quarta-feira, 16 de junho de 2010

O PT COMO PARTIDO DE DIÁLOGO


O acerto de uma longa caminhada

No domingo passado, dia 13, milhares de petistas, acompanhados de centenas de representantes de partidos aliados, aclamamos em Convenção Nacional a chapa Dilma Rousseff e Michel Temer à Presidência da República. Confesso que, ao ver tantos partidos unidos em torno dessa proposta, sob a inspiração dos feitos do governo Lula, fiquei emocionado e lembrei de vários momentos dos três anos de intensas articulações no PT e na base governista. Podemos comemorar a vitória de uma estratégia política que persistiu em um objetivo: construir um bloco político amplo, representativo do que significa o governo Lula para o Brasil.

Essa linha nos remete para o lançamento da candidatura de Arlindo Chinaglia para presidir a Câmara dos Deputados em 2007, quando o PT iniciou uma conversa mais objetiva com o PMDB sobre a natureza da coalizão e os compromissos que deveríamos assumir. O PMDB era o maior partido na Câmara, mas compreendeu a proposta e abriu mão do direito de indicar um candidato, e apoiou Arilndo.

Depois, em 2008, reforçamos ao máximo nossas alianças na base do governo Lula, nas eleições municipais, o que potencializou o crescimento do PT, mas também de todos os aliados, e a redução da presença da oposição nas prefeituras.

Com a indicação pelo presidente Lula da então ministra Dilma como possível sucessora, as articulações dentro do PT e com os demais partidos se intensificaram, com o objetivo de fazer de Dilma candidata da base aliada, e não apenas do PT.

Nesse longo período, contamos sempre com a ironia e o ceticismo da grande mídia, que subestimava o potencial de Dilma e a capacidade da direção do PT em constituir essa política.

No início de 2009, retribuímos o apoio do PMDB e apoiamos decididamente Michel Temer à presidência da Câmara. O Diretório Nacional, depois de um maduro debate, decidiu realizar a eleição partidária (PED) e inovou: aprovou a realização do IV Congresso Nacional, com delegados eleitos no PED, para conferir total legitimidade democrática às decisões tomadas pelo Diretório Nacional, sobre alianças e táticas eleitorais.

Demonstramos na prática que, cada vez mais, a militância do PT tem consciência da responsabilidade de um partido nacional que lidera uma ampla coalizão, que transforma o Brasil e que tem consequências decisivas no cenário mundial, sob a liderança carismática e fundamentada do presidente Lula.

Vencemos resistências, conquistamos novos espaços. Conseguimos o apoio da maior aliança já projetada para uma disputa presidencial. Além do PMDB e dos nossos parceiros da esquerda (PDT, PSB e PCdoB), teremos o PR, o PRB e o PTN, entre outros, coligados formalmente. Teremos apoio político de lideranças regionais do PP e PTB, além de prefeitos de partidos de oposição. O movimento sindical está em peso com Dilma e a maioria dos movimentos sociais também.

Por isso, devemos comemorar. Não ganhamos a eleição, que será uma dura disputa. Mas podemos dizer que cumprimos com grande eficiência nossa missão partidária, com a responsabilidade de quem deve cuidar para que o Brasil não sofra o retrocesso depois de avançar tanto nesses quase oito anos de governo Lula, do PT e de seus aliados.

Entre 2007 e 2010, o PT pavimentou o caminho para essa ampla aliança, a favor de uma candidatura que pode mobilizar corações e mentes e desafiar nossos melhores sonhos a desejar ainda mais e melhor para o Brasil e os brasileiros e brasileiras. Com Dilma presidente, o Brasil seguirá mudando.

Ricardo Berzoini é deputado federal e ex-presidente nacional do PT (2005-2010).

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