Interesses inconfessáveis e o circo da inflação
Antes de comentar o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgado pelo IBGE, registro com satisfação o recado do ministro da Fazenda, Guido Mantega: a inflação no país está desacelerando e abaixo das expectativas do mercado.
Registro com a intenção de tornar menor o susto de todo e qualquer cidadão que abre os jornais hoje e se depara com o circo montado com os índices inflacionários registrados no mês passado e com o acumulado dos últimos 12 meses. Pelo tamanho do escândalo criado, fica uma impressão absolutamente equivocada da realidade.
Vamos aos dados: o índice do IBGE mostra que estamos apenas 0,01% acima da banda prevista pelo governo. Nossa meta, vocês sabem, é de 4,5%. A tolerância (margem de segurança chamada banda) é de dois pontos, portanto, 6,5%. O índice da inflação no país acumulado nos últimos 12 meses é de 6,51%.
Claro que toda atenção é necessária e o governo, seus ministros e entidades já declararam seu compromisso permanente no combate à inflação e tomaram medidas que estão dando resultado sim senhor!
Terror dos interessados à parte, vejam, por exemplo, os dados do IPCA do mês de abril. A alta de 0,77% registrada é praticamente estável se comparada a de março, 0,79%.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, inclusive, alerta que este resultado de abril comprova a desaceleração da inflação e está abaixo das expectativas do mercado.
Os vilões do mês de abril foram a alta dos preços dos combustíveis: gasolina e etanol representam 39% desta variação de 0,77% do IPCA em abril. Com a safra de açúcar e a retomada da produção de etanol os preços vão cair. O mesmo acontecerá em relação aos alimentos.
O circo em torno da inflação, então, não passa do mesmo de sempre: pressão pelo aumento dos juros e para ganhar dinheiro fácil, aliás, duas vezes: na aplicação financeira e na cambial.
Juros altos é o melhor dos mundos para os rentistas, o mercado, a especulação com o dinheiro público (que paga os juros da dívida interna). E a especulação contra nossa moeda que reforça sua apreciação.
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