No Estado, são arrecadados R$ 168,09 por segundo, R$ 605 mil por hora e mais de R$ 14,522 milhões por dia. Ao todo, o Estado de São Paulo tem 227 praças de pedágios – 467% mais do que em 1997, quando foi iniciado o programa de concessão. Naquele ano, existiam em todo o Estado 40 praças.

Confira o total arrecado em tempo real no endereço: http://pedagiometro.com.br/

*com informações do jornal Valor Econômico

TUCANOS ATRASAM PELA 8ª VEZ A LINHA 4 DO METRÔ DE SÃO PAULO


Alckmin adia entrega de trecho da Linha 4 em um ano e prejudica mais de 700 mil usuários

A inauguração das estações Butantã e Pinheiros – Linha 4 - Amarela – devem ser entregues na metade do ano, no entanto, a conclusão do trecho até a Luz só deve ser entregue no final de 2011. Esta é a oitava vez que a data é alterada desde 2001

Projetada para transportar mais de 700 mil usuários por dia, a Linha 4 do Metrô tem pela oitava vez, desde 2001, seu prazo de inauguração adiado. Mais de sete meses após começar a operar apenas como teste (entre 9h e 15h) as estações Faria Lima e Paulista, a data de abertura de outras quatro paradas (Butantã, Pinheiros, República e Luz) foi novamente alterada. A previsão da gestão Alckmin é que as estações Butantã e Pinheiros sejam inauguradas na metade do ano e as outras duas (República e Luz), só no fim de 2011.

Quanto às demais estações (Fradique Coutinho, Oscar Freire, Higienópolis, Morumbi e Vila Sonia), um documento de prestação de contas da Secretaria de Transportes Metropolitanos, do fim de 2010, aponta da data de entrega para 2012, sem especificar o mês. No entanto, o novo secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, já fala em 2013.

Até agora, mais de R$ 2,3 bilhões já foram investidos nas obras na Linha 4 – Amarela e é a primeira linha gerida pela iniciativa privada.

Prazo de entrega era para 2008

Um dos primeiros prazos dado pelo Metrô para a entrega do trecho Butantã-Luz era novembro de 2008. O governo tucano anterior, de José Serra e Alberto Goldman, prometia tudo para 2009, depois para 2010, depois para começo de 2011.

Plano de Expansão tucano não passou de propaganda

Apresentado com muita propaganda pelo governo de Serra, o chamado “Plano de Expansão”, que previa o aumento da rede metroviária de 61,3 quilômetros para 80 quilômetros até o fim de 2010 não virou realidade.

Duas estações da Linha 4, consideradas pelos tucanos como inauguradas, funcionam atualmente no sistema de operação assistida, com horário reduzido.

Outra linha que está em obras é o ramal de metrô leve a partir da Linha 2 – Verde, que irá até Cidade Tiradentes. A obra era prevista para o fim deste ano, mas agora as três primeiras estações serão entregues em 2012.

Já as obras da Linha 5 – Lilás – está suspensa sob suspeita de fraude na licitação e há uma sinalização por parte da gestão Alckmin de que seja feita uma PPP – Parceria Público-Privada. Mas a entrega prometida para até 2014, ano da Copa do Mundo, está comprometida.

Tarifa deverá subir para R$ 3,00

O secretário Jurandir Fernandes também disse que a tarifa de metrô e de trem poderá ser reajustada em fevereiro e que o novo valor chegará a R$ 3,00. Hoje, a passagem custa R$ 2,65.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

EDINHO SILVA SUGERE INDICADOR NACIONAL DE SAÚDE


Indicador nacional de saúde foi sugerido por Edinho ao ministro Padilha

A definição de um indicador nacional sobre a qualidade do acesso aos serviços de saúde e a definição de um mapa nacional de necessidades no setor, defendida pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, foi uma sugestão apresentada pelo deputado estadual eleito Edinho Silva (PT). “É uma proposta que defendo desde a época em que estávamos na Prefeitura”, afirma o ex-prefeito de Araraquara.

Edinho explica que o objetivo é facilitar o monitoramento da situação dos serviços de saúde em todo o país. Mas o parlamentar defende, também, uma mudança na forma de compor o Teto Financeiro de estados e municípios.
Para ele, o Teto deve ser composto pelo número de habitante, mas também pelo alcance de metas (redução de indicadores como diabetes, hipertensão, mortalidade infantil, etc.). Essas metas seriam uma contratualização entre União, estados e municípios.

“Essa proposta tem uma lógica: quanto mais você investe em saúde básica, quanto mais unidades básicas você abre, mais você demanda exames e cirurgias eletivas, portanto o município que investe em saúde básica não será penalizado por isso e sim será remunerado, tendo um aumento do Teto”, ressalta Edinho.

O deputado eleito lembrou que em suas duas gestões como prefeito, investiu em programas de atenção básica à saúde que melhoraram as condições de saúde do idoso, da mulher, da gestante, de pessoas hipertensas e reduziu a menos de dois dígitos a mortalidade infantil. Apesar disso, não houve aumento do Teto SUS para Araraquara.

A proposta levada por Edinho e apresentada pelo ministro Padilha à imprensa visa modificar essa situação. “Quem investe em programas tem melhorias dos indicadores (desnutrição infantil, câncer de colo de útero, mortalidade infantil, acidentes vasculares leia-se redução hipertensão e redução diabetes, redução das internações etc.), portanto a proposta seria uma forma de premiar os quem investem em saúde básica, em programas como PSF. Em Araraquara elevamos o atendimento no PSF de 10 mil para 54 mil pessoas, merecíamos um aumento do Teto SUS”, argumenta.

O ministro Alexandre Padilha defende também a regulamentação da Emenda 29, que fixa os percentuais de investimento dos governos federal, estaduais e municipais nos serviços de saúde. "Mas precisamos investir mais e melhor os recursos que temos hoje", diz.

Na avaliação do ministro, a própria presidenta da República, Dilma Rousseff, já deu demonstrações claras de que a saúde será uma prioridade do governo federal ao incluir no discurso de posse a consolidação do SUS como uma questão central.

Segundo ele, Dilma estabeleceu cinco prioridades quando o convidou para assumir o cargo. A primeira diz respeito à saúde da mulher e da criança e leva em conta os cuidados desde a gestação até os primeiros anos de vida do bebê. A outra é oferecer remédios para hipertensão e diabetes de forma gratuita dentro do programa Aqui Tem Farmácia Popular.

A presidenta pediu, ainda, atenção especial na implantação das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), criadas para facilitar os primeiros atendimentos de pacientes que chegam com sintomas de doenças leves aos centros de saúde. O quarto pedido é participar ativamente das ações de combate e enfrentamento ao uso do crack no País e, por fim, intensificar o combate à dengue.

Fonte: http://www.edinhopt.com.br/

QUASE 80% DAS FAMÍLIAS VIVEM SITUAÇÃO FINANCEIRA MELHOR


Situação financeira melhorou para quase 80% das famílias, indica Ipea

Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Estudo divulgado hoje (6) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indica que 77% das famílias brasileiras afirmaram, em dezembro, que estavam melhor financeiramente do que um ano antes, enquanto 19,8% sentiam-se em situação pior. O estudo foi realizado em 3.810 domicílios, em 214 municípios de todas as unidades federativas.

As regiões Centro-Oeste e Norte registraram a maior proporção de famílias que acreditam ter melhorado a sua condição financeira (82,1% e 80,3%, respectivamente), seguidas pelo Nordeste (79,4%). No Sul e Sudeste, a proporção de famílias otimistas é levemente inferior (70,6% e 76%, respectivamente).

A pesquisa revela ainda que 81% das famílias brasileiras acreditam que estarão em melhores condições financeiras daqui a um ano, enquanto 8,2% projetam estar em situação pior.

As expectativas otimistas do conjunto das famílias brasileiras pesquisadas são mais pronunciadas por aquelas com rendimento entre cinco e dez salários mínimos e com ensino médio (completo ou incompleto).

O técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea, Sandro Carvalho, lembrou que as decisões de investimentos no país se baseiam no nível de confiança do consumidor e que o monitoramento feito pelo órgão tem como objetivo produzir sinalizadores sobre a decisão de gastos das famílias.

“Houve uma melhora. Pela primeira vez, mais da metade das famílias declarou não ter nenhuma dívida e a proporção de endividados diminuiu", destacou ele.

Edição: Juliana Andrade // A matéria foi ampliada

RECORDE DE PRODUÇÃO DE GRÃOS ESPERADO PARA 2011



Conab espera em 2011 recorde na produção de grãos com mais de 200 mil toneladas

Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O Brasil pode ter novo recorde de produção de grãos este ano. De acordo com o quarto levantamento do ciclo 2010/2011, divulgado hoje pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), devem ser colhidas 149,416 milhões de toneladas de grãos, um aumento de 212 mil toneladas em relação às 149,204 milhões de toneladas colhidas no período anterior. Em relação ao último levantamento, publicado no mês passado, a estimativa aumentou em 0,22%, ou 329,6 mil toneladas.

Segundo a Conab, o ajuste da área de arroz plantada e a melhoria da produtividade do milho primeira safra no Rio Grande do Sul contribuíram para o resultado positivo da pesquisa. A estatal ressalta, no entanto, que a estimativa está condicionada a condições climáticas favoráveis às principais culturas, como algodão, soja, feijão, arroz e milho.

A área cultivada na safra 2010/2011 deve atingir 48 milhões de hectares, representando um crescimento de 1,3% em relação à do ciclo anterior. A pesquisa foi feita entre os dias 13 e 16 de dezembro por 51 técnicos da Conab, que ouviram representantes de cooperativas e sindicatos rurais, de órgãos públicos e privados nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, além de parte do Norte e do Nordeste.

Edição: Talita Cavalcante

Agência Brasil


A OPOSIÇÃO QUE FAZ OPOSIÇÃO AO BRASIL

entrevista do mês
Luis Nassif

ImageOposição levará anos para se refazer no país


A conclusão é do jornalista especializado em economia Luis Nassif, em sua análise sobre a disputa presidencial deste ano e, sobretudo, da campanha suja explorada pela oposição e seu candidato derrotado José Serra (PSDB-DEM-PPS) em 2010.

Em uma avaliação suscinta, nesta entrevista, Nassif aponta o que deve ser mudado no panorama econômico do país, em especial nas áreas de câmbio e juros. Traça, também, um perfil da mídia brasileira no decorrer dos últimos anos e do papel lamentável a que se prestam alguns jornalistas.

Para Nassif, a imprensa hoje é linha auxiliar de partidos políticos, uma realidade que pode e deve ser combatida com concorrência e, sobretudo, um marco regulatório para que direitos elementares, como o de resposta, sejam garantidos à sociedade.

Um dos blogueiros mais respeitados do país (acesse o blog do Nassif), ganhador de vários prêmios, como o de "Melhor Jornalista de Economia da Imprensa Escrita" dado pelo site Comunique-se em 2003 e 2005, Nassif também fala da força da Internet hoje em termos da liberdade de imprensa e de garantia de maior democracia.


[ Dirceu ]
Nassif, gostaria que você fizesse um balanço da campanha eleitoral deste ano, em especial, do papel assumido pela oposição ao governo Lula e pelo candidato derrotado nas urnas, José Serra.

[ Nassif ] Do ponto de vista estratégico, a partir do momento em que ficou claro o projeto político e econômico do governo Lula, de somar todas as forças, solucionar os conflitos entre as classes e priorizar o desenvolvimentismo, a oposição ficou absolutamente sem discurso. E a crise de 2008 foi fundamental para isso.

Eles entraram na campanha com certa unidade em torno de questões como o aparelhamento e a redução do Estado. Um discurso do ideário neoliberal, vazio, mas tido como aglutinador das “bandeiras” da oposição. Este poderia ter sido o contraponto ao projeto do governo. Mas, a partir do momento em que José Serra assumiu a candidatura oposicionista, não se tem mais oposição, apenas impulsos. Serra tornou-se uma biruta de aeroporto. A impressão que dá é que ele hibernou no começo dos anos 90 e somente agora acordou. Ele não tem nenhuma proposta inovadora e nenhum tema. A única questão apresentada - e que não é dele, é coletiva – foi a da política do câmbio. Mas nem esta o Serra soube desenvolver.

Assassinato de reputações

Sem discurso e incapaz de se posicionar no Centro-Direita - que lhe seria o mais adequado – o tucano partiu para a única coisa eficiente feita por eles nesta disputa: a campanha pela internet. Apesar de, com ela, ter estigmatizado toda a oposição. Um grupo de franco atiradores começou a ser montado há quatro anos para isso. Na realidade, um partido de milicianos de Santa Catarina, que já tinha uma estrutura a oferecer, foi o responsável por uma das páginas mais sujas da história política brasileira, de ataques difamatórios e tentativas explícitas de assassinato de reputações.

Não é à toa que quando terminou a eleição, a grande preocupação não foi com a oposição, mas como reconstruí-la. Oposição é fundamental em qualquer governo, desde que seja legítima. O mal que o Serra fez à oposição brasileira é imensurável. Ela levará anos para se refazer.

Reforma para dar eficiência ao Estado


[ Dirceu ] A vitória da presidente eleita Dilma Rousseff ocorreu com o compromisso de que ela dará continuidade ao modelo de desenvolvimento implantado pelo governo Lula. Na sua visão, o que deve continuar e o que deve mudar já?

[ Nassif ] Nos últimos anos, tivemos mudanças importantes na ação federativa. Havia alguns insights no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, de como montar políticas ouvindo todas as partes. Com o PAC, o programa "Minha Casa, Minha Vida" e o trabalho no saneamento etc, conseguiu-se montar um modelo federativo com projetos que se aplicam independentes de questões partidárias.

Agora, precisamos de uma reforma para dar eficiência administrativa ao Estado. Se pegarmos a estrutura pública, ao longo dos últimos oito anos, vemos que houve uma reconstrução de estruturas técnicas. Por ser tudo gambiarra, elas se concentravam na Casa Civil, até para ter efetividade nas ações. Precisamos, portanto, de uma reforma moderna do Estado, à semelhança do que [Nelson] Rockefeller fez nos Estados Unidos nos anos 50. Este é o primeiro ponto.

O segundo ponto, sem dúvidas, é o Banco Central. Mudar essa ideia de termos quatro anos para reduzir a relação dívida/PIB. Até porque a equipe [econômica] para reduzir os juros vai ser atropelada pelos fatos. A minha esperança é que o discurso de que tudo será gradativo seja simplesmente tático, porque você não pode anunciar previamente o que será feito, já que a área é nervosa. Mas, reduzir mais rapidamente essa relação dívida/PIB é fundamental. A herança maldita do governo FHC para o governo Lula foi o desastre da desindustrialização; já a do Lula para o governo Dilma é a manutenção desta política cambial. Todos os avanços que tivemos foram fantásticos, mas esta questão atrasou o Brasil em quinze anos, no mínimo.

[ Dirceu ] Como você avalia a atuação do BC na era Meirelles? O que esperar do novo presidente Alexandre Tombini?

Image[ Nassif ] O [Henrique] Meirelles é um fanfarrão. Antes de assumir o Banco Central, em algumas palestras nos Estados Unidos, ele comentava sobre a importância do câmbio para garantir o crescimento. Depois, assumiu a presidência e uma posição de dificultar a redução dos juros. O Tombini é tecnicamente muito mais sólido. Como é seguro tecnicamente, ele se dá ao direito de ser mais flexível no sentido de não tratar dogmaticamente a política monetária. Temos que mudá-la em muitas coisas. Se deixar como está, hoje, a existência de metas de inflação e só juros para segurar eventuais descontroles, em qualquer hipótese, não tem contas públicas que resistam. Há outras ferramentas que podem ser utilizadas sem concentrar renda.

Querem manter os juros elevados com a justificativa de alta da inflação provocada, principalmente, pelos alimentos. Alimento não tem nada a ver com demanda ou excesso de demanda, que é onde a política monetária atua. Mas, há todo um coro neste sentido, para que eles possam aumentar os juros. Temos que mudar o sistema de metas de inflação e, principalmente, tem que aumentar o escopo, o número das pessoas que definem a política monetária. Não podemos concentrar isso só em dois diretores do Banco Central, como é hoje, porque isso é uma loucura.

Em dezembro de 2008, eles falavam de economia sólida. Quando se tem grandes inflexões na vida econômica do Brasil, os indicadores só aparecem dois, três, quatro meses depois. Então, o negócio estava desmanchando aqui e eles diziam “não, o mercado ainda tem confiança”. Mas os dados (que posicionavam o mercado) eram de dois meses antes.

Na realidade, essa sensibilidade para entender a economia depende de uma mudança na composição do Comitê de Política Monetária, o COPOM. É preciso ter como nos Estados Unidos, análises regionais. E incorporar industriais, sindicatos, supermercados e economistas de outras linhas também. Não para ter um embate teórico, mas visões diferentes sobre uma mesma realidade econômica. Fora isso, o Banco Central tem que recuperar instrumentos tradicionais de política monetária. Hoje é tudo jogado nas costas dos juros.

Se tem excesso de demanda, como eu posso reduzí-la? Aumentar o compulsório é uma maneira. Reduzir prazos de financiamento, outra. Usar o IOF uma terceira. Então, você não carrega nos juros. Mas como estes criaram toda uma legião de beneficiados, nós temos todo o carnaval de analistas, que conhecemos bem, fazendo o mesmo discurso: para que joguem tudo nos juros.

Banco Central: só é penalizado se errar por baixo

[ Dirceu ] Daí que o nosso Banco Central, ao contrário do que acontece nos EUA, não tem metas para emprego, para que nossa política econômica gere determinado número de empregos/ano, por exemplo.

[ Nassif ] Não tem. Com isso, acontece um negócio maluco. Se você estabelece uma meta inflacionária e erra os juros por cima, não é penalizado. Só é penalizado se errar por baixo. É o mesmo que pegar, digamos, o exemplo de um médico. Uma criança tem uma infecção e se esta não ceder, o médico é culpado. Mas, se ela ceder o médico é inocente mesmo que tenha aplicado excesso de antibióticos que irá afetar outros órgãos da criança. É isso o que acontece. Você não tem penalização para erros por cima dos juros. Com isso, neste ano, o BC saiu do controle do Meirelles. O Tombini passou a atuar mais depois que reconheceu esses erros. Inclusive, no começo do ano, quando tinha uma inflação de (preços dos) alimentos. A inflação era nitidamente decorrente da alta dos alimentos, mas todo mundo pressionava o BC querendo aumentar juros. Isso para chegar em março e ter deflação.

Então, não adianta pegar um presidente do Banco Central com maior preparo, tem que mudar o sistema de apuração de dados. Mas, a internet fará essa mudança. Qual o modelo hoje de mapeamento de juros altos? Você tem lá alguns economistas de mercado que repetem os mesmos modelos. Pega o (ex-ministro da Fazenda) Mailson da Nóbrega que, em termos teóricos, repete o mesmo bordão. O Estadão, que tem a melhor cobertura dos jornalões na parte de economia, mostra dados dogmáticos. Por que ele mostra todo um processo de desindustrialização? Porque no final, ele tem que pagar o lobby para o mercado. Colocam o Eduardo Gianetti da Fonseca que não é macroeconomista, e o Mailson para dizer que o responsável são os gastos públicos. É uma maluquice. Ouçam o Roberto Gianetti da Fonseca que conhece lei industrial.


Há economistas que repetem esses bordões, fazem um carnaval e são eles que vão para os jornalões. O mercado, mesmo não acreditando, endossa o que é dito, porque o negócio do mercado não é acertar a inflação, mas o que o BC está pensando sobre ela. Então, caímos num modelo viciado. Não adianta aprimorar este modelo. Ele, em si, é furado.

[ Dirceu ] No Brasil nunca se aplaude a redução de juros.

[ Nassif ] Nunca. É uma coisa maluca. Em 1995, os juros foram para 45% ao ano porque o Brasil estava com as contas desequilibradas. Entra o Gustavo Loyola falando o seguinte: “nós precisamos descer gradativamente, porque se precisar subir, fica parecendo recuo”. Mas que gradativamente? Não existe isso! Você tem uma crise, joga os juros lá pra cima; acaba a crise, precisa baixar.

Ele falava de um jeito que parecia que tinha ciência atrás desta informação. E, pior, ele passava à opinião pública aquela ideia. Como nós fizemos magia com vários planos econômicos que não deram certo, ele passava para a opinião pública que uma “redução gradativa” significava caminhar lenta e firmemente em direção ao futuro. O que era uma bobagem. Na verdade, significou caminhar “lenta e firmemente” em direção à maior dívida pública da história - a maior. Vejam, os [governos] militares tinham uma dívida pública, mas tinham também ativos, das indústrias que foram criadas, das ferrovias. Então, [depois deles] se pegarmos em termos líquidos, criou-se esta dívida, mas sem contrapartida de ativos. Pelo contrário, reduziam os ativos, vendiam estatais e tudo, para pagar esses juros.

[ Dirceu ] Dobraram a dívida interna ao invés de reduzi-la em US$ 100 bi. Venderam US$ 100 bi (em estatais) e essa venda pagou juros. O Gustavo Franco [na presidência do Banco Central do 1º governo FHC] pagou 27,5% de juros reais durante três anos sobre a dívida pública.

[ Nassif ] Um absurdo.

Em 2002, no ano da eleição do Lula, eu publiquei um artigo descendo o pau nos juros. O Mailson [da Nóbrega], em um artigo, na realidade baseado em trabalho da Secretaria do Tesouro, dizia que a maior razão do aumento da dívida interna foi a incorporação das dívidas dos Estados. No artigo, ele desafiava: agora quero ver criticarem a Secretaria do Tesouro! Vocês sabem o que a Secretaria do Tesouro fez naquela época? Pegou a dívida dos Estados, mas antes de incorporá-las não considerou o aumento que esse endividamento havia sofrido em decorrência dos juros do Banco Central.

O caso de São Paulo era muito interessante. São Paulo devia R$ 50 bi para a União. Começou a negociar, mas um tempo depois de começar, na data de corte (fechamento da negociação) a dívida estava em R$ 100 bi – R$ 50 bi eram juros do BC. Como demorou mais, não sei quanto tempo para fechar a negociação, fechou-a em R$ 150 bi. Aí, eles consideraram e foram incluídos R$ 100 bi como dívida estadual, e não como resultado dos juros, quando eram decorrentes de juros. E, mais, pegaram R$ 150 bi e todos os juros que incidiram sobre essa dívida para dizer que se tratava de dívida de Estado e não [decorrente de] uma política do Banco Central.

Quando li aquilo, liguei para a Secretaria de Tesouro para ver quem fez o trabalho. Demorei três dias tentando encontrar o cara (responsável) pelo trabalho. Quando encontrei ele reconheceu: “é, nós discutimos aqui, achamos que poderia dar margem para dúvidas...” Eu respondi: “que margem para dúvidas? Vocês manipularam, está errado!” As dívidas dos Estados eram sempre a dívida dos títulos da União, mas com juros muito altos. E todos os Estados estavam com dívidas. Com isso, a União chegou a cobrar 45% em certo período - nos Estados chegou a 60% ao ano. Uma loucura. Esse foi o maior crime de política econômica já cometido. Tanto que amarrou o Brasil por quantos anos? E está aí ainda.


[ Dirceu ] Estamos pagando 10,75%. É uma pancada. Somados dão mais do que o orçamento da Educação.

[ Nassif ] Agora, foram deduzindo os juros, mas a base estava lá em cima. Ainda hoje dizem: "se não fossem os juros, não teríamos segurado a inflação”. Mentira! Eu fiz um trabalho por baixo em março/abril de 1995 em que dizia que aquela inflação já era fato passado e nós precisávamos cuidar do desenvolvimento. A manutenção de juros até 1999 foi exclusivamente para consolidar um modelo político que o Fernando Henrique implantou com o Gustavo Franco. Um modelo que criou e fez uma brutal transferência de renda para que novos grupos conduzissem a reformulação da economia. Quando você pega Ignácio Rangel [economista, considerado um dos maiores analistas do processo econômico brasileiro] vê que todos esses períodos de inflação, essa jogada de mercado, permitem enriquecimento de um pessoal mais ativo que leva a um salto na economia. A ideia desses mandraques, na realidade, era política: criar grandes grupos para consolidar o poder independente do Estado. Com isso, eles jogaram o projeto deles fora – não foram mais eleitos - mas atrasaram o país durante anos.

Image

[ Dirceu ] A respeito da crise européia, quais lições podermos tirar das medidas de socorro? O que o Brasil deve evitar neste caminho da Europa?

[ Nassif ] Um ponto em que o BC atuou quase bem – mas não foi bem de tudo – foi na regulação bancária para impedir grandes loucuras. Apesar dele próprio ter praticado uma loucura, que quase leva essas medidas abaixo, que foi permitir aquele swap reverso, aquelas operações especulativas bancadas por ele. Quando você começa a jogar o câmbio para baixo. Quem ganha? Quem tem voz política. As grandes empresas exportadoras. Para abafar essa voz política, eles criaram o swap reverso. Quando o câmbio caia ps exportadores perdiam na operação principal e ganhavam na operação financeira. Isso é loucura. Os jornais enchem o saco quando falam do subsídio, mas quando reverte o câmbio você tem toda essa quebradeira.

Fora esse pecado, o BC atuou muito em termos de regulação para impedir grandes loucuras. Agora, quando se pega o próprio FMI e aquele apoio dado em 1998 ao Brasil, você tem um jogo especulativo de grandes ganhos por parte dos grandes investidores. Esses ganhos embutem uma parte de risco e quanto maior o ganho, maior o risco. A questão é que estas operações quando entram para valer reduzem o risco e a perda dos grandes investidores, além de jogar a conta no ajuste fiscal - este pega a população de calça curta. Isso é complicado.

Quando você pega o mercado, eles dizem que a política é o que amarra o país. É o contrário, a política é um instrumento mobilizador. E ela que irá estabelecer, daqui para frente, os limites à ação deletéria dos mercados. No fundo, o próprio Fernando Henrique acabou perdendo o poder ao achar que ia montar uma estrutura em que o mercado ganhava e a população perdia.

Na Europa, o que estamos vendo é uma gambiarra. Terão que fazer a penalização dos credores, como fez a Argentina.

[ Dirceu ] Não está havendo nenhuma penalização, pelo contrário. Para salvar os bancos europeus, a Alemanha, como tinha condições, resolveu os problemas. Já tinha pactuado o modelo de baixar a participação do trabalho na renda nacional, aumentar a produtividade e não o salário, e diminuir o custo de programas sociais. Agora, eles farão o corte e, nestes países, será dos benefícios sociais. Depois o imposto aumenta para todo mundo e não só para os mais ricos. Todo mundo paga.

[ Nassif ] Vamos pegar os EUA. Não o da crise, agora, mas o modelo norte-americano das últimas décadas. Houve a entrada de uma nova indústria, uma nova economia - de serviços, informática etc.

O que aconteceu é que eles pegaram todos os setores atrasados, terceirizaram a mão-de-obra de obra, abrindo espaço para que as empresas pudessem ir para outros países. O modelo é interessante porque ficaram só com os grandes empregos. Mas quando chegaram no final do processo, aquele modelo não garantiu a empregabilidade. Sem garanti-la não existe mais mercado interno. Então, os países que ficaram com as indústrias de “menor qualidade” foram aqueles onde se formou o mercado interno. São eles os grandes vencedores da crise.

O modelo americano que levou os EUA a se tornarem o que foram, no final das contas, foi um modelo que privilegiou o mercado interno, a incorporação de novas marcas e que permitiu a criação de uma sociedade de consumo lá no século XIX e transformou o país na maior potência no mundo.

Outro ponto: a Organização para o Comércio e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) está querendo mudar os critérios da contabilidade de dívidas no Brasil. Diz que é para ser mais transparente. Mas eles não têm transparência nenhuma. Europeu querer ensinar a gente a ser transparente em termos fiscais, como quer a OCDE, é piada... O José Roberto Afonso, o pai da lei de reforma fiscal, foi para a Alemanha, há dez anos, para ver como era a contabilidade de estados e municípios lá. Voltou espantado. Nós damos de 10 a 0 em termos de transparência. No Brasil, a questão da responsabilidade fiscal sempre foi um calcanhar de Aquiles, obrigou-nos a um esforço de transparência fiscal que hoje é mais rigorosa do que em muitos outros países.

O PROER [programa de socorro a bancos do governo FHC] foi importante em si, mas aquela crise bancária que ele ajudou a passar, foi fruto da política monetária do 2º semestre de 1994. De qualquer modo, todas as crises bancárias obrigaram o Brasil a ter um sistema bancário rígido, no qual, quando estoura a crise, tem conseqüências.


[ Dirceu ] Mudando de assunto, o que aconteceu com a grande imprensa brasileira? O que a levou a tomar esse rumo e a tornar-se um verdadeiro partido político?

[ Nassif ] Quando você pensa em termos globais, a internet cria uma extraordinária zona de segurança para a mídia. Quem são os grupos que terão audiência? Os grandes grupos midiáticos, obviamente, e também toda uma constelação de blogs, de sites que produzirão conteúdo. Quando a velha mídia percebeu que ia entrar grandes players neste mercado, grupos de telefonia, entretenimento, tudo...

No Brasil, a imprensa é auxiliar de partido político. Na realidade, na América Latina, com a redemocratização, a imprensa se transformou no ator político mais relevante dos últimos 20 anos. Derrubava presidentes, senadores, demonizava pessoas – você é o exemplo vivo disso; o Sérgio Motta [ministro de Comunicação de FHC], o exemplo morto.

Ao longo da história do Brasil, a imprensa se comportou da mesma maneira que setores políticos. Nosso país já está em uma nova conjuntura, mas ainda preserva o poder político da etapa anterior. Então, eles (os jornalões) tentam transformar o poder político em um diferencial para impedir a competição.

Em 2005, especificamente, eles acharam que poderiam voltar aos tempos de glória do impeachment [Fernando Collor de Melo] derrubando o presidente Lula. Montaram um pacto em torno do Fernando Henrique e do Serra. E achavam que poderiam eleger o Serra ou um outro presidente que através de medidas de regulamentação [da mídia] os ajudassem a fazer a travessia para o novo modelo.

Também tentaram repetir o próprio impeachment que deu certo em 1992. Qual era o modelo? Criar um escândalo por dia. Como não têm capacidade de criar um escândalo consistente, transformam algo banal em um escândalo ou inventam um. Com o tempo, esperavam uma eclosão dos caras-pintadas - estes iriam para a rua derrubar o governo. A ideia foi essa. Mas, não tiveram pique para derrubar o Lula em 2005, e em 2006 o Lula já começou a recuperar a popularidade. Com isso, perderam o rumo.

Nós tivemos uma grande sorte porque o pessoal que conduziu essa operação, talvez, seja a mais medíocre geração de diretores de redação desde que eu entrei no jornalismo. A sorte é que era um bando de amadores deslumbrados, que começaram a mostrar sua vulnerabilidade quando ficaram no poder nas redações. Começaram a querer virar intelectuais, montaram esquemas com editoras para vender livros. O Ali Kamel escreveu um livro que consideraram “um dos dez livros mais importantes da década”. Total perda do senso de ridículo.

O Diogo Mainardi e o Reinaldo Azevedo foram colocados para atuar como franco atiradores. Você os coloca ali, levanta a bola deles... E o que vimos foram coisas fantásticas. Houve até um que foi considerado o novo Carlos Lacerda. Outro escreveu que o livro do Reinaldo deveria ser adotado pelas cadeiras de ética de todas as faculdades. Na realidade, não entenderam que o Brasil é maior. Acharam que depois dos ataques desqualificadores iam intimidar a todos. Mas meia dúzia de malucos resolveram enfrentar a fera e a internet serviu para isso também.

[ Dirceu ] Concorrência neles!


[ Nassif ] É isso mesmo, porque o medo deles não é da CONFECOM (1ª Conferência Nacional de Comunicação), mas das empresas de telefonia. Se você tirar três pernas distorcidas e ilegais que sustentam esse modelo, ele desaba: a estrutura de veiculação publicitária; a manipulação de tiragem e de audiência; e a publicidade legal, os balanços de empresas.

A primeira perna: a estrutura de veiculação publicitária. Da forma como é feita, de contratos com agências de publicidade, é crime de direito econômico, porque são os próprios veículos que remuneram as agências através dos bônus de veiculação. Hoje, quem faz essa distribuição de verbas por agências de publicidade, os diretores de marketing, fazem parte de uma estrutura de poder. Isso é uma excrescência.

Segundo ponto: manipulação de tiragem e de audiência. O Instituto Verificador de Circulação (IVC) tem um jeito de apurar a circulação dos jornais que permite manipulação. A VEJA diz que tem 1 milhão e cem mil exemplares. Não tem. Ela tem 870 mil exemplares...

[ Dirceu ] A margem de erro de audiência de televisão é altíssimo também.


Image[ Nassif ] Você pega o Estadão. Dois ou três anos atrás, o Estadão teve uma queda de tiragem de 25%. No mesmo período, a Folha teve de 6% e O Globo de 5%. Qual a diferença entre os três? O Estadão estava precisando limpar o cadastro, limpou e ficou 25% a menos.

Uma vez, eu fui numa associação empresarial. Eles tinham uma revista que, segundo o IVC, vendia 50 mil exemplares por edição. Entra a nova direção, foram apurar e a revista vendia dois mil. O que eles faziam? O IVC tem como método de contagem contabilizar o que sai da gráfica e o que volta. Distribuiam 2 mil, alugavam galpões e jogavam 48 mil lá. A VEJA é impossível você esconder. O que eles fazem? Dão, doam. Distribuem. Isso traz a tiragem da VEJA para o real.

E o terceiro ponto das três pernas de que falei acima é a publicidade legal. Os balanços de empresa. Não tem a mínima lógica. Se sou uma empresa de capital aberto, eu mando ao acionista o balanço por e-mail ou ele pega o PDF no site. A troco do quê tem que publicar páginas e páginas de publicidade (como balanço oficial) na Folha, no Estadão, no Valor?

São três distorções. Fora as secretarias de Educação sobre as quais eles estão avançado de forma voraz. Já oferecem produtos da Abril para as secretarias de Educação.

[ Dirceu ] Em relação à regulação da imprensa? Qual sua avaliação a respeito do que o governo está construindo? Temos condições no país para fazermos a regulação?


[ Nassif ] Não se trata de regulação de conteúdo, mas do direito de resposta. É um absurdo, nós não temos direito de resposta. Estou há três anos tentando o meu, a minha resposta. Entrei com ação de Direito de Resposta na VEJA. A juíza disse que estava errado porque falava de internet e não de Lei de Imprensa. Não estava errada. Vai para a 2ª instância - mais um ano e meio. Na 2ª, disseram que estava certo. Volta para a mesma juíza da 1ª. Aí ela decidiu não julgar porque acabou a Lei de Imprensa.

Quando se fala em competição, temos que remover essas barreiras que citei. Já na questão do conteúdo, precisa ter o que há em outros países: conteúdo nacional; permitir o avanço da produção; restrições normais em relação à propaganda infantil e à violência. Temos que remover fatores anacrônicos.

Quem compõe o quadro de colunistas é o leitor

[ Dirceu ] Qual o papel das novas mídias, da internet, em relação à democratização? Como você enxerga o futuro nesse sentido? Quais os pontos positivos que devemos avançar em termos da rede?

[ Nassif ] Todo mundo está na mesma plataforma tecnológica. Isso já traz uma mudança monumental ao jogo político. Você tem um determinado número de colunistas no jornal. A Folha, por exemplo, tinha um grupo de jornalistas que compunham um poder político. Então, quando vinha uma manchete, era como se ela tivesse o endosso de toda uma estrutura de colunistas, dando credibilidade àquela matéria. Mesmo se alguns discordassem. Ao ir para a internet, o jogo é outro. Quem compõe o quadro de colunistas é cada leitor. Eu tenho os meus favoritos, eu quero o colunista X da Folha, o W do Estado, o blogueiro tal, o político Y. Então, ao compor o que vai ler, o próprio internauta elimina a manipulação. Essa é uma situação real.


Ninguém quer que os jornais acabem. Eles vão para a internet e sobrevivem. Mas aquele poder de manipulação e de gerar instabilidade política vai para o vinagre. Cada vez que sai uma manchete e uma denúncia pela internet, todo mundo sai correndo atrás de outras opiniões que vão se cruzando nos diversos grupos de discussão. Então, cria-se uma nova realidade. Isso tem o poder fantástico de desconstruir denúncias. Vimos isso durante a campanha, por exemplo, no caso da bolinha de papel [a auto-acusação infundada de José Serra de que fora agredido com uma pancada no Rio]. Eu fui o primeiro a colocar o vídeo do SBT no meu blog.


[ Dirceu ] Foi mortal.

[ Nassif ] Com isso, agora, mesmo que os jornalões tenham audiência, quando você (na internet) rebate um grande jornal, e faz com um argumento técnico, isso se espalha para todos os lados. Esse é um aspecto. Acabou o poder dos jornalões de desestabilizar a política.

Outro aspecto é que todo agente econômico hoje - sindicatos, corporações, uma tribo amazônica - terá que se preparar para a blogosfera. Com isso você quebra o circuito viciado da velha mídia que acaba pressionando o Congresso e a política econômica.

[ Dirceu ] O Congresso do Brasil é tremendamente desprestigiado pela imprensa, se comparado com o parlamento de outros países. Claro que temos um que vota no lugar do outro; o senador Efraim Moraes (DEM-PB), por exemplo, que manipulou todas as licitações e tem dezenas de empregados pagos pelo Senado; gente que emprega família inteira lá etc... Agora, do jeito que o Congresso é apresentado para a sociedade no Brasil, nunca teremos político no país com prestígio.


[ Nassif ] Pega-se a grande disputa política dos anos 90. Tinha-se o Congresso e a mídia dizendo-se representantes da opinião pública. Daí a mídia entender que tinha que manter o outro [Congresso] completamente de joelhos para poder impor suas condições.

Você está na competição imprensa x Congresso. Tem, também, o fato de que com as ONGs, o Congresso foi perdendo cada vez mais a legitimidade. Você chega numa ONG X, o cara tem muito mais autoridade do que o deputado. E com a internet é a mídia quem perde a legitimidade. Essa é a grande mudança.

Agora, o risco que se tem [na internet] é termos uma radicalização política e começarmos a ser bairristas. Quando teve a reunião dos blogueiros (agosto pp.) eu sugeri: “nós temos uma frente aqui em torno de alguns valores, os dois principais, o combate ao monopólio e a defesa da inclusão social e dos valores da civilização que foram atropelados. Agora, nós temos também todo um universo de divergências. O que temos pela frente, quando passar essa guerra aí, é mostrar que podemos divergir civilizadamente".

O universo da blogosfera é o universo das ideias. Então, tentar criar esse ambiente civilizatório em contraposição ao da selvageria é muito interessante. Um momento mágico. Isso está acontecendo no mundo inteiro, mas no Brasil, vem no bojo de mudanças muito mais radicais, com a inclusão de novas classes sociais, regionalização do desenvolvimento, a banda larga...

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

RETROSPECTIVA 2010 - TV PT


CUNHADO DE ALCKMIN É SUSPEITO DE PROPINA


Escândalo - 03/01/2011

Paulo Ribeiro, cunhado do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, está sob investigação do Ministério Público do Estado sob acusação de intermediar o pagamento de propinas a políticos e funcionários públicos que contratavam empresas de merenda.

A Polícia Civil fez uma operação de busca e apreensão na casa de Ribeiro, irmão de Lu Alckmin, no último dia 27 de dezembro. Ele é alvo de investigação que apura crimes de lavagem de dinheiro, superfaturamento e direcionamento de licitação. A suspeita se baseia em escutas telefônicas e documentos apreendidos

Suspeita de propinas

O Ministério Público Estadual investiga há mais de dois anos esquemas de fraude envolvendo empresas de merenda escolar em ao menos 35 prefeituras espalhadas pelo país. A Promotoria apura a existência de uma suposta máfia da merenda, que agiria como um cartel para subir os preços.

A Promotoria diz que servidores receberam cerca de R$ 280 milhões em propinas, que seriam pagas com verba pública desviada.

Entre os municípios investigados está a capital paulista. O suposto esquema da merenda em São Paulo, segundo promotores, começou em 2001 e envolveu ao menos seis empresas terceirizadas, que forneciam alimentação para escolas municipais.

Elas seriam beneficiadas em licitações, segundo a Promotoria. Oficialmente, sempre negaram tudo. O Ministério Publico já divulgou que, em troca dos contratos, as empresas pagavam aos servidores de 5% a 15% dos valores recebidos.

Documentos

A operação foi feita à procura de documentos que mostrariam detalhes sobre o caminho das comissões pagas por empresas para obter contratos públicos.

No esquema, o preço da merenda é sempre superfaturado, funcionários públicos e políticos recebem propina pelo valor mais alto, e o partido do prefeito recebe contribuição não declarada. Ribeiro teria intermediado contratos entre uma empresa da área de merendas, chamada Sistal - Alimentação de Coletividade Ltda., com prefeituras do Vale do Paraíba, segundo uma das hipóteses investigadas.

Estados

A apuração começou em São Paulo, mas hoje se estende a Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Maranhão. Há prefeituras ligadas a partidos com PSDB, PDT e PPS.

O nome de Ribeiro aparece na lista como suspeito de ter atuado como lobista em dois contratos com indícios de superfaturamento, com as prefeituras de Pindamonhangaba e de Taubaté.

Em Pindamonhangaba, cidade natal de Alckmin e de Lu, a prefeitura contratou a empresa Verdurama em 2005 para fornecer merendas para cerca de 30 mil alunos. O pagamento anual é de cerca de R$ 5 milhões.

Em Taubaté, há a suspeita de que Ribeiro teria ajudado a empresa Sistal a elevar o valor do contrato de R$ 10,8 milhões para R$ 25 milhões num período de três anos, sem um grande aumento de estudantes.

*com informações dos jornais Folha de S. Paulo e Agora - 28/12/2010